Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. O batalhão de funcionários de Joaquim Barbosa

    Diário do Centro do Mundo

    Postado em 11 jul 2014

     

    por :        Ele

    Ele

     

    O que mais surpreende na notícia de que Joaquim Barbosa quer garantir o emprego de 46 pessoas de seu gabinete não é o fato em si.

    Todo mundo, quando se aposenta, se esforça para que seus subordinados sobrevivam.

    O que realmente chama a atenção é o número de funcionários de JB: 46. É um pequeno exército.

    O que tanta gente faz?

    Conhecida a baixa produtividade da Justiça brasileira, eis um mistério.

    Quantos funcionários terá cada juiz do Supremo? Se não a quase meia centena do presidente, quantos?

    Qual o exemplo que o STF dá à sociedade de uso do dinheiro público? Quem fiscaliza?

    Curiosa a mídia: entre tantos perfis endeusadores de Joaquim Barbosa, jamais trouxe à luz a informação do batalhão de funcionários sob suas ordens.

    Suponhamos que ele tenha herdado todos. Num mundo menos imperfeito, ele teria realizado um ajuste exemplar, e feito disso um caso de ganho de eficiência num Judiciário tão carente de modernização.

    Compare o STF com seu equivalente sueco. Você pode fazer isso caso leia um livro chamado “Um País sem Excelências e Mordomias”, da jornalista brasileira Claudia Wallin, radicada na Suécia.

    Recomendo fortemente.

    Claudia entrevistou Goran Lambertz, presidente da Suprema Corte sueca. “Como todos os juízes e desembargadores da Suécia, Lambertz não tem direito a carro oficial com motorista nem secretária particular”, escreve Claudia. “Sem auxílio moradia, todos pagam do próprio bolso por seus custos de moradia.”

    Para ver quanto é diferente a realidade brasileira, no final do ano passado foram comprados carros de 130 mil reais para que os juízes do Supremo façam seus deslocamentos por Brasília.

    Lambertz mora numa cidadezinha a 70 quilômetros de Estocolmo. Vai todos os dias da semana para a capital da seguinte maneira: pega sua bicicleta e pedala até a estação de trem.

    Ele tem um pequeno escritório, e não tem secretária e nem assistentes. “Luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral e antiético”, disse ele a Claudia.

    Uma equipe de 30 jovens profissionais da área de direito ajuda os 16 juízes da Suprema Corte. Fora isso, são mais 15 assistentes administrativos que ajudam todos os magistrados.

    Isso quer dizer o seguinte: 45 pessoas trabalham para todos os integrantes da Suprema Corte da Suécia. Repito: todos. É menos do que os funcionários de Joaquim Barbosa sozinho.

    Refeições, Lambertz mesmo paga. “Não almoço com o dinheiro do contribuinte.” Algum juiz do STF poderia dizer o mesmo?

    A transparência na Suécia é torrencial. “Qualquer cidadão pode vir aqui e checar as contas dos tribunais e os ganhos dos juízes”, diz Lambertz.

    “Autos judiciais e processos em andamento são abertos ao público. As despesas dos juízes também podem ser verificadas, embora neste aspecto não exista muita coisa para checar. Juizes usam bem pouco dinheiro público e não possuem benefícios como verba de representação. Os juízes suecos recebem seus salários e isso é o que eles custam ao Estado.”

    Os gastos dos juízes são fiscalizados fora do sistema judiciário. “Se você é um juiz, certamente tem o dever de ser honesto e promover a honestidade, além de estar preparado para ser fiscalizado todo o tempo”, diz Lambertz.

    Como um cidadão sueco reagiria à informação de que o presidente da mais alta corte do país gastou o equivalente a 90 mil reais para, como fez Barbosa, reformar banheiros do apartamento funcional?

    É uma situação impensável — até porque juiz sueco paga sua própria casa, como qualquer pessoa.

    Claudia perguntou a Lambertz como que o Brasil poderia avançar no mesmo rumo da Justiça sueca. Lambertz falou em “líderes que dêem bons exemplos, líderes que mostrem que não estão em busca de luxo para si”.

    Joaquim Barbosa foi proclamado pela Veja, num instante de euforia delirante, “o menino pobre que mudou o Brasil”.

    Mas ele cabe na descrição de líder transformador feita por Lambertz? Que um juiz sueco diria de uma equipe de 46 funcionários para um único homem?

    Começa uma nova etapa no STF sem Barbosa.

    Que comece ali uma reforma de mentalidades ao fim da qual tenhamos uma Justiça ao menos um pouco mais parecida do que a comandada por Garen Lambertz.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-batalhao-de-funcionarios-de-joaquim-barbosa/

     

  2. São Paulo começa a usar suas últimas reservas de água

    São Paulo começa a usar suas últimas reservas de água

    Enquanto o Estado garante as reservas até março de 2015, a Agência Nacional de Águas reduz o otimismo para até novembro

    São Paulo 11 JUL 2014 – 19:47 BRT

    O Sistema Cantareira, nesta sexta-feira. / Jorge Araújo (Folhapress)

    A reserva de água do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 14 milhões de pessoas na Grande São Paulo e em 62 cidades do interior do Estado, depende mais do que nunca da temporada de chuvas que começa em outubro. E de muita chuva.

    O nível de água útil do principal reservatório do Estado chegou nesta quinta-feira a zero, pela primeira vez desde que foi criado em 1974. Resta apenas a reserva da reserva, 400 milhões de metros cúbicos que ficam no fundo da represa, abaixo do nível de captação das comportas e que acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados. O denominado volume morto, cuja qualidade é considerada boa segundo as autoridades, nunca tinha sido utilizado para abastecer a população até que em maio se tornou um recurso. Hoje, o único. O plano, se não começar a chover intensamente, pode funcionar até novembro, segundo a Agência Nacional de Águas. Já a Sabesp, empresa estadual que fornece água para 364 cidades de São Paulo, muito mais otimista, acredita que há recursos até março do ano que vem.

    No interior do Estado a situação é descrita como alarmante. “Em Campinas, e em outros 75 municípios, não temos outros reservatórios que garantam nosso consumo. Se o sistema da Cantareira deixar de oferecer esses 3 ou 4 metros cúbicos por segundo que necessitamos, nós não temos um sistema alternativo de abastecimento”, afirma Francisco Lahóz, secretário executivo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), um dos gestores do sistema Cantareira. “Se o volume morto secar, não temos outro plano”. Para Lahóz, orgulhoso da capacidade de reutilização dos recursos da região -o corpo de bombeiros usa a água tratada das estações de esgoto- é necessário que as autoridades sejam claras para abordar o problema. “Está faltando que o governo municipal e estadual comuniquem à comunidade a realidade, para que o cidadão possa reduzir o consumo. Sem isso, não vai ter programa que funcione”.

    Para os cerca de um milhão de moradores de Guarulhos, junto com os de Diadema, São Caetano do Sul, Valinhos, Vinhedo e Itú, o racionamento de água fez com que, em fevereiro, se conscietizassem à força com a realidade. A torneira de Elias Lopes do Santos, taxista de 52 anos e vizinho de Guarulhos, só oferece água dia sim dia não. “Eu que moro apenas com minha mulher, tenho minha própria reserva de 1.000 litros e sempre fui responsável nesse quesito não sofro tanto, mas as famílias maiores estão tendo grandes dificuldades para lidiar com o rodízio de água”, explica. “Eu estou aborrecido. Nao houve investimento pelo Governo do Estado para a construção de um novo reservatório, mas também nunca fizeram nada para o tratamento efetivo da água. Eu sinto vergonha toda vez que passo pelo rio Tietê e o rio Pinheiros”, lamenta.

    Alguns especialistas concordam com o fato de que não foi apenas a falta de chuva deste verão -50% abaixo do normal- e as altas temperaturas que levaram o Estado a atual crise de abastecimento. “Nosso sistema está completamente desfasado no tempo. Há 30 anos que temos os mesmos mananciais porque nenhum governo investiu para ampliar o sistema, enquanto a cidade crescia, chegando a mais de dez milhões de pessoas”, lamenta Julio Cesar Cerqueira, engenheiro civil e membro do Conselho de Meio Ambiente da Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp).

    O Governo do Estado de São Paulo é, há 20 anos, administrado pelo PSDB, partido do atual governador Geraldo Alckimn. Para Cerqueira, a situação chegou até este limite porque o Governo de Alckmin, que aspira à reeleição em 4 de outubro, “continuou distribuindo água como se não houvesse seca”. Uma eventual crise do abastecimento de água no Estado, às vésperas das eleições, poderia prejudicar seus planos políticos.

    O Governo do Estado não adotou o racionamento de água, porque seria uma “media cruel” segundo a Sabesp, e se recusou punir os excessos de consumo. O que fez foi criar um bônus que premia com 30% de desconto na fatura mensal os clientes que conseguirem baixar 20% de seu consumo de água. Uma medida que é um sucesso para o órgão, dado que mais da metade dos usuários conseguiu fazer essa redução, mas insuficiente para alguns.

    “A Grande São Paulo precisa reduzir seu consumo em 50%. Se for assim poderíamos nos manter por vários meses em um estado de tranquilidade”, afirma Lahóz do consórcio PCJ.

    Hoje, as previsões meteorológicas são recebidas com inquietude. Enquanto a Sabesp afirma que meteorologistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já preveem que o volume de precipitação da próxima estação chuvosa será igual ou maior do que a médias dos anos anteriores, devido ao fenômeno El Niño, o Instituto Nacional de Meteorologia lamenta não poder oferecer uma previsão. “Não temos como saber se o ciclo de pouca chuva que vivemos no verão vai continuar”, afirma Helena Turon Balbino, meteorologista do instituto.

    Elias Lopes, o taxista de Guarulhos, tem sua própria predição. “A natureza castigou os governantes”.

    Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/07/12/politica/1405118846_615902.html

     

     

     

  3. STF desmente a Folha quanto a Joaquim Barbosa

    A respeito de matéria publicada na data de hoje (11) pelo jornal Folha de S.Paulo, que alega tentativa de “manobra” por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal para manutenção de servidores após sua aposentadoria, esclarecemos que o conteúdo divulgado não reflete a realidade.

    Seguindo estritamente normas internas da Corte que regem o processo de transição, o ministro Joaquim Barbosa encaminhou ofício ao vice-presidente do STF com a lista de servidores que devem retornar ao seu antigo gabinete, assim que se der sua saída definitiva do Tribunal.

    O ofício está amparado na Resolução 405, de agosto de 2009, que dispõe o seguinte no artigo 7º-A: “o Presidente do Tribunal indicará ao Presidente eleito, em até cinco dias úteis anteriores à posse de seu sucessor, a relação dos servidores que deverão retornar ao Gabinete, com detalhamento dos respectivos cargos em comissão e funções comissionadas, sem prejuízo do disposto no art. 111 do Regulamento da Secretaria”.

    A redação do artigo 111 do Regulamento da Secretaria determina que o prazo máximo de permanência desses servidores no gabinete do ministro aposentado será de 120 dias, conforme segue: “Art. 111. Sem prejuízo de livre exoneração, a qualquer tempo, o Assessor de Ministro será tido como exonerado cento e vinte dias depois do afastamento definitivo, por qualquer motivo, do Ministro que o houver indicado ou junto ao qual servir, ou na véspera da posse do Ministro nomeado para a vaga, se precedentemente realizada”.

    Ressalta-se que nenhuma das normas internas que regem o processo de transição foi instituída pelo presidente Joaquim Barbosa, portanto, é errôneo concluir que houve tentativa de “manobra” para que alguns servidores de seu gabinete sejam beneficiados. Essa tradição, incorporada nas normas supracitadas, já foi aplicada por outros ministros que deixaram o Supremo. 

    Esclarecemos também que o atual chefe de gabinete do ministro Joaquim Barbosa é funcionário de carreira diplomática e será exonerado, a pedido, no mesmo dia em que a aposentadoria do presidente for publicada.

    Todas essas informações e normativos foram encaminhados à jornalista que assina a matéria. Para que não pairem dúvidas acerca do que foi respondido, vão abaixo as perguntas do jornal com as respostas dadas pelo Supremo, e cópia do ofício encaminhado ao vice-presidente do Tribunal.

    Respostas ao jornal Folha de S.Paulo

    1- “Por qual motivo o ministro Joaquim Barbosa não montou uma comissão de transição da presidência do STF em maio, quando decidiu se aposentar?”

    A transição da Presidência do Supremo Tribunal Federal é regulamentada pela Resolução nº 405, de 12 de agosto de 2009, alterada pelas Resoluções nº 495, de 04 de outubro de 2012 e nº 530, de 1º de julho de 2014.
    Nos termos do art. 4º da referida Resolução 405/2009, “É facultado ao Presidente eleito indicar formalmente equipe de transição com respectivo coordenador, que terá acesso aos dados e informações referentes à gestão em curso”.
    Cabe informar que não houve eleição para o cargo de Presidente porque a vacância do cargo ainda não ocorreu. Por outro lado, note-se que a indicação de comissão de transição é uma iniciativa a ser tomada pelo Presidente eleito e não pelo Presidente em exercício.
    Portanto, não cabe ao atual Presidente do Tribunal formar a equipe de transição para a próxima Presidência.
     
    2- “Por qual motivo o ministro Joaquim Barbosa pediu em um ofício encaminhado à vice-presidência do STF no dia 07/07 a manutenção de 46 servidores em gabinete de seu futuro sucessor, ainda não indicado? São cargos de comissão, função comissionada, estagiários, terceirizados, motoristas e seguranças.”

    O Ministro Presidente baseou-se nas tradições da Casa e nas normas internas de transição corporificadas no art. 7º-A da Resolução 405/2009 que diz o seguinte: “o Presidente do Tribunal indicará ao Presidente eleito, em até cinco dias úteis anteriores à posse de seu sucessor, a relação dos servidores que deverão retornar ao Gabinete, com detalhamento dos respectivos cargos em comissão e funções comissionadas, sem prejuízo do disposto no art. 111 do Regulamento da Secretaria”.
     
    3- “Por qual motivo o ministro pede que retornem ao gabinete, uma vez que o ministro pediu aposentadoria, seus principais assessores em cargos de confiança; cinco assessores e um chefe de gabinete, sem vínculo com a corte e dois cedidos ao STF?”

    O Presidente está seguindo estritamente o que mandam os termos do art. 111 do Regulamento da Secretaria, alterado em decorrência do decidido na Sessão Administrativa de 31 de outubro de 2012 (Processo Administrativo 350.530), em votação unânime.
    A nova redação dada ao texto diz que os assessores de Ministro serão exonerados 120 dias após o afastamento definitivo, por qualquer motivo, do Ministro que os indicou ou na véspera da posse do Ministro nomeado para a vaga, se acontecer antes dos 120 dias: “Art. 111. Sem prejuízo de livre exoneração, a qualquer tempo, o Assessor de Ministro será tido como exonerado cento e vinte dias depois do afastamento definitivo, por qualquer motivo, do Ministro que o houver indicado ou junto ao qual servir, ou na véspera da posse do Ministro nomeado para a vaga, se precedentemente realizada”.
    As normas internas supramencionadas foram instituídas com o propósito de preservar os valorosos recursos humanos do tribunal e a inegável expertise adquirida por servidores que, não raro ao longo de inúmeros anos, ocupam cargos técnicos cruciais para o bom funcionamento dos gabinetes dos ministros. Visam também a conferir a funcionalidade mínima desejável ao gabinete do ministro que ingressará no tribunal em substituição ao ministro que sai. Dar a integrantes do atual corpo técnico do tribunal tratamento diferente do previsto nas normas internas atualmente em vigor é algo que destoa das tradições do Supremo, além de caracterizar comportamento manifestamente discriminatório e persecutório.

    Encaminhamos no anexo, para consulta, a íntegra da Ata da Sessão Administrativa de 31 outubro de 2012, bem como do Ato Regulamentar nº 16, de 12 de novembro de 2012, que contém a redação do mencionado art. 111 do Regulamento da Secretaria. Segue ainda o texto completo da Resolução nº 405, de 12 de agosto de 2009, mencionada nas duas primeiras respostas.

    4- “O ministro Joaquim disse a Lewandowski que pretende levar o ofício na primeira sessão administrativa assim que voltar o ano judiciário. Por qual motivo?”

    O Presidente Joaquim Barbosa não fará qualquer comentário sobre o teor da conversa confidencial que manteve na última segunda-feira com o atual Vice-Presidente do STF.

    – Resolução 405/2009
    – Ata da 9ª Sessão Administrativa, de 31/10/2012
    – Ato Regulamentar 16/2012
    – Ofício nº 200 – Presidência do STF

    http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=270782

  4. STJ suspende processo que

    STJ suspende processo que apura denúncias no Metrô paulista

    A tramitação do processo que apura denúncias de envolvimento de executivos e empresas em formação de cartel e de fraudes em licitação da Companhia do Metropolitano (Metrô) de São Paulo vai demorar um pouco mais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu, por decisão monocrática do ministro Rogério Schiett, a tramitação de mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para que sejam recebidas denúncias contra 30 executivos e 12 empresas. Com essa decisão, o mandado de segurança só será analisado depois do julgamento de um pedido de habeas corpus impetrado por um dos denunciados, o executivo Albert Fernando Blum, da Daimler Chrysler.

    A decisão foi tomada no final de junho pelo ministro, mas só foi divulgada agora pelo tribunal, após a publicação no Diário da Justiça Eletrônico. A confusão sobre o julgamento do caso teve início em 31 de março passado, quando o juízo de primeiro grau reconheceu a prescrição dos delitos e extinguiu a punibilidade dos denunciados, rejeitando a denúncia.

    Inconformado, o Ministério Público interpôs um recurso ao Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo pedindo que o caso não fosse considerado prescrito e entrou com o referido mandado de segurança solicitando o imediato recebimento da denúncia, para que tal prescrição não acontecesse de fato – uma vez que os fatos mencionados no metrô aconteceram entre os anos de 1999 e 2010.

    Foi após esse pedido que o TJ concedeu parcialmente o mandado para receber a denúncia e determinar o prosseguimento da ação penal. Como o tribunal também determinou que os acusados oferecessem resposta à acusação e contra-razões ao recurso do Ministério Público, Albert Fernando Blum entrou com o pedido de habeas corpus no STJ.

    Incompatibilidade

    O executivo argumentou no seu pedido que não é possível o uso do instrumento jurídico de mandado de segurança para substituir um recurso. Alegou, ainda, que a tramitação ao mesmo tempo da ação penal e do recurso traria “incompatibilidade lógico-jurídica”, motivo pelo qual pediu a suspensão da decisão do TJ.

    O ministro Rogério Schietti, que atendeu ao pedido do executivo, defendeu o entendimento de que o MP fez pedidos idênticos nos dois instrumentos jurídicos (mandado de segurança e habeas corpus) com a intenção de utilizar o mandado de segurança para atribuir efeito suspensivo ao recurso contra o reconhecimento da prescrição. “A jurisprudência desta corte é firme no sentido de que não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a determinado recurso que não o possui”, afirmou, em seu voto.

    Com a suspensão do recebimento da denúncia, foram beneficiados não somente o autor da ação como também demais executivos e empresas denunciados no caso. De acordo com informações do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), do MP-SP, o prejuízo causado aos cofres públicos com a celebração de cinco contratos entre os anos de 1999 e 2010 gira em torno de R$ 850 milhões (30% do montante dos contratos).

    Vários crimes

    No processo que apura irregularidades contra o metrô paulista estão sendo apurados os crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. As investigações indicam que as empresas que concorriam nas licitações do transporte público paulista combinavam os preços, formando um cartel para elevar os valores cobrados, com a anuência de agentes públicos. Em novembro do ano passado, atendendo a uma solicitação da Polícia Federal, a Justiça Federal determinou o bloqueio de cerca de R$ 60 milhões em bens de suspeitos de participar no esquema, como forma de garantir o ressarcimento dos valores desviados.

    Foram afetadas, no total, três empresas e cinco suspeitos, incluindo três ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A solicitação foi feita após a Polícia Federal tomar conhecimento de que autoridades suíças, que também investigam as suspeitas de corrupção, encaminharam um pedido de cooperação internacional ao Brasil. A combinação de preços entre as empresas que participaram de licitações para obras, fornecimento de carros e manutenção de trens e do metrô também é alvo de investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual.

    http://www.sul21.com.br/jornal/stj-suspende-processo-que-apura-denuncias-no-metro-paulista/

  5. ESPIONAGEM ENTRE ALIADOS

    A Alemanha exige a saída do chefe do serviço de espionagem dos EUA

    Merkel reage ante a descoberta de outro agente duplo que trabalhava para Washington

    Berlim 10 JUL 2014 – 15:33 BRT

    O escândalo de espionagem que aumenta cada dia mais a distância entre Washington e Berlim fez sua primeira vítima. O Governo de Angela Merkel exigiu nesta quinta-feira que o chefe dos serviços de espionagem na Alemanha saia do país. É apenas um gesto, mas um gesto cheio de significado, que deixa entrever a fenomenal irritação presente em todos os escalões da classe política e judiciária alemã: de ministros a deputados, passando pelo Ministério Público, o presidente da República Joachim Gauck e a chanceler Merkel.

    Depois de virem à tona, em menos de uma semana, os casos de dois alemães – um agente do serviço secreto e um militar – que vendiam informações para os Estados Unidos, Merkel se via cada vez mais pressionada a agir. E agiu. O encarregado de anunciar o pedido de saída do responsável pelo serviço secreto dos EUA foi o deputado democrata-cristão Clemens Binninger. A Alemanha toma esta decisão “em resposta ao longo período no qual a colaboração para pedir explicações não funcionou”, disse Binninger, presidente da comissão parlamentar que investiga as escutas norte-americanas.

    mais informações

    A captura de um agente duplo estremece as relações entre Berlim e WashingtonA Alemanha descobre um segundo suposto espião a serviço dos EUAA espionagem de aliados abre uma brecha entre Obama e seus serviços secretosA Alemanha dispensa uma empresa de telefonia dos EUA após a espionagem

    Pouco depois, o porta-voz de Merkel confirmava o pedido para o representante norte-americano deixar o território alemão, uma medida insólita nos últimos 15 anos. A própria chefe de Governo, que no dia anterior não se pronunciara sobre o novo caso de espionagem descoberto pelo Ministério Público Federal, criticou as práticas dos norte-americanos por considerá-las, em última instância, um “desperdício de energia”. “Durante a Guerra Fria poderia ser normal desconfiarem uns dos outros. Mas estamos no século XXI. […] Temos muitos problemas, devemos nos concentrar nas coisas importantes”, disse Merkel.

    Com esse passo, Merkel consegue acalmar momentaneamente a indignação demonstrada nos últimos dias tanto por importantes ministros quanto, em maior grau, pelos líderes da oposição e pelos meios de comunicação. Os porta-vozes governamentais passaram uma semana se aferrando à necessidade de conhecer os resultados da investigação judicial antes de tomar quaisquer medidas. Mas essa estratégia de ganhar tempo já parecia inviável na quarta-feira, quando surgiu um novo espião. Fontes militares asseguraram então que esse segundo caso era muito mais importante que o agente duplo descoberto na semana passada.

    O centro das atenções se deslocou nos últimos dias para Merkel, a única pessoa capaz de tomar uma decisão que demonstre seu descontentamento aos norte-americanos. “Já chega”, titula o Die Zeit, um dos órgãos da intelectualidade alemã, em sua capa. “Queridos norte-americanos, como podem ser tão idiotas a ponto de recrutarem um funcionário do serviço secreto alemão como agente duplo e se deixarem flagrar? Já não lhes bastou o aborrecimento pela informação vazada por Snowden? Para vocês é totalmente indiferente que o antiamericanismo se estenda à Alemanha, que haja aqui algo fundamental que pode se romper?”, pergunta-se o jornal no seu artigo de capa desta semana.

    O uso de termos tão grosseiros nos últimos dias não se limitou à imprensa e à oposição. Um homem próximo da chanceler Merkel, o ministro da Economia, o democrata-cristão Wolfgang Schäuble, espraiou-se em declarações ao canal Phoenix. O homem que foi ministro do Interior sob as ordens de Helmut Kohl começou recordando que, graças à cooperação entre os serviços secretos dos dois países, a Alemanha havia conseguido fazer frente a numerosas ameaças terroristas. Isso não significa, entretanto, que os norte-americanos “devam sair recrutando gente de terceira categoria entre nós. É tão estúpido que dá vontade de chorar”, concluiu.

    Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/07/10/internacional/1404999636_670263.html

     

     

  6. O fim da Fifa

    O fim da Fifa

    Países como Itália, Inglaterra e Espanha já perderam todos os pudores e incluem, ou estão prestes a considerar, as receitas produzidas pela prostituição, tráfico, ações mafiosas e contrabando no seu Produto Interno Bruto. No Reino Unido, estima-se que o total do dinheiro marginal signifique um crescimento de 37 bilhões de reais no PIB. Imagine se fosse aqui para usar apenas um verbo tão a gosto do complexo de vira-latas de grande parte de nossa mídia e iludidos formadores de opinião.

    Mas nem ingleses, italianos e espanhóis têm primazia neste esdrúxulo procedimento. Mesmo sem contabilizar oficialmente as receitas criminosas no seu PIB, de alguma forma é a Suíça, no continente europeu, a primeira nação onde o dinheiro escuso flui como moeda obtida dentro da legalidade. Além de  parte de seus bancos historicamente cobrirem de sigilo contas bancárias de originadas no submundo, está em Zurique a sede da Federação Internacional de Futebol.

    A Copa do Mundo no Brasil serviu para mostrar que  o país tem capacidade de realizar grandes eventos e promover uma alegre e organizada Babel dos tempos modernos ao receber com carinho e conforto nas ruas, aeroportos e hotéis milhares e milhares de estrangeiros.

    Mas o evento contribuiu para muito mais do que a demonstração ao mundo de uma admirável festa esportiva. Foi aqui, depois de quatro Copas, que a polícia do Rio de Janeiro e o Ministério Público desfecharam um golpe duríssimo na quadrilha internacional que vendia ingressos desviados da própria Fifa. Fato que, por si só, escancara a competência de agentes policiais brasileiros e que deve agora transferir o sentimento de viralatice para as forças de segurança da França, Coréia/Japão, Alemanha e África do Sul, sedes dos últimos mundiais, onde a bandalheira também correu mais solta do que a bola.

    A polícia do Rio pilhou o bando e levou às cordas os maiorais da Fifa, entre eles seu presidente Sepp Blatter. Afinal é um homem chamado Phillippe um dos mentores de todo o esquema fraudulento, como diz o especializado jornalista inglês Andrew Jennings. E quem é Phillippe? Simplesmente sobrinho de Blatter e sócio da empresa Match, vendedora exclusiva de todos os três milhões de ingressos no Brasil.

    As ligações entre a Fifa e a Match são tão intestinas que esta última, recentemente, recebeu da instituição dirigida por Blatter um empréstimo de 10 milhões de dólares para dar andamento ao processo de negociação dos ingressos. E quanto de juros a Fifa cobrou? Zero, isso mesmo, zero. E qual era a data do pagamento destes 10 milhões? Janeiro de 2015, quando o butim estivesse encerrado.

    Blatter mostra indignação. Quem acredita nela é capaz de acreditar em tudo. Ele é o manda-chuva da entidade que preside, desde 2001, mas já dava as cartas em 1998, como secretário-geral.

    A Copa chega ao seu final com todos os méritos para o Brasil fora de campo e humilhação no gramado. Exatamente de maneira inversa das apostas feitas pela imprensa: sucesso em campo e fracasso fora dele. Mas o grande legado que o Brasil deixa ao mundo em especial a americanos e ingleses, que jamais nutriram confiança em Blatter e seus malfeitores, é o desbaratamento desta quadrilha que expõe a todos os continentes que o chamado padrão Fifa não passa de um miasma. E como fede.

    http://www.jb.com.br/opiniao/noticias/2014/07/11/o-fim-da-fifa/

  7. Vou falar com o Piloto!A

    Vou falar com o Piloto!

    A repugnante elite dos aeroportos (e dos estádios e tudo mais…)

    Por: Rosana Pinheiro

    Voltar ao Brasil para mim é sempre um pesadelo logístico. E acreditem, não porque eu tenho medo danado de avião, mas porque tenho que aguentar o comportamento de meus compatriotas nas filas de embarque.

    Quem tem que viajar seguido, especialmente passando pelos aeroportos dos Estados Unidos e da Europa, tem uma bela amostra do pior espírito da pior classe média brasileira. Aquela mesma que manda a Presidenta tomar no cu, que chama rolezinho de arrastão e que acha que pobre negro tem mesmo é que ser espancado e amarrado em poste. Como bem descreveu Marilena Chauí, a classe média violenta, ignorante, fascista e arrogante.
    Antes de prosseguir, apenas um lembrete a alguns leitores. Meu espelho me diz que eu sou branca e de classe média. Eu me refiro a um tipo bem específico, mas que infelizmente representa uma grande parte da população brasileira.

    Refiro-me àquele grupo que vive pelo consumo e, por ser um consumidor, acredita estender sua lógica da comoditização ao campo da vida coletiva, sendo um ser detentor de direitos e privilégios individuais. Acima do bem e do mal, é claro. Esse ser “cordial” já foi demasiadamente explorado pela sociologia e antropologia: de Sérgio Buarque de Holanda à Roberto da Matta: personalista, patrimonialista, e todos os piores ISMOS que formam uma espécie única burguesa que, no senso estrito do termo, não é burguesa nem liberal, mas algo que mistura uma elite emergente com uma aristocracia falida. Também conhecida como, gente DIFERENCIADA. Algo que só pode acontecer em um país cuja burguesia não fez ainda a revolução burguesa, e é ainda dominado no congresso por uma bancada ruralista. Entre outras coisas bizarras advindas de um passado recente calcado na ditadura, na violência e na tortura, mas todos aplaudiam (e continuam aplaudindo) a seleção brasileira com lágrima nos olhos.

    ***
    Aeroporto do Heathrow, Londres
    Normas internacionais estabelecem padrões de tamanho e peso de mala de mão. Chega uma família com malas enormes e a senhora do check-in gentilmente explica que ela não pode embarcar com aquele tamanho todo. Ela explica que existe uma taxa a ser paga para despachar o excesso. A passageira explica que já gastou todo o limite de seu cartão de crédito e que não pode pagar. A funcionária diz, então, que ela terá que deixar as coisas de lado. Começa a lamentação: isso é um absurdo! A funcionária mantém-se calma, dizendo sinto muito, senhora. Depois, vieram os gritos: eu vou para a justiça, neste país as coisas se resolvem na justiça. Não é como no Brasil! Vou recuperar tudo na justiça, todos os meus perfumes. E ela tirava fotos das malas tamanho super plus dizendo que era uma prova para a justiça. Apontava para a minha mala de mão e dizia que a minha era maior (sim, porque não basta ser ignorante, tem que ser igualmente filha da puta). Eu, calmamente, tirei os fones do ouvido e disse: minha senhora, a minha mala de mão atende a padrões internacionais permitidos, e voltei a ouvir música. Muitos outros passageiros se comoveram com o assassinato dos perfumes e começaram a gritar: é um absurdo!  Aos berros e cercando a funcionária, eles massacraram-na.

    Aeroporto de Lisboa. Conexão.
    Um voo para Brasília atrasa. Começa a gritaria e aquela cena típica, na qual cada um grita para um lado, todo mundo quer ser ouvido, mas ninguém ouve o que o outro tem a dizer. Pessoas bem vestidas novamente cercam a funcionária que está apenas comunicando que o voo atrasou.

    – Isso é um A-B-S-U-R-D-O! (como aquela fúria da coxinha de ossobuco…)

    – Se fosse no Brasil, a gente entenderia, porque lá nada funciona. Mas na Europa?

    – Moça, eu tenho um compromisso imperdível. E vou processar a companhia. Nunca mais voo por esta empresa!

    A fila se desorganiza e todo mundo fala ao mesmo tempo com a funcionária. Ninguém age coletivamente, as pessoas apenas começam a dizer que o seu compromisso no Brasil é mais importante do que qualquer outra coisa. Os estrangeiros e os outros brasileiros que não pertencem à elite-coxa ficavam bravos, balançavam a cabeça, mas pareciam entender que era preciso, simplesmente, esperar. Não adiantava dizer que é amigo do rei, porque o avião não chegaria mais cedo por causa disso.

    Entro na fila do voo para Porto Alegre e observo meus conterrâneos. Entramos todos numa salinha após o embarque. Quando a elite-coxa viu que entraríamos em um ônibus, e não direto na aeronave, começou mais uma gritaria desorganizada: e não é nem no Brasil! Pessoas visivelmente nervosas falavam sozinhas e faziam seus pequenos protestos anti-Brasil (ainda que o problema acontecesse em Portugal). É por isso que eu vou torcer contra o Brasil hoje, disse uma mulher. Ela continuava: não pode ganhar! Essa gente do bolsa família, cega, ignorante vai se encachaçar e esquecer dos problemas do Brasil. Ela vê um grupo de jovens ao meu lado e nos dirige a palavra de forma soberana: São vocês, jovens, que precisam mudar isso, vocês têm que ir para rua.

    Já no ônibus que levava à aeronave, essa senhora teve a brilhante ideia de continuar a protestar no busão e começou a gritar “NÓS ESTAMOS INDO PARA UMA DITADURA COMUNISTA E NINGUÉM ESTÁ VENDO. NINGUÉM ESTÁ VENDO”. As sardinhas espremidas se identificaram e, então, cada um falava por si: é verdade, é verdade. Enquanto isso, eu pensava que não demoraria mais do que 40 segundos para eu sair correndo daquele veículo.
    A mulher continuou: eu ia para as ruas para lutar contra a ditadura e agora são vocês que têm que ir, porque hoje é pior que a ditadura. É tudo pro pobre! (Eu: poxa deve ser por isso que o pobre não está viajando para a Europa e você está, porque realmente é muito difícil a vida da classe média). As pessoas começaram a falar, como de costume, cada um para um lado

    Que se foda a seleção. Esse país é uma merda

    Se eu pudesse eu não morava no Brasil.
    Nem eu!
    Nem eu!
    Nem eu!
    (Eu: Boa ideia! Isso! Vão embora, mas não voltem!)

    Finalmente, a lata de sardinha se abriu e todo mundo começa a correr e a se atropelar para entrar na escada do avião. Um pisa por cima do outro, como se os assentos não fossem marcados. Afinal, trata-se de gente muito phyna.

    Meu lugar é o último da fileira de um compartimento do avião. Do meu lado, senta um casal, que reclamou que seus assentos reclinavam menos que os dos outros. O avião estava lotado. Chamam a comissária, e eu: não! chega por hoje! O marido disse: Meu assento blá blá blá e isso e aquilo. E a funcionária gentilmente explica que era apenas impressão, pois o assento reclinava igual aos outros. Daí o passageiro super-prejudicado larga a máxima: Eu vou reclamar com o piloto! Nesse momento, eu pensei que era uma pena eu não ter um Boa Noite Cinderela para aguentar as próximas 12 horas. E o diabo ainda roncava como um porco. Mas isso é outra história.

    Aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre. 05 de julho de 2014 – precisamente às 18p5min.

    Todos perguntam quanto está o jogo do Brasil enquanto aguardam as (muitas) malas. O jogo acaba. O Brasil venceu. Todos começaram a aplaudir, assobiar e a se abraçar. Todos, inclusive a galera da sardinha.

    Brasil, ame-o, odeie-o e (finja que) deixe-o.

    Fonte: Rosana Pinheiro

    geledes.org.br

  8. Onde estão os negros?

     

    The Guardian fala sobre racismo no Brasil da Copa

     

     

     

    http://www.pragmatismopolitico.com.br

    Onde estão os negros? Texto do The Guardian fala sobre racismo na Copa 2014 com análise da torcida brasileira nos estádios

    estádio copa elite 2014

    E e alguém te dissesse que o Brasil está longe de ser um país multiétnico? – e que a Copa do Mundo evidencia isto de uma maneira muito simples?

    Em um texto publicado na última terça-feira no jornal inglês The Guardian o repórter Felipe Araújo faz uma reflexão sobre a torcida brasileira na Copa do Mundo: “Cobrindo a Copa do Mundo como jornalista me encontrei participando de um jogo similar ao ‘Onde Está Wally?’, o problema é que a pergunta agora era mais séria: onde estão todos os negros? Passei por cinco cidades-sede até o momento e em todas elas a pergunta para a resposta estava distante de ser respondida – eu até perdi lances de gol enquanto procurava por negros nas torcidas”.

    Veja também: O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado

    No texto, Felipe chega a algumas conclusões que são, infelizmente, ao mesmo tempo óbvias e estarrecedoras: “A maioria dos negros no Brasil são pobres. Diferente da África do Sul e dos Estados Unidos, não há uma classe média negra e, talvez ainda mais importante, não há uma classe política negra. Um ingresso para a Copa do Mundo tem seu preço fixado entre R$180 e R$1800, mas em um país onde o salário mínimo custa pouco mais de R$680 por mês, um ingresso para uma partida no Maracanã está longe do alcance popular”

    Na publicação, Melo lembra que as partidas em que havia bastante negros na torcida, eram partidas que envolviam países de origem africana – como Alemanha x Gana. O repórter lembra ainda que a questão racial no Brasil sempre foi mal resolvida e que o próprio astro da Seleção Brasileira, Neymar, já afirmou não ter sido vítima de racismo, “afinal, eu não sou negro, não é?

  9. Executivo foragido é visto em Copacabana

     

     

    Executivo foragido é fotografado em ponto de ônibus em Copacabana

     

     

    Cléo Guimarães – Coluna Gente Boa (O Globo)

     

     

    Acusado de ser um dos chefes de uma quadrilha internacional de cambistas desbaratada pela polícia, o inglês Raymond Whelan, ex-diretor-executivo da Match, empresa ligada à Fifa, pode ter fugido de ônibus do Copacabana Palace. O estudante de Direito Leandro Pedrosa passava pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana na tarde de quarta-feira e fez a foto de Raymond sentado no ponto de ônibus ao lado de seu advogado, Fernando Fernandes.
    “Era por volta de quatro da tarde e o advogado gesticulava muito. O gringo prestava atenção em tudo o que ele dizia e eles pareciam estar esperando a chegada de alguém”, conta Leandro, que passava de ônibus por lá e não conseguiu ver como os dois saíram dali.

    Raymond chegou a ser preso na segunda-feira mas foi solto 12 horas depois por força de um habeas corpus. De acordo com o delegado Fábio Barucke, titular da 18ª DP (Praça da Bandeira) e responsável pelas investigações, imagens do circuito interno de segurança do hotel mostram Whelan saindo pela porta lateral usada por funcionários, que dá acesso à Rua Rodolfo Dantas, às 16p2, minutos antes da chegada da polícia. Ele estava acompanhado de seu advogado, com quem aparece na foto.

    (Foto: Leandro Pedrosa)

  10. Em comunicado, comandante de brigada israelense mistura religião

    Em comunicado, comandante de brigada israelense mistura religião e militarismo e promete ‘destruir o inimigo’

    Guila Flint | São Paulo

    Ofer Vinter, chefe da brigada de infantaria Givati, que se encontra perto de Gaza, escreveu mensagem de incentivo a soldados israelenses

    O general israelense Ofer Vinter, que comanda a brigada de infantaria Givati, reunida na fronteira da Faixa de Gaza, escreveu uma carta aos oficiais e soldados subordinados a ele que está gerando polêmica em Israel, já que mistura pregação religiosa com militarismo.

    No documento, que vazou pelas redes sociais, o general escreve aos soldados que “a História nos escolheu para ser a ponta de lança do combate contra o inimigo terrorista de Gaza que profere blasfêmias e xingamentos contra o Deus de Israel”.

    “Estamos dispostos a sacrificar nossas vidas para defender nossas famílias, nosso povo e nossa pátria”, afirma Vinter no documento, que é considerado uma espécie de carta de incentivo aos soldados antes do combate.

    Ela começa com os dizeres “com a ajuda de Deus”. “Faremos de tudo para cumprir a missão de destruir o inimigo e eliminar a ameaça que paira sobre o povo de Israel. Não voltaremos sem completar a missão, faremos tudo para que nossos homens voltem sãos e salvos e utilizaremos de todos os meios e de toda a força que for necessária”, escreveu o comendante.

    A pregação religiosa utilizada pelo general em seu comunicado aos soldados desperta a indignação de muitos cidadãos laicos em Israel, que se opõem à mistura de Religião e Estado, principalmente em uma instituição tão importante e poderosa como o Exército.

    Nas redes sociais, muitos exigem o afastamento imediato do general Winter de seu cargo.

    Operação militar

    A Operação Penhasco Sólido, ou Margem Estreita, entrou nesta sexta feira (11/07) em seu quarto dia e já deixou cerca de 100 mortos na Faixa de Gaza, 22 deles crianças, segundo fontes de saúde palestinas. O primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que ainda “não cogita” um cessar fogo.

    Divulgação/Exército de Israel

    [O general israelense Ofer Vinter, que comanda a brigada de infantaria Givati]

    De acordo com o governo israelense, o objetivo de uma invasão terrestre ao enclave palestino seria destruir o arsenal de mísseis dos grupos Hamas e Jihad Islâmico, que podem alcançar o centro do país.

    Desde o início desta nova escalada, os grupos palestinos já lançaram centenas de foguetes e mísseis contra cidades israelenses e alguns deles chegaram a atingir Tel Aviv.

    Os foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza causaram danos materiais em diversas partes do país e algumas pessoas ficaram feridas. Não houve vítimas fatais

    (*) Guila Flint cobre o Oriente Médio para a imprensa brasileira há 20 anos e é autora do livro ‘Miragem de Paz’, da editora Civilização Brasileira.

    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35989/em+comunicado+comandante+de+brigada+israelense+mistura+religiao+e+militarismo+e+promete+destruir+o+inimigo.shtml

  11. Conversa Afiada
     
    Conversa

    Conversa Afiada

     

    Conversa Afiada resolveu oferecer aos amigos navegantes o artigo de Seumas Milne, no The Guardian inglês, em 9 de julho de 2014.

    É uma singela homenagem aos colonizados que esperam do Hemisfério Norte as Tábuas da Lei:

     

    A maré se volta contra o embuste da privatização

    The Guardian

    O renascimento internacional da propriedade pública é anátema ao mundo da elite.  Mas, é vital para a recuperação genuína da Economia.

    A privatização não está funcionando. Nos prometeram democracia acionária, competição, custos reduzidos e serviços melhores.  Após uma geração, a experiência da maior parte das pessoas tem mostrado o oposto.  De energia a água, ferrovias a serviços públicos, a realidade tem sido monopólios privados, subsídios perversos, preços exorbitantes, sub-investimentos lastimáveis, exploração e aprisionamento corporativo.

    Os cartéis privados ditam as regras aos reguladores.  Consumidores e políticos são ludibriados pelo sigilo comercial e complexidade contratual.  A massa trabalhadora tem seu salário e condições de trabalho  reduzidos.  O controle de serviços essenciais passou para gigantes corporativos com base em outros países e frequentemente de propriedade do Estado.  Dessa forma, as empresas e serviços privatizados apenas passam para as mãos destes outros Estados.

    Relatórios e mais relatórios tem mostrado que serviços privatizados são mais caros e ineficientes do que a contrapartida de propriedade pública.  Não é surpresa que a maior parte das pessoas que nunca apoiaram uma única privatização, não acredite nos privatizadores e nem queiram seus serviços administrados por eles.

    Mas, independente das evidências, a caravana continua.  O governo de David Cameron (Primeiro-Ministro do Reino Unido) está dirigindo a privatização, agora, para o coração da Educação e Saúde, terceirizando o Serviço de Provação (instituto para tratamento de delinquentes jovens) e vendendo uma parte do Royal Mail (o serviço postal nacional do Reino Unido) por mais de um bilhão a menos do que o preço de mercado, com membros do próprio governo manipulando a situação para que seja antecipada.

    Nenhuma soma de falhas desastrosas e malfeitos fraudulentos parece impedir empresas como G4S, Atos e Serco de firmarem contratos que já somam 80 bilhões de libras em negócios.  Tal grupo de empresas ainda exerce enorme influência sobre Westminster e Whitehall (centro administrativo do Reino Unido)

    Pode-se pensar que isso é um prato cheio para a Oposição – e não há melhor exemplo do que o ralo de dinheiro que é o sistema ferroviário britânico privatizado, que tem sido o maior exemplo de disfunção da privatização.  Forçar mercados privados a um monopólio natural tem causado fragmentação, investimentos baixíssimos, custo anual de 1.2 bilhões de libras, as tarifas de trem mais caras da Europa, e mais do que o dobro do subsídio público necessário antes da privatização.

    A linha East Coast de propriedade pública, em contraste, tem provido serviço muito melhor e entregue 800 milhões de libras para o Tesouro público (não diferentemente da Scottish Water, também de propriedade pública).  Então, naturalmente, a aliança que governa a venderá, enquanto o partido trabalhista, o Labour agita-se para apoiar a demanda altamente popular de renacionalização.

    O deputado trabalhista Ed Balls, ministro na “sombra” da Fazenda, agora defensor da chama oscilante do New Labour (o Labour vestido com uma nova marca, que vigorou de meados dos anos 90 até o início dos anos 2 000 para reganhar a confiança do público no partido), insiste em que “propriedade pública” seria “ideológica”.  Os aproveitadores do sistema ferroviário e os barões das corporações, alarmados pelos planos de Ed Miliband – líder da Oposição trabalhista no Parlamento –  de congelar os preços da energia privatizada, concordam.  Então, o Labour está jogando com uma casa dividida, onde franquias continuam, mas o setor público tem o direito de concorrer, bem como os privatizadores, ao direito de administrar empresas e serviços.

    É um preço alto que se paga por essa confusão.  A nacionalização do sistema ferroviário tem a vantagem de não apenas ser popular, mas inteiramente livre, ao passo que cada franquia pode ser trazida de volta ao controle público à medida em que expira.  Resistir a tais circunstâncias só é possível a custa dos lobbies corporativos e ideologia de mercado.

    Mas,  a necessidade de quebrar 30 anos do dogma lastreado em dinheiro contra propriedade pública vai muito além dos trilhos.  As indústrias privatizadas não apenas falharam em servir com eficiência, valor pelo dinheiro investido, responsabilidade e trabalhos seguros.  Elas também sugaram riquezas e o estilo rentista de monopólios incumbentes  concentraram a tomada de decisão sobre Economia cada vez em menos mãos, aprofundaram a desigualdade de renda, e falharam em realizar investimentos essenciais para o crescimento sustentável.

    Numa hora em que o setor corporativo inteiro se senta sobre uma montanha de dinheiro não investido e sobre uma produtividade reduzida, a falta de um motor econômico de propriedade pública para guiar a recuperação é essencial.  No caso da Energia, o sistema privatizado está falhando em prover a mais básica meta de investimento – manter as luzes acesas.

    A alternativa de regulação mais severa, vista como a alternativa política aceitável, significa tentar fazer por controle remoto, o que é muito melhor feito diretamente e não resolverá o problema por conta própria.  A experiência tem mostrado que não se pode controlar o que não se possui.

    Como Andrew Cumber, acadêmico de Glasgow, argumenta num relatório para o think-tank Class, não é apenas através de enormes incentivos e subsídios perversos – bem como os pagos a empresas de propriedade do Governo dinamarquês e sueco para atingir objetivos  – que o Governo é capaz de persuadir monólitos privados a fazer o que o setor público poderia ter feito com custos muito mais baixos.

    A necessidade de novas formas de propriedade pública no setor bancário e de utilidades – infraestrutura em energia, transporte e comunicações – é irrefutável.   Um grupo seleto de empresas de propriedade social e democraticamente controladas poderia estabelecer o andamento dos investimentos, reconstrução e mudança para uma “economia mais verde”.

    É uma política que tem o apoio da maioria do público, mas  a  elite empresarial considera inaceitável.  Seria proibitivamente cara, eles alegam, e também um retrocesso.  Na realidade, não há necessidade de haver um custo líquido para os bolsos públicos.  Mesmo que uma compensação total a custos de mercado seja paga, seria em forma de troca de ações por títulos governamentais. Os juros sobre os títulos  teriam que ser pagos, mas poderiam ser financiados  com uma fatia do lucro dessas empresas.

    Mas, a classe governante do Reino Unido também falhou em perceber o que está acontecendo no resto do mundo.  Dos Estados Unidos e América Latina ao Oeste Europeu e ao redor do mundo, serviços públicos privatizados, utilidades e recursos tem sido trazidos de volta à propriedade pública.  Na última década, em 86 cidades, a água voltou a ser propriedade pública.  Apenas na Alemanha, mais de 100 concessionárias de energia retornaram à posse pública, desde a crise de 2007 e 2008.

    Mesmo que austeridade econômica esteja sendo usada para dar fôlego às privatizações, a maré tem começado a fluir em outra direção.  Uma nova onda em favor das propriedades públicas está tomando formas inovadoras e as vezes híbridas, superando a fraqueza que outrora assolava as indústrias nacionalizadas.

    Mas, no Reino Unido, o poder da “City” e os interesses instalados nos lucros das privatizações são um grande obstáculo a essa mudança essencial.  A pressão por uma economia genuinamente mista – algo antes considerado a tendência de bom senso – está fadada a crescer,  à medida em que os custos e fracassos do Capitalismo se acumulam.  As ferrovias podem ser apenas o primeiro passo.

    Tradução: Renata Vilani

  12. ALEMANHA X ARGENTINA RETROSPECTO

    Alemanha é freguesa da Argentina. O problema é nas Copas…Caio Brandão – 12/07/2014 – 14:22

    1986-90

    Os diferentes semblantes de Maradona após as finais de 1986 e 1990, contra a Alemanha Ocidental. Só em 1986 a Argentina venceu os alemães em Copas

    “Eles ganham os amistosos, nós os jogos competitivos”, declarou Wolfgang Niersbach, presidente da federação alemã de futebol, sobre os próximos e últimos oponentes no mundial. Provocou com razão: Argentina e Alemanha já se enfrentaram dezenove vezes, contabilizando os jogos contra a antiga Alemanha Ocidental. Foram oito vitórias argentinas, incluindo uma por 3-1 dentro de Frankfurt há dois anos, contra seis germânicas e cinco empates. Aliás, os hermanos só perderam dois dos oito encontros já disputados dentro da Alemanha. Mas a freguesia simplesmente se inverte nas Copas.

    O primeiro duelo entre os finalistas de 2014 também veio em uma Copa, em 1958. Foi o primeiro jogo deles na Copa da Suécia e marcava o retorno argentino a mundiais após 24 anos: por diferentes razões, os argentinos cometeram a furada histórica de não participarem das eliminatórias às Copas 1938, 1950 e 1954. Um retorno que começou dourado, literal e metaforicamente: o craque Omar Corbatta abriu o placar logo no início contra os detentores do título. E os sul-americanos jogaram com a camisa amarela do IFK Malmö, emprestada pelo clube da cidade para evitar confusão com a camisa alemã.

    Só que os teutônicos se impuseram no fim do primeiro tempo. Em dez minutos, aos 32 e aos 42, viraram o jogo, com Helmut Rahn (quem decretara a vitória sobre a Hungria em 1954) e Uwe Seeler, que marcou ali pela primeira vez em Copas – só ele, Pelé e Miroslav Klose marcaram em quatro mundiais. Rahn ainda faria os 3-1 no fim do segundo tempo. Foi o primeiro revés do “Desastre da Suécia”: achando-se favoritos, os argentinos caíram na primeira fase. Relatamos aqui.

    O encontro seguinte também foi em um mundial, em 1966. Em Birmingham, novamente na fase de grupos, não saíram de um 0-0, agora na segunda partida. Ambos terminaram classificados. O terceiro jogo foi em 1973, e nele veio a primeira vitória argentina. Em plena Munique, Miguel Brindisi, Norberto Alonso e Jorge Ghiso anotaram os 3-2 sobre os anfitriões (e campeões) da Copa seguinte, que descontaram com Bernhard Cullmann e Jupp Heynckes. O troco veio em 1977, quando os alemães-ocidentais venceram em Buenos Aires por 3-1. Foi a única derrota dos argentinos em casa na série de amistosos preparatórios ao mundial que sediariam.

    Em La Bombonera, Bernd Holzenbein e dois de Klaus Fischer foram os gols germânicos, com Daniel Passarella descontando. Dois anos depois, em Berlim Ocidental, Klaus Allofs e Karl-Heinz Rummenigge fizeram os gols de novo triunfo alemão, 2-1 com José Castro marcando para os argentinos. No primeiro dia do ano de 1981, no Mundialito do Uruguai, os hermanos conseguiram uma virada-relâmpago no Estádio Centenário: Horst Hrubesch abriu o marcador em Montevidéu, mas aos 39 minutos do segundo tempo Manfred Kaltz marcou contra e aos 43 minutos Ramón Díaz desempatou.

    1958-66

    Os capitães Pedro Dellacha e Hans Schäfer se cumprimentam em 1958, quando a Argentina vestiu amarelinha (!). Em 1966, Wolfgang Weber e Luis Artime no 0-0

    Em março de 1982, no Monumental de Núñez, Wolfgang Dremmler e Gabriel Calderón foram os autores do 1-1. Em 1984, em Düsselforf, José Ponce fez o jogo da sua vida, marcando dois na vitória argentina por 3-1. Outro de atuação recordada foi Ricardo Bochini: um dos maiores craques do país (leia), jamais marcou gols pela seleção e ali um chute seu desde o meio-de-campo passou perto de entrar. Já Jorge Burruchaga fez ali seu primeiro gol sobre os alemães. Dietmar Jakobs descontou.

    Em 1986, a primeira final entre eles foi talvez a mais emocionante das Copas. José Luis Brown fez seu único gol pela seleção ao abrir de cabeça o placar – atuaria com o polegar quebrado. Quando Jorge Valdano ampliou aos 11 do segundo tempo, a situação parecia definida. Mas em dez minutos, aos 19 e aos 29 do segundo tempo, a Nationalelf empatou, com os oportunistas Rummenigge e Rudi Völler. Mas três minutos depois disso, um Maradona até então bem marcado teve espaço para um sensacional passe para Burruchaga ficar cara a cara com Harald Schumacher e fazer o gol do título.

    Um ano e meio depois, em dezembro de 1987, Burruchaga novamente aprontou, marcando o único gol de amistoso no Monumental. Em abril do ano seguinte, em Berlim Ocidental, novo 1-0, dessa vez para os alemães, gol de Lothar Matthäus. E em 1990, mais um 1-0, na segunda final da Copa entre a Albicelestee a Mannschaft. Seriamente desfalcados, os argentinos (sem Claudio Caniggia, por exemplo) ainda tiveram Pedro Monzón expulso no início do segundo tempo, após uma tesoura que Jürgen Klinsmann enfeitou demais, com direito a dar uma rolada no chão após cair, erguer de bruços as pernas o mais alto que podia e rolar mais três vezes. Monzón foi o primeiro expulso em final de Copa.

    Retrancados e talvez confiando em novo heroísmo de Sergio Goycochea em eventual decisão por pênaltis, os argentinos precisaram dele mais cedo do que isso: a 5 minutos do fim, o árbitro mexicano Edgardo Codesal viu pênalti de Néstor Sensini sobre Völler. Goycochea pulou no canto certo, mas não alcançou o tiro de Andreas Brehme, que marcou ali o único gol do jogo. O próprio Brehme teria reconhecido em entrevista ao jornal espanhol El País em 2006 que a penalidade não existiu.

    Em dezembro de 1993, em uma prévia da Copa dos EUA, os últimos finalistas se enfrentaram em amistoso em Miami. Foi o primeiro jogo da Argentina contra a Alemanha (re)unificada. E os argentinos, após uma classificação complicada (veja aqui), venceram os últimos campeões por 2-1, gols de Hernán Díaz, Andreas Möller e Abel Balbo. O jogo seguinte seria só em abril de 2002, em amistoso pré-Copa. Em Stuttgart, Juan Pablo Sorín marcou o único gol, mas ironicamente na Ásia a forte seleção de Marcelo Bielsa cairia na fase de grupos enquanto os alemães em frangalhos conseguiriam ir à final. Em seguida, dois jogos em 2005, ambos terminados em 2-2 na Alemanha.

    2006-10

    Maxi Rodríguez e Philipp Lahm no duelo de 2006. Thomas Müller e o gol-relâmpago em Sergio Romero em 2010. Estarão todos novamente envolvidos logo mais

    O primeiro, um amistoso em fevereiro em Düsseldorf, teve dois gols de Hernán Crespo para os argentinos e Torsten Frings e o brasileiro Kevin Kurányi fazendo os dos anfitriões. Na fase de grupos da Copa das Confederações, em Nuremberg, Kurányi marcou de novo e outro imigrante, o ganês Gerald Asamoah (primeiro negro da seleção alemã), fez o segundo germânico. Juan Román Riquelme e Esteban Cambiasso empataram. Um ano depois, em Berlim, o bom retrospecto argentino em solo alemão parecia que seria reforçado. Roberto Ayala abriu o placar e os hermanos iam bem.

    As coisas se complicaram nos últimos 20 minutos, porém. Roberto Abbondanzieri se contundiu e uma inesperada substituição de goleiros precisou ser feita, com Leo Franco assumindo as redes. Daí, o técnico José Pekerman resolveu reforçar a defesa, trocando o meia-armador Riquelme pelo volante Cambiasso. Ainda trocou Crespo pelo inábil Julio Cruz. Chamados ao ataque, até pela necessidade, os alemães foram para cima e um minuto depois de Cruz ingressar, Klose marcou. Nos pênaltis, todos os alvinegros – Oliver Neuville, Michael Ballack, Lukas Podolski, Tim Borowski – foram acertando.

    Já do lado argentino, Cruz acertou o primeiro, Ayala teve o seu defendido por Jens Lehmann, Maxi Rodríguez converteu e Cambiasso, após perder a quarta cobrança, decretou a eliminação nas quartas-de-final de um dos mais promissores times que a Argentina já levou a uma Copa. Em 2010, novamente os finalistas de 2014 se encararam nas quartas. Sendo que em março, em plena Allianz Arena de Munique, Gonzalo Higuaín fez o único gol do amistoso. Mas, na Cidade do Cabo, os teutônicos massacraram desde cedo: Thomas Müller abriu o placar logo aos 3 minutos. Klose ampliou aos 13 do segundo tempo. Arne Friedrich matou seis minutos depois. Klose ainda fez outro, aos 44.

    O último encontro foi aquele de Frankfurt, em 15 de agosto de 2012. Sami Khedira, marcando contra, e Lionel Messi e Ángel Di María abriram 3-0. Benedikt Höwedes só diminuiu a 9 minutos do fim. Os argentinos quase todo o time-base de Alejandro Sabella no início desta Copa: Romero, Zabaleta, Federico Fernández, Garay e Rojo, Mascherano, Gago, José Sosa (a única exceção; não foi convocado), Di María, Messi e Higuaín. Entraram ainda Agüero e Campagnaro e dois não-convocados, Rodrigo Braña e Pablo Guiñazú. Por outro lado, muitos nomes derrotados ali não vieram ao Brasil: Holger Badstuber, Marcel Schmelzer, Lars Bender, Marco Reus, Marc-André ter Stegen e İlkay Gündoğan.

    Contra a antiga Alemanha Oriental, a Argentina também teve bom retrospecto geral (dois jogos e invicta) mas duvidoso em Copas: contra a pátria original de Toni Kroos, empatou na segunda fase de grupos da Copa 1974. Joachim Streich, maior artilheiro dos ossies, abriu o placar e René Houseman empatou em Gelsenkirchen, na única não-derrota dos alemães do leste naquela fase. Em 1977, na Bombonera, Houseman marcou de novo e Jorge Carrascosa fez outro na vitória hermana por 2-0.

    1974

    A Alemanha Oriental também não foi vencida em Copas: 1-1 em 1974. Os argentinos são Enrique Wolff (caído) e Rubén Ayala, ao fundo

    http://www.futebolportenho.com.br/2014/07/12/alemanha-e-freguesa-da-argentina-o-problema-e-nas-copas/

     

  13. revista da elite branca
    Denúncias

    Em banners nas bancas, Veja “chuta” Dilma e sugere que ela é pé frio

    publicado em 12 de julho de 2014 às 13:07 – VI O MUNDO

    por Luiz Carlos Azenha

    Rodrigo Vianna, um dos dois grandes jornalistas que assinam com este nome, costuma dizer que as manchetes de jornais expostas em milhares de bancas são uma forma de propaganda eleitoral. Frequentemente, aquelas manchetes acabam na propaganda eleitoral. Quantas foram feitas especificamente para aparecer na propaganda eleitoral? Não sabemos. As manchetes, afinal, permitem a um partido confirmar uma tese ou teoria de sua plataforma, endossada pela suposta isenção da imprensa. “Viu, não somos nós, são eles que estão dizendo”.

    Diante das bancas, muita gente só lê a manchete — tristemente, no Facebook do Viomundo, descobri que alguns poucos internautas também fazem o mesmo.

    No mundo jurídico, as manchetes também importam.

    Manchetes de jornal e reportagens encomendadas serviram a um certo banqueiro, por exemplo, para embasar ações na Justiça. Via imprensa, você provoca ou justifica ações de autoridades. É um conluio sobre o qual alguém, algum dia, precisa escrever um livro.

    Roseana

    Esta é uma capa clássica de Veja. Quando saiu, Roseana Sarney, do PFL, ameaçava a candidatura de José Serra ao Planalto, em 2002.

    Ela veio logo depois de a Polícia Federal apreender, no Maranhão, R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo num escritório de Jorge Murad, então marido de Roseana. O senador José Sarney atribuiu a ação a uma armação federal. Um conluio entre uma banda do Ministério Público, da PF e da imprensa. Depois da ação, o então presidente Fernando Henrique teria recebido um fax no Planalto confirmando que a ação tinha sido bem sucedida.

    Sarney denunciou o caso num discurso no Senado.

    Mas o que nos interessa, neste caso, é a capa da Veja.

    Notem a foto de Roseana encolhida, sob o título.

    Notem a denúncia contra o PFL, antigo aliado do PSDB, no topo: O partido sai do governo, mas negocia tudo nos bastidores com FHC, ou seja, traia a candidata Roseana.

    Roseana caiu 5 pontos em uma pesquisa de intenção de voto, é outra manchete, para provar a tese de que a candidata havia de fato encolhido.

    Nenhuma das 100 maiores empresas brasileiras guarda 1,3 milhão de reais no cofre, dizia mais uma, caracterizando a apreensão como algo de realmente extraordinário.

    Documentos no escritório da governadora ligam sua empresa a suspeitos de fraudes na Sudam, foi o texto de outra chamada.

    Usimar: o megaescândalo teve o dedo de Murad e a bênção de Roseana, denuncia mais uma.

    É o que a gente pode chamar de overkill.

    Não tenho dados para confirmar ou negar qualquer das denúncias. Mas, considerando que o PFL era um aliado de oito anos do PSDB, é de estranhar que tenham sido feitas justamente quando o PSDB se sentia ameaçado…

    No Observatório da Imprensa, Luiz Antonio Magalhães observou:

    Veja e Época, coincidentemente, saíram com capas vermelhas, cor utilizada por editores de arte quando querem chamar muita atenção, fazer estardalhaço. O tom dos dois semanários também é muito semelhante: enquanto Veja abre 19 páginas para a ‘candidata que encolheu’, conforme a sua capa, Época dedica 15 aos ‘segredos revelados’ — uma reportagem apresentando o conteúdo de pacotes numerados que estão em poder da Justiça e cujo teor deveria ser sigiloso. Tanto Época como Veja mostraram a seus leitores a já famosa foto do R$ 1,3 milhão em notas de R$ 50, apreendidas na busca na empresa da governadora. Os ‘outdoors’ de Veja, espalhados por quase todas as capitais do País, foram mais longe e afirmaram em letras garrafais: ‘Está sobrando dinheiro no Maranhão’.

    Ah, sim, obviamente as mesmas fotos que sairam nas revistas Veja e Época estrelaram reportagem do Jornal Nacional.

    Não é muita coincidência?

    Quanto eu era repórter da TV Globo, em São Paulo, durante a campanha eleitoral de 2006, notei a mesma coincidência: capa de Veja repercutida acriticamente no Jornal Nacional de sábado e a partir de domingo pelos grandes jornalões.

    Agora, a “campanha antecipada” de Veja foi turbinada. A Abril, editora da revista, também pendura grandes cartazes nas bancas. Por exemplo, este:

    IMG_2826

    Agora, dá pra ver bem à distância.

    O que diz? Dilma pós-Copa. Alguém arrisca um chute?

    Não é uma ideia original de Veja a de chutar alguém — Lula teria tomado um chute no traseiro, como “bobo da corte” de Hugo Chávez, “que tramou o roubo de patrimônio brasileiro na Bolívia”, por conta da justa nacionalização do gás e do petróleo promovida por Evo Morales, seguindo uma tendência internacional que vai da Noruega à Arábia Saudita:

    Lula sapatada na bunda

    A foto que acompanha a reportagem é a que Dilma postou em uma rede social na véspera do Alemanha 7 x 1 Brasil, o que me parece sugerir que a presidente é pé-frio, não sabe o que diz ou é incompetente por não prever o desastre.

    Mas, além de Dilma não figurar na zaga do Felipão, quem previu Alemanha 7 x 1?

    Aécio Neves, o candidato do PSDB, certamente não o fez. Ele foi ao Mineirão e saiu antes de o jogo terminar. Ele esperava a goleada? Uma vez confirmada, não deveria ter assistido o jogo até o fim em solidariedade aos jogadores brasileiros? Não deveria ter dado uma declaração de apoio aos atletas pós-jogo? Se alguém é pé-frio, seria Dilma longe do estádio ou Aécio nele?

    áecio no mineirão

    O curioso é que, logo depois dos 5 a 0, o estádio irrompeu no canto de “Ei, Dilma, VTNC”.

    Qual é a lógica:? A presidente jogou mal? Não comprou o resultado? Escalou o time?

    Ou será que os puxadores dos gritos estavam ensaiados para tal eventualidade?

    Durante o período dos protestos nas ruas brasileiras,  durante a Copa das Confederações, a Globo tratou de separar claramente: o governo Dilma era uma coisa, a seleção era outra. O primeiro ia fracassar na Copa, a segunda seria bem sucedida na conquista do hexa.

    Agora, claramente, o objetivo é confundir os dois. Dilma não fez os gols necessários, não serviu Neymar, não armou as jogadas, deixou um buraco no meio do campo e teve um verdadeiro apagão contra a Alemanha.

    Diante do sucesso da Copa e da tragédia antecipada que não aconteceu — nos aeroportos, nas comunicações e nos estádios –, o discurso mudou 360 graus.

    E a revista Veja, especialmente, com seus critérios “matemáticos”, tem um bom motivo para lançar uma cortina de fumaça:

    matematica

    Pode ser, também, apenas um estímulo para que os leitores de Veja, majoritários entre os brasileiros que ocuparão as arquibancadas do Maracanã, “chutem” Dilma diante de milhões de telespectadores durante a final Alemanha x Argentina

     

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