Atualmente essa expressão é famosa pela associação com códigos maliciosos (“worms”) que infestam computadores.
Mas também podemos aplicar essa expressão “cavalo de Tróia” a um recorrente fenômeno do encontro entre a ciência e a mída. Mais precisamente, a exposição de cientistas na mídia onde expressam seus posicionamentos políticos “progressistas” ou “de esquerda”. Pela sua projeção midiática, passam a ser celebrados pela a intelectualidade e simpatizantes dessa ala política. Alguns passam a ser mais conhecidos pelas suas declarações políticas do que pela pesquisa cientifífica. Mas há algo contraditório: apesar dos posicionamentos midiáticos progressistas, os fundamentos das suas pesquisas científicas são conservadores, para não dizer reacionários em alguns casos.
Certa vez, o psiquiatra e psicanalista austríaco Wilhelm Reich, um pouco antes de estourar a II Guerra Mundial, já havia observado uma contradição parecida, se bem que em outro campo: ele notou como a intelectualidade e militância de esquerda era politicamente progressista, mas com uma moralidade conservadora (sexualmente repressores).
O cientista “Cavalo de Tróia”, essa nova espécie de personalidade midiática, ganha espaço, simpatia e elogios de jornalistas, intelectuais, blogs e grandes espaços ideologicamente progressistas. Alguns desses cientistas até são atacados pela direita, sem perceberem que sua ciência é ideologicamente conservadora.
Parecem funcionar como um cavalo de Tróia de verdade: por serem cientistas famosos e respeitados que corajosamente assumem em público posicionamentos politicamente à esquerda, são recebidos como um presente pela ala progressista. Porém a ingenuidade ideológica não deixa perceber os fundamentos conservadores dos seus projetos científicos que, em última instância, ajudam a reproduzir a própria ordem que tencionam criticar.
Nessa postagem pretendo falar de três “Cavalos de Tróia”: o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, o linguista norte-americano Noam Chomsky e o cientista de computadores Jaron Lanier.
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