A transição catastrófica do Sistema Cantareira

Jornal GGN – Pesquisadores brasileiros publicaram no exterior um estudo sobre o colapso do Sistema Cantareira, um dos principais reservatórios do estado de São Paulo. De acordo com eles, o problema foi causado principalmente pela demora do governador Geraldo Alckmin de reduzir a exploração do manancial.

“A culpa não é do sistema natural, ele sempre funcionou assim. Foi um problema de gestão, que negligenciou aspectos fundamentais do funcionamento de bacias hidrográficas”, afirmo o ecologista Paulo Inácio Prado, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

Do Estadão

Cantareira tem ‘transição catastrófica’, diz estudo publicado em revista internacional

Por Fábio Leite

Pesquisadores brasileiros mostram como bacia hidrográfica passou para estado de ineficiência na produção de água em janeiro de 2014

Um artigo recém ­publicado por pesquisadores brasileiros em uma revista científica americana afirma que o Sistema Cantareira sofreu uma “transição catastrófica”, entre o fim de 2013 e o início de 2014, provocada pela demora dos gestores em reduzir a exploração do manancial, apesar dos indícios de estiagem.

Os cientistas afirmam que, desde janeiro de 2014, quando a crise foi anunciada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Cantareira já havia mudado do “estado normal” para um “estado de ineficiência”, no qual a água da chuva já não se reverte em aumento do nível de armazenamento das represas porque é absorvida pelo solo seco, no chamado “efeito esponja”.

“A culpa não é do sistema natural, ele sempre funcionou assim. Foi um problema de gestão, que negligenciou aspectos fundamentais do funcionamento de bacias hidrográficas”, afirma o ecologista Paulo Inácio Prado, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores.

Para explicar a transição catastrófica, um termo da física que descreve mudanças bruscas de um estado para outro, o pesquisador Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), compara a situação do Cantareira com a de um barco no lago. “Ele está sob o efeito do vento e das ondas, mas não vira. Se existir um evento excepcional, sabemos que o barco pode virar, e de forma rápida. Depois que ele vira, fica muito difícil desvirá­lo. Infelizmente, foi isso que aconteceu.”

Segundo Kraenkel, as chuvas na região do Cantareira não diminuíram de repente e o volume de água que entra nas represas por meio da chuva, dos rios e do lençol freático já vinha em queda há mais tempo. “Era possível ter percebido isso antes e reduzido a retirada de água do sistema desde de outubro (de 2013), mas isso só começou a ser feito em fevereiro. Desta forma, (os gestores) acabaram jogando o sistema dentro da catástrofe”, diz.

Segundo Prado, se as medidas tivessem sido tomadas naquela época, o racionamento de água seria menor hoje e a recuperação do sistema, mais rápida. “A retirada de água já está em menos da metade e ainda estamos com volume baixo. Se os próximos meses não forem muito chuvosos, será preciso reduzir ainda mais a distribuição da água”, diz. O estudo também é assinado pelo pesquisador Renato Mendes Coutinho, da Unesp.

Em nota, a Agência Nacional de Águas (ANA) cita relatório climático que aponta que a estiagem foi “anormal” e “imprevisível” e ­ desde fevereiro de 2014 ­ defende reduções significativas do uso do Cantareira. A Sabesp e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) não se manifestaram até as 20 horas.

Redação

17 Comentários

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  1. Não se manifestaram e

    Não se manifestaram e provavelmente não se manifestarão; se o oposto ocorrer será para negar – ao estilo PSDB – que tenha havido negligência ou má gestão, e tudo ficará por isso mesmo. E os pesquisadores ainda serão acusados de serem petistas e a ANA de ser a maior culpada.

    Os paulistas não estão satisfeitos com eles? Há que se respeitar a vontade da maioria.

  2. Cada povo tem o governo que merece
    É o que dá entregar cegamente o seu destino e de seus familiares nas mãos de supostos homens de bem.
    Se algo básico como água potável para consumo humano é diuturnamente negligenciado pelas “otoridades”, imagine o resto que ainda não foi permitido de ser publicado nos jornais, oias e grobos.
    Livre escolha pelos paulistas, então agora é chegada a colheita.

  3. Esse é o resultado da

    Esse é o resultado da privatização irresponsável da SABESP na exploração do sistema de abastecimento d’água da cidade de São Paulo, vital para sobrevivência humana. Distribuir dividendos exorbitantes aos acionistas incapacitou a empresa a fazer investimentos em novos reservatórios e construção de adutoras interligando o sistema. Abastecimento d’água jamais deveria ser privatizado, onde o lucro prevalece diante das necessidades da população.

    1. xique

      “privatização irresponsável da SABESP”

      Concordo sr. Weber, Mas o sr. haverá de convir que foi “xique”. 

      Agora para paulista ter o privilégio de receber? água de péssima qualidade, de volume morto, tem que pagar para investidor estrangeiro! 

      SAESP Day!!!!! na bolsa de NY, “Obra” dos candidatos (2038)  ÇERRA45, vice fegacê…..viiiiiiiixe!

      antes a SABESP, agora o PRÉSAL depois a AMAZÔNIA porque a alma, já venderam faz muito tempo.

      [video:https://youtu.be/Jdl0VvsR6zk%5D

       

  4. Esse é o candidato dos
    Esse é o candidato dos tucanos em 2018. O mesmo Picolé que conseguiu a façanha de ter mais votos contra o Lulão em 2006 no primeiro turno do que no segundo… E que mesmo sem água na terra da garoa encontra-se afundado no metrô. E ele quer enfrentar o mesmo Lula em 2018… tem gente que gosta de apanhar

  5. Será este o futuro

    Que nos espera p/ todo o Brasil ? E a rede maldita só mostrando a seca do nordeste, como se ela nunca tivesse existido. Ou não vai , coisa que jamais passa nos telejornais da golpista, ter sido o PT que irá minimizar o infortúnio dos irmãos do nordeste com o Rio São Francisco

  6. No Estadão tucanos são gestores

    Muito elucidativo o texto do Estdão. A irresponsabilidade pela grave seca é dos… gestores. Lá em São Paulo,os tucanos não têm participação nesse desastre. Culpados são os gestores!!?? Cansei!

  7. crise hidrica não está no radar de Alckmin

    Bobagens.

    Quanto mais escassez de água, melhor, aumenta o preço de venda  e a Sabesp aumenta o lucro com menos esforço.

    Se zerar Cantareira, opção mais atraente vai ser o abastecimento terceirizado, projeto do Tucano ex-Diretor da Sabesp. Empresa dele pode trazer água do mar. 

    Sabesp não é preocupação da bolsa de NY. Lucros cada vez maiores.

    A Suíça Nestle, já se mostrou interessada na aquisição da Sabesp. Tá tudo dominado.

     

  8. Grana pra Sabesp dar pro

    Grana pra Sabesp dar pro Instituto FHC sempre vai ter né..

    SABESP PSDB DOOU R$ 500 MIL AO INSTITUTO FHC ENQUANTO SÃO PAULO SECAVA, por Plantão do Brasil

    http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=85615

     

    E o que dizer da despoluição do Tietê…bilhões de reais foram roubados pela máfia tucano midiatica judicial e o rio cada vez mais podre….mas cheiram a naftalina e há quem goste disso…

     

     

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