A seca paulista e as demissões na indústria

Enviado por Alberto Porém Jr.

Saiu no Valor mas ninguém repercutiu pois é “bad news for us”.

Leiam abaixo:
 
Do Tijolaço
 
Seca não é ideológica; mídia, é. Demissões da água em São Paulo só saem no “Valor”
 
Fernando Brito

São Pedro, sabe-se, não tem partido e pouca chuva não é problema ideológico, mas hidrológico.

Mas os efeitos e a capacidade de enfrentá-los é, sim, ação de Governo.

Todo mundo acompanhou a agitação, nos primeiros meses do ano, com o “terror do apagão elétrico” que a seca iria provocar.

E não provocou, nem vai provocar, embora as condições sejam, de fato, delicadas e se vá chegar à época das chuvas com um armazenamento muito baixo.

É a verdade, são fatos e fatos não são partidários.

Mas a imprensa é.

Você consegue imaginar o que seriam as manchetes dos jornais brasileiros e as indústrias estivessem demitindo trabalhadores e suspendendo investimentos por conta de uma esperada falta de luz?

Mas isto está acontecendo com a indústria paulista em função do medo de não terem água para trabalhar.

Nem a Folha, nem o Estadão divulgam a pesquisa apresentada hoje pela Fiesp.

Achei apenas no Valor a informação, junto com a notícia de que se estima que três mil empregos tenha sido perdidos com a redução da atividade das empresas pelas restrições atuais ao uso da água.

Como o jornal é voltado para empresas, não pode deixar de noticiar uma coletiva da Fiesp.

Leiam abaixo:

Levantamento divulgado pela Fiesp nesta quinta-feira durante seminário sobre escassez de água na região do PCJ mostra que, em cada três empresas, duas estão preocupadas com possível interrupção no fornecimento. A possibilidade de um racionamento de água ainda neste ano é um fator de preocupação para 67,6% das 413 indústrias ouvidas pela pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp.

O levantamento foi feito entre os dias 12 e 26 de maio com 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados).

A pesquisa revela que são justamente as empresas de grande porte as mais preocupadas (75% ante 68,1% das pequenas e 64,3% das médias).

Já pensando nas consequências de uma interrupção no fornecimento de água, 64,9% das empresas avaliam que a medida teria impacto sobre seu faturamento: 17,9% avaliam que o impacto seria “forte” enquanto para 47% seria “pequeno”.

As empresas de grande porte foram as que mais indicaram impacto sobre o faturamento: “pequeno impacto” para 50% das grandes ante 48,9% das pequenas e 42,8% das médias; “forte impacto” para 29,5% das grandes ante 17,9% das pequenas e 14,3% das médias.

Das indústrias ouvidas, 62,2% indicaram que a produção pode ser prejudicada, mas não precisa ser interrompida em caso de racionamento. Para 11,9%, a produção é paralisada apenas no momento da interrupção e retomada em seguida. Já 12,1% responderam que a produção não seria afetada.

E das empresas que participaram da pesquisa, 54,5% não possuem uma fonte alternativa de água, enquanto 21,8% possuem e são capazes de manter a produção durante eventuais interrupções, enquanto 20,8% não dependem do sistema de abastecimento de água.

Se os “departamentos de engenharia” da nossa mídia, que analisam com profundidade todas as obras federais, fizerem uma continha simples, vão ver que a velocidade do esvaziamento do Jacareí-Jaguari está se acelerando e muito provavelmente não se atingirá o volume esperado até que a cota fatal de 815 metros seja atingida, porque haverá o isolamento do Jaguari, empoçamentos e perdas extras de evaporação com o afinamento da lâmina d’água.

Entre os dias 16 e 17 do mês passado, um a retirada de 1,21 bilhão de litros correspondeu a uma queda de seis centímetros no nível da represa.

Um mês depois, de ontem para hoje, caiu os mesmos seis centímetros com a drenagem de 920 milhões de litros.

24% menos água para o mesmo nível de rebaixamento.

Não sei se preciso desenhar para os editores dos jornais um funil, para que eles entendam que isso vai piorar mais rapidamente.

É inacreditável que seja um pequeno e desaparelhado blog quem tenha, há cinco meses, de falar que a situação é grave, gravíssima.

 

Redação

9 Comentários

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  1. PESQUISA DA FIESP APOIANDO SKAF

    A FIESP está em plena campanha policita em favor de PAULO SKAF, seu presidente afastado. O que voce esperaria de qualquer seminario vindo da FIESP ? 

  2. INCRÍVEL!

    Acho incrível, ou melhor.. inacreditavel o nível da politicagem da mídia brasileira, da velha mídia familiar.

    Escondem e manipulam tudo que possa arranhar a imagem dos tucanos.

    Herlicoptero com 450 Kg de pasta base de cocaína não é noticia…

    Falta de água não é noticia… e a culpa é de São Pedro!

    Será que Alckmin vai dizer que é sabotagem de Petista?

    Que foram os Petistas que “entupiram” os canos de água?

  3. É interessante e a acompanhar.

    Mas justo esse blog também é claramente partidário, tanto quanto a mídia (e é bom que exista o outro lado, claro.)

    O assunto entrará, pelas mãos de Skaf (Fiesp) ou Padilha no debate político.

    Mas acho ingenuidade imaginar que o governo estadual não esteja sendo assessorado na questão. E não vamos ignorar que há uma torcida do quanto pior melhor nessa, já que a reeleição de Alckmin anda parecendo inabalável.

    (Na pesquisa divulgada ontem chegou a 70% dos votos válidos.)

    Aguardemos porque vai ser interessante!

    1. Gunter, não seja reducionista.

      Que eu saiba, oficialmente este blog nunca assumiu um lado, basta ver os posts do Nassif, apesar de sua simpatia por algumas ações do governo atual. O que eu tenho certeza é que a maioria dos leitores daqui é governista e ninguém esconde isto; e por esta razão se encontraram por aqui, pois na grande mídia seriam todos censurados ou escorraçados pelos reacionários.

      Além do exposto acima, julgo uma injustiça comparar o blog do Nassif com a grande mídia. Ao contrário da grande mídia que se apresenta como imparcial cheia de parcialidade, aqui todos os lados têm oportunidade de se manifestar e debater. Tu és um exemplo disso.

      Abraço!

    2.   Peraí, Gunter, mas o que

        Peraí, Gunter, mas o que tem o viés político do Tijolaço a ver com esse assunto? A questão da água tem sido tratada pelo Brito com muita sobriedade.

        De mais a mais, agora a existência de fanáticos do quanto pior, melhor (os há em todo o espectro político, claro) não afeta em nada o problema, ignoremos ou não – realmente não entendi qual a importância deles. Sei que não deve ter sido sua intenção, mas dá a impressão de que você minimiza o real problema.

        De maior dimensão é o silêncio da mídia, que ou não fala do assunto ou fala com um viés “bíblico”, quase como se a falta da água se devesse a uma praga egípcia, não a falta de planejamento de um governo – o mesmo governo em relação ao qual você sugere que seja “ingenuidade” imaginar que não está sendo assessorado, e que nos brindou com pataquadas como a da “pior seca dos últimos 20.000 anos”, além da estranha teimosia do governador em iniciar um racionamento, que finalmente começou há poucos meses e de forma praticamente secreta.

        Agora tem uma questão que me incomoda: seja à esquerda ou à direita (mas dessa não espero nada), não li nada a respeito do controle de vazão dos reservatórios, a relação com a produção de energia, o papel das outorgas e interesses de acionistas, etc. – não esqueço, por exemplo, das inundações durante tempo seco no Jardim Romano, em SP-capital, na virada de 2009 pra 2010.

        Independente da insuficiência de nossos reservatórios, sinto que tem coisa debaixo do volume morto.

      1. Quem acredita no Datafolha acredita em tudo

        O Gunter acredita no Datafolha ou também está torcendo tanto quanto o instituto…?

        Quando foi a última vez que o PMDB e a Fiesp se opuseram ao PSDB em São Paulo?

  4. Cantareira não foi feito para abastecer indústrias

    Em tempo: o sistema Cantareira não foi projetado para abastecer os grandes consumidores.

    Ele foi feito com base em projeções de crescimento populacional que ficaram abaixo do previsto, não acima.

    A então Comasp – Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo – que planejou e iniciou a construção do sistema, considerou que as indústrias precisavam de garantias de fornecimento de volumes grandes e constantes que um sistema de abastecimento público não poderia oferecer.

  5. Cantei esta pedra…….
    Cantei esta pedra lá no dia 1o. ao comentar o post “ANA” manda SABESP reduzir em 10% a captação de água no Sistema Cantareira. Infelizmente estava certo…….imagem de Carlo ZardinniCarlo Zardinni

    A “escada” que a ANA propicia aos tucanos!

    O Alckmin já arrumou um alibi de ouro para justificar a incompetente gestão e o planejamento pífio de sua administração para o abastecimento de água em Sumpa:- vai  apregoar aos quatro ventos que, olha, eu poderia até suprir mais água, mas temos uma instância maior, a ANA, uma reguladora federal, do governo, do governo federal, da Dilma que não me permite suprir mais água que nós tucanos, com a  nossa reconhecida (in)competência poderíamos suprir mas eles mandaram reduzir em 10%. Veja a Dilma não quer deixar eu bombear lôdo, digo, água, mas lôdo, digo, água tem bastante no Cantareira…..

    Estamos com água às pampas, nossos reservatórios têm o expressivo volume de 89.1% de volume, negativos, reconheçamos, mas isto é apenas um detalhe e tome evasivas e gerúndio…..E tome falação pelos fiéis escudeiros da incompetência tucana nos noticíarios, telejornais dos dãopenas e dos bundainchadas da vidas do pig. E tome capa dos pasquins de esgoto paulistas mostrando uma imensa torneira e a satãnica Dilma, com o olhar mefistofélico, vestida de vermelho como se deve e fechando a torneira da qual cai uma única gôta de lôdo, digo, d’água e o título: ” Dilma mata de sede o povo de São Paulo”. Vocês já estão ficando previsíveis, golpistas!

    SP acorde e dê fim a mais de 20 anos de muito marketing e poucas ações concretas  ou então continue achando que beber lôdo, digo, água da Cantareira  quando tem é coisa normal, principalmente se você é dos que podem beber Evian e Perrier. Para banho e demais usos qualquer água mineral nativa já serve, of course!

    Não tenho visto comentários e artigos que abordem a questão da falta da água em sua plenitude. O quê tenho visto, naturalmente, é uma das facetas mais grave delas que é a do consumo humano em suas diversas modalidades que é a do uso doméstico e sanitário. Quanto aos demais usos, p.ex. o Hospitalar? O da segurança representado pela utilização em combate a incêndios? E o  industrial? Sem água quantos postos de trabalho poderão ser extintos? Qual o impacto desta falta dágua no PIB de São Paulo e seu rebatimento no PIB global do País?

    Fica a sugestão ao Jornalista Nassif para que, com todo o seu cabedal e conhecimento, possa desenvolver o tema ou mesmo promover uma mesa redonda com especialistas que abordem esta questão que é séria por demais e me parece estar sendo levada na flauta pela administração dos tucanos paulista, o santo graal do partido, esperando que tudo se resolva por sí mesmo

     

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