Estudo aponta que 64% dos brasileiros entendem pouco de ciência

Jornal GGN – Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Abramundo mostrou que pelo menos 64% dos brasileiros possuem pouco letramento científico, o que compromete o dia a dia dessas pessoas. A pesquisa, chamada de Indicador de Letramento Científico Abramundo (ILC), foi feita em parceria com o Instituto Paulo Montenegro, responsável pela ação social do Grupo IBOPE, e a ONG Ação Educativa.

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas de 15 a 40 anos, residentes no Distrito Federal e em 9 regiões metropolitanas brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Belém. Foram ouvidos apenas aqueles que tenham completado quatro anos de estudo formal – o que corresponde, proporcionalmente, ao corte geográfico e populacional representativo de cerca de 23 milhões de pessoas.

Ao contrário do método de avaliações comuns, como o Pisa ou o ENEM, o indicador optou pelo foco na utilização de referências do mundo científico no cotidiano e na vida produtiva dos brasileiros. Além disso, foi usada a mesma metodologia do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) para criar um indicador que permitisse aferir e acompanhar no tempo os níveis de alfabetismo científico no Brasil.

O resultado sugere, na avaliação do Instituto Abramundo, que há uma necessidade urgente de desenvolver políticas voltadas ao avanço do letramento científico do país, além de novos estudos que permitam estimar os impactos dos atuais níveis de letramento científico nas diferentes esferas da vida social e econômica.

Resultados

A pesquisa demonstrou, em uma primeira análise, que a grande maioria (79%) das pessoas ouvidas na pesquisa pode ser classificada nos níveis intermediários da escala criada para a metodologia. No total, foram três os níveis estabelecidos: 1 – Letramento não científico; 2 – Letramento científico rudimentar; 3 – Letramento científico básico e 4 – Letramento científico proficiente.

A pesquisa mostrou que 16% da população pesquisada se encontra no nível 1; 48% no nível 2; 31% nível 3 e apenas 5 a cada 100 pessoas foram classificadas no nível 4. Dentre os indivíduos que chegam ao ensino superior, 48% atingem o nível 3 e 11% podem ser considerados proficientes (nível 4). Nesse grupo de mais alta escolaridade, há uma parcela significativa (37%) no nível 2 e 4% considerados iletrados (nível 1).

A tendência também aparece entre aqueles que cursaram ou estão cursando o ensino médio, e muitos permanecem no nível 2 mesmo após nove anos de estudo formal. O estudo aponta que a baixa escolaridade e a falta de prioridade da alfabetização científica no ensino fundamental comprometem a apropriação das ciências e sua aplicação na vida cotidiana.

“A ausência de letramento científico básico reforça as desigualdades sócio-econômicas, comprometendo o exercício da cidadania e a inserção produtiva de grande parte de nossa população”, afirma a superintendente educacional da Abramundo, Carminha Brant. Além disso, os resultados também impactam diretamente na esfera social, pois um maior domínio das habilidades de letramento no campo científico permite a incorporação destes conhecimentos a situações do dia a dia.

Redação

11 Comentários

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  1. Valor sub avaliado

    Não tenho dados, confesso antecipadamente, mas 64% me parece um número baixo. Ter segundo grau não significa nada. Idem curso universitário. Situação econômica? Tãopouco. Arrisco dizer que poucas nações no mundo alcançam estes 64%. 

    se servir como parâmetro, para ser professor de Ciências no primeiro grau, exige-se ou licenciatura curta em ciências ou plena em biologia. E falo de cadeira, física e quiímica são relegadas a quinto plano. Mais ainda, não se ensina a raciocinar, máximo memorizar.

  2.  
    Andei olhando os critérios

     

    Andei olhando os critérios de definição do letramento científico e não achei os critérios tão objetivos assim. Dois desses critérios eu irei comentar compreender uma bula de um remédio ou saber utilizar um aparelho a partir de um manual.

     

    Eu até poderia dizer que algumas vezes não entendo manuais e tenho dificuldade em entender bulas, no primeiro o motivo é que me parece mais que quem são os verdadeiros iletrados científicos são as pessoas que escrevem manuais! São informações conflitantes, passos suprimidos, não concordância das figuras dos manuais com o aparelho e aí por diante, logo se me for perguntado se entendo manuais posso até dizer que não (e não me considero um iletrado científico).

     

    Quanta a bulas de remédios, algumas vezes é ainda pior, elas utilizam linguajar técnico exclusivo da área médica, confundem sistemas de unidades nas dosagens de remédios, usam conversões impróprias e mal detalhadas e outras, além de tudo são muito extensas com dados que não interessam o consumidor.

     

    Logo, de vagar com o andor que o santo é de barro.

     

  3. Há outro critério que é

    Há outro critério que é “matante”: Combater um pequeno incêndio, seguindo instruções dos equipamentos.

    Quem na hora de um incêndio tem calma para ler as instruções de um extintor!

    Parece-me que estes pesquisadores é que são meio iletrados mesmo.

  4. Perai ! quem tem que entender

    Perai ! quem tem que entender de ciencias não são os especialista de cada área ?

    Se 64% não entendem, isso quer dizer que 36% entendem de ciências.

    Fazendo uma conta rápida isso dá +/- 60 milhões de cientistas.

    Ou seja, em se tratando de ciências estamos bem na fita.

    Quantos ciêntistas tem na Europa e nos USA ?

    Esses europeus e americanos precisam aprender com a gente.

     

    1. Cientistas são profissionais

      Cientistas são profissionais especialistas em ciência, não donos do conhecimento, que deve ser partilhado na sociedade, na medida do possível e da necessidade dos cidadãos. O iletramento científico, a que esse artigo se refere, diz respeito a não entender os conhecimentos científicos básicos necessários ao dia-a-dia numa sociedade do século XXI. É como precisar conhecer o mínimo de história do seu país, para entender o Presente; ou ter de dominar aspectos fundamentais da Matemática para lidar com as necessidades comerciais e práticas algébricas de quase toda profissão, sem que por isso seja necessário conhecer Matemática como um acadêmico da área…

      Por sinal, a fração proporcional de cientistas por habitante é muito baixa no Brasil, mais baixa do que na Europa ou nos EUA:

      ——

      Os países desenvolvidos são os que produzem ciência e tecnologia de melhor qualidade, fator interfere na qualidade de vida de suas populações. As nações industrializadas têm um cientista trabalhando no sistema de ciência e tecnologia para cada grupo de 300 habitantes. Nos EUA, hoje, existe mais de um milhão de cientistas numa população de 260 milhões. Não há país desenvolvido que apresente uma relação acima de um cientista por 500 habitantes. No Brasil, a relação é de um cientista por 1.500 habitantes.

      https://www.ufmg.br/boletim/bol1209/pag5.html

  5. A Abramundo é produtora de sistema de ensino de ciência

    Prezado Nassif,

    Confesso, nunca tinha ouvido falar da Abramundo. Checando, verifico que é uma vendedora de sistemas de ensino de, adivinhem, CIÊNCIA!!!

    Não vejo problema que a produtora de um programa de ciências para o ensino fundamental, realize pesquisas ou estudos para atingir seu público potencial. O problema é a GGN apresentar este conteúdo como uma iniciativa de ação social.

    Sejamos claros, eles fazem a pesquisa para promover a venda de seu material. Tudo bem, desde que colocado claramente.

    Outo ponto que vi, com surpresa, é o da suposta participação da Ação Educativa no estudo. Considero que a Ação Educativa faz um trabalho sério. Não encontrei, no site da Abramundo ou da Ação Educativa, qualquer menção à pesquisa e a metologia para obtenção do resultado apresentado na reportagem.

    Creio que merecemos esclarecimento, uma melhor informação sobre esta pauta do GGN.

    Um abraço.

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