Caco Velho, o homem e seu pandeiro magistral

seb janiak

todas mães vão pro céu

Naomi Campbell, Lighted Darkness, 2011

The Kingdom, Moon above Clouds, 2008

The Kingdom, Moment of Choices, 2010

The Kingdom, Sun above Clouds, 2008

The Kingdom, Bardo Thodol, 2010

Naomi Campbell, Soon International Magazine, 2011

“Seb tem mostrado que o impossível pode ser alcançado – ele foi o primeiro – creio eu, para criar lugares, ambientes e criaturas do nada. Como um pioneiro, ele lançou as bases de uma arte muitas vezes imitada, mas desde sempre de mau gosto, afundando na futilidade, ou mesmo na extrema vaidade. Sem a sua alma, essas cópias só podem ser estéreis…” – Philippe Starck

As imagens do visionário Seb Janiak foram publicadas pelo Huffington Post

A foto acima acima é do ARTE FUSE

Um Sonho

A Viagem para Graceland

Ansiedade, pensamentos, alegria, drogas, álcool e heróis

Bror Carlzon

Por alguma estranha razão, nos sentamos na frente no segundo andar do ônibus, olhando o mundo inundado pelo verde do verão, fora das janelas da estrada na frente de nós, que mantinha tudo calmo e sereno.

“A reflexão e a dor também podem ser belas”

Willie era um cara legal – ele falava em voz baixa enquanto fumava um baseado –, mas eu estava nervoso, com medo de acordar os monstros dentro de mim. Sentei-me e bebi um Jack Daniels e sentir-me-ia, definitivamente, em paz se não fosse o meu medo do medo.

Íamos para Graceland – isso eu sabia – mas o caminho era semelhante ao que liga Boras a Trollhättan. À nossa direita, avestruzes corriam para nos alcançar, mas eles nunca nos ultrapassavam. O nosso ônibus se movia naquela brisa calma, envolvida na paz e Willie fumava e bebia. A coisa toda era apenas isso, se não fosse o meu medo interior.

Willie tentou me acalmar e falou de outros caminhos durante a viagem. Em paz, ele cantou uma canção sobre as mulheres virtuosas de olhos azuis chorando na chuva, com a voz anasalada e tão bela como só ele sabe fazer.

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Voltarmos ao outono e ao inverno passado foi no que se transformou o nosso verão. O retorno não era necessário, mas eles tinham acabado de cruzar o caminho da nossa jornada. Eu não sei, mas, desajeitado, eu tocava a minha guitarra enquanto Willie cantava sobre cervejas, sobre lágrimas e me falava sobre ser louco por me sentir sozinho, lembrando que a dor e a reflexão também podem ser belas. 

No assento ao meu lado havia relíquias escondidas em álbuns na pilha de vinis antigos. O meu tesouro, aquele que nunca se perdeu, era a minha segurança, que desaparecia quando eu abria a janela para sentir o ar adocicado e enegrecido pela fumaça. A janela estava fechada e eu abri um novo maço de cigarros e ofereci à Willie agasalhado com o seu charro. 

Havia, ao lado dos meus pés, uma pilha de maços de cigarros John Silver, Camel Yellow e alguns Chesterfields – não eram dos novos, mas aqueles longos, antigos e baratos – sem filtro, daqueles que custavam alguns dólares extras, mas eram de boa qualidade, como há muito tempo atrás…

Eu fumava, Willie fumava e o ar ficou ligeiramente azulado, com a mistura dos vapores do álcool com a fumaça adocicada do tabaco e do haxixe. Eu bebi muito, mas a maldita bebida não foi suficiente e não aconteceu nada. Nenhuma vibe surgiu sob a luz estanque, mas foi suficiente para ouvir e ver de onde vinha a voz, de alguém como Jill Johnson, que cantarolava sobre a minha história.

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A minha vida era relatada em um paraíso country, sem a presença recorrente de uma mãe repressora em Nashville. Sem ela, o meu coração genuíno não era corrompido com os tons da tristeza e da intensa névoa escura. Eu ansiava por chegar a Memphis, ir à Beale Street e Graceland para visitar a sepultura que eu prometi a mim mesmo visitar, pelo menos uma vez antes de morrer.

Mas nós não estávamos lá. Fomos para Trollhättan e Whiskey River, onde percebi que tudo estava lentamente deformado e torto. Eu fiquei mais e mais amedrontado, até cair no ônibus e, em seguida, sair daquele pesadelo e me livrar do imenso medo – puro medo – e ficar gratificado por acordar.

Ao mesmo tempo eu senti muita falta de Willie; um cara muito gentil e uma bela companhia de viagem.

Mas não é todo mundo que é assim!