Neoliberalismo: a história por trás da vitória de Donald Trump

reprodução

Sugestão de Vânia

da Carta Maior

Neoliberalismo: a história por trás da vitória de Donald Trump

Como uma rede implacável de ideólogos super-ricos aniquilou a escolha e destruiu a fé na política.

por George Monbiot, no The Guardian

Os acontecimentos que levaram à eleição de Donald Trump começam na Inglaterra, em 1975. Numa reunião, poucos meses após Margaret Thatcher se tornar líder do Partido Conservador, um de seus colegas, conta a história, explicava o que considerava as crenças centrais do conservadorismo. Ela abriu sua bolsa, tirou um livro com diversas páginas marcadas e bateu-o sobre a mesa. “É nisso que acreditamos”, disse ela. Começava uma revolução política que varreria o mundo.

O livro era Os Fundamentos da Liberdade, de Frederick Hayek. Sua publicação, em 1960, marcou a transição de uma filosofia honesta, embora extrema, para uma fraude pura e simples. A filosofia se chamava neoliberalismo. Considerava a competição como a característica definidora das relações humanas. O mercado revelaria uma hierarquia natural de vencedores e perdedores, criando um sistema mais eficiente do que poderia ser criado através de planejamento ou qualquer tipo de modelo. Qualquer coisa que impedisse o processo, como altos impostos, regulamentação, atividade sindical ou provisões estatais, era contraproducente. Empreendedores sem nenhuma amarra criariam a riqueza que acabaria beneficiando a todos.
Foi assim, de qualquer modo, que o neoliberalismo foi concebido originalmente. Mas na época em que Hayek escreveu Os Fundamentos da Liberdade, a rede de lobistas e pensadores que ele fundara estava sendo generosamente financiada por multimilionários que viam a doutrina como um meio de se defenderem da democracia. Nem todos os aspectos do programa neoliberal defendiam seus interesses. Hayek, aparentemente, se prontificou a cobrir essa lacuna.

Ele começa o livro defendendo a concepção a mais limitada possível de liberdade: a ausência de coerção. Hayek rejeita noções como liberdade política, direitos universais, igualdade humana e distribuição de riqueza, tudo aquilo que, ao restringir o comportamento dos ricos e poderosos, vai interferir na liberdade absoluta de coerção que ele defende.

A democracia, ao contrário, “não é um valor último ou absoluto”. Na verdade, a liberdade depende da possibilidade de impedir que a maioria exerça sua escolha sobre que direção a política e a sociedade podem tomar.

Hayek justifica essa posição criando uma narrativa heroica da extrema riqueza. Ele equipara a elite econômica, que gasta seu dinheiro de novas maneiras, a pioneiros filosóficos e científicos. Assim como o filósofo político deve ser livre para pensar o impensável, os muito ricos devem ser livres para fazer o infazível, sem as restrições do interesse público ou da opinião pública.

Os ultra ricos seriam “desbravadores” que “experimentam novos estilos de vida”, abrem as trilhas que o resto da sociedade seguirá. O progresso da sociedade dependeria da liberdade destes indivíduos “independentes” de ganhar todo o dinheiro que quiserem e gastá-lo como desejarem. Tudo o que é bom e útil, portanto, surgiria da desigualdade. Não deve haver conexão entre mérito e recompensa, nenhuma distinção entre renda merecida e não merecida, e nenhum limite ao lucro.

A riqueza herdada seria mais útil socialmente do que a riqueza construída: “os ricos ociosos”, que não precisam trabalhar por seu dinheiro, podem dedicar-se a influenciar “campos do pensamento e de opinião, de gostos e crenças”. Mesmo quando parecem gastar dinheiro apenas em “exibição sem sentido”, estão, na verdade, agindo como vanguarda da sociedade.

Hayek suavizou sua oposição aos monopólios e endureceu sua oposição aos sindicatos. Criticou a fiscalidade progressiva e as tentativas do Estado de elevar o bem-estar geral dos cidadãos. Insistiu que há “evidências avassaladoras contra o serviço de saúde gratuito para todos” e descartou a conservação dos recursos naturais. Não causa surpresa a ninguém que acompanha tais temas que ele tenha sidoagraciado com o Prêmio Nobel de Economia.

Quando Thatcher bateu o livro sobre a mesa, já existia, dos dois lados do Atlântico, uma rede animada de thinktanks, lobistas e acadêmicos que promoviam as doutrinas de Hayek, sendo generosamente financiados por algumas das pessoas e empresas mais ricas do mundo, incluindo DuPont, General Electric, a empresa cervejeira Coors, Charles Koch, Richard Mellon Scaife, Lawrence Fertig, o Fundo William Volker e a Fundação Earhart. Usando a psicologia e a linguística para dourar o discurso, os pensadores patrocinados por estes grupos e indivíduos encontraram as palavras e argumentos necessários para transformar em programa político plausível o hino de Hayek à elite.

O Thatcherismo e o Reaganismo não eram ideologias propriamente ditas, mas duas faces do neoliberalismo. As grandes reduções de impostos para os ricos, o esmagamento dos sindicatos, a redução de programas de moradia popular, a desregulamentação, a privatização, a terceirização e a concorrência nos serviços públicos foram, todas elas, medidas propostas por Hayek e seus discípulos. Mas o verdadeiro triunfo dessa rede não foi a captura da direita, mas a colonização de partidos que já representaram tudo aquilo que Hayek mais detestava.

Bill Clinton e Tony Blair não possuíam uma narrativa própria. Em vez de desenvolverem uma nova história política, acharam quetriangular era suficiente. Em outras palavras, extraíram alguns elementos das antigas crenças de seus partidos, misturaram com elementos do discurso de seus oponentes e, a partir desta combinação improvável, desenvolveram uma “terceira via”.

Era inevitável que a confiança ardente e insurgente do neoliberalismo exercesse uma atração gravitacional mais forte do que a estrela moribunda da social-democracia. O triunfo de Hayek pode ser facilmente comprovado, da expansão promovida por Blair da iniciativa privada à revogação de Clinton da lei Glass-Steagal, que havia regulado o setor financeiro. Em que pese toda sua graça e estilo, Barack Obama, que tampouco possuía uma narrativa (exceto a “esperança”), foi lentamente enrolado por aqueles que possuíam o poder de persuasão.

Como alertei em abril, o resultado é uma sensação de impotência seguida da perda de direitos. Se a ideologia dominante impede os governos de transformar a realidade social, estes já não conseguem mais responder às necessidades do eleitorado. A política se torna irrelevante para a vida das pessoas; o debate é reduzido ao matraquear de uma elite distante. Aqueles que se sentem abandonados abraçam uma virulenta antipolítica que substitui fatos e argumentos por slogans, símbolos e sensações. O homem que afundou a candidatura de Hillary Clinton à presidência não foi Donald Trump. Foi seu marido.

O resultado paradoxal é que a reação ao esmagamento da escolha política causado pelo neoliberalismo beneficiou exatamente o tipo de homem que Hayek adorava. Trump, que não tem política coerente, não é um neoliberal clássico. Mas é a representação perfeita do “independente” de Hayek; beneficiário de uma rica herança, sem as restrições da moral comum, cujas predileções grosseiras abrem um caminho novo que outros podem seguir. Os thinktankers neoliberais estão agora feito enxame ao redor deste homem oco, este recipiente vazio pronto para ser preenchido por quem sabe o que quer. O resultado provável é a derrocada da decência que ainda resta, a começarpelo acordo para limitar o aquecimento global.

Quem conta a história manda no mundo. A política fracassou por falta de narrativas opostas. A principal tarefa agora é contar uma nova história sobre o que é ser humano no século 21. Que seja tão atraente para alguns dos que votaram em Trump e no Ukip quanto para os defensores de Hillary Clinton, Bernie Sanders ou Jeremy Corbyn.

Alguns de nós temos trabalhado nisso, e podemos entrever o que pode ser o começo de uma história. Ainda é muito cedo para dizer mais, mas o ponto crucial é o reconhecimento de que – como a psicologia moderna e a neurociência deixam muito claro – os seres humanos, em comparação com outros animais, são seres notavelmente sociais e notavelmente altruístas. Ao promover a atomização e o comportamento individualista, o neoliberalismo contraria boa parte do que constitui a natureza humana.

Hayek nos contou quem éramos, mas ele estava errado. Nosso primeiro passo é recuperar nossa humanidade.

Tradução de Clarisse Meireles

Redação

15 Comentários

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  1. A política na atualidade e a política no passado

    “No passado os políticos nos ofereciam sonhos de um mundo melhor. Hoje, eles prometem nos livrar dos pesadelos.”

    O Sanders não nos livrou do pesadelo Trump

  2. “Como alertei em abril, o

    “Como alertei em abril, o resultado é uma sensação de impotência seguida da perda de direitos”:

    Alguem aqui sabe o que eh ser estuprado 24 horas por dia pelo governo dos Estados Unidos?

    Eu sei.

  3. A história não é feita pelos superpoderosos

    Que bobagem. Para o autor, a instauração do neoliberalismo se deu por uma decisão das elites gananciosas, que se utilizaram da filosofia neoliberal de Hayek. A história não é feita por heróis e vilões superpoderosos, que concepção antiquada: o autor precisa estudar teoria da história, ele está no sec. XIX positivista.

    O capitalismo social-democrata estava fazendo água na década de 70 e o neoliberalismo (financeirização globalizada) foi a salvação do sistema, ao inundar empresas, estados e pessoas de crédito – que nunca poderão pagar, por isso são bolhas.

    O neoliberalismo foi a injeção de crédito num sistema falido, necessária para sua sobrevivência, e não uma decisão maligna de elites gananciosas. Não foi fruto de um erro polítio ou da ganância dos ricos, mas uma necessidade estrutural sem a qual o capitalismo entraria em colapso.

    Agora o próprio neoliberalismo (que já foi solução) entra em colapso e se torna uma problema. Terá o capitalismo outra solução “mágica” para prolongar sua curta história? Ou será sua crise final? Esta é a questão.

     

    1. A imagem do livrinho é Hollywoodiana.

      Ao ler a seguinte passagem do artigo:

      ” Ela abriu sua bolsa, tirou um livro com diversas páginas marcadas e bateu-o sobre a mesa. “É nisso que acreditamos”, disse ela. Começava uma revolução política que varreria o mundo.”

      Me pareceu aquelas imagens que Hollywood tem da história, há uma reunião de criaturas maléficas que de um momento para outro decidem a mudança da direção do mundo conforme suas tramas diabólicas de criarem um novo mundo sombrio que os favorecesse.

      Realmente a socialdemocracia não tinha uma resposta a crise, e simplesmente a oligarquia mundial não necessitou de uma reunião nem de ler um livrinho para dirigi-la.

      O neo-liberalismo foi uma forma natural que o imperialismo internacional encontrou para prolongar a sua existência, simples e direto, sem a necessidade de um Dr. Fantástico ou de outras personagens diabólicas, no caso duas, Teachear e Reagan.

      Para o capitalismo não é necessário ideologias mas sim ações, quem gosta de teorizar é a esquerda, teorizar e não fazer, o capitalismo faz e não teoriza!

      Os interesses são tantos, e muitos conflitantes, contraditórios e divergentes, que se houvessem reuniões em castelos distantes e fechados rolando vinhos finíssimos e caviar, não sairia nada, e o imperialismo estaria no mesmo imobilismo que a esquerda e a social democracia se encontrava.

      As coisas vão se adaptando aos poucos, algumas falências aqui, umas crises ali, entra um presidente e sai outro, uma parte do mundo quer tentar outra saída, o chineses fazem a sua própria programação, os oligarcas russos também.

      Trump é outra tentativa de prorrogação do Imperialismo, assume um discurso diferente e quer ferrar outro grupo de capitalistas que não seja o seu.

      Para mim fica claro, a fatura que o terceiro mundo deveria pagar para todos os imperialistas viverem felizes é muito cara, fizeram as contas e verificaram que o devedor não tem todo o dinheiro que o credor necessita, não há dinheiro para pagar a todos e a tudo, aí vem a ideia, livro o meu e o resto que se arranje! E os acordos, NAFTA, TPP e outros, faziam parte do saque final, porém como no filme a DANÇA DOS VAMPIROS tinha um mísero aldeão para ser trucidado por um monte de vampiros famintos. como a segunda parte da história não se realizou, pois não havia mais mortais disponíveis, o vampirão chefe diz: O aldeão é nosso, o resto que se vire.

      As pessoas confundem verificar o que está ocorrendo com apoiar A ou B, não podemos deixar que o desejo transcenda a leitura correta da realidade, a distorção desta realidade fica patente na seguinte frase: “Que seja tão atraente para alguns dos que votaram em Trump e no Ukip quanto para os defensores de Hillary Clinton, Bernie Sanders ou Jeremy Corbyn.”

      Colocar Hillary Clinton ao lado de Bernie Sanders é de uma miopia no último grau, Bernie Sanders inclusive apóia Hillary Clinton não porque o mesmo vê grande diferença entre ela a Trump, simplesmente porque ele tendo entrado numa disputa nas prévias do partido democrata, virar a mesa (coisa que a imensa maioria dos seus apoiadores queria) seria demais para os padrões éticos do velhinho, porém não podemos distorcer a realidade, Sanders não tinha nada a haver com Hillary, conseguiu que os democratas fizessem concessões mínimas, mas mínimas mesmo, mas a base de Hillary ficou imperturbada, e por isto o eleitorado de Sanders não a seguiu.

    2. Seja social-democracia ou neoliberalismo…

      Seja social-democracia ou neoliberalismo, ambos são criações do capitalismo. As crises não são sistêmicas, são crises de modelos. O capitalismo não vai acabar, nem o rei dom Sebastião vai voltar.

  4. Se é para formatar uma teoria sobre os novos passos do ….

    Se é para formatar uma teoria sobre os novos passos do imperialismo eu tenho a minha, já descrita e confirmada a no mínimo três anos que ainda ninguém acredita (é o custo da genialidade misturada com a pretensão).

    A história do grande impasse do imperialismo moderno começa em 1966 com o chamado Clube de Roma. Um industrial italiano Aurelio Peccei e um cientista escocês Alexander King fazem uma série de continhas, continhas simples, do tipo temos tanto petróleo, cobre, minério de ferro, boizinhos no campo e mais um monte de commodities. Nos dias de hoje (década de setenta) temos tantas pessoas consumindo estes recursos, e mais outro monte que está somente sobrevivendo e consumindo praticamente nada. 

    Se os governantes destes países miseráveis, por mais corruptos, venais e safados que sejam, tentarem dar algumas migalhas ao seu povo para poderem continuar roubando o que podem, o consumo deste bando me miseráveis ultrapassa a capacidade de suprir este consumo com matéria prima, desta maneira ela subirá de preço e o pessoal que nos apoia, o povo que vive nos países desenvolvidos não vai ter dinheiro para pagar.

    Primeira conclusão, temos que fazer algo!

    Vamos tentar conscientizar os que comem três vezes ao dia, que moram em uma casa e se deslocam com algum veículo para seu trabalho que não podem gastar muito. Vem todo o discurso de pegada ecológica, e toda o problema da poluição real e existente gerada pela sociedade do desperdício. 

    O discurso cai muito bem na Europa, que se analisarmos bem realmente é o câncer do mundo em relação ao consumo maior do que a capacidade de riquezas naturais, é só pegar o exemplo da Holanda, se o Brasil tivesse a mesma densidade populacional da Holanda deveríamos ter algo em torno de alguns BILHÕES de habitantes.

    A racionalização do consumo cai bem na cabeça dos europeus, inclusive agudiza-se este discurso por teorias de decrescimento, que seria o sonho do consumo dos capitalistas europeus, os mais pobres voluntariamente se tornam mais pobres e os ricos se mudam para ilhas bem distante da pobreza para não dar na cara que continuam mais ricos.

    Perfeito, porém começam a aparecer por aqui e por ali, alguns loucos governantes do terceiro mundo que insistem em dar melhores condições de vida ao seus países, por exemplo, num país chamado Líbia um tal de Kadafi com uma loucura que se chama o livro verde do Coronel, consegue o maior IDH de todo o continente. Por outro lado, um país de segunda linha, que propiciava negócios fantásticos para os capitalistas (e ainda continua) que estes negócios eram chamados um negócio da China. Porém os dirigentes deste país insistem em não ser transformados num títere como um Mikhail Gorbachev ou um bêbado e palhaço como um tal de Boris Yeltsin que entregaram o seu país a oligarquia internacional e estavam lentamente reduzindo a pó a ex-união soviética. 

    Os chinesinhos, apesar de terem os olhinhos fechados e terem que usar óculos, viram que brincar com um bilhão de pessoas não é algo muito simples, logo tinham que dar alguma esperança de sucesso ao seu povo, e parte desta esperança é uma esperança material.

    Como o papo do fim do petróleo, a principal ameaça a sociedade moderna, foi desfeito pelo uso de reservas que já se sabiam existir há mais de cinquenta anos, o pessoal que vive nos Estados Unidos e curtem um desperdício e uma queima de todos os recursos naturais que eles conseguem comprar com papel pintado que os outros aceitam, não gostou muito desta tal ideologia da pegada ecológica, do fim do desperdício e principalmente da teoria do decrescimento, disseram aos seus governantes, tem que achar outra solução.

    Uns tais de democratas, paladinos da liberdade seletiva (liberdade para eles) e mais os republicanos que não respeitam nem a própria liberdade, acharam uma solução, vamos destruir os países dos outros um a um para que o consumo diminua. Perfeito, fizeram no Iraque, na Líbia, tentaram na Síria e vão espalhando a miséria por todo o lado. Porém os chineses e um russo que substituiu os palhaços anteriores não curtiram muito a solução, principalmente porque começaram a destruir os países que eles ainda tinham alguma influência.

    A falta de curtição dos russos e chineses da solução destrua-se tudo porque o minério debaixo da terra fica, colocou alguns probleminhas no caminho da solução, foguetes e aviões russos pagos com dinheiro chinês. A Madame Hillary, que escutou nas reuniões dos ministério da defesa um monte de historinhas fantásticas de armas caríssimas que podiam vencer a tudo e a todos, pensou logo, vamos a solução final, acabamos com estes russos e chineses e matamos dois coelhos de uma cajadada só.

    Aí vem o mais interessante, o pessoal que sabe que estes armamentos na sua integridade dos casos são resultantes de projetos superfaturados e que não apresentam as características medonhas e mortais que estava nos folders de propaganda vendido pelos lobistas aos políticos, disseram:

    – Madame, as coisas não são bem assim!!!

    Porém como a madame era teimosa com surtos de grandeza, o pessoal que se ocupa dos armamentos e das propinas, chamou um irmão mais velho e conhecido, o FBI e disse, acaba com a eleição da Madame que com o topete nos podemos conversar. Saiu como uma bomba os tais de e-mails, o suficiente para derrubar a votação ou pelo menos se fosse feita alguma fraude para derrubar a madame não ficasse na cara.

    O que aconteceu, deu o Trump, agora os norte-americanos se fecham e a Europa que se vire.

    Pode até a historinha não ser verdade, porém melhor do que esta do livrinho ela é.

    1. Uauuu!

      ~~”Pode até a historinha não ser verdade, porém melhor do que esta do livrinho ela é.”

      Cara, você é demais! É um disperdício de talento que seus posts só sejam publicados aqui no blog do Nassif. O mundo precisa ler suas excelentes análises, claras como a luz da lua nova! Aquela de hoje, particularmente, é praticamente uma antalogia da falácia (aqui). Não que as suas outras calunas não sejam páreo… 

      The Guardian et al não sabem o que estão perdendo sem você nas redações.

      1. Pô, Vânia, já sou um cara meio convencido, infla meu ego ele….

        Pô, Vânia, já sou um cara meio convencido, infla meu ego ele estoura e dou com a cara no chão, depois vou levar uns dois anos para me recuperar!

        Brigado.

  5. O neoliberalismo proposto por Hayeck. . .

    O neoliberalismo proposto por Hayeck promove o melhor ambiente para a economia crescer, mas magnifica as distorções do capitalismo, como as crises cíclicas de depressão econômica e a concentração excessiva de renda e os assalariados são os mais prejudicados. Nem muito ao mar e nem muito à terra, o melhor mesmo era Keynes que dizia “Há momentos para ser liberal e outros que o governo precisa ser socialista”

  6. O neoliberalismo é um produto

    O neoliberalismo é um produto tipicamente da Guerra Fria. Trata-se de um discurso de defesa do “capitalismo” construído por economistas neoclássicos-ortodoxos da Europa e dos Estado Unidos da segunda metade do século XX com retalhos de economia e filosofia política do liberalismo século XIX. Estes economistas queriam através da publicação de seus livros “políticos” e de suas idéias demonstrar seu total descontento e discordância com algumas idéias em voga naquele momento no Ocidente e com isso alertar o público para os seus perigos: basicamente a idéia que o capitalismo era um sistema instável e incapaz de por si só promover o bem estar social, o equilíbrio e o crescimento econômico mas que a intervenção do Estado na economia e na sociedade através do manejo de políticas econômicas e sociais, podiam contrarestar essas situações e essas tendências de crise e instabilidade no sistema capitalista.

    Estes economistas formavam um pequeno núcleo de vozes isoladas e distoantes do consenso social-democrático e keynesiano dos anos 50 e 60. Ninguém considerava ou levava a sério suas ideias ou os seus alertas. A idéia de que o intervencionismo econômico ia levar o Ocidente ao caminho da servidão e do totalitarismo ou que iam desorganizar a economia e minar os fundamentos da ordem social soava como um total contra-senso. E esses economistas neoliberais tinham completa consciência de seu isolamento, formavam uma espécie de guerrilha ideológica, dispostas a resistir a tudo e a todos, como cabe a uma ortodoxia, é de sua própria natureza. Sabiam então que pregavam no deserto e que teriam que atravessar um longo caminho para poder sair do seu ostracismo. Mas sua sorte começa a mudar a partir dos anos 70, mas seu calvário ainda não havia chegado ao fim. 

    Sua primeira aparição para o grande público não iniciado não foi das mais afortunada. O nome do neoliberalismo ficou associado aos Chicago boys e aos acessores das políticas econômicas adotadas pela ditadura chilena de Pinochet além de a figuras do governo Nixxon. Depois de muitos anos de um gélido inverno o sol dava seus primeiros sinais e as primeiras flores vieram em forma de monetarismo, a primeira flor ainda que tardia no jardim do neoliberalismo. A estagflação dos anos 70 associada a perda de dinamismo econômico e ao aumento da inflação com os dois choques do petróleo contribui para aumentar a insatisfação em relação ao consenso keynesiano social-democrático. O nobel de economia a Hayek e a Friedman pareciam dar finalmente uma certa credibilidade as idéias liberais, depois de anos de uma revolução silenciosa marcada pela restauração do status da microeconomia neoclássica, um dos produtos mais elaborados e capilar dessa corrente de pensamento, apesar da fria e nada amistosa recepção do resto da comunidade acadêmica. Finalmente a eleição de Thatcher e Regan pos fim ao ostracismo neoliberal. Os vinculos entre think thanks, academia, partidos e governo foram se estreitando ao longo desses duros anos de ostracismo.

    Mas nada absolutamente nada disso teve o papel que a caída do Muro de Berlim jogou para o que podemos chamar de hegemonia neoliberal que vivemos desde início dos anos 90 do século passado. O annus mirabilis da revolução neoliberal, como se todas as descargas dos banheiros neoliberais tocassem toda a merda produzida nesses anos todos e como uma bomba atômica sepultasse de uma só vez o socialismo em suas duas formas realizadas: o socialismo e agora é a vez de sua filha primeiro rejeitada e agora agarrada com a última tabua de salvação frente a barbarie, a social-democracia. O neoliberalismo apesar de velho e esqualido aparece como o campeão dos pesos pesados, o pugilista que ganhou a Guerra Fria.

    A partir dai os neoliberais trocam de posição com as esquerdas: de forças conservadoras passam a “libertárias” pois querem varrer da face da terra todos os vestígios de socialismo: das idéias socialistas, às instituições da social democracia,  todos direitos de cidadania do século XX. A esquerda de uma força revolucionária passa a ser uma força conservadora na medida em que luta por garantir uma série de direitos conquistados e reativa frente a um crescente cenário de isolamento e cerco. Da mesma forma que a idéia de socialismo se afasta da utopia e se resiste no pragamatismo, o neoliberalismo trasforma a própria idéia de capitalismo em uma utopia (o funcionamento dos mercados livres e eficientes) um vir a ser da mesma forma que a idéia de comunismo e revolução foi no socialismo do século XX.

    As opções que se avizinham a frente serão:

    Tirania, Barbárie e Capitalismo

    ou

    Democracia, Civilização e um Sistema Racional, Consciente e Ecologicamente Equilibrado de Produção e Distribuição (seja lá o nome que se dê a isso).

     

  7. O apetitoso botim da economia “porta-aviões”
    Ok! Então ficamos assim, a China comunista é hoje a melhor expressão de livre mercado e da capacidade empreendedora dos “comunistas-empresários” chineses!

    A idéia que os neoliberais liberalizaram economias e mercados pelo mundo afora por que seguiram um receituário econômico qualquer é esdrúxulo! Senão vejamos.

    Milhares de fábricas foram transferidas dos EUA e da Europa para a China por que ela se constituiu em apenas 30 anos num perfeito exemplo de livre mercado!

    E mais, as quinquilharias lá produzidas eram as mais competitivas para serem incluídas na relação de fornecedores preferenciais dos Walmarts da vida!

    Xanguai está em média a mais de 10.000 km de distância dos maiores centros consumidores americanos e europeus. Se esses produtos viessem do México até que seriam aceitáveis como sendo mais competitivos devido a distâncias mais curtas.

    Esse aparente sucesso chines foi resultado de um conlúio neoliberal para “deliberadamente” favorecer a China em detrimento de todos os outros países. Aqui no Brasil a história se repetiu trocando-se o Walmart pelos supermercados “Extra”, o qual exerceu esse papel no conlúio que “deliberadamente” favorece os investimentos da turma de Wall Street na China, além é claro, de seus parentes, amigos e cupinchas das mídias corporativas globalizadas!

    E no final qual foi o resultado? Fizeram apostas absurdamente altas para continuar inflando uma bolha de crescimento em um país pobre de 1,5 bilhão de habitantes. E, isso desenvolveu um livre mercado “chines comunista”?

    A resposta é um sonoro não! Criaram uma ingênua economia do tipo porta-aviões, onde fábricas americanas e européia operam em áreas segregadas sem refletir ou desenvolver um verdadeiro mercado local.

    A estratégia competitiva básica desse modelo neoliberal “porta-aviões” chines é lançar suas quinquilharias acondicionadas em gigantescos porta-contêineres, a preços aviltantes com o objetivo único de arrasar e dominar mercados locais que vêm sendo desenvolvidos a duras penas como no caso do Brasil.

    Para finalizar eu pergunto, o que existe de livre mercado ou empreendedorismo nesse modelo neoliberal “porta-aviões”, senão um conjunto de estratégias típicas de bucaneiros globalistas para os quais países e mercados não passam de um apetitoso botim. Vejam, em última análise, o resultado disso em Detroit!

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