Sergio Moro e o cristal partido, por Sergio Saraiva

O que se quebrou entre Moro e os brasileiros?

Sergio Moro e o cristal partido

Sergio Moro e o cristal partido

por Sergio Saraiva

A pesquisa do Instituto Ipsos divulgada pelo Estadão em 24 de setembro de 2017 não traz boas notícias para o juiz Sergio Moro. Seus índices de desaprovação pela população nunca estiveram tão altos – 45%.

Ainda que quando comparado com os índices de outras personalidades pesquisadas, o índice de Moro pode não parecer tão ruim. Por exemplo, o malvado preferido de Moro – o ex-presidente Lula – tem um índice de rejeição, que mesmo em queda, é de 59%.

E Michel Temer é rejeitado por 94%. Mais do que o dobro do índice de Moro.

Há que se descontar, claro, que até aqui comparamos Moro com políticos tradicionais e a classe política está em baixa como nunca junto à população brasileira. Mas mesmo quando comparamos os índices de rejeição de Moro com um seu igual – o ex-ministro Joaquim Barbosa – o “o anjo vingador” do Mensalão – Moro não se sai mal. Está em um empate técnico com Barbosa. Este com 41% de rejeição e Moro com 45%.

Ipsos Estadão 13

E aqui caberia uma pergunta: por que duas personagens que nos últimos tempos têm representado no imaginário popular a figura do “santo guerreiro” combatendo os “demônios da corrupção” acabam perto de ter metade da população os rejeitando?

A resposta poderia ser: o brasileiro está de mau humor.

Creio que essa explicação poderia se aplicar a Joaquim Barbosa. Mas não a Sergio Moro.

Em relação a Moro, algo aconteceu. Ainda não é claro o quê, mas o quando é maio de 2017.

Basta analisar-se a reta imaginária que melhor resolve a sequência dos índices de aprovação e desaprovação de Sergio Moro dos últimos doze meses.

Moro vinha em um crescendo de aprovação desde setembro de 2016, quando, partindo de um índice de 55%, vai atingir algo próximo a 70% em maio de 2017. Então, em maio de 2017, a reta de inverte.

Ipsos Estadão 12

A partir de maio de 2017, os índices de aprovação começam a cair na mesma proporção em que sobem os de desaprovação. Até chegar hoje a estarem estatisticamente iguais, se considerarmos a margem de erro da pesquisa que é de 3% – 48% de aprovação e 45% de desaprovação.

Estarão invertidos no próximo mês, se a tendência se mantiver. E tendências estatísticas, uma vez estabelecidas, não costumam se reverter facilmente.

O que ocorreu?

Teriam sido as imprudentes fotos dos encontros festivos de Moro com Aécio e Temer finalmente fazendo efeito? Seriam os embates entre Moro e Lula anunciados e transmitidos como se fossem lutas entre pesos pesados e nos quais Moro não teria se mostrado à altura de seu oponente?

Seria simplesmente o cansaço para com uma figura midiática exposta ao extremo?

Ou seria o povo brasileiro em fim se dando conta de que a cavalgada insana que Moro representa não nos levou ao paraíso prometido? Mas ao seu contrário.

Neste momento ainda não é possível saber, mas o que a pesquisa Ipsos de setembro de 2017 mostra é que algo parece ter se quebrado entre Moro e o povo brasileiro.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia: o meu partido é um coração partido. Viva Cazuza.

Foto: Lula Marques

Redação

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. sociedade

    Natal, 25/09/2017.

    Quando uma economia é forte?

    Uma economia só é forte quando ela congrega de forma harmoniosa a produtividade e o consumo interno de sua população.

    Se uma população exclui de seu quadro de consumidores parcela, parte mínima que seja, de seus participes, esta sociedade está criando uma população antagônica no que diz respeito a sua dignidade social.

    Excluir parte da população do consumo e, produzir somente para exportação e para uma outra parte seleta desta população, é tornar um povo dividido e irascível no seu conviver, é criar disparidades profundas entre os irmanados de uma sociedade, é criar castas privilegiadas, é implantar a desigualdade social.

    Promover acesso de todos os cidadãos ao consumo, permitir que aqueles que mais se esforcem tenham ganhos justos sobre seus esforços, coibir o abuso incontido dos gananciosos e mesquinhos, deve ser, sempre, o alvo de todas as sociedades e, dever incondicional daqueles que se propõem à administra-la.

    A riqueza de uma nação não se mede pela produtividade que ela produz, mas sim pela distribuição justa que ela faz desta produtividade entre todos seus cidadãos.

    Associações seletivas de raças, ideologias, religiosidades e gênero são as mazelas das sociedades, visto que, sempre, são promovidas e alimentadas sobre a tutela da intolerância, dá soberba e da ganância.   

    Produtividade e consumo que abarca toda uma população, indiscriminadamente, produz, com certeza uma sociedade mais plena e coesa.  

    Claiton de Souza. 

  2. Tenho visto muitos

    Tenho visto muitos comentários neste sentido. é preciso lembrar que este instituto não tem demonstrado-se muito confiável.

    É lamentável que,ao apresentar números minimamente que satisfaçam os olhos de quem vê,que este instituto mereça algum crédito.

    Mesmo os números favoráveis ao presidente Lula devem ser questionados. Ou o presidente já contava com os 40% apurados agora e estavam manobrando ( o que acho bem provável) ou o presidente Lula não conta hoje com este percentual. Não houve nada,mas nada mesmo,que pudesse indicar esta subida repentina de 8%,pelo contrário,o massacre sobre o presidente Lula foi de tal monta que o lógico seria um redução em seus índices.

    Quanto ao camisa preta do Paraná,os índices,decadentes,são uma forma dos controladores do golpe mostrarem que ele está devendo algo: A prisão do presidente Lula.

    Que ninguém se engane,portanto!

  3. .
    O juiz das TREVAS ascendeu

    .

    O juiz das TREVAS ascendeu e agora esta retornando para casa.

    O injustiçado Lula surgem para clarear os nossos horizontes.

    Que se faça a LUZ!

    .

  4. Variável Moro

    Parece que o Sérgio levou a sério minha sugestão a respeito desses números (que eu havia feito aqui), e foi consultar os resultados da pesquisa Ipsos, ao invés de se bastar no sensacionalismo, como fez o site Brasil 247 e também o próprio GGN.

    Só não sei se a variável Moro opera sozinha no contexto.

    Não sei se dá para estabelecer uma relação solidária (mesmo que antagônica) a respeito da flutuação da credibilidade dele diante daquela de uma figura política como Lula. E aí estaríamos restritos apenas ao elemento “credibilidade política”. Seguramente, esse elemento é apenas a superfície diagnosticável dos fenômenos. Como eu havia notado naquele post: Lula oscila (voltou mais ou menos às suas posiçõs de aprovação/desaprovação de março deste ano), mas Moro é que tem a linha quebrada.

    De fato, a grande incógnita na verdade é: por que, diante desse cenário de desprestígio do campo político e protagonismo “justiceiro” do Judiciário, o “fator Moro” parece flutuar sozinho. Estaria o Judiciário se contaminando dos desdobramentos daquilo que se alastrou pelo campo político, a “crise da representação”? Isso exigiria começar sondando o reconhecimento público de figuras do STF, por exemplo.

    No mundo social tudo está interligado. Como já sugeria Weber: aí não existe unicausalidade, tudo é multicausalidade.

    1. Para mim aqui está a

      Para mim aqui está a resposta: “No mundo social tudo está interligado. Como já sugeria Weber: aí não existe unicausalidade, tudo é multicausalidade.”

      Algumas coisas que se nota: 1. o interrogatório do lula 2. a atuação dos advogados do Lula que de certa forma “quebrou” a cupula de cristal onde estava o moro. 3. exposição excessiva (sim, também serve para ele). 4. A comprovação na carne das pessoas que o suposto “combate a corrupção” não está trazendo melhora ao país. 5. O judiciário (e ele, moro, está ocupando o papel de quase “rei” do judiciário) sofrendo a “crise de representação” de que você falou. 5. As fotos com aécio, temer e companhia que pegaram mal, muito mal até para quem o defende. etc, etc.

      Só discordo, como já tinha falado no post anterior, que lula tenha ficado mais ou menos nos patamares de março. Cair oito pontos de rejeição e subir dez pontos de preferencia não pode ser visto como algo simples e sem impacto, não acredito que ele esteja oscilando, mas assim como moro (só que em sentido inverso) ele vem em uma reta de crescimento que ainda não chegou no teto.

      1. O conveniente a ser visto e o inconveniente invisível

        Ok, vamos pôr a variação do Lula em números então:

        – Lula em março/2017:  aprovação 38%; desaprovação 59% (aqui)

        – Lula em setembro/2017: aprovação 40%; desaprovação 59%

        Tomemos outros dois pontos:

        – Lula em setembro de 2016: aprovação 30%; desaprovação 67%

        – Lula em julho/2017 (dois meses atrás!!!): aprovação 29%; desaprovação 68% (aqui)

        Se você não reconhece que isso caracteriza oscilação de vaivém, e sim de tendência definida, então só dá pra suspeitar que você está querendo “não ver” alguma coisa. Objetividade não é torcer os dados ao nosso gosto!

        Da mesma forma, sua lógica é igualmente tortuosa quando você afirma categoricamente que “tendências estatísticas, uma vez estabelecidas, não costumam se reverter facilmente”. Então, por que a tendência do Moro foi marcadamente revertida a partir de maio deste ano? A sua afirmação vale só a partir de agora, mas, para antes, neca de catibiribas?…

        Tenha mais cuidado no tratamento de dados! (Pode acreditar, um mestrado, um doutorado e três pós-doutorados nas ciências sociais me ensinaram alguma coisa sobre isso.)

        Ah! E mais uma coisa: multicausalidade não é ajuntamento aleatório de traços avulsos; é inter-relação demonstrada lógica e objetivamente. Se você não conseguir inter-relacionar nesses termos, mas só juntar, você não chegou ainda à multicausalidade. Continue! Não pare! Mas lembre-se que isso exige esforço, conhecimento, critério, rigor e refinamento analítico.

        1. Eu realmente admito que me

          Eu realmente admito que me equivoquei com a data, pensei que a aprovação em março/2017 era de 30% (na verdade essa taxa era de setembro/2016) e ela já estava em praticamente o mesmo parâmetro atual (38% para 40%), com isso o que parece é que realmente há uma estagnação em torno do nome de Lula.

          Quanto a questão da tendência estatística não fui eu que disse a afirmação que você falou, foi o  autor do texto, o Sérgio Saraiva….

  5. Tudo que é fabricado com

    Tudo que é fabricado com superficialidade artificiais tende a perder credibilidade. A mídia critica dia e noite o presidente Lula com as notícias da lava jato. Depois de tanto tempo de buscas e acusações sem provas contra o Lula, a não ser aqueles que dizem que: eu estava com ele, eu ouvi dele etc… as mesmas acusações de sempre. Estar cquelaro que o amor de Lula com o Brasil é recíproco e aos poucos o povo começa a entender melhor. Até agora não ví nenhuma prova concreta apenas acusações. E como quem tem boca diz o que quer as convicções não se tornam provas concretas. Até o Paloci não apresentou nenhuma prova apenas acusações…

  6. O povo descobriu tardiamente

    O povo descobriu tardiamente que Sergio Moro é um agente infiltrado do capitalismo ianque para dizimar a economia brasileira e entregar o pré-sal ao capital estrangeiro

  7. Ele já é percebido pela

    Ele já é percebido pela população como político. Alias, todo mundo praticamente. A figura do “não político que vai salvar a política” está em cheque. Basta ver a rejeição do Doria e do Bolsonaro. O que é muito bom!

  8. O povo ainda está desinformado

    Penso que Moro é um juiz com valores fascistas que atuou como parceiro dessa quadrilha que está governando o Brasil.

    O procurador Márcio Sotelo afirma e demonstra que “Moro cometeu crimes” no âmbito judicial.

    Há quem suspeite que ele é um agente dos EUA.

    E agora surgiu a denúncia de corrupção nos acordos de delação (comprovadamente, a mulher de Moro recebeu dinheiro de um criminoso foragido).

  9. A popularidade de Moro nunca existiu!

    Faço as minhas experiências sociológicas de forma assistemática e nada científicas, porém extremamente reveladoras.

    No fim do ano passado, durante as compras natalinas, onde teoricamente ainda era baixa e popularidade de Lula e alta a de Moro, me lancei a uma “pesquisa” (como alguém que trabalha em P&D não goto de fraudes intelectuais) que consistia simplesmente e falar mais ao fundo com pessoas diversas das chamadas classes populares sobre a situação do Brasil.

    Começava com perguntas objetivas sobre a situação brasileira e o apoio a “cruzada anticorrupção”, como tenho um aspecto claro que é identificado com a “elite brasileira”, as pessoas (comerciários, operários da construção civil, etc.) rapidamente repetiam de forma enfática o discurso dominante, porém a medida que a conversa se desenvolvia e colocava restrições ao discurso oficial as pessoas tomavam outra atitude, mas não repetindo mecanicamente o chavões da imprensa, mas sim colocando na conversa experiências pessoais que corroboravam contra o que tinham afirmado anteriormente, e neste momento se via uma espécie de cumplicidade de tal forma patente que eles chegavam a falar mais baixo cuidando para que outros não ouvissem. Com a experiência de 40 anos de magistério observei dois tipos de comportamento, o primeiro de alguém que repete proforma algo que lhe é “imposto” por um professor ou mestre, sem nenhum processo de internalização do discurso e um segundo que correlaciona o discurso com opiniões e vivências pessoais, o primeiro geralmente repetindo o que foi escutado e o segundo, muitas vezes mais confuso e sem uma articulação sem repetir nada, mas refletindo uma situação real da pessoa.

    O que acontecia na população em geral era um sentimento de isolamento do seu próprio conhecimento, desconectado do discurso oficial e mediático, e como quem falava nos meios de comunicação em geral repetiam “ad nauseam” sempre o mesmo ele era devolvido como vinha.

    A grande inflexão que ocorreu é que o discurso contrário à farsa da lava-jato começou a chegar aos ouvidos da maior parte da população e está simplesmente passou a externar a suas posições de forma mais coerente e estruturada, porém na realidade era algo que já estava latente.

    Em processos políticos de contracorrente geralmente no início o discurso é escondido e envergonhado, isto fica claro em muitas situações eleitorais onde o discurso predominante da mídia é sustentando publicamente por uma parte da população de forma voluntária, mas no momento final se vê um resultado que surpreende todos os pesquisadores de opinião.

    O que se está vendo atualmente é que devido ao confronto real de ideias e a clara fratura social que ocorre entre grupos divergentes, o povo brasileiro começa a perder a “vergonha” de contrariar a acachapante doutrinação mediática, e as condições reais de cada um começa a mostrar a fratura real entre povo e oligarquia.

    Em resumo, identificar como esta mudança só ocorreu de poucos meses para os dias atuais é uma falta de capacidade de observação das pessoas, e diria mais, o fenômeno que ocorre agora é mais uma radicalização de algo existente do que uma simples construção de uma nova percepção.

  10. cheiro

    O povo vai pelo cheiro. O que aconteceu em maio foi o escândalo da JBS, que desmoralizou os golpistas e a “grobo” (o abalo foi tão grande que atingiu a bolsa de valores).

    Falta fazer agora uma nova pesquisa com o cenário Moro x Lula no segundo turno; na última, feita pelo Datafolha há 6 meses, Moro estava 2 pontos percentuais na frente de Lula.

    Mas é lamentável estarmos falando de um agente da CIA como um legítimo participante da política nacional…

     

  11. Moro trabalha pelo Brasil
    Discordo da pesquisa. Acredito que por ser divulgado em alta escala o processo contra Lula está se tornando enfadonho visto não se chegar ao veredicto. Se ocorresse como todos os outros sem a mídia e os fanfarrões manipulando, assim não seria. Mas é perceptível o bom trabalho do Dr. Sérgio Moro, ou não estaria sendo atacado.

  12. para entender o fenômeno lula!
    Terminou seu governo com oitenta e tantos porcento de aprovação. Isso equivale a quase todo esse povo que hoje odeia o temer.
    Isso não se cria, nem se desfaz do nada.
    Apesar de todos esforços da república da cloaca!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador