O modo como juiz Sérgio Moro se refere ao ex-presidente Lula, com preconceito pela deficiência, pode ser sintimático da personalidade deste magistrado. Numa postagem neste final de semana, o jornalista Ricardo Noblat afirmou que o juiz se refere a Lula por “nine”, o que demonstra, se a informação for verdadeira, um comportamento sem muitos escrúpulos e claramente incompatível com a posição social que ocupa.
Afinal, zombar de deficiência é mais que uma brincadeira de mau gosto. É uma demonstração preocupante de insensibilidade e falta de limites.
Nem todo mundo consegue lidar com fama, dinheiro e poder de maneira saudável. Moro é um caso típico. As denúncias de que não respeita direitos de defesa, de que apela para coações, de que abusa de poder ganham mais sentido agora com a informação, se verífica, de Noblat.
Mas a revelação feita pelo jornalista também embute uma outra mensagem. Conta-se que Roberto Marinho, quando da emergência da candidatura Collor, mandava uma equipe do Globo para apurar as virtudes e outra para apurar os vícios do candidato.
Se alguém perguntasse para quê este duplo esforço, o patriarca da Globo respondia que divulgaria só as boas coisas, mas as más poderiam servir mais cedo ou mais tarde. E serviu.
Moro está na mão da mídia. Sua valentia vai até o momento em que serve aos interesses das grandes corporações midiáticas. Interesses políticos, como meio. Financeiros, como fim.
Qualquer deslize será punido exemplarmente.
Furos, ele já deixou muitos. Tudo de que lhe acusam – principalmente, o meio jurídico – pode voltar de maneira avassaladora contra sua fama de herói, se desagradar os meios de comunicação. Quem resistiria a um inventário de erros na operação Lava Jato, sendo ele o maior nome ligado a esta campanha jusmidiática?
Não que Noblat tenha portado algum aviso dos Marinhos. Mas claramente mostra que tem gente atenta nas redações aos delírios e deslizes do personagem togado da República de Curitiba.
Acreditando-se portador de superpoderes, Moro parece mandar às favas os escrúpulos. Mas deixa rastros no caminho. Notícias – e a fama com ela construída – tem pernas curtas. Mas a história tem braços longos. Vai buscar os erros onde elese estiverem.
Em tempo: o título é uma referência à frase de Jarbas Passarinho, durante a assinatura do AI-5.
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/185709/Noblat-Moro-debocha-da-defici%C3%AAncia-de-Lula.htm
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