As políticas de apoio às startups

Montado pelo Secretário de Política de Informática do MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) Virgílio Almeida, o programa Startup Brasil foi a melhor política de incentivo às startups (empresas iniciantes de conteúdo tecnológico) até agora criado pelo governo federal.

Essa foi a conclusão unânime dos painelistas do 61o Fórum Brasilianas, sobre as indústrias criativas.

Antes dele, houve vários programas, como o Inovar, de 2001, o Programa Juros Zero, de 2004, o RHAE Inovação, de 2004, a Subvenção Econômica, de 2006, o Prime, de 2009, o PAPPE Integração de 2010.

Cada um deles significou um aprendizado, mas quase todos pecaram por dois erros: a falta de continuidade e a ausência de sistemas de avaliação.

O Prime (Programa Primeira Empresa Inovadora) nasceu com recursos de R$ 1,3 bilhão e a meta de apoiar 5 mil empresas. A Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas) aportava recursos em incubadoras que apoiavam as empresas. Terminou no primeiro ano, dos quatro previstos, e acabou apoiando 1.380 empresas.

O desperdício maior foi não ter gerado nenhuma avaliação de resultados para permitir um aprendizado, conforme observou Eiran Simis, gestor da área de empreendedorismo do Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (Cesar) um dos principais fornecedores de startups do país.

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A Startup Brasil foi montada de forma mais cuidadosa.

Os programas anteriores tinham recursos, mas não conseguiam chegar na ponta. Desta vez, resolveu-se inverter a lógica, partindo-se das lições aprendidas, dentre as quais:

  1. Há a necessidade de estimular um ecossistema de inovação. E ecossistemas se resumem a um conjunto de engrenagens. É mais que isso, é uma estrutura dinâmica que tem a complexidade do caos. Tem que se entender e respeitar essa complexidade.

  2. A inteligência é do mercado, é de redes, não de indivíduos. As empresas de TI (tecnologia da informação) focam muito em tecnologia e olham de maneira periférica o mercado. Tem que se alterar a lógica.

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Entendidos esses princípios, tratou-se de montar parcerias com empresas privadas. As edições do Startup Brasil são anuais, com duas chamadas públicas, uma para qualificar aceleradoras, outra para selecionar startups.

As aceleradoras são fundos de investimento com capital privado. Elas ajudam a selecionar as startups e a participar do risco.

Conforme contou José Henrique Dieguez Barreiro,  Coordenador Geral de Serviços e Programas de Computadores da Secretaria de Política de Informática do MCTI, a primeira preocupação foi conferir uma perspectiva internacional ao programa, incorporando a Apex (Agência de Promoção das Exportações). Entram com investimentos menores e o MCTI entra com bolsas do CNPQ (Conselho Nacional de Pesquisa) no valor de até R$ 200 mil por ano.

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As startups passam a ter acesso às melhores aceleradoras, conseguem vistos para atrair estrangeiros, tem contato com hubs internacionais e participam de eventos como o Demo Days nacional e internacional – no qual desenvolvedores apresentam seus projetos para investidores.

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Até agora foram feitas três seleções, analisadas 2,855 propostas, 20% das quais internacionais, e apoiadas 183 empresas.

São números pequenos, sugerindo que o programa até agora é um piloto que, em breve, necessitará de escala.

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Uma boa política… por quanto tempo?

    Por quanto tempo vai durar essa boa política? Vimos o investimento na indústria do etanol e a propaganda realizada em governos anteriores irem por água abaixo com o subsídio ao preço da gasolina praticado pelo governo da Dilma em um intervencionismo obsceno numa estatal como a Petrobrás. Simplesmente nada tem continuidade nesse país, não temos estadistas para manter políticas de longo prazo, mas apenas oportunistas especializados em fazer remendos de momento, como nossa presidente.

  2. São números pequenos…

    … que, em breve, dirão se este programa terá o mesmo destino de seus predecessores.

    No fundo, é o Estado tentando, mais uma vez, resolver problemas que ele mesmo criou: o cipoal tributário e legislativo, o excesso de regulação (que, com sabemos, somente regula quem não tem tentáculos no Planalto – ou alguém acha que o Renato Duque algum dia foi chamado à Receita para explicar um mísero recibo médico?). Enfim, afastando o investidor do empreendedor, deixando o primeiro temeroso e o segundo com a corda no pescoço – afinal, o Estado é o “acionista” sem risco, o “sócio” que primeiro retira dinheiro de qualquer empreendimento, sem mover uma palha sequer.

    Será que vai dar certo? Vamos ver. 

     

  3. Estratégia Falida – Copiem o DARPA
    Olá Nassif, meu nome é Lucas Fernando Amorim e há três anos e meio venho trabalhando no canvas da BIPBOP, uma startup de BIG DATA 100% brasileira que pretende tornar mais fácil, mais segura e menos burocrática a tratativa de dados no Brasil, que é péssima, uma BOSTA, dificulta empresas sérias e facilita aquelas que só querem tirar vantagem, agora vemos o pepino se formar com esses casos, inclusive um noticiado aqui. (https://jornalggn.com.br/noticia/site-acusado-de-vender-informacoes-sigilosas-e-investigado-pelo-mp) Eu venho acompanhando essas tentativas *AMADORAS* do governo a anos, que tem custado muito da credibilidade dele com a comunidade de startups (eu já nem ouso defender o governo, defendo quem defende interesses verdadeiros). Não surge nenhuma startup de valor no Brasil, como Facebook, Apple, Google, por três questões principais, veja, são críticas para melhorar:  1. Acreditamos que startups são sementes que se plantam, quando na verdade elas que caem no jardim trazidas por head hunters verdadeiramente comprometidos. O Estados Unidos através do DARPA (Facebook, Google) executou financiamentos muito mais rentáveis. O modelo de financiamento brasileiro de idéias falha porque empresas que precisam de caixa são na realidade aquelas que já estão em execução com produto PRONTO para escalar, essas NUNCA recebem investimento, vergonhoso. 2. O governo é EXTREMAMENTE burocrático, são dezenas de papeladas, canvas, documentos, todos inúteis! Cada startup tem uma maneira de se organizar, o Facebook uma, a Amazon outra, o que o governo faz é pasteurizar a cultura, isso com medo talvez de criar algo inovador e depois ter que dar explicações (?). 3. NUNCA bate de frente com segmentos que serão assassinados pela criatividade, o governo tem ai duas posturas, ou coloca o rabo entre as pernas e sai andando, demora tanto a assimilar o conceito que é engolido pelas estrangeiras ou pela pura incompetência (veja as tentativas do SERPRO e Receita de acelerar a aduana, patético que dói, as empresas sofrem INFINITAMENTE, isso é integração de dados). E um 4 como PLUS: Você já viu o governo contratar uma STARTUP? Porque no exterior isso acontece e MUITO. O que falta ao Brasil é se valorizar e deixar o dinheiro na mão de quem trabalha por ele, o que fazem é deixar na mão dos frouxos, iludidos e burros mesmo.

  4. “A inteligência é do mercado,

    “A inteligência é do mercado, é de redes, não de indivíduos. As empresas de TI (tecnologia da informação) focam muito em tecnologia e olham de maneira periférica o mercado. Tem que se alterar a lógica.”

     

    Óbvio! Se não se destina ao mercado; ao consumidor, a agradar a este, então é material para mera ostentação. E morte prematura.

  5. A realidade do Vale do Silício

    Fenômeno ÚNICO e irreproduzível. Conclusão de inúmeras teses, estudos e pesquisas feitas no USA.

    Depende do gênio de um grupo de pessoas, ou mesmo de uma, que tem um gem recessivo que lhe dê uma vantagem competitiva neste ambiente arisco e traiçoeiro. Stanford é um Robber Baron, ou seja, escreve o certo por linhas tortas. Deve ter funcionado como um atrator para estes indivíduos nesta região, coisa não-reproduzível ou copiável.

    Aqui no Brasil é Dinheiro bom do Estado (vela boa), em defunto ruim (empresas merquetrefes).

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