Diálogos do secretário privilegiou o mercado no debate sobre Previdência, por Marcelo Auler

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Reprodução Marcelo Abi-Ramia Caetano, economista formado pela UFRJ, ouviu bancos, fundos de pensão, seguradoras, Federações patronais, mas não se dispôs a conversas nem com sindicalistas nem com seus colegas economistas das Universidades.

Diálogos do secretário privilegiou o mercado no debate sobre Previdência

Por Marcelo Auler

“Até agora a única aposentadoria confirmada é a do Raul Seixas, porque ele nasceu há dez mil anos.” (Frase corrente nas Redes Sociais)

Apesar de apresentada como uma forma de resolver o problema do déficit previdenciário – sobre o qual alguns levantam sérias dúvidas – a Reforma da Previdência terá um efeito colateral direto: vai beneficiar, e muito, os Fundos de Pensões e de Previdência Privada.

Foi basicamente com representantes destas entidades – bancos, instituições financeiras, fundos de investimentos, seguradoras – que o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Abi-Ramia Caetano, passou os últimos quatro meses e meio conversando.

Acredite quem quiser, conforme os dados registrados oficialmente em sua agenda (veja detalhes abaixo). Entre 20 de julho – data em que disponibilizaram seus compromissos na Internet -, e 30 de novembro há anotações de 41 encontros, conversas, seminários e debates em que o tema deve ter sido abordado. Afinal, era o assunto principal que ele cuidava. Mas em nenhum destes acontecimentos participaram sindicalistas ou mesmo acadêmicos e professores que reconhecidamente questionam o déficit da Previdência e criticam a reforma como ela está sendo imposta goela abaixo do Congresso e, consequentemente, da população.

A reforma, como muito já se falou, e acredito que um dos primeiros a fazê-lo com o merecido destaque foi o Fernando Brito, em O Tijolaço, na postagem Confirmado: aposentaria integral só aos 49 anos de contribuição. O Fator 85/95 agora é 114, presenteará o trabalhador com a exigência de 49 anos de contribuição. Absurdo tão grande que nas redes sociais já circula a frase acima dando conta que só Raul Seixas teria chance de se aposentar.

Com base no que demonstra a agenda do secretário, não se poderia esperar outra coisa. Entre seus interlocutores estão representantes de três bancos comerciais – Bradesco (duas vezes), Santander (três vezes) e Itaú. Há ainda diretore de instituições como J P Morgan (dois encontros e participação em uma conferência) e XP Investimentos, que se intitula uma das maiores instituições financeiras do Brasil;  de agências de classificação de riscos como a Fitch Ratings e a Standard & Poor’s; a participação em conferência promovida na sede do Banco Mundial, em Brasilia – Seminário Pensions for Public-Sector Employees: Lessons from OECD Countries Experience” (Pensões para Funcionários do Setor Público: Lições dos Países da OCDE Experiência); e até uma conversa com o Comitê de Legislação da Câmara Americana do Comércio Brasil e Estados Unidos – American Chamber of Commerce for Brazil (AMCHAM Brasil). Sem falar nas entidades patronais como as Federações das Indústrias do Rio e de São Paulo, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), entre outras.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

5 Comentários

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  1. Que bobagem… Em vez de se

    Que bobagem… Em vez de se preocupar com os termos da reforma e, se for capaz, rebatê-los tecnicamente (a questão é atuarial), esse tal de Marelo Auler fica analisando a agenda do secretário…

    1. Bobagem.

      A questão não é atuarial mas sim de privataria. (E não me venha com tecnicalidades pois você não tem os dados assim como este secretário, que apenas repete uma velha retórica .) Isto só vai retirar mais e mais dinheiro  do comércio e do setor produtivo. A classe média vai ter que desembolsar uma parte substancial para colocar num plano privado.  Isto só leva a mais recessão.

      1. Prezado colega, equilíbrio da

        Prezado colega, equilíbrio da Previdência não tem nada a ver com planos privados, que a classe média já faz há muito tempo. Faz planos privados quem quer ou precisa. Aliás, atualmente quem não precisa mesmo é a verdadeira elite do país, que são os funcionários públicos, pois tem direito a aposentadoria integral, às custas de todos nós.

  2. A única função desta proposta é privatizar a previdência.

    Esta é a maior privatização de todas. Esta proposta de previdência é para satisfazer o mercado, isto é, os bancos.  Com as idades e os tempos exigidos, todos sem exceção terão que rapidamente recorrer à previdência privada. Isto é teremos mais e mais dinheiro sequestrado pelo capital improdutivo. Que provavelmente já tem planos preparados para todos os gostos e todas as classes. Ou será que existe alguem aqui que vá trabalhar 49 anos para poder usufruir do teto da previdência.

    Todos sabemos que esta é uma obssessão  tucana, que covardemente vai apertando o laço da armadilha, e Temer vai pouco a pouco agonizando. Devido a suas próprias limitações continua achando que sua tábua de salvação é o seu algoz PSDB. E se suicida politicamente para implantar as medidas do PSDB.

    E caso esta medida venha a ser barrada ou revogada, seu efeito imediato já está ocorrendo. A corrida para os planos de previdência privada já esta acontecendo.  Um grande golpe.

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