‘A doutrina do choque’ de Naomi Klein

Enviado por JNS

‘A doutrina do choque’. O tema do novo livro da ativista Naomi Klein

Do O Estrangeiro.net

Reproduzimos entrevista com Naomi Klein, que lançou um livro interessante. Pretende unir vários acontecimentos do século  XX com mudanças econômicas, tais como as propagadas por figuras como Milton Friedman e Friedrich Hayek. Daí o título das mudanças econômicas associadas a outros acontecimentos: “A doutrina do choque” (com esse vídeo de divulgação). Lá vai (Fonte: Unisinus, dica do Desobediente): 

O golpe de Pinochet no Chile. O massacre da Praça de Tiananmen. O Colapso da União Soviética. O 11 de setembro de 2001. A guerra contra o Iraque. O tsunami asiático e o furacão Katrina. O que todos esses acontecimentos têm em comum? É o que a ativista canadense antiglobalização Naomi Klein explica em seu novo livro The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism [A doutrina do choque: O auge do capitalismo do desastre] – ainda sem tradução para o português. Naomi Klein em uma longa entrevista para o sítio La Haine, 27-09-2007, afirma que a história do livre-mercado contemporâneo foi escrita em choques e que os eventos catastróficos são extremamente benéficos para as corporações. Ao mesmo tempo a autora revela que os grandes nomes da economia liberal, como Milton Friedman, defendem o ‘capitalismo do desastre’. A tradução é do Cepat.

O que é exatamente a doutrina do choque? 

A doutrina do choque como todas as doutrinas é uma filosofia de poder. É uma filosofia sobre como conseguir seus próprios objetivos políticos e econômicos. É uma filosofia que sustenta que a melhor maneira, a melhor oportunidade para impor as idéias radicais do livre-mercado é no período subseqüente ao de um grande choque. Esse choque poder ser uma catástrofe econômica. Pode ser um desastre natural. Pode ser um ataque terrorista. Pode ser uma guerra. Mas, a idéia é que essas crises, esses desastres, esses choques abrandam a sociedades inteiras. Deslocam-nas. Desorientam as pessoas. E abre-se uma ‘janela’ e a partir dessa janela se pode introduzir o que os economistas chamam de ‘terapia do choque econômico’. 

É uma espécie de extrema cirurgia de países inteiros. E tudo de uma vez. Não se trata de um reforma aqui, outra por ali, mas sim uma mudança de caráter radical como o que vimos acontecer na Rússia nos anos noventa, o que Paul Bremer procurou impor no Iraque depois da invasão. De modo que é isso a doutrina do choque. E não significa que apenas os direitistas em determinada época tenham sido os únicos que exploraram essa oportunidade com as crises, porque essa idéia de explorar uma crise não é exclusividade de uma ideologia em particular. Os fascistas também se aproveitaram disso, os comunistas também o fizeram. 

Explique quem é Milton Friedman, a quem ataca energicamente nesse livro?

Bem, ataco Milton Friedman porque é o símbolo da história que estou abordando. Milton Friedman morreu no ano passado. Morreu em 2006. E quando morreu, vimos como o descreveram em tributos pomposos como se fosse provavelmente o intelectual mais importante do período pós-guerra. Não apenas o economista mais importante, mas o intelectual mais importante. E é verdade que se pode construir um argumento contundente nesse sentido. Foi conselheiro de Thatcher, de Nixon, de Reagan, do atual governo Bush. Deu aulas a Donald Rumsfeld no início de sua carreira. Assessorou Pinochet nos anos setenta. Também assessorou o Partido Comunista da China no período chave da reforma ao final dos anos oitenta. 

Sendo assim, teve uma influência enorme. Falei outro dia com alguém que o descreveu como o Karl Marx do capitalismo. E acredito que não é uma comparação ruim, mesmo que esteja segura de que Marx não gostaria nem um pouco. Mas foi realmente um popularizador dessas idéias.

Tinha uma visão de sociedade na qual o único papel aceitável para o Estado era o de implementar contratos e proteger fronteiras. Tudo o demais deve ser entregue por completo ao mercado, seja a educação, os parques nacionais, os correios, tudo o que poderia produzir algum lucro. E realmente viu, suponho, que as compras – a compra e a venda – constituem a forma mais elevada de democracia, a forma mais elevada de liberdade. O seu livro mais conhecido é Capitalism and Freedom [Capitalismo e liberdade].

Quando da sua morte no ano passado, percebemos o como essas idéias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, de como varreram a antiga União Soviética, a América Latina, a África, de como essas idéias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito, porque já estava escrevendo esse livro. Nessas idéias – que tanto se falou quando da morte de Friedman -, nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas idéias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo: “Não há alternativa”, à Francis Fukuyama afirmando que “a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos”.

Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial nos qual essa ideologia entrou com força, mas re-introduzo a violência, re-introduzo os choques e, digo que existe uma relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que são rejeitadas pela grande maioria das pessoas desse planeta.

Você fala de Milton Friedman. Qual a relação com a ‘Escola de Chicago’?

A influência de Milton Friedman provém do seu papel como o popularizador real do que é conhecido como a ‘Escola de Chicago’. Ele foi professor na Universidade de Chicago. Estudou na Universidade de Chicago e na seqüência foi professor nessa instituição. O seu mentor foi um dos economistas mais radicais do livre mercado da nossa época,Friedrich Von Hayek que foi professor na Universidade de Chicago. 

A Escola de economia de Chicago representa essa contra-revolução contra o Estado de bem estar social. Nos anos cinqüenta, Harvard e Yale e as oito escolas mais prestigiadas dos EUA estavam dominadas por economistas keynesianos, pessoas como John Kenneth Galbraith, que acreditava que depois da grande depressão, era crucial que a economia funcionasse com uma força moderadora do mercado. E foi a partir daí que nasceu um ‘novo contrato’, a do Estado de bem estar social e tudo isso que faz com que o mercado seja menos brutal e se tenha uma espécie de sistema público de saúde, seguro desemprego, assistência social, etc.

A importância do Departamento de Economia da Universidade de Chicago é que realmente ele foi um instrumento de Wall Street, que financiou muito, muito consideravelmente a Universidade de Chicago. Walter Wriston, o chefe do Citibank era muito amigo de Milton Friedman e a Universidade de Chicago se converteu em uma espécie de ponto de partida da contra-revolução contra o keynesianismo e o novo contrato social com o objetivo de desmanchá-lo. 

Qual a relação da Escola de Chicago com o Chile?

Depois da eleição de Salvador Allende, a eleição de um socialista democrático, em 1970, houve um complô para derrubá-lo. Nixon disse genialmente: “Que a economia grite”. E o complô teve numerosos elementos, embargos, etc e finalmente o apoio para o golpe de Pinochet em setembro de 1973. Escutamos muito falar nos ‘Chicago Boys’ no Chile, mas não sabemos detalhes sobre o que foram na realidade.

O que faço no livro é contar esse capítulo da história. (…) Em 11 de setembro de 1973, enquanto os tanques rodavam pelas ruas de Santiago e o palácio presidencial ardia e Salvador Allende era morto, um grupo dos assim chamados ‘Chicagos Boys’, assumia o controle da economia. Economistas chilenos que haviam sido levados para a Universidade de Chicago para estudar com bolsas do governo dos EUA como parte de uma estratégia deliberada para orientar a direita latino-americana.

Tratou-se de um programa ideológico financiado pelo governo dos EUA, parte do que o ex-ministro do exterior chama de “um projeto de transferência ideológica deliberada”, ou seja, levar esses estudantes a uma escola distante, na Universidade de Chicago e doutriná-los num tipo de economia que era marginal nos EUA na época e enviá-los de volta para casa como guerreiros ideológicos.

Falemos do choque no sentido da tortura… 

Começo o livro estudando dois laboratórios para a doutrina do choque. Como disse anteriormente, considero que há diferentes formas de choque. Um deles é o choque econômico e o outro o choque corporal, os choques nas pessoas. E nem sempre acontecem juntos, mas estiveram presentes em conjunturas cruciais. Assim que um dos laboratórios para essa doutrina foi a Universidade de Chicago nos anos cinqüenta, quando todos esses economistas latino-americanos foram treinados para se converter em terapeutas do choque econômico. Outro – e não se trata de uma espécie de grandiosa conspiração – foi a Universidade McGill nos anos cinqüenta. 

A Universidade McGill foi o ponto de partida para os experimentos que a CIA financiou para aprender sobre tortura. Quero dizer, foi chamado ‘controle da mente’ na época ou ‘lavagem cerebral’. Agora compreendemos, graças ao trabalho de gente como Alfred McCoy, que consta em seu programa que o que realmente pesquisavam nos anos cinqüentas sob o programa MK-ULTRA, foram experimentos de eletrochoques extremos, LSD, PCP, extrema privação sensorial, sobrecarga sensorial, tudo isso que vemos hoje utilizados em Guantánamo e Abu Ghraib. Um manual para desfazer personalidades, para a regressão total de personalidades. (…) McGill realizou parte dos seus experimentos fora dos EUA, porque assim considerava melhor a CIA.

Em Montreal?

Sim. McGill em Montreal. Na época então, o chefe de psiquiatria era um individuo chamado Ewen Cameron. Na realidade se tratava de um cidadão estadunidense. Foi anteriormente chefe da Associação de Psiquiatria Estadunidense. Foi para McGill para ser chefe de psiquiatria e para dirigir um hospital chamado de Allan Memorial Hospital, que era um hospital psiquiátrico. Recebeu financiamento da CIA e transformou o Allan Memorial Hospital em um laboratório extraordinário para o que agora consideramos técnicas alternativas de interrogatório. Dopava os seus pacientes com estranhos coquetéis de drogas, como LSD e PCP. Os fazia dormir, uma espécie de estado de coma durante um mês. Colocou alguns dos seus pacientes em uma situação de privação sensorial extrema e a intenção era que perdessem a idéia de espaço e tempo. Ewen Cameron dizia acreditar que a doença mental poderia ser tratada tomando pacientes adultos e reduzindo-os ao estado infantil. (…) Foi esta a idéia que atraiu a atenção da CIA, a de induzir deliberadamente uma regressão extrema.

Você falou do Chile, falemos do Iraque da privatização da guerra no Iraque – O governo iraquiano anulou a licença da companhia de segurança estadunidense Blackwater.

Esta é uma notícia extraordinária. Quero dizer, é a primeira vez que uma dessas firmas mercenárias é realmente considerada responsável. Como escreveu Jeremy Scahill em seu incrível livro ‘Blackwater: The Rise of the [Word´s] Most Powerful Mercenary Army’, o verdadeiro problema é que nunca houve processos. Essas companhias trabalham em uma ‘zona cinzenta’, ou são boy scouts e nada lhes acontecia. (…) Isso significa que se o governo iraquiano realmente expulsar Blackwater do Iraque, poderia ser um fato e tanto para submeter essas companhias à lei e questionar toda premissa de porque até agora se permitiu que se tivesse lugar este nível de privatização e de ilegalidade.

(…) Algo em que eu penso pela pesquisa que eu fiz para o livro No Logo se entrecruza com esta etapa do capitalismo do desastre em que estamos metidos agora. Rumsfeld [ex-Secretário de Defesa de Bush] aproveitou a revolução de percepção das marcas dos anos noventa, na qual a projeção de marcas corporativas – no sentido do que descrevo em No Logo – em que essas companhias deixaram de produzir produtos e anunciaram que já não produziam produtos, mas produziam marcas, produziam imagens e deixam que outros, terceirizados, façam o trabalho sujo de fabricar as coisas. E essa foi a espécie de revolução na sub-contratação e esse foi o paradigma da corporação ‘vazia’.

Rumsfeld se encaixa nessa tradição. E quando se tornou Secretário de Defesa, agiu como age um novo executivo da nova economia que se viu na tarefa de reestruturações radicais. Mas, o que fez foi adotar essa filosofia da revolução no mundo corporativo e aplicá-la à forças-armadas. (…) essencialmente o papel do exército é criar a percepção de marca, é comercializar, é projetar a imagem de força e dominação no globo – porém sub-contratando cada função, da atenção à saúde – administrando a atenção de saúde aos soldados – à construção de bases militares, que já estava acontecendo durante o governo de Clinton, ao papel que Blackwater desempenha e companhias como DynCorp, que como se sabe, destacou Jeremy, participam realmente em combates.

Comente a destruição do Iraque, do ‘Choque e Pavor’, da terapia econômica do choque de Paul Bremer, o choque da tortura, assim como a junção de todas essas coisas no Iraque.

Como já disse, no Chile, vimos esta fórmula do triplo choque. E eu penso que vemos a mesma fórmula do triplo choque no Iraque. Primeiro foi a invasão, a invasão militar de ‘choque e pavor’ – muitas pessoas pensam no tema apenas como se tratasse de um montão de bombas, um montão de mísseis, mas é realmente uma doutrina psicológica que em si é um crime de guerra, porque se diz que na primeira Guerra do Golfo, o objetivo foi atacar a infraestrutura de Sadam, mas sob uma campanha de ‘choque e pavor’, o objetivo é a sociedade em escala maior. È um princípio da doutrina ‘choque e pavor’.

Agora, o ataque de sociedades em escala maior é castigo coletivo, o que constitui crime de guerra. Não é permitido que os exércitos ataquem às sociedades em escala maior, apenas é permitido que ataquem os exércitos. A doutrina é verdadeiramente surpreendente, porque fala de privação sensorial em escala massiva. Fala de cegar, de cortar os sentidos de toda uma população. E o que vimos durante a invasão, o apagão de luzes, o corte de toda a comunicação, o emudecimento dos telefones e logos os saques, que não acredito que façam parte da estratégia, mas imagino que não fazer nada faz parte da estratégia, porque sabemos que houve uma série de advertências que falava em proteger os museus, as bibliotecas e nada se fez. E depois temos a famosa declaração de Donald Rumsfeld quando foi confrontado com este fato: “Essas coisas passam”.

(…) O objetivo, usando a famosa frase do colunista do New York Times, Thomas Friedman, não é o de construir a nação, mas sim “criar a nação”, que é uma idéia extraordinariamente violenta.

Nova Órleans?

Nova Órleans é um exemplo clássico do que eu chamo de doutrina do choque do capitalismo do desastre porque houve um primeiro choque que foi o alagamento da cidade. E como se sabe, não foi um desastre natural. E a grande ironia do caso é que realmente foi um desastre dessa mesma ideologia de que estávamos falando, o abandono sistemático da esfera pública. Eu penso que cada vez mais vamos ver acontecimentos assim. Quando se têm vinte e cinco anos de contínuo abandono da infra-estrutura pública e do esqueleto do Estado – o sistema de transporte, as estradas, os diques. A sociedade de engenheiros civis estadunidense calculou que colocar em condições o esqueleto do Estado custaria 1,5 bilhões de dólares. Portanto, o que temos é uma espécie de tormenta perfeita, na qual o debilitado Estado frágil se entrecruza com um clima cada vez pior, que diria que também faz parte desse mesmo frenesi ideológico em busca de benefícios a curto prazo e crescimento a curto prazo. E quando estes dois entram em coalizão, vem um desastre. É o que ocorreu em Nova Órleans.

O que a mais horrorizou ao pesquisar a doutrina do choque?

Horrorizou-me o fato que se tem por aí muita literatura que eu não sabia que existia e que os economistas a admitem. Uma quantidade de citações de propugnadores da economia de livre-mercado, todos desde Milton Friedman a John Williamson, que é o homem que cunhou a frase ‘Consenso de Washington’, admitindo entre eles, não em público, mas sim entre eles, como em documentos tecnocráticos, que nunca conseguiram impor uma cirurgia radical do livre-mercado se não acontece uma crise em grande escala, ou seja, as mesmas pessoas que propugnam que o mito central da nossa época, que a democracia e o capitalismo caminho juntos, sabe que se trata de uma mentira e o admitem por escrito.

Redação

10 Comentários

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  1. Marx sem lhe dar os devidos créditos.

    Bem, Marx já revelou esta “teoria” na destruição inventiva do capital, que de tempos em tempos (de crise em crise), acomoda e recicla seus excedentes, rearruma os competidores, elimina o que julga descartável (populações inteiras e seus países).

    Mas ela parece ter a aparência ideal para lançar um novo modismo.

     

     

  2. Novo?

     

    Pequena correção.

    Não é o novo livro dessa autora. Ele é de 2007 e existe um filme/documentario de 2010 sobre esse tema.

    O livro mais recente de Naomi Klein é This Changes Everything… sobre capitalimo e mudança climatica.

  3. A mídia é a maior cúmplice da doutrina do choque

    A atual crise econômica que dura desde 2008 representa a decadência do modelo neoliberal, a crise do Petróleo que representou o fim de uma era desenvolvimentista durou 10 anos (não será diferente da atual crise por ser estrutural).

    A mídia que no passado já foi mais isenta esconde o fiasco do livre-mercado e as políticas de austeridade, prefere noticiar as dificuldades econômicas da Venezuela ou a fracassada política de “Campeões Nacionais” do Mantega para denunciar os males do intervencionismo do estado .

    Isso me faz lembrar de outro perído histórico de transição de um modelo econômico para outro:

    Quando entramos na década de 80, todos eram unânimes que o mundo caminhava para o socialismo, tudo que acontecia na Cortina de Ferro era omitido enquanto as metrópoles americanas sofriam um surto de alta criminalidade passando a imagem que o capitalismo não tinha futuro. Tudo se inverteu no final dos anos 80, com a crise do leste Europeu pós-Perestroika e a ascenção do Thatcherismo.

    Não tenham dúvidas que até o final da atual década, o neoliberalismo vai entrar em colapso como o socialismo real há 30 anos, já que são ciclos históricos. Uma parcela mais séria da imprensa vem elogiando as políticas de Evo Morales, Mujica, Podemos, Syriza como os que tem as melhores propostas para combater a crise, assim como o Japão e os Tigres Asiáticos foram a novidade dos anos 70/80. 

    1. Mark Zuckerberg

       

      “O Facebook é o instrumento de espionagem mais terrível que já foi inventado” – Julian Assange

      Link permanente da imagem incorporada

      Mala Zuck, o mandachuva do Facebook, ferramenta das redes sociais mais utilizado para a convocação de protestos, declarou apoio aos manifestantes no Brasil e mandou uma mensagem para o presidente deposto pelo golpe de Estado na Ucrânia: “Caia fora criminoso”.

      O Menino de Recados da CIA foi condecorado.

  4. O Mito de Pearl Harbor

     

    ( Como a gigantesca armada japonesa foi capaz de viajar milhares de quilômetros do Japão ao Havaí sem ser detectada? )

    A base americana em Pearl Harbor em 30 de outubro de 1941

    O que é ensinado às crianças nas escolas: “Na manhã de domingo, 07 de dezembro de 1941, os japoneses lançaram um ataque surpresa contra Pearl Harbor, que dizimou a frota americana no Oceano Pacífico e forçou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial.” 

    Mas, com exceção para a data, tudo o que você acabou de ler é uma farsa. Na realidade, não houve ataque furtivo. A Frota do Pacífico estava longe de ser destruída. E, além disso, os Estados Unidos fez um grande esforço para facilitar o ataque._

    No dia 27 de janeiro de 1941, Joseph C. Grew, o embaixador dos EUA para o Japão, enviou uma mensagem para Washington afirmando que ele tinha descoberto que o Japão estava se preparando para ataca Pearl Harbor. 

    Em 24 de setembro, um despacho da inteligência naval japonesa, para o cônsul geral do Japão em Honolulu foi decifrado. 

    A transmissão revelava um pedido de uma grade com as localizações exatas de todos os navios em Pearl Harbour.

    Surpreendentemente, Washington optou por não compartilhar essas informações com os oficiais em Pearl Harbour. 

    Em seguida, em 26 de novembro, o corpo principal da força de ataque japonês (que consiste em seis porta-aviões, dois navios de guerra, três cruzadores, destróieres nove, oito navios-tanque, 23 submarinos da frota e cinco mini-submarinos) partiu para do Japão para o Hawai.

    A transcrição das informações de muitas expedições, interceptada e traduzida pela inteligência da Marinha dos EUA, desmente o mito que a força de ataque manteve um rigoroso silêncio nas comunicações de rádio.

    Os documentos mostram que não havia escassez de despachos, considerando-se que Tóquio enviou mais de 1000 transmissões para a frota de ataque antes de atingir o Hawai.

    Algumas dessas expedições, em particular a mensagem do almirante Yamamoto, não deixou dúvidas de que Pearl Harbor era o alvo de um ataque japonês: “A força-tarefa, mantendo o seu movimento estritamente secreto e mantendo estreita guarda contra submarinos e aviões, deve avançar para as águas havaianas, e, para abrir as hostilidades, deve atacar a principal força da frota dos Estados Unidos e aplicar um golpe mortal. O primeiro ataque aéreo está previsto para a madrugada de X-dia – data exata a ser dada pela ordenança mais tarde”.

    Inclusive, na mesma noite antes do ataque, a inteligência dos EUA decodificou uma mensagem apontando para domingo de manhã, como o prazo estabelecido para algum tipo de ação japonesa. 

    A mensagem foi entregue ao alto comando em Washington mais de quatro horas antes do ataque a Pearl Harbour. 

    Mas, como muitas mensagens antes, a informação não foi transmitida ao alto comando em Pearl Harbor.

    Embora muitos navios tenham sido danificados em Pearl Harbour, todos eles eram ultrapassados e lentos. 

    Os principais alvos da frota de ataque japonês foram os porta-aviões da Frota do Pacífico, mas Roosevelt fez com que estes ficassem a salvo do ataque: em novembro, mais ou menos no mesmo momento que a frota de ataque japonesa deixou o Japão, Roosevelt enviou o Lexington e o Enterprise para uma missão fora de Pearl Harbor, enquanto o Saratoga permanecia em San Diego.

    Porquê Pearl Harbor aconteceu?

    Roosevelt queria uma fatia da torta da guerra, após falhar a isca Hitler.

    Após dar 50 bilhões de dólares em suprimentos de guerra à Grã-Bretanha, à União Soviética, França e China, como parte do programa Lend Lease, Roosevelt mudou o foco para o Japão. 

    Roosevelt sabia que guerra com o Japão era uma porta traseira legítima para se juntar a guerra na Europa, após o Japão ter assinado um pacto de defesa mútua com a Alemanha e a Itália. 

    Em 7 de outubro de 1940, um dos conselheiros militares de Roosevelt, o tenente-comandante Arthur McCollum, escreveu um memorando detalhando um plano de 8 etapas que provocaria o ataque do Japão aos Estados Unidos. 

    Durante o ano seguinte, Roosevelt implementou todos as oito ações recomendadas McCollum e, no verão de 1941, os EUA entraram, junto com a Inglaterra, com um embargo de petróleo contra o Japão. 

    O Japão precisava de óleo para a sua guerra com a China e não tinha outra opção, a não ser a invasão das Índias Orientais e o Sudeste da Ásia para obter novos recursos de energia. 

    Em primeiro lugar, para fazer isso, era necessário se livrar da Frota dos EUA no Pacífico.

    Embora Roosevelt pudesse ter conseguido mais do que esperava, ele deixou claro que o ataque a Pearl Harbour aconteceria e até ajudou o Japão ter certeza que seu ataque seria uma surpresa. 

    Ele fez isso ocultando as informações dos comandantes de Pearl Harbour e até mesmo para garantir que a força de ataque japonesa não fosse descoberta acidentalmente pelo tráfego marítimo comercial. 

       O contra-almirante Richmond Kelly Turner afirmou em 1941:

    – “Quando percebemos que a guerra era iminente, enviamos o tráfego para baixo, através do Estreito de Torres, de modo que a rota para força-tarefa japonesa ficasse limpa de todo o tráfego.”

    Mais informações:

    http://www.historynet.com/pearl-harbor

    http://archive.org/stream/pearlharborattac35unit/pearlharborattac35unit_djvu.txt

    http://www.washingtonpost.com/opinions/five-myths-about-pearl-harbor/2011/11/23/gIQAbdKrLO_story.html

  5. ” Nova Órleans é um exemplo

    ” Nova Órleans é um exemplo clássico do que eu chamo de doutrina do choque do capitalismo do desastre porque houve um primeiro choque que foi o alagamento da cidade. E como se sabe, não foi um desastre natural. E a grande ironia do caso é que realmente foi um desastre dessa mesma ideologia de que estávamos falando, o abandono sistemático da esfera pública. Eu penso que cada vez mais vamos ver acontecimentos assim”.(impossível ler isso e não pensar na falta de água de São Paulo – Nota nossa).

    “Quando se têm vinte e cinco anos de contínuo abandono da infra-estrutura pública e do esqueleto do Estado – o sistema de transporte, as estradas, os diques. A sociedade de engenheiros civis estadunidense calculou que colocar em condições o esqueleto do Estado custaria 1,5 bilhões de dólares (Deve haver um engano aí, É muito pouco dinheiro para tanto -nota nossa).. Portanto, o que temos é uma espécie de tormenta perfeita, na qual o debilitado Estado frágil se entrecruza com um clima cada vez pior, que diria que também faz parte desse mesmo frenesi ideológico em busca de benefícios a curto prazo e crescimento a curto prazo. E quando estes dois entram em coalizão, vem um desastre. É o que ocorreu em Nova Órleans.”.

    Pelo menos aí, temos uma descrição exata do que está acontecendo em São Paulo, onde o auge do desastre maior ainda vai chamar a atenção do Mundo. Não podemos permitir que os paulistas e os brasileiros venham a entender o caso de São Paulo de outra maneira, que dilua esta interpretação histórica em noções simplórias substitutas de “mudança climática” ou outra coisa qualquer.

  6. Esse livro é de 2007.

    Esse livro é de 2007. Excelente.

     

    O novo livro dela é sobre mudanças climáticas e política, foi lançado ano passo, sem tradução ainda.

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