A velha midia nos tempos de Lula e internet

Será possível manter num governo Dilma mais quatro anos da guerrilha preconceituosa que a grande imprensa conservadora, ou o PIG, como a chamamos, vem praticando com o Lula?

Será, então, 12 anos, mais de uma década seguida de ataques diários, diuturnos.

Não creio.

Lula deverá representar um fim de era, vitorioso, mas fim de era.

Com Dilma no poder, FHC e Serra serão nomes do passado. Tais como, ACM, Covas, Tancredo, Brizola, Montoro, Arraes, já mortos ou Sarney, o último coronel, ainda vivo, seus nomes remetem ao passado. Não são viáveis mesmo para um futuro próximo, por exemplo, 2014.

O próprio Lula não será provavelmente viável além da condição de reserva moral, importantíssima.

Para a nova década que começa em 11, provavelmente com Dilma no poder, os nomes serão outros. Aécio e Ciro são os mais óbvios, mas, Mercadante e Eduardo Cardozo terão suas horas no PT e a própria Marina me parece alguém mais duradoura do que apenas esta eleição. Repare-se, nenhum deles, aparentemente ou, pelo menos, até agora, parece jogar sujo. São nomes muito jovens para ter qualquer ligação com o golpismo lacerdista das décadas de 50 e 60 que parece caracterizar a atuação da nossa grande impressa neste momento.

Talvez nossa grande imprensa esteja velha e em fim de ciclo, tal quais os grandes nomes políticos atuais. Parece que sim.

Oito anos de ataques ao governo Lula só fez desmascarar, no sentido de tornar público e assim ineptos, os mecanismos de poder que os barões da velha mídia escrita e televisada sempre praticaram. Como foi possível tal fato? A internet e sua realmente livre imprensa, essa é a resposta.

Qualquer um que tenha lido a pequena grande obra de Samuel Wainer – “Minha razão de viver”, sabe que nunca houve imprensa livre no Brasil e no mundo. Por aqui houve momentos, como os atuais, de imprensa livre de censura governamental, mas não livre. Os jornalistas escrevem o que querem, mas só publicam o que seus patrões deixam ou ordenam. Esses são os donos da imprensa e da opinião publicada, que confundem jactanciosos com opinião pública, o que até um tempo atrás parecia ser a mesma coisa.

A internet, e seus blogs, são um fator novo. Nela, jornalistas que seriam do primeiro time de qualquer redação publicam o que querem e recebem colaborações, ainda que críticas, algumas, de um número de desconhecidos proporcional ao quanto o jornalista blogueiro pode sensibilizar.

Através desse mecanismo, estratagemas são desmontados no mesmo dia em que são criados, informações são coletadas ou verificadas em minutos por uma rede voluntária de colaboradores, alguns altamente especializados outros simples palpiteiros, mas, de qualquer modo, em um número muito maior ao que as redações clássicas dispõem. E, nada desprezível lembrar, serviço voluntário tem custo zero, faz se por prazer.

A velha mídia sabe disso, sabe principalmente o quanto de interesses, alguns bem impublicáveis, está sendo contrariado. No entanto, apesar desse conhecimento, a velha mídia mais parece atordoada com a velocidade na qual as coisas mudaram. Parece não saber como reagir, continuam com modelos já superados. Por isso não espanta a virulência de algumas manifestações ocorridas de seus membros e não espantarão outras que virão. Para os mais suscetíveis pode parecer jogo de vida ou morte.

Uma vitória de Dilma contra todo o esquema de poder capitaneado por essa velha mídia soará como uma evidência de que algo definitivamente mudou, houve um ponto de ruptura ou de viragem como falamos os químicos.

O que restará à velha mídia, continuar vociferando como os novos “milicos de pijama”? Aquelas patéticas figuras de um passado não muito remoto, sempre pregando o fim do mundo e servindo apenas, a cada aparição cada vez mais rara, para nos lembrar que nem todos deles já morreram.  A bem da verdade, suas últimas aparições, meses atrás, causaram-me alguma, talvez indevida, mas humana, compaixão, dado seus estados de decrepitude, não mais que isso.

Seria esse o fim da velha mídia?  Seria assim tão facilmente que se esvairia todo o poder acumulado desde o velho Chateaubriand e sua gazua?

Não creio, nem seria bom se assim fosse. Porque, mesmo os atuais “milicos de pijama” e sua turma não largaram o osso sem ranger os dentes e dar algumas mordidas. Quem esteve naquele tempo se lembra que tais mordidas custaram, pelos menos, dedos decepados e bancas de jornal incendiadas. E, não pequemos pelo esquecimento, um sargento estuporado por inabilidade no manuseio de bombas caseiras.

Haveria nesse caso que temer por ações destemperadas, já que a visão da forca aguça a mente e que quem já está no inferno não se pejaria em beijar a boca do capeta.

Não me parece, ainda assim, que isso vá ocorrer. É mais provável que os barões tentarão alguma acomodação que leve a preservação de dedos e anéis, mesmo que, conformados a contragosto, em um patamar de poder muito menor. Já sobreviveram a duas ditaduras e sempre souberam o melhor lado de se colocar a cada momento.  Se como resultado único, um novo posicionamento da velha mídia levar ao fim do golpismo lacerdo-fernandista estaremos no lucro e numa nova fase, mais adulta, das relações mídia-poder.

Não que a transição será amena. Não será.

Estão aí as mesmas vivandeiras castelãs e, na falta dos granadeiros, talvez tentem bulir com o judiciário. E, embora seja mais difícil, nesse caso, provocar excrescências de poder, o preço da liberdade continua sendo a eterna vigilância.

Ainda assim, os possíveis primeiros passos talvez dados nessa direção foram prontamente detectados e obstaculizados pela blogosfera. Ah, essa megera donzela indomável.

Por fim, a ascensão de Lula ao poder na era da internet nos proporciona tempos interessantes, quase shakespearianos em relação à velha mídia, tempos de Rei Lear onde já foi, até recentemente, das alegres comadres de Windsor.

Redação

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