Clipping do dia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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As matérias para serem lidas e comentadas.

Lourdes Nassif

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    1. Tem que ser por escrito…

      Mil estrelinhas para seus posts. Atualmente, há trols entrando para diminuir nossas notas. Sendo assim, essas não conseguirão mudar.   

  1. Método do Juiz Moro é

    Método do Juiz Moro é “medieval” e “envergonha sociedade civilizada”, diz Ministro do STF

    ZavasckiTeori Zavascki jamais vai ser o Homem do Ano da Globo, e isto é um formidável ativo que ele carrega.

    Teori é aquele tipo de ministro do STF tão raro: aquele que não se deixa deslumbrar e intimidar pela mídia.

    Suas sentenças não parecem feitas para agradar a Globo, e sim para buscar o máximo de justiça numa disciplina complexa e não exata.

    Mais que nenhum outro juiz, ele deu uma cara nova ao Supremo quando a ele chegou, num momento em que Joaquim Barbosa, sob incentivo cínico da mídia, comandou um espetáculo tétrico de justiça partidarizada no Mensalão.

    Depois de escolhas desastrosas de juízes pelo PT – Barbosa por Lula, Fux por Dilma – Zavascki devolveu ao menos parte da respeitabilidade perdida pelo STF no Mensalão.

    É antológica a enquadrada que Zavascki deu, ontem, em Sérgio Moro, candidato a ser um novo Joaquim Barbosa como símbolo da justiça torta com sua condução descaradamente antipetista da Lava Jato.

    Zavascki usou as palavras certas: o método de Moro – manter presas pessoas sem culpa configurada em busca de delações — é “medievalesco” e envergonha qualquer “sociedade civilizada”.

    Moro acabou ali.

    O que se verá, daqui por diante, são os restos de Moro vagando por Curitiba, à espera do desfecho de uma história da qual ele sai como vilão.

    Gilmar Mendes acompanhou Zavascki na sessão que liberou nove empreiteiros que já não tinham o que fazer na prisão. Mas é difícil encontrar nobreza em Mendes.

    É mais fácil imaginar que ele tenha votado certo pelo motivo errado – raiva de Moro por estar recebendo os holofotes que foram dele e colegas do STF no Mensalão.

    Zavascki fez uma coisa que parecia impossível até pouco tempo atrás: deixou o STF com cara de tribunal de justiça, e não de departamento jurídico da direita.

    Por isso, palmas para ele.

    De pé.

    Por Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo

     

  2. O procurador da república

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    O procurador da república responsável pela operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, postou uma mensagem no Facebook pedindo manifestações sobre o trabalho que está fazendo no Ministério Público.

    A estratégia faz parte do plano da força-tarefa que investiga os escândalos da Petrobrás para se manter sob os holofotes da mídia.

    Só que aí, as pessoas, entre elas o nosso indefectível Stanley Burburin, começaram a postar perguntas incômodas na página do procurador, e ele rapidamente passou a apagar as perguntas e a bloquear as pessoas.

    Mas as redes são mais espertas, e fotografaram as perguntas que incomodaram o procurador, antes que ele as apagasse.

    Que papelão, procurador!

  3. Um caso de violência gratuita em Porto Alegre após o Grenal

    Do Blog de Monique Prada (http://acortesamoderna.com.br/)

    CARALHO! É SÓ FUTEBOL! – DAS AGRESSÕES SOFRIDAS A CAMINHO DE CASA

    Domingo lindo e chuvoso, aproveitei a tarde pro descanso; ainda brinquei com os amigos no Face: vocês são de fé, vão pro jogo enquanto eu volto pra cama.

    Fim de tarde; fiquei de buscar um amigo querido na saída do jogo pra trocarmos uma ideia antes de meu compromisso das 21h. Meio que nos perdemos um do outro, nos achamos em seguida, pegamos a Azenha. Clima tenso, decidimos desviar. Dobra à direita, Germano Hasslocher, pouco mais pegamos a Érico Veríssimo e logo paramos.

    Ledo engano. Rua “errada”. Tomada pela torcida agressiva, arrogante e descontrolada do time hoje perdedor. Lembrei de um filme antigo onde amigos saem a curtir a noite em um trailler se perdem e acabam mortos. Agredidos, mortos. Sem motivo aparente. Apenas por terem entrado na rua errada.

    Dar a ré seria demonstrar medo. Sem motivo. Particularmente, odeio futebol. Amigo não usava camiseta de time. Nada que nos pudesse identificar como inimigos da turba. Talvez o respeito que tive, mantendo velocidade moderada – dentre aquelas pessoas, haviam crianças – tenha ajudado, já que assim conseguiram chegar mais perto do carro. Cinco ou seis anos, vai saber. Pequenas. Tive receio de machucá-las. E começaram os pontapés. Os gritos. Até que estouraram o vidro, jorra o sangue, nada entendo. O desejo de revidar foi contido – lembrava das crianças. O sangue jorrando. A rua, a polícia, os cavalos. A insanidade contida dentro de cada uma daquelas ‘pessoas de bem’ sendo despejada em quem nem curte futebol. A minha noite acabada, e eu ironicamente sendo aconselhada por meu amigo a agradecer por ter sobrevivido. O sangue jorrando. O carro (essencial para meu trabalho) destruído.

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    Chegando em casa, pude observar: não fui atingida por uma pedra, mas sim por uma garrafa de cerveja. Isso reacende em mim uma opinião que contraria a de muitos amigos: a necessidade de seguir mantendo bebidas alcoólicas proibidas em estádios. E talvez mesmo no entorno, como em muitas cidades.

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    0 fato: esta cultura bélica sobre futebol precisa de algum modo ser extinta. Amigos colorados, amigos gremistas: até quando? Eu fui uma das vítimas de hoje. Mas sinceramente, isso não pode mais ser tolerado como “algo que faz parte”. Eu moro nessa cidade e não posso ser proibida de nela circular apenas por que neste ou aquele dia temos um jogo de futebol. Não posso e não vou. Não podemos.

    Repensem seus comportamentos. E repensem o que estão ensinando para suas crianças.

    Meu desejo de seguir me mantendo afastada de qualquer coisa ligada a futebol a partir de hoje quintuplicou. Mas a cidade é também minha e não me esconderei em dias de jogo.

     

    * Agradeço a solidariedade das amigas e amigos, aviso que estou bem, apesar de tudo. O prejuízo foi grande. Amanhã aciono o seguro, vejo se vale a pena. Mas exorto a todos os que se solidarizaram, se preocuparam, me apoiaram a começarmos seriamente uma campanha contra a violência envolvendo futebol. E sinceramente: penso que ela começa dentro de cada um de nós quando, mesmo por brincadeira, achincalhamos o torcedor do time adversário. Vamos parar. É só futebol.

    Vida é outra coisa.

     

    Vale taça - e vale cadeira quebrada, torcedor ferido, Monique ensanguentada

    Vale taça – e vale cadeira quebrada, torcedor ferido, Monique ensanguentada

     

  4. O lixo se queixa de Lula por ter sido comparado à Veja e à Época

    Do DCM

    O lixo se queixa de Lula por ter sido comparado à Veja e à Época. Por Paulo Nogueira

     

     

    Postado em 02 mai 2015   por :      

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    Para: Lula

    De: Lixo

    Caro senhor Lula: que mal fiz ao senhor para ser comparado às revistas Veja e Época?

    Menti? Caluniei? Manipulei? Fui canalha? Desonesto?

    Sou subestimado, e lembrado apenas em horas de raiva, como aconteceu com o senhor.

    Eu existo para que o planeta fique limpo, ou razoavelmente limpo. Proporciono emprego honesto para uma categoria humilde e simpática: os lixeiros.

    Por que, então, me comparar à Veja e à Época?

    Quantas árvores são derrubadas para que estas duas revistas publiquem suas infâmias?

    Quanto dinheiro público é torrado para que os donos delas enriqueçam estupidamente?

    O governo de São Paulo compra, como o senhor sabe, um lote de milhares de Vejas para estudantes que sequer as abrem. (Graças a Deus, se me entende.)

    Ora, a garotada só lê na internet, e mesmo assim tentam enfiar nelas revistas de papel que eles simplesmente desprezam.

    Me desculpe a franqueza: o senhor mesmo, em seus anos de governo, encheu as duas revistas de publicidade oficial.

    Sem contar dinheiro do BNDES.

    Vi que em 2008 a Editora Abril mordeu 27 milhões de reais do BNDES para fazer ajustes em sua TI.

    Senhor Lula: os Civitas por acaso não tinham dinheiro próprio para fazer aquele tipo de coisa?

    E seu antecessor, FHC: por que ele patrocinou com dinheiro público a gráfica da Globo?

    Como, diante de tantas coisas absurdas, o senhor me compara à Veja e à Época?

    A Época deu a primeira pesquisa do segundo turno. Um certo Instituto Paraná mostrou que Aécio já estava eleito presidente, tamanha a diferença.

    Deu no que deu.

    Agora, a Época voltou a dar o mesmo Paraná de novo. Se as eleições presidenciais fossem hoje, Aécio Aeroporto Neves ganharia do senhor.

    Pensei comigo: se as eleições de 1960 fossem hoje, Jânio perderia. Batata.

    E a Veja é aquela que, pouco depois, deu aquela capa-propaganda com a Dilma e o Lula sendo acusados de comandar o Petrolão.

    (Aliás: se o senhor puder perguntar para a Dilma por que ela desistiu de processar a Veja, depois de ter anunciado a decisão em rede pública, agradeço. Mesmo que não dê em nada, há um caráter simbólico em processar uma canalhice daquelas.)

    Tudo isso posto, o senhor há de concordar comigo que não mereço, definitivamente não mereço ser posto ao lado da Veja e da Época.

    Espero que o senhor se retrate, ou vou fazer o que Dilma prometeu e não realizou. Acionar a Justiça.

    Mesmo para um modesto lixo como eu, há um limite nas ofensas que dá para digerir.

    Sinceramente.

    Lixo

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-lixo-se-queixa-de-lula-por-ter-sido-comparado-a-veja-e-a-epoca/

  5. A semana de m… do PSDB

    Brasil 247

     

    :

     

    Chega ao fim uma semana para o PSDB esquecer para sempre; na quarta-feira, o governador paranaense Beto Richa promoveu um massacre contra professores em Curitiba, que envergonhou o Brasil e repercutiu na imprensa mundial; do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB-MG), não se ouviu um mísero comentário, o que despertou indignação até no Globo, em que Jorge Bastos Moreno falou em “silêncio ensurdecedor” e Ricardo Noblat resumiu tudo com um “perdeu, playboy”; Aécio preferiu fazer companhia, no Primeiro de Maio, ao sempre “elegante” Paulinho da Força, que chamou a presidente Dilma Rousseff de “desgraçada”; além disso, duas denúncias, uma da Folha e outra de Época, contra Lula e João Santana, foram desmontadas em menos de cinco segundos; para completar o quadro grotesco, o jovem Kim Kataguiri, pretenso líder do Movimento Brasil Livre, que promoveria o impeachment de Dilma, decidiu mostrar a bunda flácida a um repórter que queria questioná-lo; é, deu merda

     

    3 de Maio de 2015 às 18:39

     

     

    247 – O PSDB, partido que sonhava com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, terminou a semana ao som de 25 mil pessoas, no estádio Couto Pereira, em Curitiba, gritando “Fora Richa” (confira aqui).

    Um fecho melancólico para os tucanos, que foram incapazes de se solidarizar aos professores agredidos pela Polícia Militar do governo Richa, no último dia 22.

    Um mutismo eloquente que ecoou até entre colunistas do jornal O Globo. Jorge Bastos Moreno, em seu blog, criticou o “silêncio ensurdecedor” de Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional da legenda (confira aqui). Ricardo Noblat, por sua vez, foi direto ao ponto no artigo “Perdeu, playboy” (leia aqui).

    A violenta repressão policial aos professores envergonhou o Brasil, ganhou as páginas e telas da imprensa internacional e revelou a dificuldade do PSDB de se colocar ao lado ou em defesa de movimentos sociais. No Primeiro de Maio, o senador Aécio desfilou ao lado do deputado Paulinho da Força (SD-SP), que, com a tradicional elegância, chamou a presidente Dilma de “desgraçada”.

    Distante do povo, os tucanos poderiam contar, como sempre, com o apoio dos meios de comunicação. E, neste fim de semana, dois tiros de canhão estavam previstos: um contra o ex-presidente Lula, outro contra o marqueteiro João Santana.

    O problema é que as duas denúncias não ficaram 30 segundos de pé. A de Época, sobre um suposto lobby de Lula no BNDES em favor de empreiteiras, entra para o anedotário da imprensa brasileira (leia aqui). A da Folha foi rebatida, de forma extremamente competente, pelo próprio João Santana, que exigirá retratação da Polícia Federal (leia aqui).

    Bom, sendo assim, restam as manifestações. Mas o mico da semana foi dado por Kim Kataguiri, líder do chamado Movimento Brasil Livre, que organiza as passeatas pelo impeachment. Confrontado com uma simples tentativa de entrevista de um repórter, ele mandou a foto de sua bunda por email (confira aqui).

    É, pelo jeito, deu m…

    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/179356/A-semana-de-m-do-PSDB.htm

     

  6. A crise vai se agravar, mas a esquerda se uniu e Lula voltou

    Carta Maior

     

    03/05/2015 00:00 

     

    Nasceu a frente de esquerda ordenada na certeza de que o governo Dilma será aquilo que a rua conseguir que ele seja. E uma voz rouca avisou: ‘Vou à luta’

     

    por: Saul Leblon

     

     

     

    Ricardo Stuckert/Instituto Lula

     

    Alguma coisa de muito importante aconteceu no histórico Vale do Anhangabaú, em São Paulo, nesta sexta-feira, 1º de Maio.
     
    Quem se limitou ao informativo da emissão conservadora perdeu o bonde.
     
    O tanquinho de areia do conservadorismo, sugestivamente deixou escapar o principal ingrediente desta sexta-feira, que pode alterar as peças do xadrez político brasileiro.
     
    Preferiu o glorioso jornalismo cometer pequenas peraltices.
     
    Tipo contrastar a imagem de Lula com um cartaz contra o arrocho de Levy, como fizeram os petizes da Folha.
     
    Blindagens ideológicas e cognitivas ilustram um traço constitutivo daquilo que os willians  –Bonner e Waack—denominam de ética da informação.
     
    Trata-se de não informar, ou camuflar o principal em secundário. E vice versa.
     
    Não houve sorteio de geladeira no 1º de Maio da esquerda brasileira. Mas os assalariados talvez tenham tirado ali a sorte grande – a mais valiosa de todos os últimos maios.
     
    No gigantesco palco de mobilizações épicas, que reuniu um milhão de pessoas há 31 anos para lutar por eleições diretas, a história brasileira deu mais um passo que pode ser decisivo para impulsionar vários outros nos embates que virão.
     
    Porque virão; com certeza virão.
     
    Essa certeza permeava o Dia do Trabalhador na larga manhã da sexta-feira no Anhangabaú.
     
    A engrenagem capitalista opera um conflito independente da vontade de seus protagonistas. A direção que ele toma, porém, reflete o discernimento histórico dos atores sociais de cada época.  
     
    A chance de que o embate resulte em uma sociedade melhor depende, portanto, de quem assumir o comando do processo.
     
    As lideranças que estavam no Anhangabaú deram um passo unificado nessa direção.
     
    Que esse movimento tenha escapado às manchetes faceiras ilustra a degeneração de um aparato informativo que já não consegue se proteger de suas próprias mentiras.
     
    Os que enxergam no trabalho apenas um insumo dos mercados, um entre outros, nivelaram a importância do Anhangabaú ao que acontecia no palanque do Campo de Bagatelle quase à mesma hora.
     
    Lá se espojavam aqueles que com a mesma sem cerimônia risonha operam a redução do custo da ‘matéria-prima humana’ no Congresso brasileiro.
     
    Sorteios de carros e maximização da mais-valia compõem a sua visão de harmonia social, que remete ao descanso da chibata na casa grande em dia de matança de porco.
     
    Vísceras, os intestinos, eram franqueados então com alguma generosidade nos campos de Bagatelle pioneiros, em que paulinhos ‘Boca’ vigiavam a fugaz confraternização da casa grande com a tigrada ignara sob sua guarda.
     
    A mais grave omissão  do ciclo de governos progressistas iniciado em 2003  foi não ter afrontado essa tradição de forma organizada, a ponto de hoje ser ameaçado por ela.
     
    Porque muito se fez e não pouco se avançou em termos sociais e econômicos, mas esse flanco ficou em aberto.
     
    O vazio era tão grande que se cultivou a ilusão de que avanços materiais seriam suficientes para impulsionar o resto por gravidade.
     
    A primeira universidade brasileira, contou Lula no Anhangabaú, só foi construída em 1920.
     
    Colombo descobriu a América em 1492.
     
    Em 1507, 15 anos depois de chegar à República Dominicana,  Santo Domingo já construía sua primeira universidade.
     
    A elite brasileira demorou quatro séculos anos para fazer o mesmo, reverberou Lula.
     
    Tome-se o ritmo de implantação do metrô em duas décadas de poder tucano em São Paulo.
     
    Compare com a extensão em dobro da rede mexicana, ou a dianteira argentina, chilena etc.
     
    O padrão não mudou.
     
    O que Lula estava querendo dizer ao povo do Anhangabaú tinha muito a ver com isso: o desenvolvimento brasileiro não pode depender de uma elite que continua a dispensar ao povo os intestinos do porco.
     
    O recado para quem não enxerga diferença entre um governo progressista e a eterna regressão conservadora protagonizada agora pelos sinhozinhos Cunha, Aécio, Beto Richa, Paulo Skaf… foi detalhado e repisado.
     
    Foi um metalúrgico sem diploma, espicaçou aquele que ocupa a vaga de melhor presidente do Brasil na avaliação popular, quem promoveu a mais expressiva democratização da educação brasileira.
     
    Nos governos do PSDB a tradição colonial se manteve.
     
    O sociólogo poliglota não construiu nenhuma universidade em notável coerência com a obra que traz a sua assinatura como autor e protagonista: a teoria do desenvolvimento dependente.
     
    Para que serve uma universidade se já não faz sentido ter projeto de nação?
     
    Lula criou 18 universidades.
     
    Reescreveu na prática a concepção de soberania no século XXI. Instalou-a na fronteira expandida entre a justiça social, a integração latino-americana e o fortalecimento dos BRICs.
     
    A nostalgia colonial-dependente, ao contrário, orientou o ciclo da República de Higienópolis na frugal atenção dispensada à formação de quadros para o desenvolvimento.
     
    FHC não assentou um único tijolo de escola técnica em oito anos em Brasília.
     
    Para que escola técnica se a industrialização será aquela que o livre comércio da ALCA permitir?
     
    Juntos, Lula e Dilma fizeram 636 até agora.
     
    Com o Prouni, o número de jovens matriculados nas universidades brasileiras passou de 500 mil para mais de 1,4 milhão.
     
    Em vez de herdar as vísceras da sociedade, tataranetos de escravos, índios e cafuzos, cujos pais muitas vezes sequer concluíram a alfabetização, começaram a ter acesso a uma vaga no ensino superior pelas mãos do metalúrgico e da guerrilheira mandona.
     
    Sim, tudo isso é sabido. A ‘novidade’ agora é desfazer do sabido.
     
    Mas Lula somou ao histórico a estocada que calou fundo no silêncio atento do Anhangabaú.
     
    O retrospecto do ex-presidente cuja cabeça é solicitada a prêmio a empreiteiros com tornozeleira prisional, tinha por objetivo desnudar o escárnio embutido no projeto de redução da maioridade penal.
     
    As elites agora, fuzilou um Lula mordido e determinado, querem se proteger do legado criminoso de cinco séculos, criminalizando a juventude pobre do país.
     
    Passos significativos foram dados em seu governo para minar a senzala que ainda pulsa no metabolismo da sociedade brasileira.
     
    Mas a voz rouca machucada atesta o golpe por haver se descuidado do embate que viria contra aqueles que mostravam os caninos como se fosse sorriso.
     
    Agora se vê, eram maxilares de feras.
     
    À primeira turbulência do voo incerto e instável da dinâmica capitalista o sorriso virou mordida de pitbull.
     
    A pressão coercitiva mobiliza diferentes maxilares: o do juiz  em relação aos suspeitos da Lava Jato que visa a jugular do PT e do pré-sal; o do ajuste recessivo que ameaça com o caos;  o da terceirização que coage com o desemprego maciço; o da exigência branca à renúncia de Lula a 2018 –ou arcará com a suspeição perpétua que a lixeira da Abril e da Globo despeja semanalmente no aterro mental da classe média.
     
    Coube ao presidente da CUT, Vagner Freitas, marcar a ruptura com a omissão histórica que abriu o flanco da história brasileira ao jogral espoliador da democracia e da sociedade.
     
    Didático, habilidoso, o líder sindical chamou um a um os representantes das centrais, movimentos e partidos presentes no 1º de Maio do Anhangabaú.
     
    Aos olhos de milhares de pessoas, gente do povo basicamente, uns que vieram porque são organizados  — outros, porque pressentem que um perigo ronda o Brasil nesse momento, Vagner materializou o passo seguinte há muito esperado e cobrado por todos aqueles que sabem o motivo pelo qual o governo Dilma hoje engole os sapos que rejeitava ontem.
     
    A avalanche intimidadora que em poucos meses virou de ponta cabeça o programa vitorioso em 26 de outubro não cessará, a menos que a detenha uma frente política de abrangência e contundência maior que a resistência dispersa das partes nos dias que correm.
     
    Foi essa mutação que o vale do Anhangabaú assistiu nesse 1º de Maio.
     
    O presidente da CUT chamou para a frente do palco os dirigentes da Intersindical e da CBT, chamou Gilmar, do MST, chamou Boulos, do MTST, e outros tantos; e através deles convocou quase duas dezenas de organizações presentes.
     
    Vagner apresentou ao Anhangabaú a unidade da esquerda brasileira em torno de uma linha vermelha a ser defendida com unhas e dentes: a fronteira dos direitos, contra a direita.
     
    Fez mais que retórica, porém.
     
    Submeteu ao voto dos ocupantes da praça e do palco uma agenda de lutas.
     
    Devolveu ao 1º de Maio a identidade de uma assembleia popular de quem vive do seu trabalho.
     
    Braços erguidos, o Anhangabaú aprovou uma contraofensiva ao cerco conservador.
     
    ‘Anote’, disse Vagner ao final dos escrutínios: dia nacional de protesto em 29/05, para pressionar o Senado a rejeitar o PL 4330; uma greve geral, caso o Congresso aprove a medida; e uma marcha a Brasília para levar Dilma a rejeitar o projeto, caso passe no Senado.
     
    Engana-se quem acredita que isso saiu de graça.
     
    Vagner Freitas uniu as forças da esquerda porque a CUT, a partir de agora, comprometeu-se a lutar lado a lado, unida aos demais movimentos e organizações, contra projetos de lei que arrochem direitos e conquistas dos trabalhadores.
     
    Foi um realinhamento do desassombro com a responsabilidade histórica da esquerda que fez desse Dia do Trabalhador uma singularidade capaz de produzir outras mais.
     
    Em boa hora.
     
    A crise econômica vai se agravar nos próximos meses; esse era o consenso subjacente à união selada no palanque.
     
    O conservadorismo saltará novos degraus em direção ao golpe –seja na forma do impeachment ou na tentativa de proscrever o PT e com ele as chances eleitorais do campo progressista em 2018.
     
    O êxito do ajuste recessivo do ministro Joaquim Levy depende do desajuste do emprego e da expropriação dos ganhos reais de salários acumulados nos últimos anos (de 70% no caso do salário mínimo)
     
    Estamos na primeira volta do torniquete.
     
    Mas a renda real do trabalhador já registrou uma perda da ordem de 4% em março, em relação a igual período de 2014.  
     
    A evolução do desemprego não é menos cortante.
     
    Os dados reunidos em nota técnica da Fundação Perseu Abramo são claros: vive-se uma escalada.
     
    A taxa desemprego medida pelo IBGE subiu forte nas grandes capitais em março: 6,2%.
     
    Era de 5,9% em fevereiro; 5,3% em janeiro; 5% em março de 2014
     
    Despejar a conta do ajuste nas costas do assalariado significa submeter o custo do trabalho à pressão de uma turquesa feita de desemprego e queda do poder de compra.
     
    Espremidos, os assalariados serão convocados a apoiar falsas promessas de desregulação redentora de vagas, a exemplo do PL 4330.
     
    Na semana passada o Banco Central elevou em mais meio ponto a taxa de juro, que já é a mais alta do planeta.
     
    É a senha do choque.
     
    Apenas essa pisada custará mais R$ 12 bilhões em 12 meses aos cofres públicos: juros adicionais sobre uma dívida pública de R$ 2,4 trilhões.
     
    O impasse está contratado.
     
    De um lado, a recessão derruba a receita e o emprego; de outro, o governo é intimado a carrear mais recursos escassos à ração gorda dos rentistas.
     
    Menos receita com mais gastos.
     
    Essa é a fórmula clássica para tanger um governo –qualquer governo que não disponha de uma hegemonia baseada em ampla organização popular– ao precipício das privatizações saneadoras e dos cortes de programas e investimentos devastadores.
     
    Quem acha que a ganância será saciada com a terceirização deveria informar-se sobre as novidades no mundo do trabalho inglês.
     
    Sob o comando de engomados filhotes de Tatcher a economia britânica experimenta um novo patamar de flexibilização do mercado de trabalho.
     
    A modalidade just-in-time já caracteriza 2,5% da mão de obra empregada, informa o jornal El País, sendo o segmento que mais cresce na economia.
     
    A pedra filosofal desse novo assalto à regulação trabalhista é o vínculo empregatício baseado em salário zero.
     
    Em que consiste a coisa notável?
     
    Consiste em estocar mão de obra às custas da própria mão de obra.
     
    Quando necessário aciona-se o almoxarifado social pagando apenas as horas efetivamente usadas do ‘insumo’.
     
    Marx, você não entendeu nada de baixar o custo de reprodução da mão de obra.
     
    Em vez da CLT, um taxímetro.
     
    No futuro a metáfora poderá assumir contornos reais mais sofisticados, como um chip subcutâneo que permita monitorar o empenho muscular para seleção dos mais aptos.
     
    Esse, o admirável  mundo novo descortinado do palanque do Campo de Bagatelle no 1º de Maio de 2005 pelos sorridentes perfis de Cunha, Aécio e Paulinho ‘Boca’, da Força.
     
    Afrontar esse horizonte em marcha é o que ultimou a união da esquerda no extremo oposto da cidade no mesmo dia.
     
    Tolice supor que centrais paralelas à CUT, como a Intersindical, ou o aguerrido Guilherme Boulos, prestar-se-iam a uma cenografia unionista alegórica no Dia do Trabalhador.
     
    O que se assistiu no Anhangabaú foi o nascimento de um pacto.
     
    Que tem agenda e eixo de luta ancorados no entendimento de que o governo Dilma será aquilo que a rua conseguir que ele seja.
     
    Não desobriga a Presidenta de honrar compromissos de campanha, a começar pela rejeição ao vale tudo do PL 4330.
     
    Mas divide o desafio da coerência.
     
    Construi-la requer uma nova correlação de forças indissociável de uma frente ampla progressista.
     
    Quem mesmo assim continua a duvidar da determinação pactuada no legendário Anhangabaú, deve ouvir (abaixo) a íntegra do pronunciamento visceral do mais aplaudido orador do dia.
     
    Lula fechou o ato com um aviso à direita buliçosa.
     
    Essa que ao mesmo tempo o desdenha como líder morto, mas oferece a liberdade como recompensa ao pistoleiro capaz de alvejá-lo com uma denúncia mortal.
     
    Qual?
     
    Qualquer denúncia. Desde que impeça a assombração das elites de reaparecer como candidato em carne e osso em 2018.
     
    No 1º de Maio de 2015, a voz do fantasma ecoou mais rouca e forte que nunca.
     
    Para dizer ao conservadorismo golpista, antinacional e anti-trabalhador: o ectoplasma não vai esperar até 2018.
     
    ‘Vou correr o Brasil, vou me encontrar com trabalhadores, com jovens, operários, camponeses e empresários…’
     
    ‘Eu aceito o desafio’, disparou a voz rouca, ferida, ressentida, mas convencida de que ainda tem uma tarefa incontornável a cumprir no país: terminar o que começou, tarefa que o mercado sozinho jamais o fará.
     
    Cunha, Aécio, Skaf não se iludam com o noticiário generoso dos petizes da Folha.
     
    Algo mudou no Brasil neste 1º de Maio de 2015.
     
    E não foi apenas o preço do aluguel do sindicalismo de Bagatelle.
     
    Ouçam a fala de Lula no Anhangabaú: aqui
     
     
    https://soundcloud.com/institutolula/lula-discursa-durante-ato-politico-do-dia-do-trabalhador-em-sao-paulo

    http://cartamaior.com.br/?/Editorial/A-crise-vai-se-agravar-mas-a-esquerda-se-uniu-e-Lula-voltou/33391

     

    1. Oxalá ..

      Pareço uma adolescente ansiosa pela festa: quando vamos ver um ponto de inflexão de verdade nesta conjuntura que nos permita respirarmos e dormirmos mais tranquilos?  Sem esta constante sensação de ameaça …

  7. Paranaenses desafiam Beto Richa: Pensa que é só bater?

    “Fora Beto Richa” uníssono no estádio mostra repúdio ao tucano no Paraná. Assista.

    3 de maio de 2015 | 19:42 Autor: Fernando Brito

    coutopereira

    A análise feita na Folha de ontem, dizendo que o governador tucano do Paraná, Beto Richa – aliás um dos únicos “impixistas” entre os tucanos que à frente de um governo Estadual; o outro, mais discreto, é Simão Janene, do Pará – está isolado e repudiado não demorou mais que um dia para se confirmar.

    As torcidas do Coritiba e do Operário, na final do campeonato paranaense, esqueceram as rivalidades no início do jogo e, com faixas e um coro uníssono, protestaram contra o massacre dos professores paranaenses.

    Diz o jornal Gazeta do Povo:

    “Quando as equipes e o trio de arbitragem estavam alinhados para a execução do Hino Nacional, as torcidas adversárias se uniram e entoaram o grito generalizado de “Fora Beto Richa”.

    “Antes da partida, a torcida Coxa também estendeu nas arquibancadas uma faixa em apoio aos professores. “Todo apoio aos professores”, dizia a maior delas, retirada instantes após ter sido estendida — o regulamento da competição proíbe faixas com teor político nos estádios.”

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=raUoAVPVh0I align:center]

     

  8. http://www.brasil247.com/pt/2

    http://www.brasil247.com/pt/247/cultura/179361/Dela%C3%A7%C3%A3o-premiada-causou-morte-de-Tiradentes.htm

     

    Em tempos de operação “lava jato”, em que depoimentos feitos em delações premiadas estampam jornais diariamente, vale lembrar que Tiradentes foi possivelmente vítima da primeira “dedurada” legalmente recompensada na história do Brasil, feita pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis.

  9. Braga ‘defende direito da

    Braga ‘defende direito da Petrobras não participar de lotes do pré-sal’

    :

    Em visita a Houston, para a feira internacional do setor de petróleo, a Offshore Technology Conference (OTC), ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que as regras precisam ser revistas antes dos novos leilões do pré-sal; o governo vai abrir novas concessões do petróleo neste ano, mas as próximas ofertas no pré-sal podem ser adiadas para 2017; em entrevista à agência Bloomberg, ele diz que estrangeiros são bem-vindos: “A realidade hoje é atrair investimentos. Não há como a Petrobras realizar todos os investimentos necessários para a economia brasileira e para o setor de refino na indústria de petróleo”

    4 de Maio de 2015 às 05:23

     

     

    247 – Em entrevista à agência Bloomberg, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga defendeu, nesse domingo, que a Petrobras não seja mais obrigada a participar de todos os novos leilões de exploração do pré-sal.

    O marco regulatório prevê que a companhia, como operadora única, participe com ao menos 30% em todos os blocos oferecidos pelo governo.

    “Eu defendo o direito da Petrobras de optar por não participar”, afirmou o ministro.

    Em visita a Houston, para a feira internacional do setor de petróleo, a Offshore Technology Conference (OTC), ele afirmou que as regras precisam ser revistas antes dos novos leilões do pré-sal.

    O governo vai abrir novas concessões do petróleo neste ano, mas as próximas ofertas no pré-sal podem ser adiadas para 2017.

    Segundo ele, estrangeiros são bem-vindos: “A realidade hoje é atrair investimentos. Não há como a Petrobras realizar todos os investimentos necessários para a economia brasileira e para o setor de refino na indústria de petróleo”.

  10. Entrevista RicardoSemler

     

    http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150423_semler_entrevista_ru

     

    Da BBC Brasil

    ‘Pela primeira vez no Brasil temos gente rica assustada’

    Ruth CostasDa BBC Brasil em São PauloSócio majoritário do conglomerado Semco Partners e ex-professor de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Ricardo Semler tornou-se um dos empresários brasileiros mais conhecidos no exterior nos anos 90 por aplicar em sua empresa princípios gerenciais que ficaram conhecidos como ‘democracia corporativa’.

    Na Semco, os trabalhadores escolhem seus salários, horário e local de trabalho, além dos seus gerentes. A hierarquia rígida foi substituída por um regime em que todos podem opinar no planejamento da empresa.

    Recentemente, Semler voltou a ganhar notoriedade no Brasil e no exterior por dois motivos. Primeiro, porque o desempenho extraordinário de algumas empresas criadas por jovens empreendedores (como Facebook e Google) aumentou o interesse por práticas gerenciais inovadoras.

    Segundo, em função de um artigo polêmico publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, em que, ao comentar o caso de corrupção na Petrobras, Semler defendeu que “nunca se roubou tão pouco” no Brasil.

    “Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80 e 90, até recentemente”, escreveu ele.

    Semler é filiado ao PSDB, mas o artigo acabou sendo usado por quem defende o ponto de vista do governo e do PT no escândalo.

    Ao comentar o episódio em entrevista à BBC Brasil, o empresário defendeu que a politização do debate sobre corrupção é contraproducente e que o escândalo da Petrobras e as repercussões do caso envolvendo a divulgação dos nomes de brasileiros com conta no HSBC da Suíça são sinais de que o país está mudando. “Pela primeira vez no Brasil temos gente rica assustada”, afirmou.

    O empresário também defendeu um aumento do imposto sobre transmissão (herança) para os donos de grandes fortunas e disse que aceitaria pagar até 50%. “Isso não afetaria em nada a disposição do empresário em investir”, opinou. Confira abaixo a entrevista:

    BBC Brasil: O seu artigo virou referência para quem defende o governo e o PT nos debates sobre o caso Petrobras. Isso o incomoda?

    Semler: O objetivo (do artigo) não era esse, mas isso não impede que cada um se aproprie dele para fins próprios. Queria que as pessoas se perguntassem: O Brasil está ou é corrupto?

    Essas questões que estão sendo jogadas contra o governo do dia são muito antigas. A Petrobras é só a ponta do iceberg. Há corrupção nas teles, nas montadoras, nas farmacêuticas, nos hospitais particulares. O problema é endêmico e não adianta fazer de conta que surgiu agora. Se você vai para a Paulista e grita contra a corrupção, também precisa responder: Está declarando todos os seus imóveis pelo valor cheio? Nunca deu R$ 50 para o guarda rodoviário? Nunca pediu meio recibo para um médico? E quem está colocando no Congresso esses políticos? Não sei se a Paulista não estaria vazia se todo mundo fizesse um autoexame.

    O que ocorre com a corrupção é algo semelhante a nossa percepção sobre violência. Nunca se matou tão pouco no mundo – pense nas duas grandes guerras, na guerra civil espanhola, etc. Mas a internet, os debates, a difusão da informação faz com que tenhamos a sensação contrária.

    BBC Brasil: Qual sua posição sobre os protestos?

    Semler: Os protestos são legítimos e positivos. As pessoas estão se mobilizando por causas diversas. Daqui a pouco, por causa da situação econômica, também vão reclamar da inflação, do desemprego. Mas sobre esse tema, a corrupção, acho interessante entender se quem está na rua vai levar os princípios pelos quais está lutando para sua vida pessoal, a empresa onde trabalha.

    BBC Brasil: A politização da questão é um problema?

    Semler: A politização é inevitável, mas não era necessária para essa discussão – porque o que está acontecendo não tem nada a ver com partidos. Basta olhar para o escândalo do HSBC. Ele revelou que quase 10 mil brasileiros têm conta no exterior – imagino que a grande maioria não declarada. Isso não tem a ver com o PT – ou com o PSDB. Há 30, 40, 50 anos as pessoas mandam dinheiro para a Suíça para pagar menos imposto.

    BBC Brasil: Os casos Petrobras e HSBC indicam alguma mudança?

    Semler: É bom ver alguns executivos de algema. Pela primeira vez no Brasil, temos gente rica assustada. Até agora, você tinha uma classe média assustada, os pobres assustados e os ricos em suas mansões e helicópteros, ou indo para a Europa. Quando o cara é notificado pela polícia federal para explicar o dinheiro que ele tinha na Suíça, é um horror para essa elite e é uma beleza para o país.

    A sensação de que os ricos podem fazer qualquer coisa está fraquejando. É um indício de que esse momento do Brasil que durou 50, 60 anos está começando a terminar, mas serão necessários 20, 30 anos para fazer essa transição.

    BBC Brasil:É possível acabar com a corrupção?

    Semler: Alguns países nórdicos e europeus têm um grau de corrupção muito baixo hoje, apesar de terem sido os grandes corruptores do mundo no século 15, 16 ou 17. Acho que a educação, sem dúvida, faz parte desse processo. Nesses países, as escolas há muito tempo também se dedicam a discutir questões éticas e padrões de comportamento em comunidade. Se você só ensina a estrutura do átomo, a tabela periódica e equações matemáticas o aluno pode passar no vestibular, mas não vai ter parado um segundo para pensar em questões fundamentais da vida.

    BBC Brasil: Qual a extensão do problema de corrupção no setor privado?

    Semler: Muitas vezes, o principal interessado em acabar com o problema é o investidor, o dono do negócio. É esse o caso, por exemplo, de um diretor de compras (de uma empresa), que age com muita discrição (cobrando propina de fornecedores). Mas é difícil detectar e acabar com isso. O processo de controle e a gestão clássica das empresas é muito ineficaz.

    BBC Brasil:Por que um milionário ou bilionário arrisca colocar a reputação em risco para não pagar imposto?

    Semler: Acho que a questão é antropológica-humanística. Por que uma pessoa que tem 20, 30, 40 bilhões de dólares quer ganhar mais cinco (bilhões)? Porque não fica em Zurique, jogando tênis? Talvez porque pense que com mais um pouquinho vai ser feliz.

    Leia mais: Mujica: ‘Quem gosta de dinheiro tem que ser tirado da política’

    BBC Brasil: É possível ser um empresário honesto no Brasil?

    Semler: Sim. Uma boa parte dos empresários é honesta. Mesmo gente controversa. O Abílio (Diniz) não construiu sua rede de supermercados dando propina para ninguém. Pode ser comum receber a proposta: você me dá dez por cento e eu te ajudo. E aí tem gente que diz: ‘Ah, o Brasil é assim mesmo’. Ou: ‘O que adianta eu pagar imposto se essa turma do PT não vai usar o dinheiro direito’. Isso precisa acabar.

    BBC Brasil: Os empresários ricos e donos de grandes fortunas poderiam pagar mais imposto no Brasil? Há gente que defende que isso poderia aliviar o peso do aperto fiscal sobre o resto da população, por exemplo…

    Semler: O imposto sobre a operação já está no limite. Mas acho que particularmente os impostos de transmissão (herança) são baixos. Quando o patrimônio de um grande empresário passa para seus filhos, muitas vezes eles compram mais Ferraris, mais mansões, etc. O uso social desse patrimônio é o mais estúpido possível. Há muito espaço para aumentar (a taxa) e isso não afetaria em nada a disposição do empresário em investir. Até porque muitas vezes esse patrimônio foi construído por pessoas de outras gerações.

    BBC Brasil: O senhor aceitaria pagar mais imposto?

    Semler: Tranquilamente.

    BBC Brasil: Quanto seria aceitável?

    Semler: No caso do imposto de transmissão, não acho chocante o Estado ficar com 50%. No de imposto de renda, 40% (para a faixa mais alta de renda). Tinha um sócio na Suécia que chegou a pagar 101% de sua renda em imposto.

    Leia mais: Como os EUA ‘viraram o jogo’ contra a corrupção

    BBC Brasil: Como isso é possível?

    Semler: É um princípio difícil de a gente aceitar. Hoje, isso não existe mais. Agora, o imposto (de renda) máximo lá é 85%, se não me engano. Mas a Suécia dizia o seguinte: ‘Você já tem tanto que seu único papel é devolver um pouquinho’. A questão é que a pessoa sai na rua e não há pobreza. O dinheiro é usado de forma eficiente.

    Pagar 50% (de imposto sobre herança) é aceitável para muita gente se é feito bom uso desses recursos. Se você sai na rua e tem a sensação de que está indo nessa direção (Suécia), mesmo que não chegue a ver o resultado em vida. É uma opção melhor do que gastar (o dinheiro) em um helicóptero e depois ter de sobrevoar favelas.

    Mas também há muita gente (rica) que prefere fazer homenagem a si mesma. Temos aquelas doações que são um exercício de vaidade… as pessoas doam dinheiro para ter uma ala do hospital com seu nome: “Todo mundo que for esperar para fazer uma mamografia vai ver o meu nome”. Ao fazer uma unidade de um determinado hospital ou escola (privados) em Paraisópolis cria-se uma ilha da fantasia.

    São Paulo tem mais 180 favelas aonde ninguém vai. Acho que isso não funciona, não adianta para a sociedade como um todo. A elite brasileira costuma se vangloriar de fazer pequenas coisas, mas o Brasil tem problemas muito maiores.

    BBC Brasil: O senhor também tem falado muito sobre o tema da desigualdade. Qual o papel dos empresários e das empresas na redução do fosso entre ricos e pobres?

    Semler: Tenho a impressão de que o grande empresário, tal como o sistema está constituído hoje, com essa liberdade, não vai contribuir em nada. Pense no global. Ele não tem interesse em dizer: estou lucrando muito aqui, mas tem uma população que vai mal em Gana, no Camboja… O cara dá de ombros. ‘Não tenho nada a ver com isso. Pago meu imposto’, pensa.

    A autopropulsão, ou o drive, do empresário está associada a um egoísmo. No melhor dos casos, a um autocentrismo. Ele até pode pensar ‘preciso fazer algum projeto ambiental’, mas não quer que se metam com seu carro, sapatos caros, etc. Os grandes empresários tendem a ser egoístas ou autocentrados. No Brasil ou em qualquer lugar do mundo.

    Acho difícil esperar que tenham uma posição altruísta ou idealista em relação ao resto da humanidade. Figuras como Steve Jobs ou Bill Gates, por exemplo, não são muito diferentes dos grandes empresários americanos do fim do século 19, que expandiram as redes de eletricidade e ferrovias do país. São monopolistas, tentam quebrar os concorrentes, têm um ego enorme.

    BBC Brasil: O senhor ficou famoso por aplicar a chamada democracia corporativa em sua empresa. Os trabalhadores escolhem seus horários e seus salários. Como isso pode dar certo?

    Semler: Se você dá às pessoas todos os parâmetros para que elas decidam, elas decidem bem. É claro que o único fator a ser considerado não é, por exemplo, quanto cada um quer ganhar. Os trabalhadores se organizam para fazer o orçamento dos próximos 6 meses ou 1 ano, analisam o que precisam e que salário é preciso pagar para isso. Cada um diz o que gostaria e o grupo vê se é possível. O autointeresse é cotejado pelo coletivo. Em parte, o que fizemos foi mudar esse sistema do “eu mando, você obedece” por um sistema em que eu pergunto: ‘Quando você quer trabalhar? Quer vir até aqui ou não?’

    BBC Brasil: Há mais interesse por esse sistema hoje?

    Semler: Certamente. Fiz recentemente uma palestra TED (formato de conferências curtas, que se popularizaram na internet) que conseguiu 1,2 milhões de views (acessos) em pouco mais de um mês, principalmente de americanos. Conforme empresas abertas por grupos de jovens conseguem em poucos anos se equiparar a empresas tradicionais, muita gente está percebendo que a hierarquia militar que prevalece em algumas companhias não serve mais.

    Olhei esses dias uma lista da revista INC das cem empresas mais promissoras (do globo) e só conhecia duas. Nunca tinha ouvido falar das outras 98. O novo jeito de se organizar e de ser criativo, de inovar, não passa mais pela GE (General Electric) e pela GM (General Motors). Essas empresas que aparentemente tinham o poder e o controle sobre tudo estão perdendo espaço.

    Não faz mais sentido dizer que os funcionários de uma empresa devem chegar às 8h e sair às 5h, que devem se vestir e falar como mandam seus superiores. Esse sistema criado com a linha de montagem de Henry Ford, há cem anos, está obsoleto.

    BBC Brasil: Qual o objetivo desse modelo de gestão alternativo? Obter mais lucro ou ter funcionários mais satisfeitos?

    Semler: Há 30 anos, crescemos 41% ao ano, em média. E, ao mesmo tempo, tenho 2% de turnover (rotatividade de empregados) e o índice de satisfação de nossos funcionários também é bastante alto, embora não seja o que gostaríamos. Então, o que mostramos é, justamente, que é um falso dilema dizer que ou a empresa lucra ou seus funcionários ficam felizes.

    .

  11. Autista

    Nenhum comentário sobre a participação de Porchman no programa de sábado do William Wack na Globo news com 2 debatedores, 1 do IFHC e o Gianetti? A falta de visão dele do que ocorre à volta, unido à empáfia foi constrangedor…

  12. MPF descarta quebra de sigilo de Lula

     

    http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/05/04/responsavel-por-conduzir-investigacao-no-mpf-descarta-quebra-de-sigilo-de-lula.htm

     

    Responsável por conduzir investigação no MPF descarta quebra de sigilo de Lula

    Estadão ConteúdoDe Brasília

    04/05/201514p1Responsável por conduzir as investigações no Ministério Público Federal no Distrito Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a procuradora Mirella Aguiar descarta a possibilidade de pedir quebra de sigilo do petista.

     

    Integrante do núcleo de Combate à Corrupção do MPF, Aguiar foi sorteada para conduzir os procedimentos de coleta de informações sobre um suposto envolvimento de Lula em tráfico de influência no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dentre as missões da procuradora está apurar se o ex-presidente atuou de forma indevida para induzir o banco a financiar obras da Odebrecht no exterior.

    Os procedimentos preliminares, chamados de “notícia de fato”, têm como origem uma representação, apresentada por um outro colega da procuradora, com base em reportagens jornalísticas.

    “A quebra de sigilo é algo que a Justiça não costuma dar com base em notícias anônimas e equiparo um pouco a reportagem jornalística a uma notícia dessas porque não temos prova nenhuma. Qualquer tipo de invasão da esfera da intimidade, da privacidade do investigado tem que ser fartamente fundamentada. Quando se faz a pergunta se isso daqui poderia gerar uma quebra de sigilo, a inexistência de provas neste momento não autorizaria”, ressaltou a procuradora Mirella Aguiar ao jornal O Estado de S. Paulo.

    Na análise dela, a quebra de sigilo nesta fase preliminar poderia acarretar, inclusive, anulação da investigação. “Se por acaso eu tiver esse deslize ou outro colega qualquer, de com base somente numa reportagem pedir uma quebra de sigilo e por acaso um juiz der, isso certamente será anulado no futuro. É preciso ter mais elementos. É preciso ter indícios veementes. A Constituição está certa em garantir a intimidade, senão bastava qualquer um vir aqui dizer qualquer coisa para as pessoas terem os seus sigilos afastados”, afirmou.

    A procuradora preferiu não dar detalhes sobre os próximos passos da investigação. A informação do início dos procedimentos foi revelada pela revista “Época”. Por meio do Instituto Lula, o ex-presidente rebateu as acusações e ressaltou que faz apenas palestras no exterior e não presta serviços de consultoria.

    Apesar das negativas públicas do ex-presidente, a procuradora não descartou a possibilidade de Lula ter de apresentar formalmente, em depoimento ou por meio de ofício, sua versão.

    “Não posso dizer o que vai ser feito. Obviamente se for o caso de se investigar, se for o caso de as investigações avançarem, se for o caso de comprovar tudo aquilo que foi dito pela imprensa, as pessoas envolvidas deverão ter espaço para apresentar as suas versões”, disse. “Isso pode ser feito de diversas formas, algumas vezes mandamos ofícios pedindo que esclareça alguns pontos. Outras vezes, quando tem detalhes que são mais complexos, podemos chamar para ouvir. Mas se a pessoa reside em outro lugar, podemos pedir para outro colega de outro lugar ouvir”, acrescentou.

    Inicialmente, a conclusão desta fase preliminar de investigação deve ocorrer no prazo de 30 dias. Para a procuradora, ainda é cedo, entretanto, para definir uma data. “Prazo pode ser prorrogado até 90 dias no caso de se configurar um crime. Se a gente achar algum outro elemento que possa configurar improbidade, os prazos são diferentes. Podemos instaurar um procedimento preliminar de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 dias. Mas precisa de muita coisa ainda para saber se os fatos procedem. Hoje não tem como definir uma data”.

     

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