A clichetaria aeciana no Lugar Comum momesco dos substantivos abstratos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Madrasta do Texto Ruim
 
de seu blog Objetivando Disponibilizar

A clichetaria aeciana no Lugar Comum momesco dos substantivos abstratos

Ai, gente, quanta emossaum!!!

Devo confessar a vocês que esta ectoplasma suína que vos fala toda segunda-feira de carnaval, desde 2012, faz questão de ler a coluna de Aecim na Folha de São Paulo. Virei fã quando o garboso senador mineiro-carioca cometeu este texto aqui, que eu tive que exorcizar (reza a lenda que, por causa do meu exorcismo, o sujeito que escreveu esse texto só não foi demitido das hordas de comunicação de Aecinho porque tem o rabo preso com o mensalão tucano. Mas essa história carece de confirmação, deixa prá lá…)

E não é que em 2014 eu fui brindada com mais uma clichetaria aeciana, minha gente? Esse texto está royalmente maravilhoso. Ele conseguiu misturar carnaval com Plano Real! Vamos acompanhar/exorcizar:

[Antes do início do exorcismo, deixa eu falar de uma coisa que eu acho que você deve ter aprendido. Você sabe me dizer o que é um substantivo abstrato? Explico: 

Substantivo é a classe de palavras que as pessoas usam para dar nomes às coisas. E essas coisas podem ser concretas, palpáveis (cadeira, mesa, caneta, computador, estojo, homem, mulher, criança), ou podem ser abstratas, e servem pra nomear ideias e conceitos (ordem, progresso, beleza, feiúra, comunismo, capitalismo, islamismo, etcetcetc.). Com isso, temos os substantivos concretos e os substantivos abstratos. Vou marcar em roxo todos os substantivos abstratos do texto de aecim pra vocês verem que se um dia essa subclasse de palavras for proibida, cabô discurso do PSDB!)

(Nota GGN – sem opção de cores, substantivos foram negritados e os comentários da Madrasta estão em itálico)

O país está em festa. Milhares de brasileiros estão nas ruas e passarelas do samba[vocês tão vendo que nem a suposta ameaça de demissão evitou que o sujeito caísse novamente em tentação clichetária, né? Brasileiros estão nas ruas e passarelas do samba… cara, num dá pra ser menos escorreito, não?] protagonizando uma das maiores e mais bonitas celebrações populares do mundo e a nossa excepcional diversidade cultural [vou convidar cientistas britânicos para encontrarem alguma conexão entre o uso do verbo protagonizar e a capacidade de enrolação das pessoas. Mas antes eu grito BINGO! BINGO! BINGO! Cara, como tem lugar-comum isso aqui! E olha que estamos apenas no primeiro parágrafo!].

 

Neste momento, suspendemos as tensões e eventuais diferenças e idiossincrasias [Acho que o zifio que escreveu esse texto anotou um monte de palavras bonitas que ele poderia usar num texto sobre carnaval. Idiossincrasias ficou de fora da versão 2012, e ele tratou de enfiar uma idiossincrasia na versão 2014!] para ocupar as avenidas, sob o signo da alegria. Poucos fenômenos são capazes de construir uma convergência assim, tão ampla e verdadeira.[ai, que lindo! Esse desfile de clichês ao menos ficou mais positivo do que o de 2012!]

Pensando nela, lembrei-me de um outro momento da vida nacional que uniu os brasileiros, em um fevereiro como este, 20 anos atrás: depois de vários planos econômicos fracassados, o Plano Real acabou com a hiperinflação [BAZINGA! Lá vai o querido candidato falar da única coisa que presta do partido dele. Vamos acompanhar – atentem para o fato de que fevereiro é o elo entre carnaval e plano real!].

As novas gerações nem sequer podem imaginar o que significou uma era de descontrole inflacionário que dizimava a renda das famílias, aumentava a desigualdade social e impedia o país de crescer.

Sem pirotecniademagogia e quebra do ordenamento jurídico [ai, deixa eu me recuperar dessa metralhadora tucanamente abstrata para concluir que: puxa, acho que tem alguma mensagem cifrada aqui! O que será? hum? hum?] , instaurou-se uma agenda que contemplava os fundamentos da estabilização e do desenvolvimento, na mais importante reforma econômica do Brasil contemporâneo.

Outros avanços estruturais moldaram o país moderno e respeitado que somos hoje.

Mas a data de 27 de fevereiro é emblemática como ponto de ruptura com o passado de equívocos e o advento de uma nova ordem. Foi, acima de tudo, uma construção [E antes que você me diga que construção é uma coisa concreta, nessa frase foi usada com sentido metafórico, abstrato! Idem com a ruptura do início do parágrafo!] política, nascida na democracia e em diálogo aberto com a sociedade. Um exemplo de como a coragem e a responsabilidade podem ser instrumentos transformadores da nossa realidade[Agora imagine você, meu querido leitor, uma diretoria de uma empresa aguardando resultados em números, e o presidente vira pra todos e diz: “coragem e responsabilidade podem ser instrumentos transformadores de nossa realidade” A reunião vai acabar em pancadaria, porque os diretores vão concluir na hora: “FECHAMOS MAIS UMA VEZ NO VERMELHO, SEU BEÓCIO?” Tá, parei. Vamos voltar ao texto]

Mas nem o unânime reconhecimento que o Plano Real conquistou nesses anos foi suficiente para uma autocrítica daqueles [Daqueles, viu? Da-que-les… porque ele não é macho pra falar em PT e Dilma, né? Se falar, perde voto… então, vira aqueles…] que, apesar de terem se beneficiado dele, o combateram com ferocidade, pautados, como sempre, pelos seus interesses eleitorais.[Não há nada mais fascinante do que um partido político, inserido num sistema eleitoral, com claros interesses eleitorais, acusar OS OUTROS de terem interesses eleitorais. O PSDB não tem interesse eleitoral NENHUM, né? Bando de desprendidos….]

Todos sabemos que nenhum dos avanços obtidos nos últimos 20 anos teria sido possível se a inflação não tivesse sido derrotada. Esta é a verdadeira herança deixada pelo PSDB para os brasileiros, já incorporada ao patrimônio do país.[Muito bem! Bom menino! Mas e aí, depois que acabou a inflação, vamos todos ficar olhando uns pras caras dos outros comemorando o fim da inflação, ou temos mais o que fazer?]

Não podemos permitir que essa conquista se perca.[Novamente: pense na reunião do presidente com a diretoria…]

O país vive um momento delicado, de baixo crescimento [Baixo = terceiro maior PIB do mundo.] , inflação rediviva [nas páginas da Folha de SPaulo, né?] e credibilidade em risco [MA CHE CAZZO? Naonde que a credibilidade tá em risco? Quem faz pouco caso da nossa credibilidade, caramba? Gente, quem informa o PSDB, por Tutátis?!?!?! Nessas horas me dá uma vontade louca de me filiar aos tucanos só pra ver se eu ajudo com um pouquinho de workshop de oposição….] . A infraestrutura compromete nossa competitividade; a educação demanda uma gestão inovadora para cumprir o seu papel transformador; as instituições públicas, reféns de grave aparelhamento e pactos de conveniência, precisam ser resgatadas e devolvidas ao interesse público.[Eu adoro essa parte de sofrimento gerencial dos discursos do PSDB! eles falam tudo o que tem que ser feito. e nessa listagem do tudo tem que entrar mesmo esse rosário de substantivos abstratos. Mas pra explicar COMO tem que ser feito exige um cadim mais de neurônio, e de planejamento.  Algo que a nossa hipotética diretoria cobra desse suposto presidente de empresa e NUNCA consegue uma resposta….]

Crises graves, como a desassistência à saúde pública [Masgeeeemt… bando de cubano atendendo pobre ferrado nos cafundós do país é desassistência à saúde pública? afff…] e a violência endêmica [RÁ! Explicar, contextualizar e quantificar a ideia de violência endêmica é tarefa complexa pacas, né? Sair do mundo abstrato e ir pro mundo concreto das quantificações é difíiiiicil….] , merecem uma nova mobilização de todos os brasileiros, para fazer o país avançar mais.[De novo: cadê o macho pra dizer: “Não vote no PT, vote no PSDB, porque nós somos melhores!” Não, ele fica nesse reme-reme abstrato e conclamador de insurgências oníricas!]

Convergência. Coragem. Responsabilidade.[AAAAAAAAAAHHHHH, OUTRA  METRALHADORA TUCANA ABSTRATAAAAAAAAAA. Adoro! Isso não quer dizer absolutamente nada, mas eles falam mesmo assim!]  No país que é também do Carnaval [E zás! Nosso herói voltou ao carnaval! Ai, que lindo!], todo dia é dia de construir o Brasil que podemos ser [… e encerra no melhor estilo Humberto Gessinger! (“somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter…”)

E vocês têm medo dissaí? Véi, na boa, bora estourar pipocas?

(Mas eu não posso encerrar esse post sem antes agradecer ao dileto ectoplasma suíno – mineiro Luis Carlos, que me enviou o link pro evento momesco de Aecinho. Valeu, zifio! o/)

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. Acho que ele tava com faca e

    Acho que ele tava com faca e pao de queijo aas maos e tentou matar o pao de queijo com um monte de cajadadas…

  2. Ilustrado!

    Isso tudo sem falar nas vicissitudes da ‘infinita highway’!

    Idiossicrasia, em um texto escolado desses, sempre combina com vicissitude, uma palavra completa a outra, principalmente na ressaca de uma segunda feira de carnaval, além do que dá um ar culto e presidencial!

    1. “O Pharol anda iluminando as

      “O Pharol anda iluminando as idéias (?) dele”:

      Maldade pura sua.  Aecio escreveu com sua propria mao esse comentario sobre a situacao da Ukrania:

       

      Crayon house

  3. Quanto a inflação …

    e imitando Deng Xiao Ping, que adorava dar a problemas complexos uma frase simples e fácil de entender (“não importa a cor do gato, desde que mate os ratos”):

    “Uma inflação ocorre em país onde o estado, não querendo déficit público, imprime dinheiro sem lastro para pagar as suas contas.”

    Na época da alta inflação brasileira e como na grande maioria de países em situação semelhante, não existia o déficit público (advindo de uma receita menor que a despesa) e a conta para pagar a impressão de dinheiro sem lastro ia para o mais pobre, que não conseguia se defender da inflação assim gerada. 

    O Plano Real não foi “O PLANO”, foi apenas o último de nove  planos e o único que deu certo, no sentido de maior duração. Não foi o PSDB que fez, e sim, ocorreu no governo de Itamar Augusto Cautieiro Franco, um baiano de Juiz de Fora, filiado ao PMDB, não ao PSDB. A contribuição deste partido, a meu ver, foi essencialmente em promover um consenso entre especialistas para implantarem um plano.

    Curiosamente, estes mesmos especialistas foram os autores do primeiro plano em 1986, o tal Plano Cruzado. Só que esse partido gosta de se perfilar como o pai da criança, como vários de seus membros em outras ocasiões (exemplos: coquetel anti-aids, remédios genéricos, etc.).

    O ministro do PSDB que ocupava o Ministério da Fazenda na época do plano Real saiu antes  (isso mesmo: antes) da implantação deste plano. E o Itamar ajudou a elegê-lo depois. Posteriormente ambos se enturraram. 

    Como depois da sua implantação não havia mais a possibilidade de mandar a conta do déficit público para o pobre, essa conta foi gentilmente paga por todos os cidadãos do país (por meio de recessão, desemprego, desânimo, etc.) depois da implantação deste plano e isso por uns oito anos seguidos.

    Isso não ganha eleição nem aqui e nem em nenhum outro país. O ruim é que nesse período recessivo, o governo jogou nas costas dos “coitados” dos banqueiros tudo o que podia e o que não podia arrecadar em tributos, apenas e tão somente para manter uma tal de credibilidade com eles. Pagamos até hoje elevados tributos para serviços ruins. (Aqui o Delfim Netto tmabém “imita” o Deng: INGANA – impostos da Inglaterra para serviços de GANA). 

    Existem ainda algumas vozes, como essa, o Stephen Charles Kanitz, aqui:

    http://blog.kanitz.com.br/erros-do-plano-real/

    que aponta vários erros no Plano Real que ainda perduram até hoje. 

    E mais, desde o fracasso do Plano Cruzado ocorrido logo após as eleições em 1986 e, repito, bolado pelos mesmos autores do último plano, eu entendo que parte significativa da população desconfia de quem implanta planos assim. Isso o PSDB nunca vai aprender. E ainda que torturar os eleitores com uma volta ao passado pós-real? 

    Nessa eleição de 1986 o PMDB foi o grande vitorioso, mas daí em diante só conheceu descida. 

     

     

  4. As vezes eu fico a imaginar

    As vezes eu fico a imaginar se nessa oposição existe alguma figura digna de governar esse país nos próximos quatro anos, não vou nem cogitar aquelas raposas nordestinas que entendem mesmo, é de espoliar seus cidadão, tirando tudo deles até a dignidade de viver  uma vida mais plena.   Resta portanto esse senhor que mais não é que um coronel sudestino, haja vista que a região mais miserável do estado de Minas tem tudo a ver com as regiões mais miseráveis do nordeste.   Não vou entrar em considerações a respeito da vida particular dele, nem nos atributos intelectuais do mesmo, se é que ele tem algum, quero saber da capacidade política de realização, de gestão, de governança.  Até onde chega aos nossos olhos e ouvidos esse senhor tem imensa dificuldade em lidar com o contraditório, em seu estado a oposição é ameaçada, aniquilada o objetivo principal, é a intimidação dos oponentes que são tratados feitos inimigos sem dó, e sem comisseração.   Um governador que praticamente mora em outro estado, não se tem notícias de altas realizações dele na política em prol do seu país, de seu estado e de sua cidade.   Tal como figuras obscuras da política nordestina, alçou poder não por ter brilho próprio, e sim devido a influência familiar, teve um avô que por clemência da história é tido como ex presidente, mas sequer tomou posse, parodiando a viúva Porcina, o que foi sem nunca ter sido.  Queremos propostas governador, queremos soluções, queremos idéias, queremos ações, não queremos discursos vazios, não queremos palavras vãs, não queremos soluções ultrapassadas, não queremos o velho, queremos o novo, afinal não somos museus, na política não se vive apenas de passado.  Enquanto seus correligionários de partido político esconderam e se envergonham de FHC, o senhor nos assombra com uma figura quase nonagenária, que muito pouco ou quasse nada tem a acrescentar, a não ser um passado de entreguismo, inflação, servilhismo aos interesses econômicos internacionais.  O senhor estará dando a seus adversários políticos munição para o afundamento de sua campanha, levando consigo o que de mais atrasado nós possuímos em termos de política, idéias, pensamentos, quando a campanha começar seus adversários mostrarão em numeros o que de real o ancião Éfeagácê legou ao país e ao seu povo.  

     

  5. Delícia de texto. Qual o

    Delícia de texto. Qual o critério para selecionar os escribas? Tem que ser afinado coma falata de pensamento do governador da Rio-Juiz de Fora?

  6. O substantivo abstrato preferido do Ah-é-sim

    Moro em Belo Horizonte e uma palavra que já não aguento mais escutar é GESTÃO .

    Pôxa ! Entre os milhares (ou seriam milhões) de substantivos abstratos da língua portuguêsa os da corja do Ah-é-sim e de todos aqueles que o apoiam e admiram eles só sabem falar em GESTÃO. 

    Você pergunta a alguém: Mas vem cá o que o Aécio fez de bom ? Eles respondem sempre: GESTÃO.

    E no fundo é uma palavra que não significa nada e pode significar qualquer coisa, bem ao estilo do discurso do filhinho de papai mauricinho cheirador. Cansei cara!! Quando este povo vai abrir os olhos e exercitar a mente pelo menos uma vez na vida??? A burrice deles extrapola todos os limites. Como alguém ainda pode admirar um imbecil como este AH-É-SIM ?

    E acho que nem dicionário e a gramática vão ajudá-los porque é capaz deles terem esquecido que sabem ler !!

    1. Fernando, é assim:

      Gestão é um gesto grande! Imagine, por exemplo, Aecim dando uma banana? Então… braço comprido, né! 

      CHO-QUE-DE-GES-TÃO….

  7. A mídia mineira, como sabemos

    A mídia mineira, como sabemos todos, é controlada pela Primeira Irmã com cheque, digo, mão de ferro. E, essa mesma mídia, criou nos últimos meses alguns “abstratos”. Exemplos? IMDC/FIEMG (meio bilhão de reais) e HELICÓPTERO (meia tonelada de pasta base de cocaína). 

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