Documentos da Lava Jato enviados ao STF citam Gleisi Hoffman

Da Agência Brasil

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, enviou hoje (25) ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos apreendidos no escritório do advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, durante a 18ª fase da Lava Jato, por suspeitas de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) tenha recebido valores de “natureza criminosa”.
 
Em nota, a senadora informou que conhece Gonçalves “há muito tempo” e que todo o trabalho dele como advogado nas campanhas dela consta das prestações de contas, aprovadas pela Justiça Eleitoral. “Desconheço as relações contratuais que Guilherme Gonçalves mantém com outros clientes, assim como desconheço qualquer doação ou repasse de recursos da empresa Consist para minha campanha”, afirmou Gleisi.

No despacho publicado hoje (25), Moro destacou que, de acordo com provas colhidas no processo, há indícios de que a senadora tenha sido beneficiária de recursos da empresa Consist, investigada na Pixuleco 2.

“Havendo indícios de que autoridade com foro privilegiado seria beneficiária de pagamentos sem causa, é o caso de acolher o requerimento da autoridade policial e do MPF [Ministério Público Federal] e remeter o feito para o Egrégio Supremo Tribunal Federal”, disse Moro.

“Como a referida senadora é, aparentemente, apenas uma das beneficiárias de pagamentos sem causa efetuados a dezenas de outras pessoas, de todo oportuno que, se assim for este o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o processo seja desmembrado, possibilitando a continuidade da investigação e da persecução, perante este Juízo, dos investigados destituídos de foro privilegiado”, acrescentou o juíz.

Em depoimento na Polícia Federal (PF), Guilherme Gonçalves alegou que utilizava recursos recebidos a título de honorários advocatícios da Consist, a fim de pagar despesas de clientes do escritório, como é o caso senadora e de pessoas a ela ligadas. Gonçalves disse ainda que os débitos seriam relativos a “despesas urgentes” dos clientes. De acordo com o advogado, nenhuma delas foi, posteriormente, ressarcida.

Moro afirmou que, conforme as investigações, os recursos sairiam do “Fundo Consist”, termo usado em uma planilha também apreendia no escritório de advocacia. “A planilha de fevereiro de 2015 apreendida no escritório de Gonçalves revela que, do assim denominado ‘Fundo Consist’, com crédito de R$ 50.078,00, foram efetuados diversos lançamentos de débitos em favor da senadora e de pessoas a ela ligadas”, diz outro trecho do despacho enviado ao STF.

Também constam da planilha apreendida pela Polícia Federal débito de R$ 1.344,51, a título de pagamento de multa relacionada ao nome de Gleisi Hoffmann, e débitos de Zeno Minuzzo e Hernany Bruno Mascarenhas, ligados à senadora paranaense, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato. Conforme as investigações, Hernany Mascarenhas presta serviços de motorista à senadora e Zeno Minuzzo foi secretário de Finanças do Diretório Estadual do PT.

No despacho, o juiz Sérgio Moro lembrou que, na planilha apreendida, há registro de pagamento, em setembro de 2011, de R$ 50 mil de honorários pela Consist a Guilherme Gonçalves. Segundo o juiz, esse pagamento foi “acertado” com o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffmann. Uma anotação de Gonçalves apreendida por agentes da PF descreve o suposto acerto para o pagamento de honorários advocatícios combinado com Paulo Bernardo.

“A anotação em questão, revelando que Guilherme precisaria da concordância de terceiro [Paulo Bernardo] para ficar com os honorários pagos pela Consist, indica que os valores não se tratavam, de fato, de honorários”, concluiu Moro.

*Colaborou Karine Melo

 

Redação

16 Comentários

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  1. Golpismo na delação premiada
    A acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa na CPI, divergindo no que poderia dar substância a oposição para um impeachment, demonstra CLARAMENTE que houve cooptação. O doleiro se mostrou mais contundente em toda extensão em sua fala tanto quanto em relação a Paulo Roberto quanto ao Cunha. A delação premiada mostra atuação de golpistas dentro da justiça!

  2. A “milionario” fundo de 50

    A “milionario” fundo de 50 mil reais pagava contas?  Deve ser importantissimo!

    Por sinal, o advogado nao “alegou” nao, ele disse:

    “Guilherme Gonçalves alegou que utilizava recursos recebidos a título de honorários advocatícios da Consist, a fim de pagar despesas de clientes do escritório, como é o caso senadora e de pessoas a ela ligadas. Gonçalves disse ainda que os débitos seriam relativos a “despesas urgentes” dos clientes. De acordo com o advogado, nenhuma delas foi, posteriormente, ressarcida”:

    Se os honorarios recebidos eram para pagar despesas dos clientes, como eh que ia haver um “ressarcimento”?

    O item tambem usa um “suposto” tao fora de lugar que da ate pra pensar em ma fe mesmo:

    “No despacho, o juiz Sérgio Moro lembrou que, na planilha apreendida, há registro de pagamento, em setembro de 2011, de R$ 50 mil de honorários pela Consist a Guilherme Gonçalves. Segundo o juiz, esse pagamento foi “acertado” com o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffmann. Uma anotação de Gonçalves apreendida por agentes da PF descreve o suposto acerto para o pagamento de honorários advocatícios combinado com Paulo Bernardo”

    Ah, bom, ha registro de pagamento DE HONORARIO, nao eh?  E o pagamento foi feito pelo marido de Gleisi, nao eh?

    Entao a conclusao nao faz uma gota de sentido!  Notem o proximo paragrafo e me digam se eu entendi errado:

    ““A anotação em questão, revelando que Guilherme precisaria da concordância de terceiro [Paulo Bernardo] para ficar com os honorários pagos pela Consist, indica que os valores não se tratavam, de fato, de honorários”, concluiu Moro”

    Alguem tem esse documento?  O cara (Guilherme) ta recebendo pagamento de uma dupla marido/mulher, nao vi o ponto de ela pagar ou ele pagar como “revelatorio” do que o juiz concluiu de maneira alguma exceto pela posicao dele ser de ministro, hierarquicamente maior que a dela!

    A LavaBunda ta la assim tao megalomaniaca?

  3. E a citação do doleiro a

    E a citação do doleiro a aecio neves o  juiz não vai mandar para stf para investigar.

    A parcialidade da justiça brasileira já beira ao absurdo…

    1. Cabeça de bacalhau.

      Essa acusação de Yousseff a Aécio é uma inexistência.

      Procurei a hoje nas primeiras páginas da Folha, Estadão e o Globo, não é sequer mencionada.

    2. Aécio & cia.

      Não, ele não vai mandar a citação do Aécio.  Se mandasse, teria que citar também o Álvaro Dias que – o doleiro contou ontem na CPI – usou o jatinho do Youssef na campanha eleitoral. Mas isso não vem ao caso.

  4. a verdade verdadeira é que

    a verdade verdadeira é que justiça justa e imparcial – justiça boa – é aquela justiça a nosso favor, do nosso lado da força.

  5. Nos anos 60, 70 e começo dos

    Nos anos 60, 70 e começo dos 80 foi preciso que pessoas enacarassem os militares pelo fim da ditadura. Agora será preciso enfrentar o judiciário para consolida-la. Isto aqui está é parecendo um Paraguai (com todo respeito ao seu povo que também é vítima de ditadura branca) em tamanho gigante.

  6. Aliviará Dilma

    Se Gleisi for afastada do Planalto, será um alívio para Dilma. 
    Se investigar bem a fundo, há chances de encontrar muito mais coisas. Ela faz parte de uma ala que “subiu” no poder por angarear “milhas” e ter sua vida profissional sempre dependente de cargos políticos, ou indicações políticas. Subiram em partes dependendo de benesses se escorando em grandes políticos, e quando no poder chegaram, institucionalizam tal cultura e a trataram como algo normal. 

    O primeiro mandato de Lula teve a sua frente pessoas que ajudaram a construir o seu Plano de Governo, assim como as principais lutas do partido. Gleisi é da turma que correu por fora, acumulando “milhas” de indicações, subindo de cargos, até chegar ao topo. 

    Caiu Dirceu, Palocci, Gushiken e mais um tanto, depois, a ala do sul (Gleisi e Ideli) eram as próximas da fila, diante de suas “milhas” acumuladas, e para lá foram alçadas. 

     

     

  7. O moro murinha, não tem 

    O moro murinha, não tem  moral alguma para faler em corrupção. Visivelmente está a serviço dos golpistas e perssegue, EXPLICITAMENTE, só petistas com “argumentos”, com total falta de evidência de provas, que só alguem MUITO MAU INTENCIONADO e a serviço de algo não republicano, poderia colocar. Quero saber do salário super faturado que esse senhor recebe, pago por meus impostos, quando vai ser “normalizado”? Ou ser inventor de provas contra petistas, e só contra petistas, dá o direito de super faturar seu salário? Por favor, o senhor é um servidor público, explique-se para nós contribuintes e não só faça caras e bocas na imprensa. Está ficando tão vergonhoso este espetáculo justiceiro. Limpar o judiciário da corrupção, limpar a própria casa, é tudo que desejamos como contribuites, pagadores do super salários desses empregados.

  8. Documento

    Cada notícia de delação ‘SELECIONADA”, acho o Dr. MORO, mais parecido com o lobo da fábula o Lobo e o Cordeiro, em que o Lobo queria e conseguiu a todo custo devorar o Cordeiro.

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