Filha de Mônica Moura responde a repórter do jornal O Globo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Alice Requião

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Uma carta aberta ao jornalista Flávio Freire, que escreveu uma matéria no O Globo sobre a saída da minha mãe hoje (01 de agosto de 2016):

Eu não te conheço, mas você escreveu uma matéria hoje sobre minha mãe, Mônica Moura, que foi solta depois de mais de 5 meses em custódia, e sorriu dentro do carro.

Deve ser bom, né, falar da vida de gente que você não conhece, que nunca encontrou, que não sabe nada da história ou do caráter… Simplesmente porque você tem o espaço de um jornal, que todos vão ler e acreditar no tom da notícia que você está dando.

Queria te falar um pouco da minha mãe, pra você ter o mínimo de propriedade pra escrever sobre ela, da próxima vez que você o fizer.

Título da matéria assinada pela repórter Flávia Freire, no Globo

Ela sorri. Ela sorri sempre. Ela ri até quando chora. Ela sorriu desmedidamente até no dia que eu fui visitar ela numa penitenciária de segurança máxima, onde ela ficou 45 dias. Me deixaram vê-la depois de 30 dias que ela passou em período de “triagem”, onde só podia tomar banho de sol 3 vezes por semana, passava todo o resto do tempo trancada numa cela de 2 metros. Ficou as primeiras 48 horas seguidas nessa mesma cela, sem luz nenhuma. Sem saber que horas eram, sem poder pedir pra que os seus advogados trouxessem uma lâmpada, afinal, eram regras do presídio. Sem acesso a uma caneta pra escrever uma carta pros filhos dela. Com as costelas machucadas porque estava dormindo num colchão fino que fazia com que ralasse as costas a noite toda. Ah, ela estava na ala das prisioneiras do PCC, umas das mais perigosas do país.

Não, ela não tinha sido condenada… Sequer julgada… Mas aí estava. Cada vez que ela tinha que ver um advogado, o que acontecia diariamente, ela precisava fazer aquela revista humilhante, sem roupa alguma.. Mas sabe o que ela fez nessas 3 horas que permitiram que eu ficasse com ela? Ela sorriu. Riu, deu gargalhada de cada história que contei. Sorriu com a alma mesmo, riu de chorar.

Desculpe, se te incomoda muito, Flávio. Mas é o jeito que a minha mãe sabe viver. Eu sei que você e muitas pessoas preferiam que ela estivesse triste e cabisbaixa no pior momento da vida dela.

Mas a minha mãe é assim: ela sorri. O que você chama de não demonstrar fragilidade, é apenas uma felicidade interna que injustiça nenhuma desse mundo vai tirar dela. E eu só posso agradecer ao universo por isso. Sei que pra você não é nada pessoal, é só mais uma matéria lixo que você acha que vai ter alguma audiência ou alguns amigos vão compartilhar no Facebook. Mas pra mim não, pra mim é a minha vida toda, é a mulher que eu mais amo no mundo sendo retratada como uma pessoa sem sentimentos.

Eu espero, de coração, que você tenha alguém na sua vida como a minha mãe: que ri e sorri mesmo quando as coisas não vão nada bem.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

27 Comentários

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  1. E pensar que houve um momento

    E pensar que houve um momento na vida em que pensei em ser jornalista.

    Ressalvadas as honrosas exceções, aqui mesmo, e em sítios por aí, o que acontece com os valores de quem deveria ser um instrumento de elaboração da realidade para a consolidação destes em prol do bem comum?  O que contamina?  O que conspurca?

    Não há problema em trazer à luz o fato, mas interpretar conforme conveniências, sem atentar para a responsabilidade que o registro implicitamente carrega é, no mínimo, irresponsável.

    Costumo dizer que mesmo o facínora mais empedernido tem uma mãe, uma filha, um irmão. E que nunca sabemos quando seremos nós – ou fomos – a estar naquela posição, por força de nossa vontade ou de uma conjuntura desfavorável e que não podemos controlar.

    É lamentável – e temos visto essa prática danosa de ataque à reputação e (des)(re)construção de imagem – que estejamos vivendo tempos sombrios e despudorados, na acepção ampla da palavra.

    Não vi a cena, não li o jornal, mas nem é preciso. Todos os dias, na mais comezinha das situações, presenciamos a verborragia irresponsável e a absoluta distorção, casuística sempre, na observância dos valores universais que tanto perseguimos.

    1. ju

      As ilegalidades e arbitrariedades dese moro são tamanhas que fazem pensar numa insuficiência total do judiciário pátrio.Nós pagamos uma fortuna para uma entidade que pode estancar isso e não o faz.Alguém dirá: é o golpe, estúpido!

    2. Pra ser jornalista hoje em

      Pra ser jornalista hoje em dia ou se é outsider, tapado ou a soldo da plutocracia,

       

      Hoje assistindo a gazeta, a irmã golpista pobre, vi um senhor e uma apresentadora falando sobre o perdão da divida do metro, o senhor já conhecia por que sentou o arreio no Lula e na Dilma certa vez, parei pra ver o que ele dizia, informou que o metro tinha uma divida que estava cobrando e a empresa, aquela mesma envolvida em inumeros escandalos, cobrava outra divida do estado, a sbra dos 116 mi a favor do estado era a diferença das duas dividas e o g9overno achou melhor perdoa-la, qua qua qua, a mocinha agradeceu ao senhor por “explicar” para nós compreendermos melhor, ou seja, a mocinha acha correto o governo que está vendendo os parques do estado por que alega falta de $$, perdoa uma divida de 116 mi de uma empresa particular, dinheiro publico portanto e acham isso tudo normal??? E se fosse o contrario? Por isso digo, ou se´é tapado, a soldo da plutocracia ou outsider e se vira na midia alternativa, o que não podem achar é que quem assiste ou lê segue a mesma cartilha torta.

  2. É isso aí, menina. Um juiz

    É isso aí, menina. Um juiz fascista prendeu a sua mãe em codições de tortura e ainda é considerado herói nesse país. Tenho vergonha desse país. E orgulho de garotas como você que defende sua mãe no meio de uma turba ensandecida conduzida pelo principal grupo de mídia do país que transforma em herói um juiz fascita. Imprensa maldita.

    Tivesse a sua mãe trabalhado nas campanhas de todos os corruptos do país juntos e jamais seria incomodada. 

  3. TORTURA

    Me engano ou o relato é descriçao de tortura ?

    Ela sorriu desmedidamente até no dia que eu fui visitar ela numa penitenciária de segurança máxima, onde ela ficou 45 dias. Me deixaram vê-la depois de 30 dias que ela passou em período de “triagem”, onde só podia tomar banho de sol 3 vezes por semana, passava todo o resto do tempo trancada numa cela de 2 metros. Ficou as primeiras 48 horas seguidas nessa mesma cela, sem luz nenhuma. Sem saber que horas eram, sem poder pedir pra que os seus advogados trouxessem uma lâmpada, afinal, eram regras do presídio. Sem acesso a uma caneta pra escrever uma carta pros filhos dela. Com as costelas machucadas porque estava dormindo num colchão fino que fazia com que ralasse as costas a noite toda. Ah, ela estava na ala das prisioneiras do PCC, umas das mais perigosas do país.

  4. carta da filha de Mônica Moura

    Sou mãe também e lamento o que sua mãe passou, lamento pela humilhação, lamento pela maldade, lamento pela insensibilidade e sei que se ela ainda sorri é porque tem o instinto maternal aflorado, e sempre mostrará aos filhos o lado bom da vida, mesmo alertando-os contra os perigos. Não as conheço mas, peço a Deus que ajude sua mãe a superar toda prova pela qual passou e está passando, e que possa ficar junto de seus filhos, maior tesouro que uma mãe tem. 

  5. E depois reclamam que o Lula

    E depois reclamam que o Lula vá á ONU,

     

    contra essa justiça parcial e a serviço da plutocracia sanguinolenta e corrupta; quem tiver que pagar que poague, mas dentro do devido processo legal, com apmla defesa e juizo isento, não é o que vemos nos dias atuais, fico estarrecido quando soltaram esse casal dizendo que estavam colaborando, pelo visto inverteram o onus da prova, agora o réu tem que provar que é culpado?? Tem que produzir provas contra si?? Acabaram com a presunção de inocencia??? O juiz natureal foi para o espaço, só a sergio moro no país, e os juizes apoiam esse absurdo, o stf é esse orgão inutil que estamos vendo e o tse apesar de gastar milhões com propaganda dizendo que respeito a voz do eleitor é o orgão mais golpista; demoro para o Lula ir á ONU, e qualquer brasileiro que se sentisse perseguido deveria faze-lo.

  6. Imagine sofrer o que minha

    Imagine sofrer o que minha familia sofreu com a mídia que apoiou a ditadura. FSP, Estadão e Globo, em menor escala o JB, a quantidade de inverdades e a impunidade que tiveram mesmo depois do mal que faz as pessoas de bem.

  7. Suspeito…

    Suspeito que certo jornalista do Globo acaba de ser humilhado pela inteligência de uma mocinha certeira.

    Esse cara corre o risco de ser lembrado como “aquele que tomou um dos maiores tocos da história do jornalismo brasileiro”.

    1. Certeza

      Eu não suspeito, Ricardo: tenho certeza. A humilhação imposta por essa garota sensível e inteligente, de certa maneira  atinge boa parte do jornalismo brasileiro que embarcou no arbitrário clima de inquisição criado pelo juiz Moro com a leniência do meo jurídico e setores da mídia. Na minha longa vida, só vi esse autoritarismo na ditadura militar e sei que existiu na ditadura de Getúlio, quando eu era criança. Agora, não podia ser tolerado. Esse troco valeu. Aplausos.

  8. O marketing político é o

    O marketing político é o instrumento pelo qual o Capital submete a Política.

    O amor é o sentimento que une pais e filhos.

    Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

  9. Mas o jornalista so segue

    Mas o jornalista so segue ordens:

    – Senta!

    – Rola!

    – Fala mal do Lula!

    – Peida!

    – Finge de morto!

     

    Se der um ossinho ele escreve o que você quiser.

  10. Importante deixar anotado a

    Importante deixar anotado a maneira de como são obtidas e instrumentalizadas as Delações no LavaJato validas como provas por Moro:

     “Ela sorri. Ela sorri sempre. Ela ri até quando chora. Ela sorriu desmedidamente até no dia que eu fui visitar ela numa penitenciária de segurança máxima, onde ela ficou 45 dias. Me deixaram vê-la depois de 30 dias que ela passou em período de “triagem”, onde só podia tomar banho de sol 3 vezes por semana, passava todo o resto do tempo trancada numa cela de 2 metros. Ficou as primeiras 48 horas seguidas nessa mesma cela, sem luz nenhuma. Sem saber que horas eram, sem poder pedir pra que os seus advogados trouxessem uma lâmpada, afinal, eram regras do presídio. Sem acesso a uma caneta pra escrever uma carta pros filhos dela. Com as costelas machucadas porque estava dormindo num colchão fino que fazia com que ralasse as costas a noite toda. Ah, ela estava na ala das prisioneiras do PCC, umas das mais perigosas do país”

     

  11. Importante deixar anotado a

    Importante deixar anotado a maneira de como são obtidas e instrumentalizadas as Delações no LavaJato validas como provas por Moro:

     “Ela sorri. Ela sorri sempre. Ela ri até quando chora. Ela sorriu desmedidamente até no dia que eu fui visitar ela numa penitenciária de segurança máxima, onde ela ficou 45 dias. Me deixaram vê-la depois de 30 dias que ela passou em período de “triagem”, onde só podia tomar banho de sol 3 vezes por semana, passava todo o resto do tempo trancada numa cela de 2 metros. Ficou as primeiras 48 horas seguidas nessa mesma cela, sem luz nenhuma. Sem saber que horas eram, sem poder pedir pra que os seus advogados trouxessem uma lâmpada, afinal, eram regras do presídio. Sem acesso a uma caneta pra escrever uma carta pros filhos dela. Com as costelas machucadas porque estava dormindo num colchão fino que fazia com que ralasse as costas a noite toda. Ah, ela estava na ala das prisioneiras do PCC, umas das mais perigosas do país”

     

  12. É com jornalistas

    como esse, que a turba ignara aprende e xinga de palavras horríveis uma atriz tão doce como a Letícia Sabatella. Mas eles não tem culpa de nada, pobrezinhos. São apenas pessoas que obedecem ao patrão, que não ama o país onde nasceu, e só quer o dinheiro do governo, quando necessita.

    Parabéns garota !

  13. a força do sorriso

    O sorriso da vítima é a arma suprema,que os prepotentes, os torturadores, não suportam. O sorriso é a maneira de dizer: você pode atingir o meu corpo, mas minha alma, meu espírito estão intactos. Estão onde você não pode chegar. Sobre eles você não tem poder. Se você reage, se você protesta ou se humilha, você revela que foi atingido e eles ficam felizes. Se você sorri, apesar das arbitrariedades, do mal que lhe fazem, eles se desmoralizam. E isso aumenta a fúria deles.

  14. se fosse eu

    vamos lá,,,

    1- muito boa a resposta da moça a esse jornalista vendido.

    2- se fosse eu o João Santana teria adquirido a nacionalidade de um pais que o Brasil não tivesse tratado de extradição so para não passar esse apuro. SUMIA!!!!. Estava na cara que chegariam até ele  uma hora, com razão ou não. Com essa turma de curitiba não adianta ser heroi.

    3- os outros marqueteiros dos demais partidos  fazem algo diferente! Claro que não! E  porque não sao investigados também!

    1. Caro Jose Antonio, para esses

      Caro Jose Antonio, para esses loucos que achacam o país os PSDbistas e outros Não vem ao caso`. Só há crime para o PT e para alguns de alguns partidos que não sejam de esquerda É claro.

  15. BRASIL, 2016

    Acho que todas essas pessoas passadas pelas “forcas caudinas” do juiz (de primeira instância! que deveria julgar, não acusar!) deveriam fazer uma reclamação na ONU, Human Rights. Além de denunciar à Amnesty International. Mas melhor aguardar a saída do Moro, antes, ou arriscam votlar para a inquisição. Mala tempora currunt.

  16. Sim, Alice, talvez o fulcro

    Sim, Alice, talvez o fulcro da questão seja esse: 

    “Sei que pra você não é nada pessoal, é só mais uma matéria lixo que você acha que vai ter alguma audiência ou alguns amigos vão compartilhar no Facebook.”

  17. Isso é a “justiça”

    Isso é a “justiça” brasileira. Nem mais, nem menos. O maior mal do Brasil é, disparado, a Justiça!

    Os criminosos que a Justiça persegue, na maioria das vezes, ela o faz para atender ao seu próprio umbigo. Para parecer justa e poderosa.

    Espero ainda poder assistir à punição que Deus deve estar reservando para os responsáveis por esses atos animalescos que são cometidos por políticos e quetais. Deus aperta, mas não sufoca e a Justiça Divina tarda… mas não falha. Que ainda me seja reservado o direito e o deleite de ver os covardes responsáveis por tanta ignomínia ganharem sua punição.

    Nunca vi a veleidade e o Mal saírem vitoriosos. Os criminosos hão de pagar pelo que fizeram ao Brasil e, por certo, devem perder o Direito a usufruir de sua roubalheira, porém com julgamentos criteriosos e legítimos. Com penas previstas e bem medidas, sem exibicionismo e cretinice. Julgados por juízes de verdade – não por exibicionistas, logo covardes e canalhas, principalmente se sobre esses julgadores de meia-pataca surge muito nítida uma imparcialidade, cujo objetivo é fazer uma exibição de justiça de-araque, enquanto entregam a riqueza do País a interesses excusos..

    Não haverá, ao final, prêmios para os que sejam traidores da Pátria; sejam eles os que jogaram fora a lisura e o caráter, para roubar e satisfazer a interesses mesquinhos; ou sejam aqueles que se servem da indignidade e do mau caratismo, para, enquanto servem a interesses também excusos ao País, julgarem e torturarem fora dos mais básicos critérios da Justiça.

    O prejuízo que a entrega dos bens do Brasil ao interesse de estrangeiros provocará, sem dúvida será maior do que o prejuízo de toda a roubalheira que se possa identificar ter havido no País. 

     

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