Alckmin não explica como vai tratar água suja do Pinheiros para entregar à população

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O governador Geraldo Alckmin (PSDB) reafirmou nesta sexta-feira (20) que a água “contaminada” da represa Billings será usada para abastecimento humano após “passar por tratamento”, e que a medida servirá para evitar um racionamento de água. Sem detalhar o plano para tratar todo o volume de esgoto que entrará na Billings a partir do Rio Pinheiros, Alckmin garantiu que a ideia é boa porque vai dar fôlego também ao Sistema Alto Tietê.

“Nós estamos trabalhando para não fazer o rodízio. Nada indica hoje que precisa ser feito [racionamento]. Se as obras todas forem entregues no prazo, nós não estamos dependendo de chuva”, disse o governador em visita a Paulínia. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo na tarde de sexta. 

O jornal afirma que a água da Billings será transferida para o sistema Rio Grande por meio de três bombas, “em mais uma medida da Sabesp para enfrentar a crise hídrica”. Em nenhum momento a reportagem aponta qual a previsão de entrega dessa obra.

Segundo a Folha, serão usados 4.000 litros de água por segundo do Rio Grande. “Ela irá direto para a represa de Taiaçupeba, onde terá tratamento para distribuição. Outro socorro, de 1.000 litros por segundo, sairá do rio Guaió.”

A questão é que, aparentemente, Alckmin e a Sabesp só destacaram uma estação de tratamento quando a água já está próxima do Sistema Alto Tietê. Para dar conta da demanda por tratamento de esgoto entre o Pinheiros e a Billings, não há planos. Na ilustração da Folha, reproduzida acima, é possível ver que o esqueva é bombear uma quantidade grande de água do Pinheiros para a represa, de modo que a água pegará o caminho mais fácil: vai passar por cima de uma barragem que foi criada justamente para separar a parte “relativamente boa da Billings” [a que abastece o Grande ABC e proximidades] da parte ruim.

Outro ponto que não ficou claro é como Alckmin e a Sabesp pretendem burlar a lei e bombear água do Pinheiros para a Billings. Há anos que a questão vem sendo questionada por ambientalistas. Hoje, em tese, o governo do Estado só poderia reverter água suja do Pinheiros para a Billings se houver risco de enchente em São Paulo.

Mesmo sem detalhes, Alckmin garante que “Se as obras forem entregues no prazo, nós teremos até julho, agora, 5.000 litros de água por segundo, a mais, de oferta, o que quase equilibra o Cantareira no inverno.”

Geração de energia

Ainda de acordo com a Fola, “o governador afirmou que a represa Billings está com 70% da sua capacidade e que um acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas) reduziu a utilização de sua água para geração de energia. Dessa forma, diz o tucano, o nível da represa deve subir rapidamente com as chuvas. Alckmin não falou sobre custos. O sistema Rio Grande é, hoje, a maior reserva de água potável da Grande São Paulo”.”

A “geração de energia”, no caso, está relacionada à usina Henry Borden. Construída no início do século, o equipamento trabalha, hoje, apenas com cerca de 15% da capacidade instalada. Segundo o especialista em gestão de recursos hídricos da UFABC, Ricardo Moretti, se Henry Borden recebesse mais água para produzir energia, o lucro [que é do governo do Estado] poderia ser revetido para investimentos em tratamento de esgoto da Billings, por exemplo. “Para isso, Alckmin teria de mudar de postura”, afirmou Morretti em entrevista ao GGN

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. O sistema Rio Grande abastece parte do ABC

    como agora vai receber água direto do rio pinheiros aparentemente sem tratamento, pelo visto estou prestes a começar beber merda literalmente. Obrigada governador.

  2. Deixando o aviso MAIS uma

    Deixando o aviso MAIS uma vez:  so vai levar a primeira epidemia pra Sao Paulo se esvaziar.

    O cara que impediu racionamento no ano passado por “razoes tecnicas” nao tem uma razao tecnica pra mostrar pelo uso de espelhos e alcapoes.  Ate hoje.  Nem vai ter.

    1. Alckmin diz que tem água. O

      Alckmin diz que tem água. O PIG confirma que tem água e o paulista eleitor de tucano abre a torneira, enche o copo de ar e bebe. À luz de velas, pois mesmo com a tv ligada, o eleitor tucano acha que falta luz, pois o PIG assim noticiou.

  3. Como se diz maquiagem em tucanês?

    Um bom corante, um pouco de essência e saborizante natural… O resto, deixa com a mídia.

    Depois, muito marqueting e óleo de peroba…

    Está tudo sob controle…

  4. Ué, o Governador é que tem

    Ué, o Governador é que tem que explicar isso, ou a Sabesp?

    Não sabia que o Alckmin é versado em tratamento de água!!!

    Tá ficando difícil… o racionamento não vem e petrolão continua nas manchetes!!!

  5. Inimputáveis…

    Altamiro Borges: Mais uma demonstração de que os tucanos no Brasil são inimputáveis

    publicado em 20 de fevereiro de 2015 às 10:49

    Captura de Tela 2015-02-20 às 10.47.55

    Livre, leve, solto…

    Mais um tucano escapa da cadeia!

    Por Altamiro Borges, em seu blog

    O PSDB foi derrotado nas eleições presidenciais de 2002 e até hoje não conseguiu retornar ao Palácio do Planalto. Mas os tucanos, como expressão das elites, seguem fortes nos aparatos de hegemonia da sociedade.

    Eles perderam o governo, mas não a totalidade do poder político. Eles mantêm influência em postos chaves – como em vários comandos estaduais da Polícia Federal, em sessões do Ministério Público e na cúpula do Poder Judiciário – inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF).

    Isto ajuda a explicar porque nenhum grão-tucano foi para a cadeia até hoje. Não há “delações premeditadas”, vazamentos seletivos, prisões arbitrárias ou escarcéu da mídia hegemonia. E alguns tucanos, mais sujos do que pau de galinheiro, seguem livres e soltos e ainda se travestem de paladinos da ética.

    A impunidade tucana é tão descarada que começa finalmente a levantar suspeitas. Tanto que o Conselho Nacional de Justiça decidiu investigar a conduta do desembargador Armando Sérgio Prado de Toledo, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

    “Ele retardou por mais de três anos o andamento de uma ação penal contra o deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa Barros Munhoz (PSDB) para beneficiá-lo”, descreve o repórter Frederico Vasconcelos, na Folha desta terça-feira (17).

    O grão-tucano foi acusado de formação de quadrilha, fraude em licitação e omissão de informações à Promotoria quando ocupou a prefeitura de Itapira, no interior paulista. Mas ele nunca sofreu qualquer punição e hoje é líder do governador Geraldo Alckmin na Assembleia Legislativa!

    “Todos os crimes prescreveram no período em que o processo esteve com Toledo. ‘Ao longo de mais de três anos e quatro meses, não houve a prática de nenhum ato processual’, segundo constatou a Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O crime de formação de quadrilha, especificamente, prescreveu um mês antes de Toledo registrar seu voto, que foi contra o recebimento da denúncia por não atender às ‘exigências legais’”.

    Com inúmeras manobras jurídicas, todas as ações contra Barros Munhoz perderam validade. As atitudes protelatórias do desembargador Armando Toledo geraram desconfiança, mas ele nunca sofreu qualquer represália. “Magistrados sugerem nos bastidores que há uma rede de proteção para blindar Toledo”, afirma o jornalista.

    PS do Viomundo: A Operação Castelo de Areia foi sepultada no STF. A Satiagraha segue pelo mesmo caminho. O mensalão tucano em Minas Gerais não vai dar em nada, assim como a lista de Furnas. E la nave va…

  6. Cada macaco no seu galho

    A utilização de água da Billings/Pinheiros é uma possibilidade real. Qualquer empresa de agua e saneamento detém a tecnologia necessária. O custo é maior que o das águas convencionais, porém o resultado é certo. E vai sobrar para o consumidor, claro!

    Mas acho que é apenas provocação pretender que o Governador explique o processo. Ele não é tecnico no assunto. Cada um na sua. É por isso que as matérias econômicas não são tratadas pela Presidente Dilma, mas pelo Ministro da Fazenda Joaquim Levy. 

    1. Inacreditável
      Estamos a
      Inacreditável
      Estamos a 12_anos no governo e vejam que estrago os perderam a eleição estão fazendo. Onde é que erramos
      Vamos acordar. Povo na rua contra o golpe e a manipulação da mídia.

    2. Não precisa mostrar detalhes, mas ele deve muitas explicações.

      Pra começo de conversa, deve explicar como deixou a situação chegar onde chegou, colocando a população paulistana em extremo desconforto, no mínimo, e em graves riscos, de sujeição à epidemias e de colapsos de atividades econômicas. Ele agiu e continua agindo no limite da irresponsabilidade.

      Ele age como candidato que ainda não desceu do palanque e é refém dos seus marqueteiros. O uso do eufemismo “rodízio”, para designar o racionamento, é típico. Tucanaram o racionamento, diria o Zé Simão.

      Rodízio é bom em churrascaria, racionamento é atitude racional para a situação de emergência instalada, passou da hora de ser adotada com moderação e quanto mais for retardada, mais radical terá de ser. Parece que o seu desgovernador está a espera de acabar a água, aí sim, ele evitará o racionamento, pois não haverá o que racionar.

      São Paulo precisa de uma solução para daqui a dois, três meses, tudo que está sendo acenado são para megaobras à toque de caixa, sem estudos de impactos ambientais, com dispensa de licitação (deve ser para zerar as dívidas de campanha), sem cumprir com as regulações de qualidade das águas, enfim, obras de políticos safados e irresponsáveis.

      O desgovernador de São Paulo está vendendo ilusões; existem bandos de idiotas que compram e bandos de espertalhões que retiram comissões, alguns, e outros que faturam em propaganda. Não sei se você optou por algum desses dois bandos, mas a respeito da “solução” apresentada para um problema iminente nos próximos meses, você deveria ler a matéria a seguir, principalmente na parte que eu grifo:

      SP: com dez vezes mais água que Cantareira, Billings pode ser alternativa

      Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil Edição: Armando Cardoso

      Com dez vezes mais água armazenada do que o Sistema Cantareira, a Represa Billings deve ser usada para abastecer parte da população que enfrenta a crise hídrica em São Paulo, conforme informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A solução, no entanto, não resolve o problema emergencialmente, pois só ficará pronta em 2018.

      Leia mais: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-01/com-dez-vezes-mais-agua-que-o-cantareira-billings-pode-ser-alternativa

       

  7. Agora é da 
     Billings que tem

    Agora é da 

     Billings que tem merda , mijo e detritos de tudo que é lado.

      E o governador diz que consertará. Então ´por que não consertou antes?

              Essse pamonha foi reeleito no primeiro turno.

                  Imagine então , o conceito do tal de PaDILHA…..

                    Que chegou num VERGONSOSO  terceiro  lugae.

                      SÃO PAULO está mal de candidatos.

                           

  8. Vai para as Regiões Leste e Sul

    Certamente esta água não irá para as áreas nobres.

    Vão chamar os israelenses, usar ionização de 5º geração ou qualquer outra desculpa serve. Os paulistas aceitam qualquer m… dos tucanos e da imprensa, aceitam até falta d’água ou mesmo ela podre.  Talvez todos tenham ações da Sabesp.

  9. Nem só o que sai pela boca é

    Nem só o que sai pela boca é que mata, o que entra também. No caso do Alkaidemin, será a água a ser fornecida pela sabesp, com ações na bolsa americana é que irá matar a população de São Paulo.

    Minas fica livre, até porque o aócio já se foi, os mineiros foram mais inteligentes, álias, mineiro mesmo sempre foi mais inteligente que o paulista, que fará mais uma vez o bobo da corte.

    Água de billings para os paulistas, a água mais pura do mundo, bebam que a sabesta garante, garante uma boa diarreia, uma boa infecção generalizada. Bebam e votem no sr. Alkbillins.

    E a Gloebels vai dizer que é o governo federal o culpado por termos uma saúde horrorosa.

    É sempre assim, uma crise a abafar a outra.

    Vai-se o trensalão, vai-seo sabestão. Quem sobrar é porque sobrou.

  10. Este topico é de má fé, pois

    Este topico é de má fé, pois sabemos que o Governador vai usar dois processos para dar água para seus eternos eleitores, primeiro será usado um anti-mijo de nome Antimijim, e um anti-merda, chamado de Antimerdim . . . . e a galera vai toda ficar feliz e fagueira . . . . 

  11.  
    O governador vai por em

     

    O governador vai por em risco a saúde da população?

    Usar água da Billings é uma irresponsabilidade, diz engenheiro Sanitarista.
    Trecho de entrevista de 02/02/15, da Rede Vida, com o Engenheiro Sanitarista Eduardo Pacheco:
    … “Usar a água da Billings é outra irresponsabilidade. Os braços aproveitáveis da Billings já são aproveitados. A água dela é esgoto e é muito mais grave do que se fosse esgoto bruto só, porque ela também tem lixo. Então, os contaminantes que tem no lixo são graves. No esgoto em geral você não acha metais pesados, mas lá você acha, porque é oriundo do lixo. Então não dá pra pegar esgoto e jogar numa estação de tratamento de água, ela não foi feita pra isso e não deve ser usada dessa maneira.Poderia ser feita uma reabilitação da ETA (estação de tratamento de água) para que ela pudesse receber uma água de pior qualidade, mas também é demorado”…
    http://redevida.com.br/programa/tribuna-independente/entrevistas/crise-hidrica-como-avaliar-e-reverter-situacao.html

  12. O Segredo da água de Nova York- SUSTENTABILIDADE
    O segredo da água de Nova York
    Fonte: Globo Rural
    Data: 08 de fevereiro de 2009
    Já faz 19 anos que a população da cidade paga pelos serviços ambientais de agricultores que vivem a 200 quilômetros de Nova York. É uma experiência consolidada, que já inspirou projetos em vários pontos do mundo, inclusive o de Extrema, em Minas Gerais. Acesse o vídeo ou leia a matéria abaixo:

    Nova York é dura na queda. Estremeceu com o ataque às torres gêmeas em 2001, se corrói com problemas crônicos de lixo, desemprego, violência e intermináveis engarrafamentos de trânsito, foi varrida pelo vendaval financeiro de 2008, mas a cidade mantém de pé o seu charme, a sua fama. É o lugar mais procurado pelos turistas. São 40 milhões de visitantes por ano.

    Entre os inúmeros encantos que fazem a fama de Nova York pouca gente sabe de uma das coisas mais preciosas que a cidade tem. É a excelente qualidade da água. Graças a uma bem bolada parceria com fazendeiros e proprietários de terra, Nova York ainda não tem estação de tratamento, só de filtragem. As pessoas bebem água pura da montanha e direto da torneira.

    Pra ver de onde vem, onde brota essa água lendária, nós deixamos a cidade de Nova York rumo ao interior do estado. Saímos do nível do mar e subimos cerca de 200 quilômetros , como se fôssemos para o Canadá. No meio do caminho, a 1,2 mil metros de altitude, ficam as montanhas de Catskill.

    As montanhas de Catskill não estão entre as mais conhecidas dos Estados Unidos como as dos Apalaches, montanhas rochosas, mas ali fica uma cidade fundada há mais de 200 anos, uma cidade pequena e que ficou famosa no mundo inteiro em 1969 pelo que aconteceu ali.

    Na música, no comportamento dos jovens representou uma revolução, o festival de Woodstock. Foi o auge do movimento hippie. Mais de 400 mil jovens se reuniram ali para

    Quem se ofereceu para nos apresentar os fazendeiros parceiros da cidade de Nova York é o engenheiro florestal Tom O’Brien, diretor executivo da WAC.

    “Prazer em conhecê-lo”, diz ele.
    “O prazer é meu”, diz o repórter.
    “Sejam bem-vindos”, diz ele.

    Ele é diretor executivo de uma coisa que não existe no Brasil. Não é uma ONG, organização não governamental, não é uma cooperativa, uma associação, é um conselho formado por proprietários rurais que já investiu mais de 100 milhões de dólares em benfeitorias nas fazendas de Catskill.

    “São muitas as benfeitorias. São várias práticas de manejo. É um programa amplo que, ao mesmo tempo, preserva a água e melhora o desempenho da fazenda. Mas, venha comigo no meu carro pra você ver na prática o que estamos fazendo”, diz ele.

    Nossa primeira visita é ao mister Steve Reed que tem 60 hectares , dois terços de mata. No pasto, agora, cria um gadinho de corte vende lenha, mas a renda com que conta mesmo vem de duas fontes: pela reserva florestal, todo ano recebe da prefeitura de Nova York, cerca R$ 10 mil.

    “Ah! Sem esse dinheiro do programa, não sei o que faria para pagar meus impostos”, diz ele.

    A outra fonte de renda vem do bosque para onde mister Steve Reed nos leva. É uma árvore nativa da região.

    O nome da árvore é maple, mais conhecido entre nós como árvore do Canadá, com a folha de três pontas. Assim como da folha da seringueira se faz látex, desta árvore se faz o xarope mais consumido nos Estados Unidos. É uma árvore que dá açúcar.

    O filho de Steve Reed, Scott, conta que fazem uns furos no tronco. Enfiam neles umas chupetas e, por gravidade ou bomba a vácuo, aspiram a seiva. Ela segue por uma fiação até as caldeiras. Fervida, como a garapa pra fazer melado de cana, a seiva se transforma no delicioso xarope de Maple, aquele melzinho que em filme a gente vê o americano pondo nas panquecas do café da manhã.

    “Esta árvore é o esteio da renda de muitas famílias nesta parte dos Estados Unidos e do Canadá. O programa de conservação paga engenheiros florestais para orientar o produtor a tirar mais proveito do bosque. Antes da assistência técnica, porém, resolvemos os problemas de poluição de água que existem na propriedade.”, diz Tom O’Brien.

    A fazenda do mister Steve Reeds fica na cabeceira de um rio chamada de Dellaware que mais abaixo dá nome a um estado americano. Fica a 200 quilômetros da cidade de Nova York. Lá milhares de pessoas bebem do ribeirão que passa em frente da casa dele.

    Para garantir a qualidade da água, a prefeitura de Nova York pagou pra ele um novo sistema de captação de esgoto e que custou o equivalente a R$ 50 mil, investimento que ele não poderia bancar sozinho.

    “Nem em sonho eu conseguiria fazer o que construíram aqui. Essa tampa que você vê aí é de uma caixa de concreto subterrânea. É um pequeno tanque de captação tanto da água de pia e chuveiro como das privadas. Daqui, o esgoto é canalizado. A tubulação passa sobre o córrego. Vai para esta outra caixa maior. E de determinado ponto ela é bombeada para o alto do terreno.”, conta Steve Reeds.

    Não se vê nada, pois está tudo enterrado, mas de um determinado ponto, o esgoto é alçado cem metros acima e, só então, é feito a descarga. Nessa distância, a sujeira é filtrada pelo solo de modo que estará limpa quando cair no lençol e chegar ao córrego.

    “A minha antiga fossa fica na beira do córrego. Infiltrava de um jeito que não podia imaginar.”, diz Steve Reeds.

    “Quantas sistemas de esgoto como este foram construídos nas fazendas daqui?”, pergunta o repórter.

    “Muitos. Mais de 300.”, conta Tom O’Brien.

    Nas montanhas de Catskill, a extração de nativas é uma tradição de mais de 300 anos. Quase toda propriedade faz manejo florestal.

    Tom O´Brien nos levou a uma das maiores, que pertence Associação Cristã de Moços e tem 2,5 mil hectares.
    Os recantos mais bonitos são abertos para o eco-turismo. No resto, é exploração de madeira.

    No momento em que chegamos, está saindo uma carreta de toras para o Canadá. Até a ponte é emprestada pelo programa que a cidade de Nova York banca.

    “A gente chama de ponte temporária. Temos de vários modelos e tamanhos. O contato das rodas e os resíduos de combustível contaminam a água. Nova York não quer isso. Então, fazemos o rodízio das pontes”, diz O’Brien.

    Está impressionado com o apoio que as propriedades recebem? Tem mais. Para reduzir a poluição, as fazendas de leite ganharam até tanque para estocar estrume. Será que isso funciona só porque Nova York é uma cidade rica?

    O custo da água de Nova York

    A prefeitura de Nova York faz investimentos em propriedades agrícolas a 200 quilômetros de distância, para garantir a qualidade da água consumida na cidade. Para o cidadão novaiorquino, é vantajoso pagar os fazendeiros pelos serviços ambientais que eles prestam. Acesse o vídeo ou leia a matéria abaixo:

    A fazenda que visitamos com Tom é a de Paul Deysenroth, um pioneiro do programa de conservação, como orgulhosamente anuncia a placa pendurada no estábulo. A fazenda tem 120 hectares, metade de mata nativa onde ele faz manejo florestal, o resto é pastoreio.

    A parte de trás barracão, até 1995 era um brejão. Hoje, está arrumadinho. Tem drenos no meio do charco, corredor elevado pros animais e uma senhora ponte, conjugada com uma passagem de gado sobre pedras.

    “Minha família sempre sonhou com uma ponte aqui. Imagine: antes, as vacas vinham chafurdando no barro até a beira do córrego. A travessia para o outro lado era dentro d´água. Uma sujeirada. Na época, a ponte custou R$ 30 mil”, comenta Paul.

    Da propriedade de Paul e dos outros produtores de Catskill brotam milhares de nascentes como esta. Tom O’Brien, o diretor do programa de conservação, nos indica o caminho dessas águas.

    Por riachos, córregos e ribeirões, os mananciais escoam das montanhas para enormes reservatórios de captação. Daí, vão descendo, fazendo estágios em outras barragens, até chegar à cidade de Nova York.
    É lá que nós encontramos o pai da idéia dessa parceria entre Nova York e os fazendeiros de Catskill, Albert Appleton, que, na maior confiança, mata a sede no bebedouro público.

    All Appleton, 18 anos atrás, era o superintendente do Departamento de Águas de Nova York. A cidade estava pra investir bilhões de dólares em estações de tratamento, pois a poluição ameaçava chegar aos mananciais de Catskill. Ele propôs que em vez de gastar pra tratar a água poluída, por que não pagar pra que ela permaneça limpa?

    “Percebemos que colocar na cara dos fazendeiros suas obrigações não adiantava. O interesse era mútuo. Propusemos uma troca: Nova York precisa da água pura; vocês precisam manter suas fazendas. Isso é da economia clássica: faça alguma coisa por mim que eu lhe pago por isso. Entramos com a recompensa, com o dinheiro. Em vez de tratar o proprietário rural como predador da Natureza, demos condições para que ele seja um guardião da Natureza.”, diz Appleton.

    Não pense você que os fazendeiros de Catskill aceitaram de pronto as mudanças. Foram quase dois anos de negociação, como lembra um dos líderes dos proprietários, Fred Huneke, atual presidente do Conselho de Agricultures.
    “Aceitamos o desafio, mas com três condições. Nova York paga tudo, nós administramos os recursos e contratamos os técnicos e a adesão é voluntária, o fazendeiro participa se quiser”, diz Fred Huneke.

    O programa voluntário, em 15 anos, conseguiu a adesão de 95% dos proprietários rurais cobrindo uma área de 500 mil hectares em Catskill.

    A poluição das fazendas de leite, que era um dos principais problemas, está praticamente controlada. Os graciosos galpões de ordenha, típicos da região nordeste dos Estados Unidos, ganharam um concorrente arquitetônico: são tanques enormes. São depósitos para armazenar temporariamente fezes e urina do gado.

    Antes, os dejetos eram pulverizados no campo todo dia, com chuva, neve. Agora, o produtor guarda para fazer apenas duas aplicações no ano.

    ”Graças ao tanque, agora só preciso comprar metade do adubo que comprava.”, diz Cecil Davis, que tem um rebanho de cem cabeças. Ele diz que antes, por aplicar em época inadequada, boa parte do estrume escorria para o córrego, ou ficava empossado. Agora, faz pulverização orientada, sem desperdício. E, ainda sobra esterco pra vender aos vizinhos. “Nossa atividade ficou mais limpa. Agora, posso até beber água no ribeirão.”, fala Cecil.

    Um tanque custa caro, em torno de R$ 400 mil, informa o diretor Tom O´Brien, mas o retorno vale a pena.
    “Com o estrume estocado controlamos a aplicação para que não haja excesso de fósforo e nitrogênio. Assim reduzimos a poluição das águas e também do solo”, diz ele.

    Uma outra maneira de preservar a qualidade da água sem prejudicar as atividades agropecuárias é o contrato de compra do direito de desenvolvimento. O fazendeiro continua sendo dono, pode vender, pode ampliar seu negócio, mas a propriedade vai ser fazenda pra sempre.

    Thomas Hudson, cuja família está aqui há sete gerações foi um dos primeiros a aceitar essa modalidade, no ano 2000. Ele conta que vieram três corretores juramentados e fizeram a avaliação da propriedade. A prefeitura de Nova York pagou metade do valor, o equivalente hoje a R$ 800 mil.

    “Esse dinheiro caiu do céu. Pude resgatar minhas hipotecas, acertei as dívidas, estou com os impostos em dia. E fazenda da minha família tem a garantia eterna das atividades agropastoris e florestais”, diz ele.

    Ficou registrado em cartório que a fazenda do Hudson nunca vai poder ser asfaltada, urbanizada, virar hotel, nem ser loteada em chácaras, enfim nada que possa comprometer a qualidade da água.

    “Mas, isso não limita o progresso da região?”, pergunta o repórter.

    “É realmente uma polêmica. Mas, os fazendeiros acham que eles são o desenvolvimento econômico. Um dólar que você investe na agricultura se multiplica por sete e acreditamos que seja possível o desenvolvimento sem degradação ambiental.”, diz O’Brien.

    Vendo a quantidade e variedade das mudanças, a gente supõe que montanha de dinheiro a cidade de Nova York já pôs em Catskill e o tamanho da conta de água que o consumidor deve pagar.

    Foi uma surpresa ouvir a secretária de meio ambiente e superintendente do Departamento de Águas de Nova York, doutora Emily Lloyd.

    “Nosso consumidor não paga a mais. Ele paga a menos. Nosso custo é só com a filtragem e a desinfecção da água. Nova York investiu até agora US$ 1,5 bilhão nas montanhas de Catskill, mas, em compensação, economizamos US$ 10 bilhões, que teríamos gasto se tivéssemos construído as estações de tratamento que estavam previstas”, diz ela.

    “Tom, se você fosse tocar um programa desses no Brasil, o que faria primeiro?”, pergunta o repórter.

    “Primeiro, aprender português.”, diz ele.

    “Não é tão difícil”, diz o repórter.

    “Olha, basicamente, trabalharia o conceito fundamental. As pessoas que consomem água têm que compreender que essa água vem de algum lugar, de uma parte da natureza que não lhes pertence. Cuidar das nascentes, dos mananciais, tem um custo. Nada mais justo do que pagar por esse serviço ambiental que nos garante a água pura.”, diz O’Brien.

    Pra cada dólar investido na preservação do ambiente, Nova York economizou sete no tratamento convencional da água.

    FONTE:
    http://medindoagua.com.br/2010/10/08/o-segredo-da-agua-de-nova-york/

    *os vídeos mencionados estão disponíveis no link acima

  13. Né por nada não, mas já tem

    Né por nada não, mas já tem telespectador da goebbels conhecido meu dizendo que o certo é beber água de esgoto, no primeiro mundo é assim. Mas ele nunca ouviu falar de Hsbc suíço.

    1. Os bovinos do Mainardis Connections

      Depois da lavagem cerebral da Goebbels ainda vão jurar de pé juntos que essa água de esgoto é melhor do que vinho (importado claro)…

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