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Lourdes Nassif
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  1. Brasil gerou 1,49 milhão de empregos no ano passado

    —Expansão – O aumento do emprego formal em 2013 ocorreu em todos os setores, cujo comportamento está atrelado à dinâmica macroeconômica, que foi impulsionada pelo crescimento de 6,3% nos investimentos, 2,3% no consumo das famílias, proporcionado pelo aumento real de 2,0% da massa salarial e expansão do crédito.

    Em termos absolutos, os setores que mais se destacaram foram
    Serviços,  que gerou 558,6 mil empregos; o Comércio com geração de 284,9 mil empregos;
    a Administração Pública, com 403 mil empregos;
    a Indústria de Transformação, que gerou 144,4 mil empregos formais;
    e a Construção Civil, com geração de 60,0 mil empregos com carteira assinada.—

    Brasil gerou 1,49 milhão de empregos no ano passado, informa a RAIS 2013
    Ministério do Trabalho e Emprego—Brasília, 13/08/2014

    Ministro divulga dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) que revela crescimento do emprego em 3,14%, comparativamente ao estoque de trabalhadores formais
    O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, divulgou nesta segunda-feira (18) os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) relativo ao ano de 2013. Os dados revelam um crescimento de 3,14%  no estoque  de trabalhadores formais com relação a 2012, indicando a geração de 1,490 milhão de postos de trabalho, resultado superior ao verificado no ano de 2012 quando foram gerados 1,148 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no país.
     
    Segundo informa dados da RAIS 2013, o montante de vínculos empregatícios ativos em 31 de dezembro de 2013 no País atingiu 48,948 milhões, ante 47,459 milhões do ano anterior.
    Revela ainda um aumento nos rendimentos médios dos trabalhadores formais que alcançou um ganho de  3,18% (tomando como referência o INPC), percentual superior ao ocorrido em 2012 (2,97%), passando de R$2.195,78, em dezembro de 2012, para R$2.265,71, em dezembro de 2013. O resultado é proveniente do aumento de 3,34%  nos rendimentos médios das mulheres e da elevação de 3,18% no dos homens.

    Segundo o ministro, os dados demonstram uma desaceleração, porém mantém o saldo positivo na oferta de vagas formais. “O País vem mantendo a geração de postos, seguindo o crescimento do PIB. Apesar da desaceleração, criamos vagas de emprego e tivemos ganhos reais de salários, como demonstra a RAIS”, afirmou. O dinamismo do emprego formal do mercado de trabalho decorreu do crescimento de 4,85% (+ 414,7 mil postos) no contingente de trabalhadores estatutários e do aumento de +2,76%  (+ de 1,075 milhão de postos) dos empregos celetistas.  A RAIS 2013 aponta a mesma tendência dos dados do CAGED, que cobre somente o universo empregatício regido pela CLT. De acordo com esse registro, verificou-se um crescimento de 2,76%, mesmo percentual de aumento registrado para os vínculos celetistas.. Tomando como referência o mês de janeiro de 2014, no CAGED, foram gerados 1,092 milhão de postos de trabalho, montante ligeiramente superior ao emprego celetista na RAIS. Foram no total 8.1 milhões de estabelecimentos declarantes em 2013, registrando um aumento de 3,35% em relação ao número de estabelecimentos declarados em 2012 (7,9 milhões). Expansão – O aumento do emprego formal em 2013 ocorreu em todos os setores, cujo comportamento está atrelado à dinâmica macroeconômica, que foi impulsionada pelo crescimento de 6,3% nos investimentos, 2,3% no consumo das famílias, proporcionado pelo aumento real de 2,0% da massa salarial e expansão do crédito. Em termos absolutos, os setores que mais se destacaram foram Serviços,  que gerou 558,6 mil empregos; o Comércio com geração de 284,9 mil empregos; a Administração Pública, com 403 mil empregos; a Indústria de Transformação, que gerou 144,4 mil empregos formais; e a Construção Civil, com geração de 60,0 mil empregos com carteira assinada. No recorte geográfico, todas as Grandes Regiões mostraram expansão do emprego, com destaque para a região Sudeste (550,3 mil postos de trabalho); Nordeste (313,2 mil postos); e o Sul: (285,6 mil postos). Entre os estados São Paulo foi o destaque, com geração de 267,9 mil postos; Minas Gerais, com 128,9 mil postos; Rio de Janeiro, que gerou 125,1 mil postos; Distrito Federal com 93,5 mil postos e Santa Catarina com geração de 107,9 mil postos de trabalho em 2013.  Dentre os oito setores de atividade econômica, sete apresentaram expansão nos rendimentos, com destaque para: Agricultura (6,13%), Extrativa Mineral (4,76%), Construção Civil (4,29%), Comércio (3,63%), Indústria de Transformação (3,40%) e Serviços (3,33%), todos registrando aumentos superiores à média da totalidade dos setores (3,18%)

    RAIS – A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) foi instituída pelo Decreto nº 76.900/75, que obriga as empresas a prestar declaração anual ao MTE. Suas informações referem-se aos empregados celetistas, estatutários, avulsos, temporários, dentre outros, colhendo dados da remuneração, grau de instrução, ocupação e nacionalidade, além de dados dos estabelecimentos relativos à atividade econômica e área geográfica.
     
    A RAIS além de traçar um perfil do mercado de trabalho formal no país é também o instrumento utilizado  pelo governo para  identificar  os trabalhadores com direito ao recebimento do benefício do Abono Salarial.  
     
    Os dados da RAIS prestam subsídios ao FGTS e à Previdência Social; permite o controle da nacionalização da mão-de-obra; auxilia na definição das políticas de formação de mão-de-obra; gerando estatísticas sobre o mercado de trabalho formal.
     
    Os dados completos da RAIS 2013 estão disponíveis na páginA do MTE, no link
    http://portal.mte.gov.br/portal-mte/rais/.

    URL:
    http://portal.mte.gov.br/imprensa/brasil-gerou-1-49-milhao-de-empregos-n

    anexo:

    Apresentação RAIS 2013 consolidado final (pdf-31 páginas)-Ministério do Trabalho e Emprego—Brasília, 13/08/2014

     

  2. Marina e Neca do banco Itaú: o ambientalismo argentário

    Carta Maior

     

    22/08/2014 00:00

     

    Marina e Neca do banco Itaú: o ambientalismo argentário

     

    Uma agenda acima das urnas inclui a independência do BC, emenda a responsável pelo seu programa de governo, a Neca do Itaú.

     

    por: Saul Leblon

      
      

           

    Arquivo

     

    Menos de 24 horas depois de ocupar a vaga de candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva tropeçou na imagem de santa que seus seguidores reverenciam e ela cultiva.

    O coordenador de campanha do partido renunciou ao cargo em caráter irrevogável.

    Foi um mal entendido, justificou Marina.

    É possível.

    Mas não há mal entendido no que acaba de anunciar a coordenadora de programa do PSB, Neca Setúbal.

    Uma das donas do Itaú –espécie de Banco Central tucano— Neca avisa que num eventual governo marineiro será implantada no país uma das teses mais caras ao neoliberalismo duro: a independência do Banco Central.

    Ao experiente repórter da Folha, a quem confiou a diretriz estratégica, não ocorreu perguntar à herdeira do Itaú em relação a quem, ou a quê, destina-se a independência mais valorizada que a do próprio país.

    Quantos dentro do PSB e entre os recém seduzidos pela imagem pura e firme de Marina sairão à medida em que a plataforma made in Itaú for, aos poucos, esclarecida?

    A nova coordenadora de campanha da ex-ministra, por exemplo.

    O que a respeitável, coerente e combativa ex-prefeita, Luiza Erundina, acha disso?

    Não é fácil opor-se às santidades.

    Por duas vezes Lula esteve a ponto de demitir Marina Silva de seu ministério. Ao final das audiências o ex-Presidente deixava o gabinete balançando a cabeça para desabafar com os auxiliares mais próximos:

    ‘Como é que eu posso demitir uma santa?’

    Marina fala como santa. Veste-se como uma. Sobretudo, acha que é predestinada pela providência divina.

    Marina ficou no ministério de Lula até sair por conta própria no dia 13 de maio de 2008.

    Alegou que não se sentia mais em condições de preservar a coerência de seus ideais e princípios no âmbito de um governo de coalizão imantado de inegáveis contradições.

    Não se diga que a posição é descabida.

    O espaço da coerência histórica num sistema político em que o Presidente é refém de um Congresso no qual a bancada ruralista conta com 162 deputados e a dos trabalhadores rurais inclui dois representantes, está longe de ser razoável.

    Marina não compactuou com o constrangimento de uma correlação de forças difícil, muitas vezes regressiva.

    E para onde foi Marina?

    Foi sentar-se à direita da santíssima trindade dos mercados.

    Em rumoroso encontro a portas fechadas com banqueiros, em outubro do ano passado, a ex-ministra ,segundo o bem informado Valor Econômico (14/10/2013), explicitou pela primeira vez, de forma clara, o seu cuore independente do constrangimento petista.

    Conforme relato de investidores que estiveram no evento, ouvidos pelo Valor, a agora candidata do PSB disse então para gáudio da banqueirada: a) o tripé “ficou comprometido e é preciso restaurá-lo’; b) o ‘expansionismo fiscal adotado pelo governo Dilma’deve ser revertido em superávits primários “expressivos, sem manobras contábeis’; c) o câmbio ‘deve voltar a flutuar livremente’.

    Por aí afora.

    Não foi um arroubo apenas para agradar plateias afins, como indica a senhora Neca Setúbal na Folha desta sexta-feira. Era uma oferta ao desfrute do dinheiro grosso.

    Em resumo, afinal livre dos constrangimentos petistas, a ex-senadora revela-se uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’.

    Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

    A coleira tacheada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

    A saber:

    I) regime de metas de inflação– ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessário, como asseverou a nova cristão do monetarismo à banqueira embevecida com o intercurso entre ecologia e rentismo.

    II) câmbio livre — leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global mínima…

    III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.

    Marina descobriu ali que quando abre a boca encanta os banqueiros.

    Pudera.

    O que sai de seus lábios é música aos ouvidos sensíveis do capital a juro.

    Nas palavras da ex-senadora –sempre segundo o credenciado Valor– trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’.

    Uma agenda independente das urnas?

    Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o seu poder efetivo de alterar os rumos da economia é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

    Incluir o Banco Central independente no programa de governo é um sinal de que a coisa é para valer.

    Se alguém é capaz de tratar esse estupro com leveza e sedução, como resistir?

    ‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou o mencionado encontro a portas-fechadas com a ex-ministra .

    Desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável é com eles mesmos.

    O principal assessor de Marina para assuntos econômicos, Eduardo Gianetti da Fonseca, acaba de reforçar essa embocadura histórica.

    Desprendido, Gianetti reiterou em encontro empresarial, na semana passada, que entre ele e Armínio Fraga –o centurião ortodoxo que tutela Aécio Neves– não há nenhuma diferença substancial de conteúdo.

    Às favas a terceira via.

    Dias depois, o mesmo tutor de Marina debulharia as razões pelas quais considera os economistas da Unicamp uma espécie de contrapartida acadêmica da ditadura militar –o denominador comum seria a resistência ao Estado mínimo neoliberal (leia a resposta educada de um punhado de mestres da luta pela desenvolvimento brasileiro nesta pág)

    Quem ouve Marina, Gianetti e Neca do Itaú acha mesmo que o problema do Brasil é a dupla dissonância histórica representada, hoje, pela Unicamp e o PT; antes, por Vargas e os desenvolvimentistas, depois, por Jango, Celso Furtado e a república sindicalista’…

    Não fosse a mão dura da Dilma – ‘ela fala como homem, bate na mesa’, reclama Neca do Itaú– o país estaria liso e pronto para decolar.

    Falta só Marina assumir o manche e dar o start.

    Embora martelada diuturnamente pelo jogral do Brasil aos cacos, a tese é controvertida.

    O relevo econômico brasileiro, na verdade, inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores ora cativados pela heroína verde – e a metáfora cromática aqui nomeia mais de um sentido.

    Os ouvidos para os quais as palavras de Marina, Aécio, Neca do Itaú, Gianetti e Armínio soam como música –assim como soavam as de Palocci, em 2003– sabem que drenar cerca de R$ 200 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é politicamente palatável.

    Sustentável, na chave de Marina.

    O valor refere-se ao gasto médio do país na rubrica de juros pagos aos rentistas da dívida pública (nas três esferas da federação) nos últimos anos .

    Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 55 milhões de brasileiros.

    Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras.

    Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

    Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o que se destina ao rentismo em um ano. Hoje o Mais Médicos já atende cerca de 50 milhões de brasileiros.

    O ponto é: como Marina que se avoca herdeira dos votos da ‘ insatisfação da sociedade civil’, pretende lidar com essas assimetrias descomunais, apoiada na defesa do ‘tripé’ –se preciso cometendo ‘juros teatrais’, diz ela?

    “Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase mística aos cliente do Credit Suisse em rota de levitação.

    Ao abraçar a utopia neoliberal, sem abdicar da santidade, Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira.

    A dúvida é saber por quanto tempo a pluma pode pairar acima da história.

    É uma boa pergunta à coerência de Luiza Erundina.

    A combativa socialista sabe que por trás da neutralidade das plumas esconde-se a bigorna em cima da qual poderosos interesses submetem povos, nações e governos às marretadas impiedosas do dinheiro.

    Há um tipo de neutralidade que só enxerga os erros da esquerda.

    E costuma rejuvenescer o cardápio da direita, sempre que esta se ressente de espaços e agendas para disputar o poder.

    O ziguezague entre a forma e o conteúdo de Marina reflete a dificuldade histórica dessa agenda.

    O ambientalismo de Marina terá que decidir se quer ser um guia de boas maneiras para o ‘capitalismo sustentável’, que encanta o público da Casa do Saber –espaço de tertúlias dos endinheirados que se cultivam em SP; ou um projeto alternativo à lógica desenfreada da exploração da natureza e do trabalho?

    Não são escolhas postergáveis.

    Ignorar as urgências sistêmicas escancaradas pela desordem capitalista, desde 2008, equivale a adotar como bússola o oportunismo.

    O oportunismo acredita que pode transitar entre leões famintos sem ser notado.

    Marina quer levar o Brasil a esse safári desconsiderando a determinação das mandíbulas do capital financeiro em devorar a natureza , a economia, a sociedade e a civilização em nosso tempo.

    Negligenciada pelos adeptos da ‘terceira via’, ou melhor cortejada por eles, a supremacia das finanças desreguladas condiciona todo o cálculo econômico nos dias que correm.

    A essa bocarra pantagruélica a gentil Neca do Itaú pretende oferecer a ‘independência do BC brasileiro’, conforme nos informa a Folha desta sexta-feira.

    Taxas de retorno incompatíveis com a exploração sustentável dos recursos naturais – de ciclo mais lento e mais longo – constituem o cardápio de engorda desse metabolismo insaciável.

    Ele dá as ordens na cozinha globalizada.

    Sob a ameaça de migrar para opções especulativas de maior retorno, exige-se a maximização permanente das taxas de lucros, dos juros e dos dividendos — que a Petrobrás insiste em comprimir para investir na exploração soberana do pré-sal.

    Dissemina-se assim um padrão de retorno econômico incompatível com a sustentação dos direitos sociais (‘o custo Brasil’), e a preservação dos recursos que formam as bases da vida na Terra.

    Que tipo de Estado é necessário para viabilizar essa pilhagem?

    Fica claro por que Gianetti atacou a agenda de desenvolvimento preconizada pela Unicamp como tributária do estatismo da ditadura.

    O Estado mínimo é a ‘transversalidade’ (para ficar, de novo, na chave de Marina) de uma ‘terceira via’ que se credencia para terceirizar o país aos mercados.

    À outrance dessa aposta acomoda-se o jogral verde, que cerra fileiras contra o ‘estatismo da Unicamp’ por ver aí um inimigo do ‘decrescimento’ ambientalmente sustentável.

    O tucano André Lara Resende, interlocutor de Marina, ex-presidente do BNDES e protagonista do escândalo da privatização das teles, em 1998, é um dos teóricos desse braço alternativo da terceira via.

    Em vez de respostas, a tese do ‘decrescimento’ repõe velhas perguntas dirigidas às utopias centristas.

    Quem decidirá o quê, como, quanto e para quem a sociedade vai produzir, ou deixar de produzir no reino do decrescimento?

    Como planejar o decrescimento com um Estado mínimo?

    Quais critérios definirão o rateio sustentável do uso dos recursos naturais dentro de cada nação e entre as nações?

    Como serão superadas as desigualdades históricas acumuladas até então –por exemplo, o patrimônio em cavalos de corrida acumulado pelo cosmopolita Lara Resende terai qual destinação?

    A verdade é que a tese do ‘não crescimento’ responde aos desequilíbrios sociais e ambientais tanto quanto a panaceia do crescimento é vendida como sinônimo de desenvolvimento.

    A despolitização dos conflitos subjacentes à destinação do excedente econômico é a pátina dessa dupla mistificação.

    Em bom português: arrocho ou democracia social?

    Ao eximir-se das consequências de sua aliança com o capital financeiro, Marina joga a equação do desenvolvimento brasileiro nos marcos insolúveis da agenda conservadora, a saber: descontrole inflacionário ou juros argentários; arrocho ou estagnação; Estado mínimo ou recessão?

    Abstraída a centralidade da democracia social na qualificação do desenvolvimento tudo é possível.

    Inclusive transformar a campanha de 2014 num atalho para a restauração de um neoliberalismo ainda mais devastador que a experiência vivida nos anos 90. Agora travestido de econeoliberalismo, à la Lara Resende.

    Ou de ambientalismo argentário, à la Neca do Itaú.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Marina-e-Neca-do-Itau-o-ambientalismo-argentario/31651

    1. Brilhante!!!!

      Um dos artigos mais bem elaborados que li nos últimos anos! Simples, mas com argumentos sólidos, coerentes, que trazem inclusive questionamentos sobre a forma de vida que queremos. Magnífico!!!!

  3. Por que os brasileiros desconhecem as realizações do governo Dil

    Carta Maior

    23/08/2014

     

    Por que os brasileiros desconhecem as realizações do governo Dilma?

     

    Em 2014, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu mais de 9 horas de notícias desfavoráveis ao governo Dilma, contra apenas 45 minutos de favoráveis.

     

     Najla Passos

     

     

    Divulgação

     

    Brasília – Os brasileiros que assistiram ao horário eleitoral gratuito da última quinta, na TV, se surpreenderam com a grandiosidade das realizações do governo Dilma Rousseff (PT), mostradas com extremo cuidado estético pela propaganda eleitoral. Quando a peça publicitária exibiu a imagem de duas torres de transmissão de energia instaladas sob o Rio Amazonas, na fronteira do Pará com o Amapá, cada uma delas com 295 metros, só 29 a menos do que a Torre Eiffel de Paris, a reação de muitos foi protestar nas redes sociais: “Isso só pode ser mentira”.

    Não é. As duas torres compõem um conjunto de outras 3,3 mil, de menores proporções, instaladas em uma rede de transmissão de 1.750 Km, que levam a energia gerada pela Usina de Tucuruí, no Pará, até Macapá, no Amapá, e depois até Manaus, no amazonas. Absolutamente desconhecida dos brasileiros, a obra faz parte de um programa maior que, nos quatro anos do governo Dilma, implantou 23 mil Km de linhas de transmissão, o equivalente à metade da circunferência do planeta. E, dessa forma, permite que uma região do país possa socorrer a outra, em caso de insuficiência energética.

    “Mas como nós nunca soubemos disso? Como uma imagem dessas proporções e significado nunca estampou a capa dos jornais e revistas”, se questionavam muitos. A resposta é simples e foi dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo programa. “Meus amigos e minhas amigas, eu tenho certeza que você já tá surpreso com tanta coisa que a Dilma fez e você não sabia. Garanto que ficará ainda mais. Esta campanha vai servir exatamente para isso: para você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras fundamentais que estão transformando o Brasil. É por isso que a gente diz que, na minha primeira campanha, a esperança venceu o medo e, nesta da Dilma, a verdade vai vencer a mentira”, afirmou.

    Lula não fez bravata. A afirmação tem lastro científico. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no projeto batizado como “Manchetômetro”, comprova que, em 2014, o Jornal Nacional da TV Globo, o principal do país, exibiu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de notícias desfavoráveis ao governo federal. Já as positivas ocuparam um espaço de apenas 29 minutos e 40 segundos. A pesquisa considerou toda as notícias exibidas este ano. Como é atualizada diariamente, os dados contidos nesta matéria englobam até o noticiário da última sexta (22).

    A pesquisa classifica também as notícias negativas por partido: o PSB de Marina Silva teve 1h 12m e 12 S de noticiário neutro, o PSDB de Aécio Neves foi retrato em 1h 25m e 31s de notícias neutras, 1 h 19m e 18s de notícias contrárias e 8m de favoráveis. Já o PT de Dilma Rousseff contou com 1h 9m e 13s de neutras, 55s de favoráveis e 3h 25m e 5 s de negativas. Em relação aos candidatos, o estudo aponta que o JN exibiu 1h, 25m e 30s de notícias negativas sobre a presidente, e apenas 3m e 35s de notícias favoráveis.

     

    A proporção muda significativamente quando o candidato em questão é Aécio Neves. Foram 5m e 35s de notícias desfavoráveis a ele, contra 7m e 45s de favoráveis. No restante da imprensa monopolista, não é diferente. Outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto mostra que, durante todo o ano, as manchetes dos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) são visivelmente contrárias ao governo da presidenta Dilma: 48 negativas contra 8 positivas. Os candidato Aécio Neves (PSDB) teve 6 favoráveis e 3 contrárias, uma proporção bastante diferente. O então candidato Eduardo Campos, do PSB, morte recentemente em acidente aéreo, tal como o tucano, teve 6 favoráveis e 3 contrárias. O PT foi retratado em 56 manchetes negativas e apenas uma única positiva.

    Preconceito contra a atividade política e crítica à economia

    As pesquisas da UERJ revelam também o preconceito exacerbado da mídia contra a atividade política e a crítica permanente ao modelo econômico adotado pela presidenta para enfrentar a crise econômica mundial, sem prejudicar os mais pobres. Nos três principais jornais do país, foram 136 manchetes negativas acerca da atividade política, contra apenas duas positivas. Em relação à economia, o Brasil do pleno emprego e da inflação controlada dentro da meta foi retratado em 118 desfavoráveis e apenas 5 positivas. No Jornal Nacional, foram 15h, 58m e 5s de notícias contrárias à atividade política e apenas 1h, 21m e 10s de favoráveis. Em relação à economia, 3h, 5m e 2s de noticiário negativo, contra 18m e 40s de positivo.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Por-que-os-brasileiros-desconhecem-as-realizacoes-do-governo-Dilma-/4/31655

  4. strong northeast

    O Aécio Neves é tão deslumbrado pelo dólar que ofereceu renda mínima para os nordestinos a US$1,25/dia, no plano “Nordeste Forte” (strong northeast). Quem sabe no futuro poderia dar um vale Disneyworld para as crianças nordestinas, para crescerem com visão global do mundo. VEJA de graça nas escolas nordestinas seria o melhor dos mundos para os tucanos.

    http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2014/08/23/interna_politica,561626/aecio-promete-renda-de-us-1-25-por-dia-para-familias-do-nordeste.shtml

  5. Um dia, um país

    da Folha – 24/08/2014

    JANIO DE FREITAS

    No dia 23, o Brasil estava endoidecido de ódio a Getúlio. No dia 24, enlouquecido de saudade

    Era um agosto assim, quase todo de dias luminosos, porém mais quentes no Rio. Exausto, mal começava a dormir no início da manhã, quando ouvi a clarinada de um “Repórter Esso” fora de hora. Foi só o tempo de tatear o botão do rádio para ouvir a frase dura e aguda como um punhal: “O presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio com um tiro no peito”. Em minutos, era o telefonema de Pompeu de Souza: “Vai para a Redação o mais rápido possível”. Começava o dia mais inesperadamente espantoso de que me lembre: 24, claro que de agosto.

    Do final da véspera à alta madrugada, Armando Nogueira e eu andáramos, ida e volta, ida e volta, na calçada paralela à fachada do Palácio do Catete, do outro lado da rua alargada naquele trecho. Foi a maneira de observarmos os ocupantes de carros que entravam e saíam do palácio, valendo-nos de que a Polícia do Exército proibira a parada de curiosos, mas permitia a passagem na faixa isolada.

    Esse andar incessante se confundia com meus primeiros passos no jornalismo, há pouco registrado como jornalista profissional no “Diário Carioca” e sem pensar em sê-lo de fato. O futuro imaginado ainda combinava asas e motores –para sempre inesquecidos. Já era quase dia quando vimos que o portão do palácio ficou meio aberto, e arriscamos uma arrancada para entrar. Deu certo. Só na sala de estar bem interior vimos, afinal, uma pessoa. Sentado em uma das poltronas avermelhadas, uma perna sobre o braço da poltrona, a testa apoiada em alguns dedos e voltada para o chão. Sozinho.

    Ministro da Justiça, o mais moço do ministério, Tancredo Neves nos mostrava muito mais do que nos dizia: a situação continuava muito difícil, a reunião do presidente com os generais não foi conclusiva (eles propunham a licença de Getúlio, que a recusava na certeza de que não o deixariam reassumir), hoje será um dia de muita tensão. Deixamos Tancredo, cansado e triste, um dos poucos a não desertar da lealdade ao presidente.

    Minha primeira tarefa, cedo ainda, foi ver o que se passava na Base Aérea do Galeão. Tornara-se a República do Galeão, assim chamada a exacerbação de poder militar adotada por coronéis e majores da FAB, na represália ao atentado a Carlos Lacerda em que morreu um major dos que lhe davam proteção. Desde 6 de agosto, dia seguinte ao atentado, o país passou a viver em torno da exaltação concentrada na República do Galeão, e em crescendo permanente sob a agitação furiosa feita por Lacerda.

    Logo acusado do crime por Lacerda, Getúlio ficou indefeso, objeto de um ódio coletivo que se propagava sem limites: monolíticos, a imprensa, a incipiente TV e o rádio, mais do que se aliarem à irracionalidade, foram seus porta-vozes sem considerar as previsíveis consequências para o Estado de Direito. Só a “Última Hora” diferenciava-se, com a desmoralizada voz de causadora inicial da crise, por seu recente e grandioso nascimento sob patrocínio do governo e com dinheiro do Banco do Brasil.

    Na caça vingativa à guarda pessoal de Getúlio, dada como autora do atentado, a República do Galeão ensandeceu o país. O getulismo, quase uma religião, evaporou. Os políticos governistas emudeceram ou sumiram. Até os sindicatos do trabalhismo voltaram-se contra o seu criador. Getúlio não tinha saída. Os majores e coronéis que vi chegarem ao Galeão, já sob enorme guarda, ornavam a sua arrogância com os ares de vitória proporcionados pelo suicídio.

    O jornal me mandou voltar depressa. A República do Galeão não interessava mais: a cidade enlouquecia. Manhã ainda, multidões vagavam pelo centro. As caras, ou encharcadas de lágrimas ou enrijecidas de raiva. A “Tribuna da Imprensa” de Lacerda foi empastelada. A redação de “O Globo” foi atacada, carros do jornal foram destruídos, o “Jornal do Commercio” teve sua oficina invadida, vários dos 17 jornais foram alvos da massa. Lojas, portarias, ônibus, bondes, automóveis, carros da polícia em fuga, a Câmara dos Deputados e o Senado, as cercanias dos guarnecidos ministérios do Exército e da Marinha, tudo devia pagar pelo abandono em que Getúlio fora deixado por todos, e pela própria massa.

    No dia 23, o Brasil estava endoidecido de ódio a Getúlio. No dia 24, enlouquecido de paixão e saudade. Uma reversão assim súbita, generalizada e radical da opinião coletiva, de um extremo ao seu exato oposto, por certo é um fenômeno que não merecia o descaso dos pagos para pesquisar e estudar o Brasil.

    Mais ainda porque são poucos a terem percebido, com o tempo, o que estava no substrato da convulsão. Sobretudo a Petrobras, mas também as muitas outras criações do governo, como o BNDE, contrapunham-se à situação de um país dócil ao capital estrangeiro das espoliações típicas da época, e seus associados nacionais. A campanha contrária, no meio militar até segregacionista, ainda hoje pode ser vista, por exemplo, no sentido acusatório dado a “nacionalista”. O embaixador Adolf Berle Jr., contra Getúlio, abriu o caminho para o embaixador Lincoln Gordon, contra Jango. E os militares iniciaram em 1954 a marcha para 1964.

     

  6. PT “encarna herança” de Getúlio, diz biógrafo

    do blog de Kennedy Alencar – 24/08/2014

     

     

    “Polarização absurda, radical e irracional” faz “mal ao Brasil”, afirma Lira Neto 

    ISABELA HORTA 
    Brasília

    [video:http://youtu.be/14zog1NEX_o?list=UU376n347Ob5Lwzq2WGzF1AA%5D

    Em entrevista ao SBT, o biógrafo Lira Neto afirmou que o PT “encarna” a herança do projeto nacional-desenvolvimentista de Getúlio Vargas. “Lula, queiramos ou não, é junto com Getúlio a personalidade mais popular de toda história brasileira”. Segundo o autor da mais recente biografia do ex-presidente gaúcho, o governo do PT tem ideias semelhantes as de Getúlio ao defender um Estado interventor.

    Para o escritor, o espectro político brasileiro atual tem semelhanças com a cenário dos anos 1950. “Aquela polarização que tomou conta entre os getulistas e antigetulistas, eu vejo certa semelhança na mesma estridência polarizada que temos hoje. Essa polarização absurda, radical e irracional está fazendo mal ao Brasil.”

    O biógrafo explicou a importância de Alzira Vargas, uma das filhas de Getúlio, para a volta do ex-presidente ao poder em 1951. “Ela era uma espécie de grilo falante do pai. Mesmo sendo muito mais nova que ele, tinha uma análise de conjuntura absolutamente sofisticada, arguta e perspicaz, chegando às vezes a dar conselhos a Getúlio.” Neto teve acesso a mais de 1.600 páginas de cartas trocadas entre os dois de 1945 a 1950. Nesse período, o ex-presidente estava “exilado” em São Borja (RS) e a filha acompanhava o cenário político no Rio de Janeiro.

    Neto também comentou o discurso anticristianismo feito por Getúlio em sua formatura de Direito. Na ocasião, o estudante falava que a religião era “um retrocesso a grandes conquistas progressivas da história”. O texto foi escondido por Getúlio enquanto esteve no poder. Depois de muito tempo foi incorporado aos arquivos oficiais do ex-presidente. Para o biógrafo, a revelação desse discurso teria sido “fatal“ para a carreira de Getúlio. “Hoje, isso seria inadmissível um homem público ter esse juízo de valor sobre o cristianismo. Imagina naquela época.”

    Segundo o escritor, a experiência de Getúlio no exército deu a ele “disciplina militar”. O ex-presidente chegou aos primeiros postos da carreira do oficialato, mas foi expulso da corporação. “O que surpreende é a capacidade de autodisciplina e de avaliação de cenário e das correlações das forças. Getúlio não se precipitava nunca. Calculava milimetricamente todas as suas ações.”

    Neto afirma que, apesar dos “senões” da Era Vargas, é inquestionável o legado deixado pelo ex-presidente. “Ele levou o Brasil no rumo da industrialização: criou a Petrobras, Volta Redonda, o projeto da futura Eletrobrás.” Outra herança deixada por Getúlio seria, segundo o autor, a legislação trabalhista. “Ele tutelou os movimentos sindicais mais radicais e atualizou a relação entre capital e trabalho, patrão e empregado no Brasil.”

     

  7. MPF E PF investigam interferência indevida de ruralistas na tram

    MPF E PF investigam interferência indevida de ruralistas na tramitação da PEC 215

    Ministério Público Federal no Mato Grosso

    http://www.prmt.mpf.mp.br/noticias/mpf-e-pf-investigam-interferencia-indevida-de-ruralistas-na-tramitacao-da-pec-215

     

    Conversa telefônica legalmente interceptada, revela que o líder ruralista Sebastião Ferreira Prado planejava o pagamento de R$ 30 mil a advogado ligado à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que seria o responsável pelo relatório da PEC 215, na Comissão Especial que aprecia a matéria na Câmara dos Deputados. No diálogo interceptado, Sebastião afirma que “o cara que é relator, o deputado federal que é o relator da PEC 215, quem tá fazendo pra ele a relatoria é o Rudy, advogado da CNA, que é amigo e companheiro nosso”.

    O diálogo que revelou a interferência indevida de ruralistas na tramitação do Projeto de Emenda Constitucional 215 (PEC 215) foi interceptado, com autorização judicial, durante as investigações da organização criminosa envolvida com as reiteradas invasões à Terra Indígena Marãiwatsédé, da etnia Xavante, no nordeste de Mato Grosso.

    Sebastião Prado, líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missu (Aprossum), está preso desde o dia 7 de agosto quando o Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram a operação para desarticular a atuação do grupo que coordenava e aliciava pessoas para resistirem à desocupação do território indígena. O grupo recebia recursos de apoiadores de outros Estados para financiar suas atividades, inviabilizando a efetiva ocupação do território pelos índios.

    A influência do movimento de resistência extrapolava os limites de Mato Grosso e influenciava, também, conflitos na Bahia, Paraná, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

    Inicialmente, Sebastião Prado foi preso temporariamente, mas em requerimento apresentado à Justiça Federal no dia 11 de agosto, o MPF sustentou que a manutenção da prisão de Sebastião Prado tutela o “direito fundamental a um ordenamento jurídico constitucional estabelecido de modo legítimo, livre de interferências indevidas, segundo os princípios democráticos e republicanos que devem fundamentar a conformação ética, política e jurídica da sociedade brasileira”. O MPF acrescentou que o fato de a conduta da liderança ruralista direcionar-se a corromper a edição de ato normativo destinado a transformar a própria ordem constitucional é circunstância sobremaneira gravosa, a exigir do Poder Judiciário medida capaz de obstar tal situação, ameaçadora do próprio estado de direito e da ordem republicana e democrática.

    Ao apreciar o requerimento do MPF, a Justiça Federal entendeu que o lobby no âmbito do Congresso Nacional é um aspecto inerente ao próprio processo político, sendo que, a princípio, nada há de mais em se tentar influenciar o relator da PEC 215. Todavia, o juiz afirma que “o problema reside exatamente no meio utilizado para se efetuar o lobby, no caso mediante pagamento ao advogado (ou assessor) responsável pela elaboração do parecer, envolvendo inclusive a Confederação Nacional da Agricultura – CNA”.

    Acrescentou o magistrado federal que “o fato de o relatório da PEC 215/2000 ter sido, supostamente, ‘terceirizado’ para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), representa, a princípio, um desvirtuamento da conduta do parlamentar responsável pela elaboração da PEC, eis que a CNA é parte política diretamente interessada no resultado da mencionada PEC”.

    Ao final da decisão que decretou a prisão preventiva de Sebastião Prado, a Justiça Federal ressaltou que “o objeto da PEC é exatamente poder rever a demarcação de terras indígenas já consumadas como é o caso de Marãiwatsédé, o que justifica a atitude do investigado e demais pessoas, ao tentarem a todo custo – segundo informações do MPF –, permanecer na área da reserva indígena, em total afronta a decisão judicial, transitada em julgado, na mais alta Corte deste País, no caso o Supremo Tribunal Federal”.

    Diversas diligências investigatórias ainda estão em curso, sendo que os documentos relacionados à possível participação de parlamentares federais no caso foram remetidos à Procuradoria Geral da República para que sejam adotadas as medidas cabíveis.

    Pedido MPF

    Decisão judicial

     

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