Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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A Mídia e os Cientistas “Cavalo de Tróia”

 Quem não conhece a origem da expressão “cavalo de Tróia”? Diz a narrativa lendária que as legiões gregas deixaram o artefato de madeira oco, abrigando soldados gregos em seu ventre, junto às muralhas de Tróia. Os troianos acreditaram ser um presente dos gregos como sinal de rendição. Durante a noite os gregos deixaram o artefato e abriram os portões da cidade, que foi facilmente invadida, incendiada e destruída.

Atualmente essa expressão é famosa pela associação com códigos maliciosos (“worms”) que infestam computadores. 

Mas também podemos aplicar essa expressão “cavalo de Tróia” a um recorrente fenômeno do encontro entre a ciência e a mída. Mais precisamente, a exposição de cientistas na mídia onde expressam seus posicionamentos políticos “progressistas” ou “de esquerda”. Pela sua projeção midiática, passam a ser celebrados pela a intelectualidade e simpatizantes dessa ala política. Alguns passam a ser mais conhecidos pelas suas declarações políticas do que pela pesquisa cientifífica. Mas há algo contraditório: apesar dos posicionamentos midiáticos progressistas, os fundamentos das suas pesquisas científicas são conservadores, para não dizer reacionários em alguns casos.

Certa vez, o psiquiatra e psicanalista austríaco Wilhelm Reich, um pouco antes de estourar a II Guerra Mundial, já havia observado uma contradição parecida, se bem que em outro campo: ele notou como a intelectualidade e militância de esquerda era politicamente progressista, mas com uma moralidade conservadora (sexualmente repressores).

O cientista “Cavalo de Tróia”, essa nova espécie de personalidade midiática, ganha espaço, simpatia e elogios de jornalistas, intelectuais, blogs e grandes espaços ideologicamente progressistas. Alguns desses cientistas até são atacados pela direita, sem perceberem que sua ciência é ideologicamente conservadora. 

Parecem funcionar como um cavalo de Tróia de verdade: por serem cientistas famosos e respeitados que corajosamente assumem em público posicionamentos politicamente à esquerda, são recebidos como um presente pela ala progressista. Porém a ingenuidade ideológica não deixa perceber os fundamentos conservadores dos seus projetos científicos que, em última instância, ajudam a reproduzir a própria ordem que tencionam criticar.

Nessa postagem pretendo falar de três “Cavalos de Tróia”: o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, o linguista norte-americano Noam Chomsky e o cientista de computadores Jaron Lanier.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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