A falácia dos Ministérios

Por Diogo Costa

Insistentemente surgem notícias na ‘grande mídia’ verde-amarela, ridicularizando e condenando o número de ministérios existentes no país. Esta crítica (nunca desinteressada) procede?

O Brasil tem hoje 39 ministérios. Mais especificamente, são 24 ministérios, 10 secretarias vinculadas diretamente à Presidência da República, com status de ministério, e 05 órgãos com status de ministério. Passemos então ao exame desses referidos ministérios, secretarias e órgãos.

O Ministério das Relações Exteriores foi criado em julho de 1736, por D. João V. Tempos coloniais sobre os quais cumpre destacar os feitos do então Ministro de Relações Exteriores de Portugal, Alexandre Gusmão, que é considerado o avô da diplomacia brasileira. 

Foi ele que negociou o Tratado de Madri, em 1750. Este tratado substituiu o mui antigo Tratado de Tordesilhas, de 1494, e duplicou o tamanho do território brasileiro, com base no princípio do ‘utti possidetis’. Ou seja, quem ocupa a terra de fato, deve ocupá-la de direito.

O ministério da Fazenda foi criado em junho de 1808, por D. João VI, logo após a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, evadindo-se da invasão das tropas francesas de Napoleão Bonaparte. Éramos ainda colônia de Portugal. 

O ministério da Justiça foi criado em julho de 1822, pelo então Príncipe Regente D. Pedro de Bragança. Não éramos mais colônia, mas sim parte integrante do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

No reinado de D. Pedro II, já com a independência finalmente firmada, surgem os embriões dos Ministérios da Agricultura e dos Transportes, juntos na estão Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, criada em 1860. 

Em novembro de 1930 surgem os Ministérios da Educação (Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública), e do Trabalho (Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio), criados pelo então Presidente Getúlio Vargas.

Em julho de 1953 o Presidente Getúlio Vargas cria o Ministério da Saúde, desmembrando-o do Ministério da Educação, também criado por ele. Em julho de 1960, o Presidente Juscelino Kubitschek cria os Ministérios da Indústria e do Comércio (atual Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e das Minas e Energia. 

O Ministério do Planejamento foi criado em janeiro de 1962, no governo de João Goulart. O Ministério das Comunicações foi criado em fevereiro de 1967, pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. O Ministério da Previdência Social foi criado em maio de 1974, pelo Presidente Ernesto Geisel. 

Os Ministérios da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e da Cultura foram criados em março de 1985, pelo Presidente José Sarney. 

Em janeiro de 1995, o Presidente Fernando Henrique Cardoso cria o Ministério do Esporte. Em junho de 1999, FHC cria o Ministério da Defesa. Em julho de 1999 é criado o Ministério da Integração Nacional e em novembro do mesmo ano cria-se o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Em janeiro de 2003, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva cria os Ministérios do Turismo e das Cidades. Em janeiro de 2004 cria-se o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e em junho de 2009 Lula cria o Ministério da Pesca e Aquicultura. 

Findos, portanto, os itens relativos aos ministérios, passemos agora aos órgãos com status de Ministério.

A Casa Civil foi criada em dezembro de 1938, por Getúlio Vargas. O Banco Central foi criado por Humberto de Alencar Castelo Branco em dezembro de 1964. A Advocacia-Geral da União foi criada em fevereiro de 1993, pelo Presidente Itamar Franco.

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e a Controladoria-Geral da União foram criados por FHC, respectivamente, em setembro de 1999 e em abril de 2001. 

Por fim, chegamos nas secretarias com status de ministério.

A Secretaria de Comunicação Social foi criada em maio de 1979, no governo de João Batista Figueiredo. A Secretaria-Geral da Presidência da República foi criada em março de 1990, pelo Presidente Fernando Collor de Mello e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República foi criada em abril de 1997, por Fernando Henrique Cardoso.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres foi criada por Lula em janeiro de 2003. Lula também criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em março de 2003. Bem como a Secretaria de Relações Institucionais, em julho de 2005, a Secretaria Nacional dos Portos, em maio de 2007 e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, em junho de 2007.

A Presidenta Dilma Rousseff criou a Secretaria de Aviação Civil, em março de 2011 e a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em abril de 2013. Finda a breve análise dos Ministérios, Órgãos e Secretarias criadas ao longo da história.

A criação, fusão, desmembramento ou incorporação de ministérios, órgãos e secretarias é uma constante na história do Brasil. Não há nada de errado nisto, pois estas práticas administrativas respondem aos desafios de cada período, distintos desafios que surgem e que demandam diferentes providências.

É uma falácia grotesca acusar os governos de Lula e Dilma pelo “inchaço” da máquina pública. O “inchaço” por si só é um mentira, uma vazia construção retórica que os números desmentem em não mais do que cinco minutos.

E importa ressaltar, a bem da verdade, que Lula criou somente 04 ministérios, mesmo número de ministérios criados por Fernando Henrique Cardoso. 

As secretarias criadas foram desmembramentos de outras secretarias, já existentes, não provocando gastos abusivos e promovendo a construção de políticas públicas que há muito tempo eram demandadas pela sociedade, como as políticas para as mulheres e para as comunidades afro descendentes.

Os chorosos atuais, que reclamam do “excesso” de ministérios, na verdade escondem a sua contrariedade com as políticas públicas inovadoras criadas a partir das novas secretarias, nada mais do que isto. 

Como não podem dizê-lo abertamente, reclamam do fictício “inchaço” da máquina pública.

Redação

28 Comentários

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  1. O padrão mundial de

    O padrão mundial de Ministerios está ente 12 e 15,    não há Pais com 39 Ministerios e todos são Ministerios a partir do momento que tem status de Ministerio, o nome é irrelevante. Um Governo com 39 Ministerios não funciona como um corpo harmonico que pode ser reunido numa sala e debater assuntos e aprovar decisões como um conjunto de responsaveis pelo funcionamento da maquina do Estado.

    Não existe sentido algum em ter ministerior para temas como mulheres, igualdade racial, pesca, portos, reforma agraria,

    todos com maquinas inchadissimas, Chefe de Gabinete, Secretario Executivo, o Brasil tem hoje 22.495 cargos em comissão,  burocracia não só custosa como ineficiente.

    O modelo argentino, que tambem era o modelo implantado por Collor e é mais ou menos o modelo universal tem um Ministro e abaixo dele uma serie de Secretarias da area, não precisa cada Secretaria ser um Ministerio.

    Cada um desses 39 pode requisitar jatinho da FAB para ir para casa, nomear 60 assessores para o Gabiente, falar o que lhe dá na cabeça porque é Ministro, se fosse subordinado a um Ministro não poderia nada disso.

    Não vejo motivo para defender uma anomalia, a quantidade de Ministerios é um defeito do Governo, não é uma virtude e se fizer uma pesquisa 99% da população pensa isso.

      1. Nada a ver. É um regime

        Nada a ver. É um regime parlamentarista e na lista está o Lider do Governo no Parlamento , Ministros regionais, presidente da Junta Comercial, regimes parlamentaristas tem estrutura completamente diferente de regimes presidencialistas, assim como regime comunistas, a antiga USS tinha 72 Ministerios.

        1. Ok

          Eu sei disso, não precisa perder seu tempo explicando. Mas então, como você sabe que cada caso é um caso, não me venha com generalidades do tipo “nenhum país do mundo blá-blá-blá”.

  2. O problema não é a quantidade

    O problema não é a quantidade e sim a qualidade. O problema é que muitos desses ministérios existem única e exclusivamente para abrigar companheiros e/ou agregados do “grande governo da coalisão possibilista”.

    A Venzuela também tem mais de 30 ministérios, o Canadá tem mais de 50, e daí ? Embora sejam governos com visões totalmente antagônicas, o problema é que lá a administração pública funciona, e aqui não.

  3. O atual ministério na França tem

    39 ministros, incluindo o Primeiro ministro. Isso para um pais de 60 milhões de habitantes (menos de um terço do Brasil) e um território 16 vezes menor que o nosso. E problemas do século XXI, enquanto o Brasil ainda tem que resolver problemas dos séculos passados.

    Historicamente tem tido na França da Vª  Republica, 3 níveis de ministros: os Ministros de Estado (geralmente Justiça, Relações Exteriores, outros dependendo dos problemas mais cruciais),  os Ministros, e num nível mais baixo os Secretários de Estado. Na nomenclatura adotada por Hollande, estes são chamados “ministres délégués”, e desapareceu o conceito de Ministros de Estado, pelo menos formalmente, pois sempre o ministro das Relações Exteriores, hoje L. Fabius, tem um status diferenciado.

    1. Genial

      O atual ministério na França tem 39 ministros, incluindo o Primeiro ministro. Isso para um pais de 60 milhões de habitantes (menos de um terço do Brasil)

      Como o número de ministérios, pelo seu argumento, passa a ser definido por número de habitantes e não mais pela complexidade sócio-econômica, deduz-se que a China deveria ter uns 300 ministérios e em Portugal uma meia-dúzia resolvia o problema.

      Benza Deus !

       

  4. Recoloca-se o debate sob outro patamar

    Belo resgate histórico.

    Assim, põe-se um novo debate em pauta. 

    Não se discute mais o governo “A” ou “B”, conforme os interesses de cada um.

    Discute-se a genese do estado brasileiro e seu papel histórico no desenvolvimento da nação.

  5. A besta que fere e’ saber que

    A besta que fere e’ saber que pessoas pretensamente por si so’  “donas do mundo” do saber, se rebaixam tanto na defesa do governo…

  6. Ah, os bordões do pig

    Excesso do ministérios, inchaço, aparelhamento de “cumpanheiros”. É um disco arranhado, Diogo. Que quando tocava no governo FHC, ninguém falava nada. E aparelhamento como o do engavetador-geral no MP, o PT não tem competencia para fazer não

     

  7. O fundamento da sua análise é a retórica

     

    JC (Sábado, 09/11/2013 às 11:10),

    O problema da sua análise é que ela se baseia no seguinte argumento:

    “o problema é que lá [no Canadá] a administração pública funciona, e aqui não”.

    Ocorre que a sua afirmação é fruto só do seu saber. Um saber, entretanto, que é insuficiente para saber como a administração pública funciona no Canadá e como ela funciona no Brasil. É afirmação que pode ser dita por um gênio cheio de experiência ou por uma criança, e, embora possa ser avaliada por outros de forma diferente, dada a experiência e capacidade do gênio, se não for fruto de um mecanismo fantástico que seja capaz de dar objetividade a esta avaliação, tem-se nos dois caso uma só afirmação com o mesmo valor.

    Clever Mendes de Olivdeira

    BH, 09/11/2013

    1. Meu caro Clever, a

      Meu caro Clever, a frugalidade dos canadenses com gastos é lendaria. Em 1981, num grupo chefiado pelo então Governador Paulo Maluf, fomos recebido para almoço em Montreal na magnifica sede da Alcan. O almoço era tão frugal que os convidados sairam de lá e foram a uma lanchonet comer. Eles não rasgam dinheiro, muito menos publico.

      Pode ter 60 Ministros mas não existe “”carro oficial com motorista”, muito menos jatinho para Ministros, o Ministro chega ao trabalho de onibus ou a esposa o leva com seu proprio carro.

  8. $$$$$$$

    A discussão que deve ser proposta é aonde esta indo o nosso lindo $$$.

    Quanto se gasta ou se investe a arrecadação ?

    Por exemplo: Quanto se gasta com o bolsa familia e quanto se gasta com propagandas com a Globo?

    Quanto se gasta com a Defesa e quanto se gasta com a necessaria contra informação dos noticiarios intermos?

    Os numeros traduzem tudo. É isto que o povo quer saber.

  9. A falácia dos ministérios

    Realmente, é uma falácia! Belo resgate histórico, Diogo Costa! 

    Falam da “criação” de ministérios, quando, de fato houve uma readequação de órgãos extremamente importantes para melhor administração! O que não falma, é que funcionários foram redirecionados a estes novos ministérios, sem nenhum custo para o governo! Com o tamanho do nosso país, estes novos ministérios têm sim, razão de criação!

  10. Política Internacional Comparada

    Me desculpe o Diego, mas parece que ele tem muito tempo para diletantismos.

    Para mim, o que importa na gestão do Brasil é se ela é eficiênte e entrega o que o povo e a nação precisa.

    Ou seja, sem muitas historinhas, se os ministérios no Brasil funcionam ou não? Se são moedas de troca para apoios ou auxiliares indispensáveis no bom governo do país?

    O resto é conversa de quem não tem o que fazer, que não é o meu caso, que trabalho de sol a sol e até de madrugada.

    Dilma, não entra nesta enrolação, não precisa inventar a roda, monta o novo ministério com 14 pastas e 72 secretarias de forma a compor uma administração com equilibrio, harmonia e de grande qualidade.

    Acorda, Dilma!

    1. É preciso questionar os nossos conceitos

       

      Alexandre Weber (domingo, 10/11/2013 às 02:53),

      Enviei sábado, 09/11/2013 às 12:45, um comentário um tanto ligeiro e pensara que o havia colocado junto ao comentário de JC enviado sábado, 09/11/2013 às 11:10, porque quis aproveitar um jargão que se utiliza para criticar o Brasil e que normalmente só se fundamenta na natural distinção existente entre um país desenvolvido e um país em desenvolvimento. A minha idéia era levantar alguns pontos associados à crítica que se faz ao número, tamanho e qualidade dos ministérios para enfatizar que essa crítica não é científica mas simples retórica.

      O que eu queria mesmo era fazer um comentário elogiando o Diogo Costa pelo comentário dele transformado neste post “A falácia dos Ministérios” de sábado, 09/11/2013 às 10:01, não só pela qualidade, em especial pelo que Rpv chamou de “belo resgate histórico” e vejo agora que a Maria Olimpia, em comentário enviado sábado, 09/11/2013 às 13:56, usou da mesma expressão para elogiar Diogo Costa.

      Bem, após o elogio de praxe e que eu creio que seria merecido, minha intenção era falar da necessidade que você viesse a este post “A falácia dos Ministérios” para deixar seu ponto de vista baseado na Geometria, no Tarot e na Astrologia e demonstrando de que com um número adequado de ministérios o país pudesse entrar em um novo nível de desenvolvimento.

      Eu desejava, entretanto, que o seu comentário fosse bastante metodológico esclarecendo as funções e departamentos do que eu então pensava fossem 12 ministérios. Vejo agora que são 14. Como eu não ponho fé que o número faça diferença, não me preocupo que agora a sua proposta tenha o acréscimo de dois ministérios perfazendo um total de 14.

      Creio que este seu comentário não satisfez o meu desiderato de ver você detalhando com mais precisão a sua proposta e mostrando também resultados efetivos que a alteração que você propõe alcançaria.

      Aqui no seu comentário a única coisa que você acrescenta de novidade além de aumentar o número de ministérios de 12 para 14 foi dizer:

      “Para mim, o que importa na gestão do Brasil é se ela é eficiente e entrega o que o povo e a nação precisam”.

      E acrescentar de modo para mim um tanto obscuro o que você quis dizer com a frase acima. Reproduzo então o seu esclarecimento ao meu ver um tanto opaco. Esclarece você:

      “Ou seja, sem muitas historinhas, se os ministérios no Brasil funcionam ou não? Se são moedas de troca para apoios ou auxiliares indispensáveis no bom governo do país?”

      A sua primeira frase não tem nada de errado, mas eu pergunto, quantos anos seriam necessários para avaliar com precisão a sua questão proposta: “é eficiente a gestão no Brasil, hoje?”. Antes de começar contar os anos que você levaria para responder esta questão eu gostaria de saber se você vai determinar a eficiência comparando com um valor absoluto ou com a eficiência já medida de alguma nação? E que nação você escolheria como referência? Uma nação de vasto território, uma nação de elevada população, uma nação de elevada expectativa de vida, uma nação de elevado nível educacional, uma nação de elevada renda per capita, uma nação de renda bem distribuída?

      Ainda na sua primeira frase não custa lembrar que dimensionar o que a gestão do Brasil entrega em quantidade e qualidade é uma coisa e dimensionar o que o povo e a nação precisam é outra. No Brasil e em qualquer canto do mundo esses dois pontos se encontram em um processo de tentativa e erro que evidentemente depende das condições e recursos materiais e humanos que cada país possui.

      E iria pedir também que você falasse um pouco mais sobre a frase que você diz na seqüência, qual seja, “se os ministérios no Brasil funcionam ou não?”. Provavelmente você quis dizer “se funcionam bem”, mas ainda sim cabe a questão anterior posta para o aspecto de eficiência, ou seja, se funcionam bem em relação a um valor absoluto ou comparativamente a outro país.

      E a sua frase na seqüência também tem esta imprecisão quando você pergunta “Se [os ministérios] são moedas de troca para apoios ou auxiliares indispensáveis no bom governo do país?”. Afinal, que critério técnico você dispõe para imaginar que os ministérios ou são moedas de troca para apoios ou são auxiliares indispensáveis no bom governo do país (Que critério técnico impede que as duas alternativas não sejam excludentes)?

      Sei que o que eu peço é muito, mas é ao mesmo tempo muito fácil de ser entendido. Tudo que eu quero é que se demonstre de modo científico que gerenciando o país de acordo com o modelo X (Seria bom que desse um exemplo de algum país que executou tal modelo), o PIB potencial aumentaria de K, haveria Y de aumento no esgotamento sanitário do país, as notas dos alunos brasileiros no PISA passariam para W, o IDH alcançaria T pontos, a expectativa de vida chegaria a Z.

      Foi muito neste sentido de ver pouca alteração em alternativas ao que se faz e não ter garantia de que a alteração possa ser para melhor que eu enviei alguns comentários junto ao post “O fato e o boato da economia” de sexta-feira, 08/11/2013 às 06:00, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele, não vendo justificativa nem para a crítica ao trabalho de Guido Mantega nem necessidade da substituição dele. O endereço do post “O fato e o boato da economia” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-fato-e-o-boato-da-economia

      É por isso que venho afirmando que não tem um bom embasamento teórico a crítica em torno do número de ministérios. Eu quando analiso um governo apenas procuro saber se ele vai na direção que eu preconizo ou se em outra direção. Quanto mais próximo do que eu preconizo mais eu gosto do governo. Não significa que o governo esteja certo. Significa que eu acredito que ele está certo, pois quando eu considerar que ir na direção do que eu preconizo não é um bom caminho eu mudo o caminho que eu preconizo. Talvez seja também o que você esteja fazendo ao propor o seu modelo com um aumento de 12 para 14 ministérios. Se você sempre preconizou 14 ministérios talvez seja o caso de rever seus conceitos.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 10/11/2013

      1. O centro de gravidade das questões complexas

        Caro Clever, fico feliz de encontrar um interlocutor disposto a debater sobre tema árido e sem empolgação como este, você, com toda razão questiona minhas afirmações desta última mensagem que enviei, pois nela não detalho os meios necessários e suficientes nem para sua modelagem ou implementação e supervisão.

        Talvez outros comentaristas  mais antigos ou mais atentos às minhas mensagens não tiveram está dúvida, pois antes de chegar nestas fórmulas que escrevo agora aqui, mandei diversas mensagens que traziam algumas das fundamentações e embasamentos das mesmas, mas você não está sozinho nas suas dúvidas, as escolas, universidades e mesmo institutos mais especializados no Brasil sobre o tema, não o abordam de maneira direta e digo até, criam um biombo para o verdadeiro conhecimento, que é um instrumento de poder e por isto mesmo precisa ser secreto.

        Lhe adianto que o controle é feito através de um humano referenciado a um proxy, que possui um centro de gravidade nos moldes da analogia usada pelo Carl von Clausewitz para o centro de gravidade dos exércitos (organismo humano complexo), observado contra um fundo padrão, que pode ser simples ou composto, a gosto do operador e das necessidades. Quanto ao uso da Astrologia, Tarot e Geometria são uma necessidade lógica de completude.

        Com 14 ministérios as reuniões poderão obedecer sempre a princípios universais, humanos e lógicos, sem esforço algum da parte de quem as planeja e os resultados, pela pertinência, simplificação e objetividade serão patentes a partir do primeiro segundo.

        Ou seja, reúne-se com todos que são afetos ao assunto, nem gente a mais , nem a menos e discute-se com base nos conhecimentos imemoriais da civilização humana aggiornadas para a data da reunião.

        Fica uma moleza descobrir como melhorar as condições do povo e da nação e os meios e processos se tornam evidentes à primeira vista.

         

        1. Sobre o conceito de centro de gravidade no Clausewitz
          CLAUSEWITZ’S CENTER OF GRAVITY: CHANGING OUR …Formato do arquivo: PDF/Adobe AcrobatOver the last 25 years, the center of gravity concept has grown increasingly central to …accurate and coherent definition of a center of gravity. It also offers some …www.clausewitz.com/readings/Echevarria/gravity.pdfClausewitz: Center of GravityThis term “center of gravity” (Schwerpunkt) appears about 40 times in Clausewitz’s book, most often with no particular or consistent meaning. See pp. 163, 248, …www.clausewitz.com/…/Clausewitz-COGexcerpts.htmCenter of GravityFormato do arquivo: PDF/Adobe AcrobatThe Armed Forces have come a long way in understand- ing centers of gravityand critical vulnerabilities. The former are equated to strength; the lat-.www.clausewitz.com/bibl/StrangeAndIron-COG-JFQ.pdfThe Clausewitz HomepageA major battle in a theater of operations is a collision between two centers of gravity; the more forces we can concentrate in our center of gravity, the more certain …www.clausewitz.com/readings/Cquotations.htmWord Index to Clausewitz, On War… interesting to follow Clausewitz’s varying use of a single word or term—say, ” center of gravity” (Schwerpunkt) or “political”—over the whole course of the book.www.clausewitz.com/bibl/Wordndx.htmMCDP 1 Warfighting, U.S. Marine CorpsFormato do arquivo: PDF/Adobe AcrobatJun 20, 1997 … Speed and Focus—Surprise and Boldness—Centers of. Gravityand Critical Vulnerabilities—Creating and. Exploiting Opportunity—Conclusion.www.clausewitz.com/readings/mcdp1.pdfClausewitz, ON WAR – Book VI-Chapter 27As the centre of gravity is always situated where the greatest mass of matter is collected, and as a shock against the centre of gravity of a body always produces  …www.clausewitz.com/readings/OnWar1873/BK6cp7.htmlWho Is Afraid of ClausewitzRead Chapter 5 and Chapter 23 entitled, “The Key to the Country,” and compare them with the discussion in Chapter 27, on the concept of the center of gravity.www.clausewitz.com/readings/Handel/Handlart.htmRECLAIMING THE CLAUSEWITZIAN TRINITYThe concept of an operational or strategic “center of gravity” is in essence a probabilistic tool to reduce the inevitable complexities and swirling uncertainties of …www.clausewitz.com/readings/Bassford/Trinity/TRININTR.htmReadings on ClausewitzClausewitz’s Center of Gravity Legacy. In this article, Antulio J. Echevarria II argues that contemporary military doctrine has made the concept of center ofgravity …www.clausewitz.com/readings/Readings.shtml

           

        2. Do livro “Da Guerra”
            15. The concept of an operational or strategic “center of gravity” is in essence a probabilistic tool to reduce the inevitable complexities and swirling uncertainties of war to a manageable level. Maintaining our focus on a small number of key factors (preferably just one) does not reduce the “fog of war,” it simply makes it less distracting. Identifying those factors, as anyone who has tried it soon learns, is a creative rather than a purely rational process.  

          ************************************************* 

          CONCLUSIONS Many readers find Clausewitzian theory to be frustratingly complex. The standard which Clausewitz set for satisfactory theory is, however, difficult to argue with: that it not conflict with reality. A theory that accurately depicts the complexities of war is thus necessarily complex (which is not to say that every complex theory is necessarily correct). It is also important to note that Clausewitz saw his theory as a basis for study, not as doctrine.Despite the oft-noted fact that On War is an unfinished work, the ideas Clausewitz expressed in it are remarkably well integrated. If we pick up and follow any one major thread of his argument, we will eventually find it firmly connected to each of the other key ideas. It would be a mistake, therefore, to approach the trinity concept as a discrete, bite-sized nugget of wisdom that can somehow be extracted from the larger work. The trinity establishes a dialectical relationship between the dominant tendencies of war that are revealed by analysis in the rest of the book; it combines the elements that make war such a complex phenomenon. One can identify all of Clausewitz’s most profound insights with one or another element of the trinity. The component dealing with violence and emotion (irrational forces) relates directly to his discussion of moral forces in war and the proposition that war is distinguished from other forms of human interaction by its resort to organized violence. The component dealing with chance and probability (non­rational forces) reflects his ideas about the role of military genius and the creative spirit in dealing with the fog and friction of war; operational ideas like the “center of gravity”*15 also relate to this aspect of the trinity. The component dealing with war’s subordination to policy (rational forces) relates to his ideas about the relationship between ends and means, war as the continuation of policy, and the dichotomy between “real war” (whether limited or unlimited) and “absolute war.” Thus we can see that, in this one, briefly described concept, Clausewitz unified many of the ideas he developed over thirty-plus years of studying the nature of war: It represents his thinking at its most mature and sophisticated level. Clausewitz subtitled the section where he introduces the concept as “The Consequences for Theory,” and it is the last section of Chapter One, Book One, the only part of the book Clausewitz considered finished (and probably the last part he wrote before he died). The trinity is therefore best understood as the theoretical capstone of Clausewitz’s entire work. A thoughtful reading of the relevant passage in On War, combined with a willingness to integrate the points made there with the rest of the philosopher’s argument, will make this clear. It is the trinity’s capacity to encompass so much of the nature of war, and so much of Clausewitzian theory, that makes it such a valuable, if complex, analytical tool.To reduce the original trinitarian concept to an allegedly obsolete social paradigm of “people, army, and government,” as Clausewitz’s recent critics have done, is not merely an oversimplification and a distortion of its meaning: It is fundamentally missing the point of this great body of military theory. It would be a tragic mistake to accept the consequences of that error. Our military educators’ often annoying fixation on Clausewitz’s work has brought a much-needed professional sophistication to the thinking of America’s military institutions in the generation since Vietnam, and there is nothing better on the horizon.*16      

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          The alternative way to define the composition of this “remarkable trinity” is to use the relevant passage in On War itself: 28. The Consequences for Theory War is more than a true chameleon that slightly adapts its characteristics to the given case. As a total phenomenon its dominant tendencies always make war a remarkable trinity–composed of primordial violence, hatred, and enmity, which are to be regarded as a blind natural force; of the play of chance and probability within which the creative spirit is free to roam; and of its element of subordination, as an instrument of policy, which makes it subject to reason alone.The first of these three aspects mainly concerns the people; the second the commander and his army; the third the government. The passions that are to be kindled in war must already be inherent in the people; the scope which the play of courage and talent will enjoy in the realm of probability and chance depends on the particular character of the commander and the army; but the political aims are the business of government alone.These three tendencies are like three different codes of law, deep-rooted in their subject and yet variable in their relationship to one another. A theory that ignores any one of them or seeks to fix an arbitrary relationship between them would conflict with reality to such an extent that for this reason alone it would be totally useless.Our task therefore is to develop a theory that maintains a balance between these three tendencies, like an object suspended between three magnets.*8 **********************************************

          3. The government is paired mainly with the rational force of calculation–policy is, ideally, driven by reason. This corresponds to the famous argument that “war is an instrument of policy.” Clausewitz knew perfectly well, however, that this ideal of rational policy is not always met: “That [policy] can err, subserve the ambitions, private interests, and vanity of those in power, is neither here nor there…. here we can only treat policy as representative of all interests of the community.”*10We stress the word “mainly”*11 because it is clear that each of the three categories that constitute the actual trinity affects all of these human actors to some quite variable extent. The army’s officers and men and the political leaders are also, to varying degrees in different societies, members of “the people.” In democratic societies, at least, the people are expected to play a role in rational decision making, whereas political leaders are as often driven by personal needs as by rational calculation of their societies’ practical requirements. Events on the army’s battlefields have a tremendous influence both on the people and on the political leadership, while popular and political factors, in turn, affect the army’s performance.Thus, when Clausewitz speaks of war as a “total phenomenon,” he is not talking about war in the abstract (“absolute war”), nor about war “in theory.” He is talking about real war, war as we actually experience it, and he is describing just why it is that war is so dynamic, so unpredictable, so kaleidoscopic in its appearance. The concluding simile in our excerpt from On War is a nearly exact analogy: Clausewitz is saying that theory must be, as war is, “like an object suspended among three magnets.” He is referring to the observed scientific fact that such a pendulum, once set swinging among three centers of attraction, behaves in a nonlinear manner–it never establishes a repeating pattern. As it enters a phase of its arc in which it is more strongly affected by one force than the others, it gains a momentum which carries it on into zones where the other forces can begin to exert their powers more strongly. The actual path of the suspended object is never determined by one force alone but by the interaction between them, which is forever and unavoidably shifting.The trinity also provides us with clues as to what Clausewitz meant by his famous phrase, “war is a continuation [fortsetzung] of politics by other means.” This oft-quoted sentence contains two very different messages because of the dual meaning of the German word he used: Politik. That one word encompasses the two quite different English words “policy” and “politics.” The policy aspects he discusses are those connected with the trinity’s element of rational calculation. Politics, on the other hand, encompasses the whole trinity: Politics is a struggle for power between opposing forces–political events and outcomes are rarely if ever the product of any single actor’s conscious intentions. Politics, as any intelligent watcher of the evening news soon realizes, is a chaotic process involving competing personalities (whose individual actions may indeed have a rational basis), chance and friction, and popular emotion. (Is the candidate’s most brilliant speech blown off the airwaves by a natural disaster in the countryside? Will his embarrassing slip of the tongue get picked up by the evening news? Can a widespread “throw-the-bums out” mentality engulf even the most responsible politician?) The “remarkable trinity” is, in fact, Clausewitz’s description of the psychological environment of politics, of which “war is a continuation.” The only element of this political trinity that makes it unique to war is that the emotions discussed are those that might incline people to violence, whereas politics in general will involve the full range of human feelings. Thus Clausewitz tells us that the conscious conduct of war (strategy, etc.) should be a continuation of rational calculation and policy, but also that war inevitably originates and exists within the chaotic, unpredictable realm of politics.The trinity metaphor, as given here, therefore serves to sum up much of Clausewitz’s approach to war. In itself, however, Clausewitz’s description of the interaction between the elements of the trinity leaves out the fact, strongly emphasized elsewhere in On War, that war is always an interaction between opposing groups. That is, this trinity exists on all sides of any conflict, thus further complicating the picture.An approach to theory which denies or minimizes the role of any of these forces or the interaction between them is, therefore, by definition wrong. The soldier who expects the events of war to unfold in any other way–particularly in a rational, orderly way–is doomed to be surprised, disappointed, and frustrated as events keep forever spinning off on unpredictable trajectories.

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  11. A direita e o estado minimo, SEMPRE

    Quantidade não é qualidade, mas no caso a quantidade de ministerios e secretarias criados por Lula e Dilma estão de acordo com o resultado  propostos e irrefutavelmente  alcançados. Diogo deu um dado interessante

    FHC criou o mesmo numero de ministérios e  secretaria do Lula. Fernando vendeu nossas estatais e foi não 1, não 2 , mas sim 3 vezes ao FMI e dobrou a divida publica e inflacionou o Brasil em 2 digitos

    Já Lula  e Dilma …Precisa comparar?

    Quanto a secretaria da mulher… Ai se a esquerda não criasse essa secretaria. A igualdade de genero ainda é um problema em nosso pais, quando não for essa secretaria pode ser desativa, até lá quem critica essa secretaria é homem machista ou mulher que vive as custas desse tipo de homem. 

    Nem precisa falar das outras secretarias de inclusão social historicamente necessárias. 

  12. Ministérios e Secretarias,etc

    Nenhum outro pais tem a gigantesca máquina burocrática comparada a nossa. É ineficiente, favorece a corrupção e em nada melhora a máquina administrativa. Dados que não pude confirmar indicam que só no Senado existem 6.ooo funcionários. Se verdadeiro, pra que tanta gente gastando, água, papel, cafézinho, sucos diversos, energia elétrica, telefone e outros itens, pra fazer o que? Consumir o dinheiro público? Empreguismo? Mordomias desenfreadas? Na contra partida a segurança vai mal a saúde não vale nada,e a educação nem se fala. Esse é o Brasil de 39 ministérios. No ano que vem teremos; carnaval, copa do mundo e eleições, quanto vamos gastar?  A politicagem brasileira está se lixando pro povo. De repente, aparece mais uma “bolsa de qualquer coisa” e fica tudo bem. E assim, vamos consumindo o tempo e a nossa democracia vai se afundando na lama.

  13. Diogo,
    Mais um belo artigo.

    Diogo,

    Mais um belo artigo. Meus parabéns.

    Faço apenas um pequeno reparo com relação à CGU que, na verdade, foi criada como um dos primeiros atos do Governo Lula. O que existia antes era a secretaria federal de controle e a corregedoria-geral da União (essa, sim, de 2001), mas com papeis e poderes absolutamente distintos daqueles que passaram a viger de 2003 em diante. Com efeito, seriam ainda criados na CGU a Ouvidoria-Geral da União e a (hoje) Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção (onde trabalho).

    No mais, compreendo de forma similar a respeito das questões que colocou. Há todo um fetiche com relação ao número de ministérios, sem que se compreenda a relação entre eles e a eficácia e a efetividade das políticas públicas, nem sobre a correlação (ou não) entre seu incremento e o do número de servidores (efetivos ou comissionados). Nesse sentido, sugiro a leitura (se é que já não o fez), do interessante artigo de Marcelo Viana Estevão de Moraes, chamado “O Mito do Inchaço da Força de Trabalho do Serviço Público Federal” (disponível em http://anesp.org.br/userfiles/respvblica_7_2.pdf), que teve bastante repercussão quando foi publicado (em 2009). Nele, apresenta dados substantivos a respeito do processo de desmonte do efetivo público durante o governo FHC – quando o número de servidores ativos caiu de algo como 580 mil para 485 mil (em 8 anos) – sendo que mesmo com a forte retomada dos concursos públicos durante a gestão Lula, em 2008 sequer tinha sido possível recuperar o contingente de 1995. Além disso, mostra que praticamente não houve crescimento da quantidade de cargos comissionados e, mais importante, ocorreu um aumento expressivo do percentual dos mesmos que passaram a ser ocupados por servidores de carreira (71,4%, na época – o número é maior hoje, superando 75% – dos DAS eram ocupados por servidores concursados). Também o artigo é pródigo em apresentar comparativos que indicam um contingente consideravelmente menor de servidores por mil habitantes (um décimo da Irlanda, um oitavo da França, um quinto da Finlândia, etc), bem como em apresentar dados que indicam, ainda, que o Estado de São Paulo possui ainda mais servidores do que o próprio Governo Federal (um suposto contrassenso do ponto de vista da eficiência apregoada). Enfim, vale a pena a leitura e o debate.

    Saudações,

    Sérgio

     

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