Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados.

Luis Nassif

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  1. http://images.smh.com.au/2012

    http://images.smh.com.au/2012/09/28/3673148/GW_Sep29_captainmatthews_2LW-20120924123819933537-620×349.jpg

    A QUEDA DE SINGAPURA – A Batalha de Singapura durou de 8 a 15 de fevereiro de 1942 e resultou na maior derrota militar do Imperio Britanico na Segunda Guerra. Os ingleses esperavam o ataque japonês pelo mar, para o que estavam armadas boas defesas, inclusive duas baterias de canhões de 380 mm, alem disso chegaram para apoiar a defesa dois encouraçados, o Prince of Wales e o Repulse. A defesa da area contava com 85.000 homens, britanicos, australianos e indus, o efetivo não era de boa qualidade, tinha pouco treinamento, não eram tropas de 1 ª linha.

    Os atacantes não vieiram por mar, como esperado, eram tropas de infantaria que atravessaram a densa floresta tropical da pensiula da Malasia, considerada impassavel pelos ingleses. Eram 30.000 homens , elementos de 3 divisões, a Imperial de Guardas (Nishimura),  tropa de elite, a 15ª de Infantaria (Matsui) e a 18ª de Infantaria (Mataguchi), comandadas pelo General Yamashita. A Divisão imperial tinha uma brigada de tanques leves.

    Os japoneses tinham uma aviação de apoio excelente, composta de aviões Nakajima Ki43. Afundaram com facilidade os dois navios britanicos que vieram ajudar na defesa, Yamashita conseguiu chegar por trás à cidadela de Singapura, desguarnecida de defesa. Yamashita montou uma operação de despistamento com falsa concentração em um dos lados de fronte à ilha mas sua concentração verdadeira era do outro lado. Uma patrulha australiada descobriu à noite a grande concentração para ataque, avisou Percival que estupidamente desconsiderou o aviso. Criou-se a lenda de que os grandes canhões voltados para o mar não podiam virar para o continente, o que era falso. Podiam virar e viraram mas

    sua munição era AP, armour piercing, para romper blindagem de navio, não eram para ataque à infantaria.

    Percival cometeu todos os erros possiveis na defesa e teve que se render de forma vexatoria a um inimigo com muito menos tropas. A queda de Singapura chocou o mundo e abalou o prestigio britanico na Asia.

    Pessima qualidade de comando, tropas de segunda linha, erros de concepção na defesa, subestimação do inimigo, a queda de Singapura teve de tudo, até uma rixa entre Percival e o comandante da força area. Este oficial casou-se com uma malaia e a moça não podia entrar no Country Club da oficialidade militar, restrito a ingleses, mesmo sendo casada com um oficial inglês e Percival recusou-se a abrir uma exceção ao Comandante da RAF, mandando um recado, “ele entra, a esposa fica em casa”. A cooperação de comando terrestre e aereo foi abalada.

    Singapura teve um efeito simbolico e humilhante para os inglêses, não  só uma derrota, era uma derrota para asiaticos. Percival ficou prisioneiro dos japoneses por toda a guerra, libertado foi uma das testemunhas da rendição do Imperio do Japão em 2 de setembro de 1945 no navio USS Missouri.

    Deve ser registrado que o tratamento dado pelos japoneses aos prisioneiros era o pior possivel, dois terços dos prisioneiros morreram de fome, doenças, alojamentos em pessimas condições.

     

  2. http://www.theatlantic.com/fe

    http://www.theatlantic.com/features/archive/2014/02/american-aqueduct-the-great-california-water-saga/284009/

    AGUA PARA SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO – Já muito tempo as duas maiores cidades do Pais deveriam ter projetos prontos pra trazer agua de longe. A cultura brasileira no setor de agua é de que sendo o Brasil um Pais rico em agua doce, toda cidade tem algum fonte de agua por perto, não cabe na nossa cabeça trazer agua de muito longe.

    Hoje há uma nova realidade. As mudanças climaticas tornaram o ciclo de chuvas muito mais irregular, os reservatorios pertos da cidades já não dão conta do abastecimento, a poluição torna inservivel a agua de algumas fontes.

    Está na hora do Brasil criar uma conciencia de trazer agua de longe pois essa será uma das soluções para a escassez de agua. Os EUA tem 18.293 canais artificiais construidos há muito tempo para trazer agua de longe. O Estado da California não tem agua, precisa trazer do Colorado ou do Oregon, a gua viaja por canais ou por tudos de grande diametro, lá é algo tão normal que nem se pensa muito nisso, Los Angeles traz agua de 650 quilometros.

    No Brasil, por causa da topografia, canais são mais dificeis do que tubos. Aquatubos resolveriam o problema de São Paulo trazendo agua de uma distancia media de 200 quilometros, das represas de Jurumirim e Barra Bonita.

    Para se ter uma ideia, o sistema de transporte de agua por tubos da Libia, quase rponto, tem 3.700 quilometros de extensão, porque será que o Brasil não tem essa cultura e todo mundo vê o problema da agua como de dificil solução?

    É um dos problemas mais simples de resolver, só depende de investimento, que não é tão grande.

  3. Quando seremos um país civilizado?

    Leem-se todo dia reportagens bipolares sobre a violência no Brasil, um dia sobre a impunidade dos bandidos, no outro sobre a violência da polícia. Qual seria a origem disto?

    Talvez se tenha que buscar no passado e nos dias de hoje a origem de tudo isto, e responsabilizar tanto a “bandidagem” como a polícia é retirar da população brasileira a responsabilidade de tudo isto.

    No passado era tudo mais simples, existiam de um lado os cidadãos de bem e do outro lado os outros. Que eram cidadãos de bem? Também é simples esta resposta, eram pessoas que tinham consciência da cidadania e conseguiam garantir seus direitos, poderíamos até dizer simplesmente, eram pessoas que possuíam o direito de voto. Talvez já se tenha perdido a memória, mas voto universal é algo recente, no Brasil Colônia votavam somente os “homens bons”, ou seja, pessoas de famílias endinheiradas, proprietários de escravos e só os homens. Com o Brasil Império mudou muito pouco, precisava ser homem livre e ganhar a partir de determinado valor, no fim do império a restrição dos rendimentos foi eliminada levando a que 1,5% da população brasileira pudesse votar. Com o início da República quase não mudou nada, as mulheres só foram ganhar direito ao voto em 1935 e os analfabetos em 1988, como os analfabetos eram mais de 50% até 1950, até esta data só 50% tinha direito de votar.

    Em resumo, somente em 1988, 100% dos adultos brasileiros foram ganhar o direito ao voto, lembre-se que até 1932 os votos não eram secretos e com isto um empregado que votasse contra o patrão poderia simplesmente perder seu emprego.

    O voto configura o cidadão e como quem não é cidadão não tem os seus direitos garantidos pode-se dizer que grande parte da população brasileira era tratada como não cidadão até pouco tempo. Estas pessoas que ocupavam os estratos mais desfavorecidos da população brasileira eram contidos socialmente através da polícia, ou até se pode dizer, como não havia saúde pública generalizada, como não existia ensino público para todos, como o saneamento básico também era mínimo o único contato que o Estado Brasileiro tinha com grande parte da sociedade era através da polícia. Esta tinha atividades mais diversas de repressão, como por exemplo, até as décadas de 30 e 40 as religiões afro-brasileiras eram perseguidas pela polícia, tanto as religiões como a capoeira, sendo estes tomados como feiticeiros ou marginais.

    Em 1964 a repressão muda de direção, ela serve diretamente no combate explícito de qualquer movimento popular, e esta repressão veladamente é aprovada pelos remanescentes dos “bons homens” do Brasil Colônia. Um prisioneiro comum ser torturado pela polícia era um fato corrente até trinta anos atrás, mesmo após a democratização.

    Com o desenvolvimento dos movimentos de direitos humanos, torturas explícitas e públicas a suspeitos de crimes vai diminuindo ano a ano, porém as condições dos presídios brasileiros, verdadeiros resquícios de prisões medievais, confirma que ainda se está longe de um Estado para todos.

    A falta de pudor da imprensa brasileira, que expunha suspeitos de baixo nível de renda ao ridículo, vem diminuindo a cada dia, mas quando se mata uma pessoa por dia nas nossas favelas se acha muito natural, entretanto quando um representante dos “bons homens” é morto num ato de um criminoso qualquer saem para as ruas grupos vestidos de branco pedindo paz e segurança.

    Estamos na presença de dois movimentos inversos, o sentido de cidadania que aumenta a cada dia na população em geral, e o medo que se alastra por todos os descendentes dos “bons homens” que muitos no fundo se sua mente ainda gostaria de uma polícia com seu próprio arbítrio “pedalasse” na porta de qualquer comunidade popular a busca de suspeitos de crimes.

    Enquanto não houver a conciliação entre o direito da maioria com o fim do sentido de “bom homem” em toda a sociedade a polícia ficará entre a cruz e a espada, ou reprime sem grandes preocupações com as leis tornando-se arbitrária e truculenta ou segue conceitos de direitos universais e é taxada de leniente ineficiente.

    Ainda teremos mais muitos anos para tornar o Brasil um país civilizado.

  4. O povo vai bem mas a midia envenena-o com negativismo
    JN deixou de ser espaço de notícia de fatos para ser horário de propaganda eleitoral do PSDB. Quanto a ecomomia, quando quase todos os paises não crescem, a indústria brasileira cresceu seguidamente nestes quatro meses, querem o que mesmo, que o Brasil seja governado pela elite e seus candidatos Silvio Berlusconi Neves e Eduardo Camprilleshttp://correiodobrasil.com.br/ultimas/industria-brasileira-cresce-por-quatro-meses-seguidos/695532/

  5. Situação de Dirceu tensiona militância

    Situação de Dirceu tensiona militância, por Miguel do Rosário, no Tijolação

    josé dirceu niemeyer

    Chegam relatos de que José Dirceu emagreceu muito nas últimas semanas, e que as violências ilegais que tem sofrido, por parte de Joaquim Barbosa, agora afetam-lhe gravemente a saúde. A última diatribe de Barbosa, de pretender quebrar o sigilo de metade de Brasília, incluindo o Palácio do Planalto, por causa de uma fofoquinha de jornal, parece ter sido a gota d’água para muita gente.

    O Brasil se tornou refém do marionete de  uma mídia criminosa e torturadora, que não se arrepende de ter apoiado a ditadura, zomba da Constituição e dos direitos humanos.

    Genoíno é mantido em prisão domiciliar fora de seu estado. A tortura de que tem sido vítima em todos esses anos já minou sua saúde. Hoje vive à beira de um colapso cardíaco enquanto médicos escolhidos a dedo por Barbosa ou por adversários do PT brincam de jogar ácido em suas feridas.

    Dirceu é mantido encarcerado ilegalmente há quase meio ano. Foi condenado a regime semi-aberto e poderia estar trabalhando e conversando ao celular com quem quisesse. Mas não. É mantido em regime fechado, e sua situação é prorrogada indefinidamente, usando-se as chicanas mais desprezíveis.

    A mídia, por outro lado, procura exatamente isso: provocar. Ela quer que o PT e o governo cometam algum erro, algum excesso, e abusam do sadismo. Um homem indefeso, com quase 70 anos, condenado com base numa teoria nazista, o domínio de fato, continua sendo vítima de violências diárias da mídia. Até mesmo fotos suas, de dentro da prisão, são expostas em revistas de grande circulação. É um processo horrível de tortura moral. E, para cúmulo dos absurdos, a mesma mídia que patrocina essas barbaridades, ainda tenta vender à opinião pública a tese de que Dirceu desfruta de “regalias”.

    Regalia de ser torturado? Regalia de estar preso ilegalmente? Regalia de ser condenado sem provas? Regalia de morrer?

    Acho que não. Acho que ninguém no mundo gostaria de ter as “regalias” de Dirceu neste momento.

    Em sua entrevista, Lula deixou bem claro que a história do mensalão ainda será recontada, e externou sua revolta com a teoria do domínio do fato. Num trecho, ele sugere que o momento para fazer a disputa política sobre o mensalão pode ser a campanha.

    Lula certamente já entendeu que há um tensionamento da militância para que ele mesmo e a própria Dilma exerçam pressão mais direta para que cessem as arbitrariedades contra Dirceu. O Judiciário deve ser respeitado, mas o debate político tem de ser feito com mais assertividade. As lideranças políticas tem de vir a público externarem suas opiniões sobre os temas que angustiam os brasileiros. O medo da polêmica apenas beneficia os poderosos, porque lhes permite conduzir solitariamente o debate político. É o que vem acontecendo. Mensalão ou escândalo da Petrobrás, a mídia dá as cartas sozinha, e o governo fica só ouvindo, passivo, como se não tivesse sido eleito também para ser um agente político ativo, e não apenas um administrador frio e indiferente. Vale para o governo e vale para o parlamento. Entretanto, essa defesa não deve ser feita com oportunismo barato, como erguer o braço ao lado de Joaquim Barbosa, mas com discursos e ações. Política se faz com palavras, não com mímica.

    E tudo, naturalmente, está ligado a essa conjuntura atrasada que vivemos, com uma mídia exercendo um monopólio absolutamente antidemocrático da opinião pública. Não adianta mandar o povo trocar de canal, porque todos os canais abertos falam a mesma coisa.

    Dirceu é um político que chegou ao poder através do voto popular, após anos arriscando sua própria vida, lutando contra a ditadura. Muito diferentemente dos barões da mídia, filhotes do regime militar, que se enriqueceram às custas da democracia e da pobreza de toda uma nação. E que agora abusam da democracia para praticar todo o tipo de fraude jornalística e eleitoral, como vimos em 2010, com o episódio da “bolinha de papel”. Agora está provado, através do mais recente trabalho de Jorge Furtado, que se tratou efetivamente de uma fraude.

    Aliás, seria bom a Justiça Eleitoral, ao invés de se preocupar com ninharias nas redes sociais, transmitir à sociedade mais segurança de que estará atenta a esse tipo de fraude, e que agirá rapidamente para coibi-la.

    O Brasil sofre com inúmeras injustiças, mas o caso de Dirceu é particularmente grave porque não se trata apenas de uma violência contra um cidadão. O que está em jogo é a liberdade de todos os cidadãos brasileiros, expostos à sanha vingativa de setores autoritários e desonestos da mídia e da política.

    A decisão do ator José de Abreu de tensionar as principais lideranças do PT para que demonstrem solidariedade a José Dirceu flerta com as mesmas insatisfações daqueles que pedem mais combatividade política ao governo. Entre esses insatisfeitos, está o próprio Lula.

    É uma situação explosiva, que oferece riscos. Mas a inação, a pusilanimidade, a covardia, a mudez, talvez constituam um risco ainda maior.

    A mídia insuflou tanto ódio político na opinião pública que conseguiu a proeza de transformar até mesmo pessoas pacatas em neofascistas rancorosos, que desejam a morte lenta daqueles que consideram seus adversários. Esse ódio envenena o ambiente e cria obstáculos enormes para um debate democrático saudável. É preciso combater esse ódio. É preciso estancar esse processo de intoxicação da sociedade.

    Houve uma apavorante involução ideológica de alguns setores da opinião pública, que de liberais se converteram em defensores da barbárie penal (desde que a vítima seja seu inimigo político, é claro). Mas os fatos já demonstraram que a mídia superestima seu próprio poder. Ela é, literalmente, um tigre de papel. As campanhas de solidariedade a Dirceu e Genoíno, e as vitórias eleitorais do PT inclusive em São Paulo, no momento mais crítico do julgamento do mensalão, já provaram que o processo está desgastado. As pessoas perceberam que há um exagero ridículo, um sensacionalismo de baixo calão, sustentado por setores que tentam compensar a falta de votos através de um jogo sujo e covarde.

    Abaixo, matéria publicada há pouco no Brasil 247 sobre a decisão de Zé de Abreu.

    *

    No Brasil 247.

    ZÉ DE ABREU CLAMA SOLIDARIEDADE POR DIRCEU

    Em viagem por Budapeste, o ator José de Abreu voltou a usar o Twitter para descascar a política nacional; desta vez, porém, o alvo foi o PT, partido do qual é militante; demonstrando irritação com a situação do ex-ministro José Dirceu, que está preso de forma abusiva em Brasília, o ator disse que até “até que o governo e o PT tomem uma atitude ENÉRGICA contra a prisão POLÍTICA do Zé Dirceu, não contem comigo pra mais nada!”; ele disse, ainda, que irá liderar uma “campanha solitária contra a injustiça a que Dirceu está sendo submetido” em função do silêncio do PT em torno da prisão do “homem que levou Lula ao poder”; segundo Abreu, sem Dirceu, “Dilma nem existiria nacionalmente”

    12 DE ABRIL DE 2014 ÀS 21:57

    247- Em viagem por Budapeste, o ator e político José de Abreu voltou a usar a sua conta pessoal no Twitter para descascar a política nacional. Desta vez, porém, o alvo foi o PT, partido que sempre defendeu a apoiou. Mostrando irritação e revolta com a situação do ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, que está preso em regime fechado no Presidio da Papuda, em Brasília, em função do julgamento da Ação Penal 470, o chamado mensalão, o ator disse que até “até que o governo e o PT tomem uma atitude ENÉRGICA contra a prisão POLÍTICA do Zé Dirceu, não contem comigo pra mais nada!”

    Ele também criticou o silêncio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno do assunto. “Sem Dirceu Lula jamais seria eleito. Dilma nem existiria nacionalmente. Chega de contemporizar. Vou me concentrar na luta pela Justiça”, postou.

    Em suas postagens, José de Abreu ressalta que só entrou nos quadros do PT por conta de Dirceu e que não está preocupado com o que possam pensar a seu respeito por conta da sua defesa em torno do ex-ministro. “Nem venham com o lugar comum de que minha atitude ajuda a oposição, dane-se! Quero ver meu amigo ser defendido pelos Companheiros”, escreveu em sua conta no Twitter.

    Afirmando que tanto Lula como Dilma estão sendo omissos em torno da prisão do correligionário, José de Abreu diz que ambos devem “uma explicação aos companheiros” sobre o assunto. O ator diz, ainda, que irá liderar uma “campanha solitária” “contra a injustiça a que Dirceu está sendo submetido” em função do silêncio do PT em torno da prisão do “homem que levou Lula ao poder”. O ator afirmou ainda que, sem Dirceu, “Dilma nem existiria nacionalmente”.

     

  6. E escândalo no PT parece

    E escândalo no PT parece caixa de lenço de papel: você puxa um, vem logo três! Nunca consegue puxar um só! E tucano rouba há tanto tempo que todos os crimes estão prescritos! Rarará!

    Zé Simão

  7. Decifra-me ou te devoro

    Barbosa diz que ‘Deus dirá’ se será candidato em 2018

    Diz o jornal o Globo que Barbosa assim se expressou.
Presidente do STF participou de fórum em Salvador
Foto: Agência O Globo - 07/04/14

    Presidente do STF participou de fórum em Salvador Agência O Globo – 07/04/14

    “SALVADOR – “Deus, Deus dirá…” Com essa frase enigmática e ar descontraído, o presidente do Supremo Tribunal Federal respondeu se disputará a eleição de presidente da República em 2018. Segundo ele, muita gente ainda lhe cobra, pelas ruas, que dispute o Palácio do Planalto esse ano”.

    Esse ano o PIG não vai deixar, Barbosa, não tem jeito. Vá se preparando para enfrentar o ministro Lewandowski.

    E ao contrário do jornal o Globo, eu acho que a frase do Barbosa não tem nada de enigmática. Simplesmente ele está preparando um plano B: se não der certo na política, ele pretende ser pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. E o Edir Macedo o receberá de braços abertos. Daí o “Deus, Deus dirá”. Porque se Deus for realmente brasileiro, Deus dirá simplesmente”NÃO!”. Decifra-me ou te devoro.

     

  8. Redações modernas reavaliam seus valores

    Redações modernas reavaliam seus valores

    Por Marc Fisher, noo Observatório da Imprensa

    Tradução de Jô Amado, edição de Leticia Nunes. Reprodução de artigo de Marc Fisher [“Who cares if it’s true? Modern-day newsrooms reconsider their values”, Columbia Journalism Review, 3/3/14]

    Assim como qualquer nova redação, a do BuzzFeed é a antítese do tradicional. Uma placa iluminada com neon comemora a Hot List, marca registrada do BuzzFeed. A recepcionista entrega aos novos funcionários uma camiseta e uma bolsa de lenços decorada com o clássico título “84 coisas que não se encontram numa rosquinha”. As salas de conferências, ao lado da redação, têm o nome de gatos virais: “Shironeko,” “Princess Monster Truck”, “Winston Bananas”.

    Zomba-se da maneira que os velhos jornais fazem as coisas. Numa reunião pela manhã, a discussão sobre como fazer a cobertura do discurso do presidente sobre o Estado da União tem como foco dois aspectos: preparar um vídeo do aplicativo móvel Vine para gravar quando “alguma coisa idiota acontecer” e editar o texto sobre como ninguém se preocupa com o Estado da União.

    O editor-chefe, Ben Smith, o único entre as 29 pessoas na reunião que usa um casaco, convoca seus assessores a narrarem mais matérias como questionários. “As pessoas vão nos gozar e dizer que somos o site que só faz questionários”, diz ele. “Mas nós estamos apenas começando”.

    O BuzzFeed já não é uma mera startup rudimentar. É uma organização de mídia grande, lucrativa e influente. Os vídeos virais que publica – em geral, sem revisar – às vezes acabam sendo trotes, o tipo de equívoco que faz as delícias dos ranzinzas dos velhos jornais impressos, ávidos para afirmar sua superioridade ética. Porém, como o BuzzFeed Continua crescendo – numa manhã que fiquei esperando ser atendido, quatro novos funcionários apresentaram-se ao balcão em 10 minutos –, eles não contratam apenas brilhantes redatores de títulos e produtores amantes de gatos. O BuzzFeed decidiu que não basta consertar os erros após a publicação – pelo menos, os erros em seus posts mais populares. Decidiu que garantir aos leitores que seus posts são verdadeiros é bom jornalismo e faz sentido, em termos administrativos. Portanto, adota o símbolo fundamental das redações de jornais impressos do passado pré-digital: o BuzzFeed está contratando copidesques.

    Ideias de credibilidade

    Por quase duas décadas, uma guerra cultural dividiu os jornalistas. Aparentemente, a lacuna seria entre gerações, mas sempre se reduzia aos próprios objetivos do que fazer. Todas as acusações despeitadas e o antagonismo ilimitado entre os defensores do impresso da velha escola e as recém-criadas empresas digitais de jovens que incentivam o cérebro se resumiram a um debate sobre valores: a velha guarda argumentava que eram guiados pela busca da verdade e pelo que entendiam como aquilo que os cidadãos precisavam saber para serem participantes bem-informados na democracia. Antes, a reportagem consistia em apresentar os fatos aos leitores, que saberiam como tirar vantagem da luz que os iluminava. Os jornalistas digitais, por seu lado, diziam que sua maneira era mais honesta e democrática – e mais rápida. Se isso significasse apresentar as matérias antes de terem sido completamente revisadas, tudo bem, pois a própria internet faria as correções. A verdade emergiria por meio de tentativa e erro.

    Com o colapso dos velhos modelos de negócios, o debate sobre valores tornou-se um combate de vida e morte. Os chauvinistas do impresso ainda zombam, horrorizados, quando alguns sites de notícias divulgam informações, sem confirmação alguma, de que o tio do líder norte-coreano Kim Jong Un aparentemente teria caído em desgraça e teria sido despido, enjaulado e devorado por 120 cães vorazes. E mais do que alguns apologistas do digital orgulham-se da distância que mantêm das estruturas indigestas, supérfluas e editadas em camadas sobrepostas que persistem em muitos jornais e revistas.

    Mas consideremos uma nova possibilidade. E se a conciliação fosse possível? À medida que as linhas que separam as velhas das novas se tornam cada vez menos nítidas, estariam os principais valores das duas escolas de jornalismo se combinando num híbrido? Cada vez mais, tanto nas redações com foco no impresso quanto naquelas em que tudo é digital, o imperativo pela velocidade no jornalismo de tweets e vídeos Vine venceu os modos tradicionais: o que é notícia é o que está ali, tenha ou não sido checado e verificado. É rara a organização de notícias que de vez em quando não dá um pulo no Twitter com fatos semi-apurados e mais rara ainda aquela que se recusa a criar conteúdo a partir dos principais trending topics do dia.

    Como descobri ao visitar redações com diferentes histórias e que desempenharam diferentes papéis, o que é novidade é o que sempre funcionou: na briga minuto a minuto pela audiência e pela publicidade, as ideias obsoletas de credibilidade tornam-se tão essenciais quanto a velocidade. Apesar da retórica utópica sobre a internet como mecanismo de autocorreção, organizar as coisas corretamente desde o início acaba tendo um valor considerável.

    “Recebemos a mídia que merecemos”

    “O impacto absoluto de fazer a coisa errada cresceu tremendamente devido à velocidade e alcance das novas mídias e isso leva muitas dessas novas marcas a mostrar muitos dos valores tradicionais”, diz Eric Newton, assessor direto do presidente da Fundação Knight e ex-editor administrativo do Newseum.

    Trata-se de encontrar o ponto intermediário. Algum tipo de perfeccionismo acaba sendo bom para os negócios e o perfeccionismo absoluto pode evitar que jornalismo de qualidade seja feito. Os jornalistas não encontraram a resposta mágica – a Fundação Knight distribuiu recentemente uma bolsa de 320 mil dólares [cerca de R$ 730 mil] de apoio ao desenvolvimento de um software q   ue determina se vídeos virais são verdadeiros. E a audiência não tem certeza sobre quais os padrões a aplicar: os viciados em Twitter são muito mais condescendentes para com os erros do que, por exemplo, os assinantes de jornais impressos ou os leitores da revista New Yorker.

    Em todas as redações que visitei, o sistema emblemático de verificação de fatos da New Yorker foi mencionado – não tanto como um ideal, mas como um padrão impossível, inalcançável por um mero mortal. Apesar da difícil situação da publicidade, a New Yorker ainda emprega uma equipe em tempo integral para verificar toda e qualquer afirmação em cada texto. Para um artigo que escrevi no ano passado, a revista nomeou dois verificadores que dedicaram boa parte de seu tempo à matéria por mais de cinco meses. Cada conjunto de verificações abria novas avenidas para a reportagem, enriquecendo imensamente a matéria. A partir da perspectiva de um homem de jornal, a experiência parecia acontecer em outro planeta, diferente daquele em que vivo.

    Não há problema com essas diferenças, diz Newton, pois as diferentes audiências são chamadas pela mídia à qual se adaptam seu ritmo e seus interesses. “Recebemos a mídia que merecemos”, diz ele. Porém, com o tempo, “passamos a ver que as pessoas querem ter acesso a algo que seja verdadeiro.”

    “Ficamos mais soltos online”

    Nas atuais redações, com o acordo cada vez maior de que as audiências querem uma informação que seja verdadeira, os jornalistas chegam às mesmas questões básicas: quando é que uma informação é suficientemente apurada para ser apresentada como correta? Quem decide? Deveriam haver regras, ou apenas ideais? Basta tentar apenas estar correto?

    Na noite com neve que antecedeu aquela em que dirigi para o sul da Pensilvânia para visitar o York Daily Record, seus editores sugeriram que eu desse uma olhada no liveblog [um blog que transmite ao vivo algo que está acontecendo] que eles haviam criado para fazer a cobertura da primeira nevasca importante do ano. O blog transmitia fragmentos de vídeo da equipe de repórteres e mostrava onde as estradas escorregadias complicavam o tráfego. Havia informações do Serviço Nacional de Meteorologia e tweets de repórteres e de veículos de mídia concorrentes. Os editores se orgulhavam de dizer que seu blog dava um tratamento igual ao conteúdo criado por leitores – fotografias e tweets com a hashtag #pawx.

    O leitor Dan Sokil disse que as estradas estavam “lentas, com uma sólida camada de granizo, mas davam para passar, devagar”. A mensagem de Jhofford20 dizia: “Qual a melhor maneira de passar um dia de neve do que tomando duas cervejas?”. Erin Kissling acrescentava: “Assessoria de Tempestades de Inverno: os armazéns de bebidas estão fechados. Isso é uma merda.”

    Ninguém edita o blog do temporal à noite, diz Jim McClure, editor do Record, mas nada é tirado dele. A passagem das cervejas “traduz os sentimentos da comunidade” e o palavrão é bom porque “ficamos mais soltos online”. Ultimamente, no Record – que tem 19 repórteres em uma equipe de 55 jornalistas, que já foram 80 dez anos atrás –, todo mundo escreve no blog, grava vídeos e envia mensagens pelas redes sociais, assim como escreve e faz reportagens. Repórteres e fotógrafos enviam as mensagens diretamente para o site, “portanto é obrigatório que, cada vez mais, o repórter informe corretamente”, diz a editora de Cidade, Susan Martin. “Os editores consertam as coisas depois que estão online, assim que podem fazê-lo.”

    Reportagem tradicional e uma dose de personalidade

    Escolhi visitar o Record porque a empresa a que pertence, a Digital First Media, uma cadeia de 75 jornais, transformou sua redação num turbilhão de jornalistas polivalentes, não mais divididos entre jornalismo digital e impresso. Os repórteres e produtores do Record agora estão voltados para as redes sociais, assim como para seu próprio site e para o jornal impresso. Mas exigiria essa nova saturação multiplataformas que o Record fosse mais um reflexo da sua comunidade e menos de um jornalismo investigativo? Poderia o ritmo e a abordagem do jornalismo digital desvirtuá-lo de ser o árbitro da verdade da comunidade?

    A reestruturação do Record foi projetada para “manter o mesmo número de pessoas na rua”, diz McClure, que está no jornal há 25 anos. Um novo Centro de Design – basicamente, um setor de copidesque – faz a paginação e produz quatro jornais regionais a partir da redação do Record, liberando jornalistas das cidades de Chambersburg, Hanover e Lebanon para produzirem exclusivamente conteúdo local.

    Randy Parker, chefe de redação do Record, quer que os jornalistas façam seu trabalho em três partes: agregação do trabalho dos concorrentes, coleta e preparação do conteúdo enviado pelos usuários e reportagens originais. Quando candidatos dizem que sua paixão é escrever histórias, “eu digo: ‘Não temos esse tipo de trabalho disponível’”, diz Parker. “Nós tentamos escapar de rotular palavras como ‘repórter’ ou ‘editor’.”

    Um dia por semana, conhecido como Quarta-feira Mojo, os repórteres do Record são instruídos a não comparecer à redação, e sim, misturar-se às pessoas das quais fazem cobertura. Lauren Boyer, de 25 anos, fica, a cada semana, numa loja diferente do McDonald’s e entra em contato com as redes sociais para dizer aos leitores que está disponível. Há semanas em que ninguém vem e outras em que ela consegue uma matéria ou conhece uma fonte. Não era isso que ela previa quando saiu da universidade. “Eu só queria contar histórias e ver meu nome impresso”, lembra. Agora, no entanto, com a audiência de um público que usa o Twitter ao vivo, ela está fascinada pelo desafio de misturar a reportagem tradicional com a dose de personalidade que acrescenta.

    Thunderdome

    Lauren tenta manter o mesmo padrão em todas as plataformas – se as pessoas fizerem comentários difamatórios, ela não os repassa pelo Twitter, assim como não os escreveria no jornal impresso. Mas ela é mais amistosa nas redes sociais do que no Record, é mais “ela mesma” e gosta disso. Não é uma questão de baixar o padrão, e sim, de usar uma voz diferente, diz ela. E acrescenta: “Trabalhando do jeito que fazemos, você tem que ser ainda mais cuidadoso, porque incorrer num erro é muito fácil na internet.”

    Na redação do Record, tanto veteranos quanto novatos preocupam-se muito com a verdade e com os padrões. Mas a ambição do Record diminuiu, sua cobertura diária é menos abrangente. Orgulhosamente, os editores mostraram-me o trabalho de um projeto premiado que fizeram recentemente – uma série de matérias sobre diabetes, o compromisso de longo prazo de narrar as angústias do retorno de veteranos de guerra –, mas a cobertura completa e constante das cidades da região, o que já foi a principal função do Record, desapareceu.

    A correria dos jornalistas para entregar diariamente seus arquivos em várias plataformas, sobre múltiplas matérias, não deixa tempo para aquilo. As exigências, cada vez maiores, inevitavelmente corroem os padrões, diz Paul Kuehnel, fotógrafo do Record desde 1984. No dia em que o encontrei, ele tinha enviado um vídeo sobre um assassinato-suicídio, um sobre o tempo e um sobre um trenó puxado por cães. Também havia produzido fotografias dessas matérias. “Dizemos que nossa principal prioridade é a precisão, mas somos humanos e atualmente todo mundo está se virando com 20 empregos”, diz ele. Orgulhoso de seu trabalho, Kuehnel sabe exatamente quantas pessoas viram seu vídeo sobre o assassinato – 1.684 nas primeiras seis horas. Mais 793 visitas ao vídeo de uma derrapagem na neve. E 106 do vídeo do trenó puxado por cães – tudo isso apenas nos primeiros 25 minutos. “Isso é muita coisa”, diz ele, “e é gratificante, principalmente por uns vídeos de merda.”

    Um dos motivos pelos quais o York Daily Record pode dedicar-se integralmente ao noticiário local é que a empresa que é sua proprietária opera com uma coisa chamada Thunderdome. Em 2012, a Digital First abriu uma redação no 25º andar de um prédio em Wall Street onde cerca de 50 jornalistas produzem a maior parte do conteúdo não local para cada um de seus jornais. Criam reportagens nacionais e no exterior; mandam pacotes de vídeos que enchem o site do jornal; escrevem artigos sobre alimentação, saúde e tecnologia; e conseguem grandes matérias de última hora.

    Uma destruidora de tradições

    Ao contrário do escritório de uma rede nacional tradicional, o Thunderdome não tem repórteres de rua cobrindo eventos importantes. O Thunderdome é um artefato da definição digital de jornalismo. Sua principal função é agregar e reempacotar material de agências, de outros parceiros de conteúdo e de jornais locais. “Se pegarmos uma matéria do Washington Post, não vamos reeditá-la”, diz o editor Mike Topel. “Estamos avaliando que tipo de melhorias o digital pode trazer.” Os produtores do Thunderdome também conseguem matérias de última hora e memes e, por isso, todos os sites da Digital First em todo o país podem refletir o que está acontecendo naquele momento.

    O editor-chefe da Digital First, Jim Brady, diz que construiu o Thunderdome em parte para ajudar suas redações a se reestruturarem como lugares onde o jornal impresso ou o digital poderiam se tornar irrelevantes. A sala é amplamente ocupada por veteranos das redações dos jornais impressos e o projeto de Brady é que eles unam as tradições do impresso de perfeição, verificação e autoridade com os imperativos digitais pela velocidade e pela conexão com os interesses da audiência. “As batalhas ainda estão aí”, diz ele, “mas recuaram à medida que o pessoal do digital as mobilizou para papéis de liderança e, como todo mundo sabe, essa agregação só pode levar até certo ponto e tanto o pessoal do jornal impresso quanto o do digital aprendem que é melhor ficar em segundo lugar do que estar errado.”

    Quando o Twitter se entusiasma com as imagens de um tumulto, de uma revolução ou de um incêndio, o Thunderdome apoia-se na recém-criada rede social de verificação Storyful. A equipe de 18 pessoas do Storyful monitora redes sociais, o YouTube e outras fontes de vídeo para ver quais imagens e matérias estão abafando; depois, tenta verificar se o vídeo é aquilo que pretende ser e repassa os resultados a seus clientes nas redações. “Se não houver nada das agências e tivermos visto que o Storyful está investigando a imagem, se conseguirmos encontrar um repórter que tenha enviado um tweet da imagem, então topamos a matéria”, diz Karen Workman, subeditora do Thunderdome para notícias de última hora.

    Porém, mesmo que o Thunderdome encontre maneiras de criar fac-símiles do processo de verificação do qual não consegue dar conta, ainda há um fato espantoso. A maior parte daquilo que é coletado é o que alguém originalmente escreveu como reportagem. O Thunderdome tem uma única repórter, Bianca Prieto, que veio do Orlando Sentinel. Ela gosta de ser uma destruidora de tradições, o que é bom porque ela aprendeu que muitas vezes tem que ser a editora de seu próprio trabalho. Portanto, improvisa: “Quando termino uma matéria, eu a imprimo, pego um marcador vermelho e leio tudo de novo. Depois, compartilho a edição com alguém e mando uma mensagem pelo Skype: ‘Alguém pode dar uma olhadela?’”

    Clip do governador fanfarrão

    Na sexta-feira que passei no Thunderdome, eu tinha uma matéria que estava sendo editada para a edição de domingo do Washington Post. Depois que falei com Bianca Prieto, chequei minhas mensagens e verifiquei que cinco níveis de editores tinham perguntas ou ideias sobre a minha matéria – o editor que me encomendara o texto, um editor de copidesque, o editor da seção, outro editor de seção e o editor de domingo. Essa abordagem em camadas múltiplas – anormalmente densa porque esse texto seria publicado na primeira página da edição de domingo – conforta o autor, mas não é uma garantia de perfeição. Apenas quatro horas depois da matéria ter aparecido na internet, um dos principais protagonistas queixou-se que eu pusera sua família em perigo, ao dar detalhes demais sobre onde ele morava – uma decisão que não levantara discussão alguma entre as seis pessoas que haviam lido a matéria atentamente antes da publicação.

    Apesar disso, há dias em que não me preocuparia em trabalhar de acordo com as ideias de Mike Topel: “Uma boa lida e é só divulgar.”

    A velocidade sempre fez parte do jornalismo. Aquele impulso para dar o furo antes de qualquer outra pessoa às vezes leva a fazer matérias apesar de fontes muito frágeis. Portanto, o que é que há de diferente nos padrões das novas redações mistas? Tem a ver com a intenção: nos primeiros anos do jornalismo digital, evitava-se impor escolhas e valores próprios aos leitores, tentando conquistá-los por seus próprios interesses. Mais tarde, no entanto, os editores digitais apregoavam uma norma da velha escola: o que os leitores pedem é orientação e credibilidade. Querem saber o que é legítimo, o que é verdade – e os jornalistas, mesmo com orçamentos magros e equipes apressadas, podem desmascarar e checar os fatos.

    A editora do Thunderdome Robyn Tomlin diz que os velhos procedimentos desapareceram, mas os valores tradicionais ainda são básicos. “Todo mundo aqui tem DNA de jornal impresso e, portanto, há determinados padrões que mantêm internamente”. Como ela diz, atrás de onde estamos Karen Workman e dois outros produtores – aqui, não há editores de copidesque – estão em meio a uma discussão acirrada para saber quando é correto escrever “Terra” com maiúscula.

    NowThis News é uma pequena e recém-criada empresa com cerca de duas dúzias de produtores e editores que se sentam ao longo de mesas laminadas numa redação de segundo andar em Manhattan. Eles produzem de 40 a 50 vídeos por dia – clipes de seis segundos para o Vine, spots de 10 segundos para o Snapchat, versões de 15 segundos para o Instagram e trabalhos mais longos (de 30 segundos a um minuto) para o Facebook e a internet em geral. Quando o governador de Nova Jersey, Chris Christie, diz, numa entrevista coletiva de duas horas, que não é um fanfarrão, o NowThisNews pega alguns segundos desse clipe, junta-o a três ou quatro recortes mostrando o governador sendo um fanfarrão e envia os 15 segundos para o Instagram em uma hora.

    “A velocidade é parte da marca”

    “Tudo o que fazemos é irreverente, mas não hipócrita”, diz o editor-chefe Ed O’Keefe, de 36 anos, veterano da ABC News. “Tiramos todos os enfeites, qualquer coisa que nos distancie. A geração do YouTube entende que as histórias se desenvolvem. É feio e nem sempre é correto, mas é instantâneo.”

    Eis aí a diferença fundamental entre a velha escola e a nova. No jornal impresso, nunca tive um editor que dissesse algo desse tipo em alto e bom som. Mas já ouvi inúmeros editores que lutam para descobrir como competir com o jornalismo digital e adotam a ideia de que, colocando alguma coisa na internet, podem abrir um precedente em relação a uma checagem completa. Não se trata de uma frase da amoralidade de um tabloide; O’Keefe é um jornalista sério que vem tentado achar um padrão que funcione no novo mundo. Ele não quer divulgar coisas erradas a sua audiência. Ao invés disso, quer dar-lhes a versão mais próxima da verdade que consiga enquanto fala com eles, que é agora. Espere uns minutos e eles não estarão mais lá; terão passado à matéria seguinte.

    O NowThisNews produz poucas reportagens originais; praticamente todos os vídeos vêm de redes, de sites e de conteúdo viral. Portanto, o valor da empresa está numa forma distinta de contar histórias visuais. O NowThisNews acrescenta gráficos ousados e uma narrativa que mistura opinião e reportagem num estilo suficientemente intrigante para levar a NBC a adquirir 10% das ações da empresa, em janeiro, e concordar em usar seus vídeos.

    “A velocidade é parte da marca”, diz Ashish Patel, vice-presidente para redes sociais. “É isso que vendemos. Portanto, nossa checagem é hiper-rápida, usando verificadores terceirizados.” Isso significa que “se o Times estiver divulgando uma reportagem, ela já foi verificada”.

    Evitar regras rígidas

    Esse tipo de declaração teria causado uma onda de protestos no Washington Post, onde Katharine Zaleskifoi produtora executiva antes de entrar para o NowThisNews como sua primeira chefe de redação. Ela era um para-raios nas guerras de cultura no Post, ardente defensora de mudar uma redação à imagem do jornal impresso para uma que tivesse mobilidade com a velocidade da internet. Alguns repórteres e editores do Post equiparavam seu trabalho a baixos padrões. Olhando para trás, Katharine Zaleski não os culpa: “Quando você está perdendo circulação, dinheiro e amigos, você se volta para coisas intangíveis – a reputação e os padrões. Era a isso que eles podiam se prender.” Por outro lado, ela diz: “Organizações da velha escola devem, realmente, ser mais cautelosas. No Post, aprendi quanta paciência é necessária para fazer um jornalismo realmente de qualidade. Nas organizações jornalísticas, por enquanto não há orçamento suficiente para isso. A paciência exige receita”.

    O NowThisNews pretende fazer mais reportagens e trabalhar com mais afinco na verificação e exatidão de seus vídeos. No meio tempo, eles vão se virando com um truque jornalístico: quando seus produtores avaliaram a possibilidade de divulgar um vídeo viral de um urso entrando numa loja de conveniência e pegando um pote de iogurte, pediram à audiência que decidisse: verdadeiro ou falso? (No fim das contas, o vídeo do urso era um anúncio da Chobani).

    Em setembro do ano passado, o NowThisNews divulgou o vídeo de uma menina que fazia uma dança provocante, caía e pegava fogo, com as velas acesas – um sucesso viral, incrível demais para ser verdade, que acabou sendo divulgado pelo comediante Jimmy Kimmel. “Pensamos que era verdade”, diz a produtora Sarah Frank. Quando a verdade surgiu, “divulgamos um texto dizendo que havíamos sido enganados”. Os executivos do NowThisNews dizem que os espectadores gostam desse tipo de transparência, mas também dizem que gostariam de descobrir uma maneira de fazer com que esses enganos não aconteçam.

    Sarah Frank, de 31 anos, veterana da Newsweek e da New York Magazine, acha reconfortante estar num lugar que explora os limites de tornar as notícias divertidas e pessoais, sem esbarrar na atitude defensiva de seus antigos colegas da Newsweek: “Você vai manchar a marca!” Ela é a coordenadora de uma promissora relação com a NBC e diz que todo mundo compreende que, para que o NowThisNews mantenha a criatividade, devem ser evitadas regras rígidas e sistemas de camadas múltiplas que diminuiriam o ritmo da produção.

    Construção da confiança

    O novo presidente do NowThisNews, Sean Mills, acabou de chegar do jornal satírico The Onion, onde aprendeu que as audiências jovens descartam muitas das convenções da narrativa – o apresentador, a redação com pirâmide invertida e uma cuidadosa neutralidade agora parecem, bem, parecem uma paródia do Onion. Mas Mills diz que a credibilidade que os vincula às marcas jornalísticas da velha escola ensina às recém-criadas empresas uma lição poderosa: é tudo sobre a verdade. Talvez não exista uma linha direta vinculando a história da menina da dança provocante à perda de audiência, mas Mills acredita que uma divulgação correta é fundamental para a construção da marca. O que ele ainda não conseguiu foi encontrar a proporção adequada entre opinião e simples reportagem, trabalho original e agregação, verificação e seleção por conta da audiência.

    É sobre a construção da confiança, diz ele. Não há recursos para checar tudo, mas a resposta está na transparência: “Se você não sabe, limite-se a dizer que não pode verificar”, diz Mills. “O novo consumidor da notícia gosta de fazer parte desse processo.”

    Em muitas redações de equipes reduzidas, transparência é a palavra da moda – você apenas tem que dizer aos leitores o que não tem condições de fazer (como verificar vídeos). Mas com o crescimento dasstartups, eles podem descobrir que o sucesso ajuda a resolver alguns de seus problemas.

    Shani Hilton, de 28 anos, veio para o BuzzFeed de uma filiada da NBC e do Washington City Paper, ambos de Washington, com uma missão: “Encarreguei-me de trazer mais DNA da velha escola para este lugar”, diz ela. Como subeditora, Shani Hilton construiu uma seção de copidesque a partir de um dos três editores e pretende fazer mais. Ela diz aos produtores céticos que o conteúdo pode ser checado e aperfeiçoado sem diminuir o ritmo da máquina. “Eles têm que se sentir como se não estivessem sendo interrompidos, senão não conseguimos”, diz.

    Os editores de copidesque agora fazem a revisão de todos os textos que fazem parte da lista dos 10 principais do BuzzFeed – um sintoma palpável de que audiências maiores criam mais responsabilidade e prudência. “Se algo se tornar viral, queremos que esteja correto”, diz Shani Hilton. “Mas há gente aqui dentro que acha que não é jornalista. Portanto, é um processo de aprendizado.” Ela pressiona os produtores para que entrem em contato com os criadores de material viral. “Ligue para eles”, diz ela. “Pense sobre influenciar o diálogo mais do que apenas conseguir tráfego.”

    “As pessoas costumavam ver o BuzzFeed como um lugar em que você encontrava coisas divertidas”, diz Ben Smith, chefe de Shani Hilton. “Mas não como um lugar confiável. Agora, veem o BuzzFeed como um lugar onde você consegue notícias”, o que exige uma mudança de cultura.

    Smith, que veio do site Politico, não irá diminuir o ritmo do metabolismo do BuzzFeed. “Se seus leitores gostam disto, esperar seria abdicar da responsabilidade”, diz. Ele reflete sobre o fato de seu site ter dado o nome errado ao responsável pelas bombas na correria para enviar a matéria sobre os ataques na maratona de Boston. Sua conclusão: “Foi um erro feio, mas as grandes matérias de última hora sempre acabam ficando totalmente fora de controle. A solução é mais e melhores repórteres, para não depender da CNN.”

    Edição mais refinada

    O BuzzFeed continuará refletindo aquilo que os usuários veem na internet, mas não de uma maneira cega. Para alcançar uma audiência que aceita o anonimato, mas desconfia dos motivos e das fontes, Ben Smith acredita que um BuzzFeed maior precisa de uma abordagem mais refinada na edição. Os produtores ainda enviam constantemente textos de rotina, sem controvérsias. Se uma matéria faz denúncias sérias, “nós queremos que sejam à prova de bala”; será cuidadosamente editada e contará com algumas olhadelas informais por parte de outros editores. E os artigos e investigações do BuzzFeed serão editados, copidescados e checados por verificadores de fatos.

    Ben Smith recusa “regras formais como ‘você tem que ter duas fontes para acompanhar uma coisa’. É fácil conseguir nove fontes que digam a mesma coisa e mesmo assim sair errado. Prefiro confiar em repórteres inteligentes e no Twitter”, corrigindo as matérias à medida que se vão desenvolvendo.

    A abordagem repetitiva, apesar de captar o espírito da internet, ainda irrita muitos jornalistas mais velhos. Numa crítica às “Verdades aparentes do BuzzFeed”, Andrew Sullivan diz que a ética de “primeiro enviar” prejudica o acordo entre jornalistas e leitores. O BuzzFeed foi irresponsável ao publicar a falsa matéria da semana de Ação de Graças sobre uma áspera discussão entre um produtor de TV de Hollywood e uma mulher que se queixava de um voo atrasado, disse Sullivan, argumentando que entretenimento e jornalismo pertencem a “espaços claramente delimitados”.

    Depois que esse trote foi esclarecido, o BuzzFeed acrescentou uma nota dizendo que o produtor de Hollywood “pode ter nos pregado uma peça”. Para alguns críticos, essa foi uma desculpa esfarrapada.Lisa Tozzi, ex-editora do New York Times que dirige a equipe de notícias de 15 pessoas do BuzzFeed, reconhece que a mensagem original deveria ter sido mais cética, mas diz que, aqui, a exatidão é tão importante quanto era em sua redação anterior. Trata-se de algo vital para pessoas como Ben Smith, Shani Hilton e Lisa Tozzi, mas como esses refugiados de redações jornalísticas mais tradicionais perceberam quando chegaram ao BuzzFeed, nem todo mundo se baseia nas velhas maneiras de fazer as coisas.

    Summer Anne Burton veio para o BuzzFeed como vieram muitos outros produtores – sem muita experiência ou ambição em jornalismo. Como garçonete e blogueira em Austin, ela queria encontrar coisas interessantes na internet e compartilhá-las com amigos. A ideia de que alguém lhe pagasse para fazer isso pareceu-lhe fabulosa. Agora, como diretora administrativa – ela supervisiona a equipe do Buzz, de 35 pessoas que, como ela diz, “fazem as coisas pelas quais o BuzzFeed é conhecido, como listas, questionários, animais…” –, ela começa a pensar em si como jornalista.

    “Você tem que escrever o que as pessoas querem ler”

    “Muitos de nós pensávamos nisto como uma empresa de tecnologia”, diz Summer, relembrando seus primeiros dias ali, há dois anos. “Desde que o Ben chegou, estamos aprendendo a elevar os padrões mantendo nossa atitude experimental.” A equipe de Summer costumava trabalhar com um único padrão. “Se algo fosse muito importante na internet, nós o publicávamos.”

    Depois, Ben Smith chegou, trazendo com ele a paixão de editor pelas notícias de momento, o amor aos tabloides de um garoto de Nova York e uma poderosa sensação de si próprio como jornalista sério e um grande artista.

    À medida que crescem a audiência, a equipe e a receita do BuzzFeed, o objetivo da empresa passou de acariciar os olhos com coisas leves para o desejo da velha escola de fazer a diferença. Mark Schoofs, um veterano repórter investigativo que trabalhou no Wall Street Journal e, depois, na ProPublica, entrou para o BuzzFeed para lançar uma unidade investigativa. A cobertura investigativa e no exterior do BuzzFeed continua mínima, em meio a uma grande sala de pessoas que fazem listas e questionários, mas a presença de Schoofs ajuda pessoas como Summer a pensar nelas mesmas não apenas como agregadoras, mas como alguém que tenta desmascarar falsas informações.

    A nova mentalidade levou a outras mudanças. “Começamos a fazer correções há cerca de dois meses”, diz Summer. E ela afastou-se das manchetes marotas. “Houve uma época em que era arriscar tudo para ficar entre os primeiros resultados de busca do Google. Mas essas manchetes que decepcionam as pessoas são contraprodutivas”.

    Summer pensa em seu trabalho como uma diversão, “mas as linhas divisórias estão pouco nítidas”, diz.Rega Jha, de 22 anos, há seis meses na Universidade de Columbia, tornou-se uma estrela da equipe do BuzzFeed com sua lendária lista 29 Struggles That Only People With Big Butts Will Understand[29 problemas que só pessoas com bumbum grande vão entender], que foi visitado por 4,8 milhões de pessoas em sua primeira semana. Porém, embora adore fazer listas, sua matéria preferida é um texto de quatro mil palavras sobre abuso sexual na Índia – uma matéria que levou dois meses para produzir e passou por 20 edições entre vários editores do BuzzFeed. Foi visitada 200 mil vezes, “muito mais do que se tivesse sido publicada por um jornal ou revista, que não entendem nada de internet”, diz Rega Jha.

    Em termos ideais, diz, ela gostaria de escrever 28 Things That People With Big Boobs Can Simply Never Do[28 coisas que pessoas com peitos grandes simplesmente nunca podem fazer], outro de seus sucessos, e textos de reportagem sobre justiça social – trabalhos difíceis e sérios, mas do jeito do BuzzFeed: “O jeito é o mesmo, quer você esteja escrevendo sobre traseiros grandes ou sobre Bill Gates. Você tem que escrever o que as pessoas querem ler.”

    ***

    Marc Fisher é jornalista 

  9. Não houve invasão da PF à sede da Petrobrás

    Não houve busca e apreensão em nosso Edifício Sedei

     

    Edise2Em relação a Ordem Judicial expedida pela Seção Judiciária do Estado do Paraná, informamos que:

    Entregamos a documentação solicitada pela Polícia Federal na última sexta-feira (11/4), colaborando com as investigações em curso.

    Vale ressaltar que o contrato em questão com a empresa Ecoglobal foi precedido de processo licitatório na modalidade carta-convite. Esse contrato começa a vigorar em julho deste ano. Até o momento não houve qualquer desembolso referente ao mesmo.

    Leia também nota que divulgamos na sexta-feira (11/04):Entregamos documentação à Polícia Federal por Ordem Judicial.

    “A Petrobras recebeu hoje e cumpriu imediatamente Ordem Judicial para entregar documentação referente a uma específica contratação.

    A Ordem Judicial foi expedida pela Seção Judiciária do Estado do Paraná.

    Um  delegado e três agentes da Polícia Federal foram recebidos pela Presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, em uma sala de reunião. Imediatamente, a presidente acionou a Gerência Jurídica da Companhia para tomar todas as providências com vistas ao cumprimento da Ordem Judicial.”

    Nota à Imprensa divulgada pela Polícia Federal – Operação Lava Jato:

    11/04/2014

    “Brasília/DF – Em referência aos mandados cumpridos hoje, 11/4, no contexto da Operação Lava Jato, a Polícia Federal informa:

    1 – A Justiça Federal no Paraná expediu mandados de intimação prévia para que a Petrobrás apresentasse documentos. Como houve colaboração, não foi necessário o cumprimento de mandados de busca e apreensão para o êxito na obtenção desses papéis;

    2 – A Presidência da Petrobrás colaborou com os policiais federais apresentando os documentos, que foram apreendidos e contribuirão para a continuidade das investigações.
     
    Divisão de Comunicação Social da Polícia Federal”

     

  10.  A cardiopatia grave do

     A cardiopatia grave do Deputado José Genoíno – Palpites

     

    Escrever sobre assuntos técnicos é cansativo. Mas, assim como para o rei da França, Paris vale uma missa, o Deputado José Genoíno, pelo que representa para a democracia brasileira, vale o esforço do debate. Vamos lá:

     

    Qual a importância das doenças “nobres” ou doenças especificadas em lei?

               

    Se você é o infeliz –ou feliz?- doente de algumas doenças chamadas “doenças especificadas em lei”, você tem alguns direitos que os outros não têm, seja você servidor público (RJU) ou trabalhador segurado do INSS (RGPS).

                A Lei garante esses direitos não só para o petista José Genoíno, mas também para aqueles torturadores que quebraram os dentinhos e torturaram o filhinho de dois anos do Sr. Dermi Azevedo em São Paulo, assim como para qualquer cidadão brasileiro.

     

    Qual os principais benefícios legais proporcionados pelas doenças “nobres”?

     

    São dois os principais:

    Aposentar-se com salário integral, não importando o tempo que tenha trabalhado ou contribuído ao ser declarado inválido;Após aposentar-se pode pleitear a isenção do imposto de renda.

    Para o cidadão ter esses direitos, uma Junta Médica Oficial, “com base na medicina especializada”, como diz a lei, deve atestar que é inválido por ser acometido de uma das doenças enumeradas.  

    O Deputado Genoíno aposentou-se com proventos proporcionais ao tempo de serviço. Em seguida, como milhares de cidadãos brasileiros em situação semelhante, buscou ser enquadrado como portador de uma doença especificada em lei, no caso a cardiopatia grave, para ter acesso à integralidade salarial e à isenção de imposto de renda.

    Tudo indica que os magistrados utilizarão as conclusões da Junta Médica como fator contribuinte para a tomada de decisão sobre a continuidade de sua prisão domiciliar. O que dá um peso colateral à manifestação da Junta.  

     

    Quais são as doenças “nobres”?

     

    Para os servidores públicos (Lei 8.112/90 art.186 § 1º) são as seguintes:

    Acidente em serviço, Moléstias profissionais, Tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada.

    Para ver a lista do INSS: Lei 8213/91 art. 151

    Para ver a lista da Receita Federal: Lei 7.713/88, art. 6º, inciso XIV.

                Dizem as más línguas, jocosamente, que algumas doenças dessas listas foram acrescentadas por pedidos (imperiais) de alguns dos ditadores militares, por interesse próprio ou do clã.  Embora as leis atuais que as regulamentam sejam todas de anos pós-ditadura, a prática já existia em decretos da ditadura, anteriores às leis atuais. 

     

    Que são juntas médicas oficiais, como atuam?

     

                Juntas são lugares de choro, xingamentos e ameaças. Porque muitos querem os benefícios e, às vezes, não têm direito.

                O INSS tem as suas juntas médicas. Os governos estaduais e municipais têm ou podem ter as suas juntas, basta criá-las por ato administrativo. A Câmara Federal, como estamos acompanhando no caso do Deputado Genoíno, tem a sua junta. Os Tribunais têm as suas juntas. O Governo Federal tem as suas juntas.

                No caso do Governo Federal, até há pouco tempo cada órgão federal buscava formar as suas juntas. Eram serviços lábeis, porque muitas vezes o órgão não dispunha de quantidade suficiente de médicos e, mais importante, as condutas e conclusões das juntas não raras vezes eram díspares.

     Em conseqüência, o governo publicou o Decreto 6.833, de 29/04/2009, criando o SIASS, que é um subsistema que tem como finalidade, entre outras, a realização de perícias oficiais, objetivando uniformizar os procedimentos. A Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – SRH MPOG ficou encarregada de gerir esse serviço.

    Os órgãos federais se associam em grupos para formar um SIASS e dispor de Juntas Oficiais e outros serviços de saúde ocupacional em comum.

    Em 2010 a SRH, através da Portaria SRH MPOG nº 797 de 22 de março de 2010, publicou o Manual de Perícia Oficial em Saúde do Servidor Público Federal (de agora em diante vamos denominar Manual para simplificar).

    A publicação desse Manual foi um evento muito importante no mundo da perícia oficial porque ele, naturalmente, tenta orientar critérios de perícia e uniformizar condutas. Antes dele já existiam outros manuais, em que os peritos se baseavam, como o do Ministério da Saúde, da Previdência Social, do Exército, etc. e nos quais o atual Manual buscou inspiração.

    Resumindo, esse Manual, hoje, é indispensável a qualquer Junta Médica Oficial, em qualquer nível. O que não quer dizer que não apresente falhas, como veremos.

    Uma junta médica oficial é geralmente composta por três médicos. De qualquer especialidade.

    É comum, por exemplo, que um periciado com problemas ortopédicos reclame da Junta que o avaliou por não haver ortopedistas em sua composição. Isso não tem embasamento legal. Se o serviço pericial dispõe de médicos especialistas naquela área relativa ao pleito, é aconselhável a inclusão deles na Junta.  Foi o que vimos na Junta Oficial da Câmara Federal que assinou o último laudo do Deputado: Todos os médicos se identificam como cardiologistas. Mas não há essa obrigação. 

    O Art. 160 da Lei 8.112/90 apresenta a exigência da presença de um psiquiatra na junta que avalia servidores públicos submetidos a processo administrativo, “quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado”. É caso único na legislação.

    Normalmente, ao avaliar um pleito, a Junta Médica recebe laudos do médico assistente do periciado. Se achar necessário, pode solicitar exames ou laudos de outros especialistas.  E após avaliar tudo, emite o seu próprio Laudo.

    Se houver desacordo do periciado com o Laudo, há a previsão legal de Pedido de Reconsideração ou Recurso (Arts. 106-108 da Lei 8112/90)

     

    O que é Perito Judicial e Assistente Técnico?

    Quando o magistrado tem alguma dúvida em relação a determinados aspectos técnicos que aparecem nas demandas judiciais, pode nomear um Perito Judicial, expert naquela área, que fará o seu Parecer, auxiliando o juiz a tomar a decisão.

    Esse procedimento é regulamentado nos Arts. 420 a 439 do Código do Processo Civil/Lei 5.869/73.

    Quando o magistrado nomeia um Perito Judicial, a outra parte tem o direito legal de apresentar um Assistente Técnico que funciona como uma espécie de “Fiscal” e pode apresentar os chamados Quesitos, que são questões elaboradas e apresentadas ao Perito Judicial. Elabora-se esses Quesitos de forma que as prováveis respostas do Perito ratifiquem o pleito da parte representada pelo Assistente Técnico.   Os juristas do Blog do Nassif podem elucidar isso melhor.

    A Junta de cardiologistas da UnB convocada pelo Magistrado para avaliar a situação do Deputado Genoíno e embasar a manutenção ou não de sua prisão domiciliar, na verdade funciona como um Perito Judicial. Houve um Assistente Técnico para representar o interesse do Deputado?

    Às vezes se lê ou se ouve na mídia esses cardiologistas serem denominados de Junta Oficial da UnB. É um equívoco. A Junta Oficial da UnB é a Junta do SIASS/UnB. Melhor é dizer: Peritos Judiciais convocados pelo Magistrado entre cardiologistas que trabalham na UnB, para avaliar o caso do Deputado.

     A Junta Oficial da Câmara dos Deputados emitiu Laudo analisando a situação trabalhista do Deputado Genoíno: Disse que ele não tem cardiopatia grave e que não tem invalidez, ou seja, tem capacidade laborativa preservada, portanto não tem direito a receber o salário integral de seu cargo nem direito a requerer isenção de imposto de renda.

    Os cardiologistas da UnB, convocados pelo Magistrado para atuarem como Peritos Judiciais, afirmaram que o Deputado pode suportar a vida na prisão. E o reavaliaram ontem, dia 12/04/2014, mas ainda não publicaram o Laudo conclusivo.

    São avaliações com fins diferentes, mas que podem se reforçar. 

     

    O que é cardiopatia grave?

             

    Segundo o Manual, para tipificar cardiopatia grave deve-se adotar os critérios da II Diretriz Brasileira de Cardiopatia Grave da Sociedade Brasileira de Cardiologia em consonância com a classificação funcional cardíaca adotada pela NYHA – New York Heart Association.

                A NYHA sugere que devemos classificar cardiopatia grave de acordo com o nível de intensidade em que o doente sente os seguintes sintomas: Fadiga, palpitação (batedeira do coração), dispnéia (falta de ar) e angina do peito (dor no peito).

                Sabemos, pelo Relatório do Dr. Geniberto Paiva Campos, publicado aqui no Blog do Nassif, que o Deputado Genoíno está no nível I dessa classificação, ou seja, não apresenta esses sintomas em uma atividade física ordinária.

                Portanto, apenas por esse critério meramente funcional da NYHA, podemos apressadamente concluir que o Deputado não teria cardiopatia grave. Mas.

                Vejamos os critérios da II Diretriz: Fazendo um resumo, há um agrupamento das manifestações cardíacas em síndromes:

    Síndrome da insuficiência cardíaca congestiva eSíndrome de hipoxemia e/ou baixo débito sistêmico cerebral secundário a uma cardiopatia /            As síndromes 1 e 2 podem caminhar juntas.

     

    Cardiopatias hipertensivasCardiopatias primárias ou secundárias (pericardites inclusive)Cardiopatias valvularesCardiopatias congênitasCor pulmonale crônicoHipertensão arterial sistêmica com cifras altas e complicadas com lesões irreversíveis em órgãos-alvos: cérebro, coração, rins, olhos e vasos arteriaisDoenças da aorta

     

    Síndrome de insuficiência coronariana

    Cardiopatia isquêmica 

    Síndrome de arritmias complexas

    Arritmias complexas e graves

     

                Nessa lista de patologias da II Diretriz dois itens estão relacionados com a doença atual do Deputado: A Hipertensão Arterial sistêmica complicada com lesões irreversíveis em vasos arteriais (dissecção da aorta) e as Doenças da Aorta (dissecção da aorta). Ambas se equivalem.

     

                A II Diretriz diz o seguinte sobre as Doenças da Aorta (Item 8 da Diretriz):

    “8) Doenças da aorta  :  As doenças da aorta, principalmente em sua porção torácica, são patologias com morbimortalidade elevada. Tanto o tratamento clínico quanto o cirúrgico ainda estão relacionados a elevadas taxas de mortalidade, tornando esse grupo de patologias alvo de extrema importância no tópico das cardiopatias graves.”

     

                Isso é o mesmo que dizer que as doenças da aorta são patologias classificadas como cardiopatias graves por excelência, hors concours.

     

                As doenças do coração enumeradas na II Diretriz devem ser comprovadas em exames[1] e correlacionadas com a clínica (aquela da NYHA: fadiga, palpitação, dispnéia e angina do peito) para serem consideradas como cardiopatias graves. A exceção são as doenças da aorta. Uma dissecção de aorta deixa o paciente à beira da morte, mesmo depois de operado, e por isso é classificado pela II Diretriz como cardiopatia grave, mas pode não provocar nenhum dos sintomas requeridos pela NYHA, nem demonstrar alterações na maior parte dos exames, simplesmente porque não é uma doença do coração em si, mas da aorta ligada a ele. Por essa gravidade que ela contém, mesmo sem ser uma doença do coração, em sentido estrito, é classificada pela II Diretriz como CARDIOPATIA GRAVE.  

                Esse pulo do gato foi muito bem percebido pelo médico assistente do Deputado, Dr. Geniberto, e aparentemente não está sendo levado em conta pelas Juntas que o têm avaliado.

               

     

              O que é dissecção de aorta?

     

    Dissecção da   aorta é doença gravíssima. Uma equipe da Universidade de Stanford fez uma classificação da doença baseada no segmento da artéria onde se localiza a dissecção. Se envolve a parte mais perto do coração, a aorta ascendente, é chamada tipo A, se ocorre apenas em outras partes, por exemplo na aorta descendente, é chamada tipo B. Dissecção tipo A geralmente traz conseqüências mais danosas, mas isso não significa excluir a tipo B da situação de extrema gravidade e risco.   

    O Relatório do Dr. Geniberto não informa se a dissecção de aorta do Deputado foi de tipo A ou tipo B. Não importa, ambas são graves.

    A II Diretriz define alguns tópicos de gravidade na dissecção de aorta:

     

    “Dissecção de aorta

    Dissecão aguda de aorta (menos de 15 dias entre os sintomas e o diagnóstico), envolvendo porção ascendente (tipo A – Stanford), com ou sem envolvimento da válvula aórtica; dissecção aguda de aorta (Tipo B – Stanford), associada a comprometimento de órgão-alvo, ruptura ou iminência de ruptura (formação sacular), extensão retrógada e nos portadores de síndrome de Marfan; dissecção não aguda da aorta associada a envolvimento de órgão-alvo, sintomas recorrentes, progressão retrógrada  ou anterógrada da lesão intimal, já preestabelecida.”

     

                Se a dissecção que acometeu o Deputado for do tipo A, a II Diretriz já a considera cardiopatia grave automaticamente. Se for do tipo B, a II Diretriz manda valorizar se há ruptura ou iminência de ruptura. Não sabemos se havia. Entretanto, como houve emergência para operar, conclui-se como provável essa condição. Outra condição a valorizar na dissecção tipo B é o comprometimento de órgãos alvos. Não temos dados para saber, a partir do Relatório do Dr. Geniberto, se houve paraplegia, alterações renais, insuficiência arterial de membros inferiores, etc. Mas no Relatório consta a descrição de um episódio de isquemia cerebral. Não interessa se essa isquemia foi provocada pela dissecção em si ou por microtromboses pós-operatórias, configura-se como comprometimento de órgão-alvo.

                Portanto, concluindo, seja a dissecção de aorta do Deputado tipo A ou tipo B, a II Diretriz a caracteriza como Cardiopatia Grave.

                Esse reconhecimento por si já dá o direito ao Deputado de pleitear a sua isenção de imposto de renda junto à Receita Federal.

                Quanto ao pleito de ter reconhecida a aposentadoria por invalidez por ser portador de doença especificada em lei é necessário discutir, além do conceito de cardiopatia grave, também os conceitos de capacidade/incapacidade laborativa e de invalidez. O que faremos na sequência.

                Médicos e leigos podem pesquisar facilmente na internet sobre a dissecção de aorta. Em respeito ao Deputado, não vamos ficar expondo estatísticas do mau prognóstico da doença. Basta replicar aqui a parte conclusiva de um trabalho da equipe de cirurgiões torácicos do Hospital Universitário da Universidade de Coimbra-Portugal. Eles atenderam 78 casos de dissecção em dez anos e concluem assim (Atenção! Na primeira frase temos sintaxe Camoniana!):

         

        “A cirurgia é raramente, se é que alguma vez, curativa; por isso, o controlo a longo prazo (provavelmente para toda a vida) é essencial e inclui o controlo apertado da hipertensão arterial e a vigilância dos segmentos aórticos não excisados e, em especial, do falso lúmen patente distal, numa tentativa de evitar a rotura e minimizar as consequências da formação de falsos aneurismas”

    “Como factores de risco predominantes observaram-se a hipertensão arterial, a doença do tecido conjuntivo, o tabagismo e a insuficiência renal crónica”

    Dissecção Aguda da Aorta – DAVID PRIETO, MANUEL J. ANTUNES

    Centro de Cirurgia Cardiotorácica

    Hospitais da Universidade de Coimbra. Coimbra, 2005

     

    O mais importante a concluir dessa afirmação é o seguinte: Dissecção de aorta não tem cura. Mesmo operado, com sua artéria aorta “amarrada” e “entubada” para não continuar a se rasgar ou romper, o doente continua sob risco.  É situação análoga a um descolamento de retina, pode-se colar e “amarrar” a retina, mas nunca é totalmente seguro. A diferença é que na retina perde-se um olho, na aorta perde-se a vida.

     

    Como se define incapacidade laborativa e invalidez?

     

    Vamos transcrever aqui partes do Capítulo I do Manual de Perícia do Servidor para ajudar a esclarecer o assunto, e fazer alguns comentários:

     

    Capacidade Laborativa

    É a condição física e mental para o exercício de atividade produtiva. É a expressão utilizada para habilitar o examinado a desempenhar as atividades inerentes ao cargo, função ou emprego. O indivíduo é considerado capaz para exercer uma determinada atividade ou ocupação quando reúne as condições morfopsicofisiológicas compatíveis com o seu pleno desempenho.

     

    A capacidade laborativa não implica ausência de doença ou lesão. Na avaliação da capacidade deve ser considerada a repercussão da doença ou lesão no desempenho das atividades laborais.

      

    Comentário: Quando a Junta se manifesta dizendo : 1. O periciado não é portador de invalidez para atividades laborativas 2. O Periciado não é portador de Doença Especificada em Lei, do ponto de vista médico-pericial.     Esse “ponto de vista médico-pericial” quer dizer apenas isso: Não se nega que ele tenha uma doença, mas ela não atrapalha a capacidade laborativa do periciado para o exercício do seu cargo.

     

    Incapacidade Laborativa

    É a impossibilidade de desempenhar as atribuições definidas para os cargos, funções ou empregos, decorrente de alterações patológicas consequentes a doenças ou acidentes. A avaliação da incapacidade deve considerar o agravamento da doença, bem como o risco à vida do servidor ou de terceiros, que a continuação do trabalho possa acarretar. O conceito de incapacidade deve compreender em sua análise os seguintes parâmetros: o grau, a duração e a abrangência da tarefa desempenhada.

     

    Comentário: A dissecção da aorta é considerada uma cardiopatia grave pela II Diretriz justamente pelo alto grau de risco à vida que representa mesmo depois da cirurgia. Um doente de insuficiência cardíaca ou arritmias complexas do coração pode ter fadiga, palpitação, dispneia e angina do peito que impossibilite o seu trabalho. O doente com dissecção da aorta pode não ter esses sintomas, mas tem alto risco de vida. Ele tem um grande vaso “amarrado”, para não estourar, e que pode estourar a qualquer momento. Uma crise de hipertensão aumenta enormemente as chances de estourar. Um deputado lida com diferenças de opinião em plenário, com situações estressantes, pressões. Parece óbvio que o exercício desse cargo pode acarretar o agravamento da doença, bem como o risco de vida, como diz o Manual.

       

    1 • Quanto ao grau: a incapacidade laborativa pode ser parcial ou total:

    a. considera-se como parcial o grau de incapacidade que permite o desempenho das atribuições do cargo, sem risco de vida ou agravamento;

    b. considera-se como incapacidade total a que gera impossibilidade de desempenhar as atribuições do cargo, não permitindo atingir a média de rendimento alcançada em condições normais pelos

    servidores detentores de cargo, função ou emprego.

     

    Comentário: Seguindo o mesmo raciocínio do comentário anterior, se há risco para o portador de dissecção de aorta exercer o cargo de deputado, então a incapacidade é total, segundo o conceito do Manual.

     

    2 • Quanto à duração: a incapacidade laborativa pode ser temporária ou permanente:

    a. considera-se temporária a incapacidade para a qual se pode esperar recuperação dentro de prazo previsível;

    b. considera-se permanente a incapacidade insuscetível de recuperação com os recursos da terapêutica, readaptação e reabilitação disponíveis à época da avaliação pericial.

     

    Comentário: Diante da literatura brasileira e mundial sobre dissecção de aorta, sobre o seu prognóstico, alguém teria condições de afirmar que essa doença tem uma recuperação previsível e segura?

     

    3 • Quanto à abrangência profissional: a incapacidade laborativa pode ser classificada como:

    a. uniprofissional – é aquela em que o impedimento alcança apenas uma atividade específica do cargo, função ou emprego;

    b. multiprofissional – é aquela em que o impedimento abrange diversas atividades do cargo, função ou emprego;

    c. omniprofissional – é aquela que implica a impossibilidade do desempenho de toda e qualquer atividade laborativa que vise ao próprio sustento ou de sua família.

     

    Comentário: Ver comentário logo abaixo no item Invalidez. 

     

    A presença de uma doença, por si só, não significa a existência de incapacidade laborativa. O que importa na análise do perito oficial em saúde é a repercussão da doença no desempenho das atribuições do cargo.

     

    Comentário: Um safenado, bem sucedido em sua cirurgia, pode jogar tênis, futebol e trabalhar normalmente. Pode-se dizer o mesmo de um portador de dissecção de aorta, hipertenso, em uso de anticoagulante porque já teve um episódio de isquemia cerebral, idoso de 68 anos? O parágrafo acima é uma reafirmação do conceito de “ponto de vista médico-pericial”: Para o perito a doença “existe” apenas se interfere na capacidade laborativa. Como a Junta da Câmara julgou que o Deputado tem capacidade laborativa para exercer seu cargo, consequentemente também não pode enquadrá-lo como portador de Doença Especificada em Lei (no caso a cardiopatia grave), caso contrário tornaria a decisão um paradoxo, uma contradição. 

     

    Invalidez

    No âmbito da Administração Pública Federal, entende-se por invalidez do servidor a incapacidade total, permanente e omniprofissional para o desempenho das atribuições do cargo, função ou emprego.

    Considera-se também invalidez quando o desempenho das atividades acarreta risco à vida do servidor ou de terceiros, o agravamento da sua doença, ou quando a produtividade do servidor não atender ao mínimo exigido para as atribuições do cargo, função ou emprego.

     

    Comentário: Como já comentado acima, no caso do Deputado Genoíno conclui-se pela invalidez especialmente pelo risco que o desempenho das atividades de seu cargo acarreta à sua vida. Isso é bastante.

    Aqui podemos apontar um erro do Manual de Perícias do Servidor: Incluir no conceito de invalidez a incapacidade omniprofissional. Nem o Manual de Perícias da Previdência Social (O Manual do povão do INSS, geralmente mais rígido que o dos servidores) aceita isso, utilizando a noção de incapacidade multiprofissional e chamando a incapacidade omniprofissional de conceito teórico. Mas isso é outra longa discussão. Vamos deixá-la para os juristas do direito previdenciário.   

     

    Conclusão:

    A partir da história da doença do Deputado José Genoíno e dos regulamentos que definem cardiopatia grave, incapacidade laborativa e invalidez, podemos afirmar que o mesmo tem uma doença grave, especificada em lei, e que é inválido no sentido médico-pericial.

    É muito importante lembrar o seguinte: Doenças da Aorta, citadas nominalmente pela II Diretriz o aneurisma, a dissecção e o hematoma de aorta, são enquadradas como cardiopatia grave e como provocadoras de invalidez de maneira diferente das outras doenças do coração. O perito deve estar atento a isso. Enquanto nas demais cardiopatias é de suma importância avaliar a questão funcional (fadiga, palpitação, dispneia e angina) e os exames (ver lista na nota 1 abaixo), nas doenças da aorta isso não é importante porque os exames podem estar absolutamente normais (exceto, óbvio, os exames que indicam a própria dissecção como o ecocardiograma, tomografia e ressonância) e o doente sem nenhum dos sintomas que indicam comprometimento da função do coração, e no entanto, pela gravidade do risco, deve ser enquadrado como cardiopata grave, segundo a II Diretriz. É uma exceção à regra geral.  

     

    O Deputado José Genoíno compareceu novamente perante uma Junta de Peritos Judiciais designados pelo magistrado para avaliar se apresenta condições de ir para a prisão ou se, por motivos de saúde, continua em prisão domiciliar. Será se teve reconhecido o direito legal a apresentar um Assistente Técnico? Se teve, que quesitos apresentou aos peritos judiciais? Se eu tivesse podido, teria sugerido os seguintes: 

     

    Quesitos:

     

    A II Diretriz afirma:  “As doenças da aorta, principalmente em sua porção torácica, são patologias com morbimortalidade elevada. Tanto o tratamento clínico quanto o cirúrgico ainda estão relacionados a elevadas taxas de mortalidade, tornando esse grupo de patologias alvo de extrema importância no tópico das cardiopatias graves.” O periciado, sendo portador de uma doença grave da aorta, se encaixa, na classificação da II Diretriz, como cardiopata grave, de alto risco?A dissecção de aorta é uma cardiopatia grave sui generis. Nela não se deve procurar os sinais de deficiência funcional sugeridos pela NYHA- New York Heart Association, quais sejam, fadiga, palpitação, dispneia e angina de peito. Seu paradigma é o risco de vida iminente. Portanto não se pode dizer que o periciado está bem e seguro apenas porque não apresenta esses sinais.  Os peritos concordam?A equipe de cirurgia torácica da Universidade de Coimbra, com vasta experiência no atendimento e acompanhamento de pacientes com dissecção de aorta, afirma: “a cirurgia é raramente, se é que alguma vez, curativa; por isso, o controlo a longo prazo (provavelmente para toda a vida) é essencial e inclui o controlo apertado da hipertensão arterial e a vigilância dos segmentos aórticos não excisados e, em especial, do falso lúmen patente distal, numa tentativa de evitar a rotura e minimizar as consequências da formação de falsos aneurismas. Muitos outros centros de cirurgia torácica brasileiros e mundiais compartilham essa convicção. Sendo assim, o periciado necessita de acompanhamentos e avaliações constantes, sim ou não? Um dos fatores de risco predominantes, tanto na gênese inicial como na recidiva da dissecção de aorta é a hipertensão arterial. Todos sabemos, até os leigos, que situações de ansiedade e estresse podem levar a crises hipertensivas. Onde o periciado tem mais chances de ser submetido a situações estressantes: Em seu domicílio, rodeado de seus entes queridos, que velam por ele, com alimentação adequada e sossego ou em um ambiente prisional brasileiro? No caso de uma situação de emergência, uma crise hipertensiva, uma síncope (por isquemia cerebral), uma recidiva da dissecção, etc. O quadro seria mais precocemente percebido na solidão de uma cela de cadeia ou entre os parentes, em casa, com um serviço de enfermagem domiciliar ou home care? Um senhor de 68 anos, hipertenso, com dissecção de aorta, um episódio de isquemia cerebral no pós-operatório, tomando medicação anticoagulante oral, 40 anos de tabagismo, com aterosclerose coronariana e carotídea, apresenta-se realmente em boas condições de enfrentar um ambiente prisional?

     

     

    Últimas observações:

    No Código de Ética Médica há um artigo que tipifica como antiético assinar perícias, laudos, etc. (e por extensão, penso, também comentar) quando você não examinou o paciente. Bem, o que me autorizou a fazer os comentários foi justamente a condição sui generis das doenças da aorta. Como nelas não tem muita importância a avaliação clínica de sintomas e os exames da situação do coração, pode-se emitir opiniões baseadas no Laudo do médico assistente (perícia documental), na literatura médica e na experiência.  

    Alguém (cheio de má-vontade) pode alegar que o Deputado reassumiu o cargo na Câmara Federal já doente, e que se já era inválido, porque que só agora reivindica a condição de invalidez? Ora, certamente o Deputado se julgava capaz, depois veio o episódio da prisão, que deve ter mexido muito nas realidades objetivas e subjetivas, ou o Deputado voltou à Câmara, mesmo doente, porque achava que, uma vez lá, pudesse administrar melhor a questão de sua aposentadoria. Não interessa. Isso não muda nada a situação. O Deputado é portador de uma cardiopatia grave, de alto risco, seu lugar é aposentado, em seu lar, com acompanhamento regular de sua situação de saúde por seus médicos assistentes.

    Vida longa ao Deputado.

     

     

                O autor é médico do trabalho e oftalmologista. Trabalhou muitos anos com perícia médica.


    [1] Dados importantes dos exames laboratoriais na avaliação de cardiopatia grave (Esse é um esquema de uso próprio do autor, quando trabalhava com perícia médica, pode não estar completo ou atualizado):

    QRS > 120ms denota bloqueios importantes – ECG e HolterLimitação da capacidade funcional < 5MET (gasto calórico de 5 MET) – ergoespirometriaAngina em carga baixa < 5MET – ergoespirometriaDéficit inotrópico ( PA sistólica não sobe ou até cai. Normal é subir até 220mmhg, diastólica deve subir no máximo 15mmhg) –  TE/ergoespirometriaInsuficiência cronotrópica: não há aumento da freqüência cardíaca – ergoespirometriaDuplo produto (FC x PAS) > 40000 indica boa situação, abaixo de 25000, o contrário – ergoespirometriaFração de ejeção < 35 isoladamente – Ecocardiograma com Doppler ou Cintilografia com TEFração de ejeção < 40 associado a outros fatoresMassa ventricular esquerda acima de 163 g/m em homens e de 121 g/m em mulheres e que não regride com o tratamento – EcocardiogramaComportamento anormal da FE ao exercício (variação da FE < 5%) – Cintilografia com TEÁrea de necrose pós-infarto > 20% – Cintilografia com Tálio, PET com FD6 ou RNMLesão de tronco de coronária esquerda > 50% – CineangiocoronariografiaLesões em três vasos, moderadas a importantes (>70% em 1/3 proximal ou médio), e, eventualmente, no leito distal, dependendo da massa miocárdica envolvida – CineangiocoronariografiaLesões em um ou dois vasos > 70%, com grande massa miocárdica em risco – CineangiocoronariografiaAlterações de grandes vasos: aneurisma ou dissecção de aorta, estenose de carótida > 70% assintomática e > 50%b sintomática – EcocardiogramaFração de regurgitação > 60% na insuficiência mitral e insuficiência aórtica – Ecocardiograma c/ Doppler ou Estudo hemodinâmico cateterismoÁrea valvar < 1cm2 e pressão sistólica da art. Pulmonar > 50mmhg na estenose mitralCardiomegalia com índice cardiotorácico > 0,5 – Raio X de Tórax PA e Perfil

     

    Exames laboratoriais mais importantes:

    Radiografia de tórax AP e Perfil:

    Cardiomegalia com índice cardiotorácico > 0,5Congestão venocapilar pulmonarDerrame pleural bilateral ou unilateral importante

     

    Eeletrocardiograma de repouso:

    Zona elétrica inativa (localização e magnitude)Alterações permanentes e significativas na repolarização ventricularAlterações isquêmicas de ST-T (tipo segmento ST permanentemente elevado, configurando possibilidade de aneurisma ventricular)Distúrbios da condução atrioventricular e intraventricular (QRS maior que 120ms)Hipertrofia ventricular esquerda, de grande magnitudeFibrilação atrial crônicaArritmias ventriculares complexas (associar com dados do Holter)

     

    Eletrocardiograma de esforço  TE – TE-CP (Teste de esforço cardiopulmonar, ergoespirometria)

    Limitação da capacidade funcional (<5MET)  =  VO2 pico < 17,5ml/kg/minAngina em carga baixa (<5 MET)Infradesnível do segmento ST: precoce, (carga baixa), acentuada (>3mm), morfologia horizontal ou descendente, múltiplas derivações, duração prolongada (> 6 min no período de recuperação)Supradesnível  de ST, sobretudo em área não relacionada a infarto prévioComportamento anormal da pressão (efeito inotrópico)Insuficiência cronotrópica (elevação inadequada da FC, descartado o uso de drogas que possam alterar o cronotropismo, como betabloqueadores)Sinais de disfunção ventricular esquerda associada ao esforçoArritmias ventriculares complexas, durante ou pós-esforçoDuplo produto FC x PAS

     

    Eletrocardiografia dinâmica – Holter

    Alterações isquêmicas dinâmicas (ST – T), associadas ou não à dor anginosa, com ou sem sintomas de disfunção ventricular esquerdaIsquemia miocárdica silenciosaArritmias ventriculares complexas, transitórias ou nãoFibrilação atrial e flutter atrial associados à isquemiaDistúrbios de condução atrioventricular e intraventricular relacionados à isquemia – bloqueios de ramos induzidos pelo esforço físico.

     

    MAPA – Mapeamento ambulatorial da pressão arterial

    Pressão diastólica > 110 risco a curto prazoPressão diastólica média < 110 risco no longo prazo

     

    Ecocardiografia bidimensional com Doppler de fluxos valvulares

    Fração de ejeção < 0,40 (valor específico para o método)Alterações segmentares de grande magnitude ou vários segmentos  que modificam a contratilidade ventricular, levando à redução da fração ventricularDilatação das câmaras esquerdas, especialmente se associadas à hipertrofia ventricular esquerdaComplicações associadas: Disfunção dos músculos papilares, insuficiência mitral, comunicação interventricular, pseudoaneurismas, aneurismas, trombos intracavitáriosComplicações associadas ao esforço ou aos procedimentos farmacológicosAparecimento de alterações da contratilidade segmentar inexistentes no ecocardiograma em repouso. Anolmalidades em dois segmentos da parede ventricular em repouso ou induzidas com doses baixas de dobutaminaResposta inotrópica inadequada ao uso de drogas cardioestimulantesAcentuação das alterações de contratilidade preexistentesComportamento anormal da FE ao exercício (variação da FE < 5%)Massa ventricular esquerda acima de 163 g/m em homens e de 121 g/m em mulheres e que não regride com o tratamento

     

    Cintilografia miocárdica com TE associada ou não a dipiridamol ou outros fármacos

    Defeitos de perfusão múltiplos ou áreas extensas (áreas hipocaptantes definitivas ou transitórias)Dilatação da cavidade ventricular esquerda ao esforçoHipercaptação pulmonarFração de ejeção em repouso ou esforço < 40% (valor específico para o método)Comportamento anormal da Fração de ejeção ao exercício (variação < 5%)Mobilidade parietal regional ou global anormal

     

    Estudo cineangiocoronariográfico por cateterismo cardíaco

    Lesão de tronco de coronária esquerda > 50%Lesões em três vasos, moderadas a importantes (> 70% em 1/3 proximal ou médio, e, eventualmente, no leito distal, dependendo da massa miocárdica envolvidaLesões em 1 ou 2 vasos de > 70%, com grande massa miocárdica em riscoLesões ateromatosas extensas e difusas, sem viabilidade de correção cirúrgica ou por intervenção percutâneaFração de ejeção < 0,40Hipertrofia e dilatação ventricular esquerdas; áreas extensas de acinesia, hipocinesia e discinesia; aneurisma de ventrículo esquerdoComplicações mecânicas: insuficiência mitral, comunicação interventricular

     

    Estudo hemodinâmico por cateterismo cardíaco

    Importante para ver a funcionalidade das válvulas cardíacas e as pressões intracavitárias e na artéria pulmonar

     

    Estudo eletrofisiológico (com ablação): importante na síndrome 4

    Tomografia computadorizada

    Ressonância Magnética

    Perfusão miocárdica por microbolhas        

     

     

                  

     

  11. O post de Zegomes coloca tudo

    O post de Zegomes coloca tudo sobre a doença de Genoíno, bem como seus direitos garantidos por lei. Eu sempre soube que há uma série de enfermidades que garantem a aposentadoria a paritr do laudo médico, e a consequente isenção do IR; ou seja, o aposentado por essas doenças, como Cardiopatia, caso de Genoíno,  tem direito ao salário integral. 

    Penso que Genoíno, por gostar muito de militar na politica, tina a esperança de safar da prisão, e de voltar ao Congresso como deputado. Se não foi assim, sendo ele um homem conhecedor das leis, é incompreensível que não tenha requerido sua aposentadoria antes do julgamento. Não sabemos se agora, na prisão, ele poderia usar desse direito.

  12. Li em outro blog que Armínio

    Li em outro blog que Armínio Fraga defende Aécio e medidas impopulares. Já se pode admitir um monte de medidas impopulares, resta saber quais são, se somente a privatização do que restou no governo FHC, por falta de tempo, ou se vamos ver novamente algo como aquilo que fez Collor. 

    O discurso de Aécio, nas propagandas, são de um homem risonho, mas firme em mudar o Brasil pra melhor. O que diz Armínio só pode ser comentado por intelectuais ou por quem tenha algum discernimento. E o povo? Será que o povo vai conhecer as pretensões desse tucanos? 

  13. Tecnologia (Anti)Gravitacional

    (repostando, postei tarde demais e ninguem viu)

    Tecnologia (Anti)Gravitacional, parte 1 de naoseiquantas

     

    Uma vez eu literalmente incendiei umas salsichas em um microondas.  Conversa vai, conversa vem, um cara que trabalhava la (dois metros de altura e ainda filava cigarros de todo mundo!) me contou a historia favorita de comida dele.  Ele tava em outro restaurante, outra cozinha, e resolveu fazer um sandwiche caprichado.  Vai 3 tipos de carne, dois tipos de queijo, molho disso, vegetais, pimenta, sal, o escambau.  Ai ele virou pra traz pra pegar a maionese na geladeira e quando olhou pro lindissimo, organizadissimo sanduiche dele a maior barata que ele ja tinha visto na vida tinha caido bem no meio da obra de arte.  Aquele dia ele ficou sem janta.  Se ele nao filasse cigarros eu ficava com mais pena…

    Anyways, o ponto eh que aas vezes voce vai ao pote com sede demais.  E o pote quebra.  Tem outra coisa que “se quebra” muito facilmente.  Nao faca planos com isso porque voce os vai destruir antes de serem sequer possiveis.

    Descobriu o que eh?

    Discos voadores.

    Devido ao que mesmo?  Ao conhecimento condicional/memetico/etereo -essa qualidade nao tem nome, mas todo mundo sabe que certos fenomenos -ate mesmo na ciencia- desaparecem uma vez que voce saiba da existencia deles -ate saber da existencia deles eh toxico a eles.  Chama se “joker effect” ou coisa muitissimo parecida.

    Como varios espiritas podem te dizer, conhecimento eh atomico como qualquer outra coisa, portanto eh toxico sob certas circunstancias.  Quando a base existencial nao eh emocional como a dos humanos, mas eh atomicamente desviada, como eh no caso de “habitantes de outras galaxias”, seu conhecimento -sua manipulacao mental deles- eh toxica a eles.  E a mim, so que eu ainda sou meio humano.  MEIO.

    Isso tudo pra dizer o seguinte:  nao vai acontecer de voce casualmente se sentar em seu disco voador pra ir comprar leite e ovos no supermercado.  Sabe o que aconteceria se todo mundo fizesse isso?

    A maior parte dos organismos complexos na terra estaria morta em menos de 20 anos.  Ate mesmo os humanos.

    Tecnologia anti-gravitacional eh altamente toxica.  (uh, errata:  eu queria dizer “letal”)

    O que te sobraria seria um planeta com excesso de gramas e insetos.  E pouca coisa mais.

    Aquelas “luzinhas” sao muito boazinhas, exceto pra quem esta debaixo delas.  So que pra chegar ao ponto de saber a origem da gravidade, devido ao fato de P ser igual a NP voce ja tem a tecnologia aas maos, portanto voce sabe fabricar antigravidade. Tecnologia alcancavel em menos de 2 anos, e amplamente difundida em menos de 30 anos.  (Se a teoria estiver errada, a Teoria Geral de Todas as Curas tambem esta.  So que eu nao acho que vai acontecer.)

    Essa eh a primeira parte da teoria (anti)gravitacional.  Nao sei quantas partes vai ter e nao tenho computador aa minha altura ainda, entao…  nao esperem pressa de mim muito cedo.

    Em caso de alguem pensar que eu esqueci:  sim, ainda estou cabendo o universo em um unico foton, e ainda estou falando da TGTC.  Eh tudo o mesmo assunto.

    So esperem 1’s e 0’s de mim.  E o modelo tecnologico, evidentemente.

    1. Tecnologia (Anti)Gravitacional, parte 2

      Tecnologia (Anti)Gravitacional, parte 2 de naoseiquantas

       

      Ok, vamos la:  a menor reducao possivel do universo inteiro eh igual a isso:

      1110101000101000101000100000101…

      E nisso se baseia toda a materia.  Essa eh a menor reducao possivel de todas as frequencias vibracionais tambem, isso eh, eh igualmente a fabrica da luz.  De material previo, tambem sabemos que a multiplicacao de todos os primos eh igual aa raiz quadrada de menos um, que tambem eh equivalente a um movimento infinitesimo para traz + um desvio de direcao.  Tambem sabemos que essa multiplicacao eh igual a dobrar o “tamanho” do universo” -outro dos malaprops fisico-matematicos muito engracados eh a teoria da multiplicacao do universo a cada “momento de decisao”, que eu ja ridicularizava ha anos atraz.

      Entao, evidente que a MENOR representacao possivel para a luz seria…

      Nao, nao essa dai de cima, essa eh so a fabrica total da luz e a luz que nos vemos eh fisica.  A menor representacao possivel da luz tem duas dimensoes de uma dimensao (!), lado a lado -o que eh dizer duas linhas.

      xxxxxxxxxxxxxxxxxx…

      xxxxxxxxxxxxxxxxxx…

      So isso.  Ok, essa menor-possivel representacao da luz nao eh TODA a luz mas somente um segmento com vibracoes especificas -nao existe luz absolutamente exhaustiva como igualmente nao existe infinidade totalmente exhaustiva, alias minha primeira representacao termina em 31 porque, digamos, eu cansei.  Ja coube na minha cabeca por ser fractal, portanto eh valida ambos metaforica e matematicamente.

      Entao temos um foton de arquitetura desconhecida se aproximando e sabemos que ele eh duas linhas, lado a lado.  Agora ele acerta o “sensor” atomico.  O que acontece entao?  Ele “perde” alguma coisa e o atomo ganha alguma coisa -seja ela movimento ou eletron ou “energia”, o que ela eh nao importa a esse nivel de zoom.

      Ha 6 anos atraz eu mostrei um nigucim pra um amigo internauta chamado Steven porque ele era cientista e eu perguntei pra ele:  isso ai eh a gravidade, nao eh?  Ele nao tinha ideia do que eu estava falando.  Nem eu.  Eu simplesmente nao tinha logica nem seque a menor base teorica pra desenvolver o assunto.  Essa eh a minha primeira e unica tentativa de o fazer, e vou mostrar pra voces o que mostrei pra ele entao. Sinto muito que nao posso desenhar (eh lindissimo) mas nao tenho computador aa minha altura.

      1-

      12 13

      34 24

      2-

      123 142 154 135

      456 536 326 246

      3-

      1234 1526 1357

      5678 3748 2468

      4-

      12345 16273 18642 19876 15948 13579

      67890 84950 97530 54320 37260 24680

      5-

      123456 172839 147025 184a73 108642 1a0987 16a504 1963a8 159260 13579a

      7890ab 405a6b 8a369b 06295b a9753b 65432b 93827b 52074b 37a48b 24680b

      6-

      1234567 1829304 1a852b9 16a38c5 1062a73 1b08642 1cba098 17c6b5a 1470c36 194b720 159c48b 13579ac

      890abcd a5b6c7d 63c074d 027b49d b84c95d ca9753d 765432d 403928d 9b258ad 5c83a6d 37a260d 24680bd

      etc.  Minha pergunta era se o numero dois, associado aa eletricidade em outros contextos, era gravidade -eu sou Ivan Moraes, o cara que introduziu o Numero Dois aa gravidade!

      Eh sim.  IMportantemente, notemos agora que o numero dois lunatico se move de um estado pra outro logaritmicamente.

      O primeiro 1 e a ultima letra nessas sempre existiram e sempre vao existir, eh uma “polaridade” inalcancavel porque o outro lado deles esta o eter -que so pode ser “visto” no mapa do universo mas nao “aqui” no mundo quantico onde tudo eh localmente nao-curvo (porque lunatico).

      Voltemos ao que aconteceu:  um foton acertou um “sensor” e “perdeu alguma coisa”.  Nao me interessa agora saber se ela era materia ou espaco, o que me interessa mostrar eh que a fabrica do universo foi alterada.  Porque:

      Porque de acordo com a definicaominima da luz movimento nao existe ainda.  Ela eh estatica.  Em um universo com somente dois objetos nao existe nem aproximacao nem distanciamento, eles ficam completamente parados eternamente.  A mesma coisa acontece com a definicao da luz:  os primos sao sempre os primos, nao da pra tirar um deles do lugar sem alterar a fabrica do universo, nao eh mesmo?

      Acontece uma coisa engracadinha se eu tirar o numero dois do lugar entao.  O proximo numero,  “numero 3” que realmente eh um numero 1 (releia a definicao!  Nao existe numero 3 ou qualquer outro numero, pois tudo no universo eh descrito so 1’s e 0’s marcando lugares!)…

      Mas voltando ao assunto:  o proximo 1 cai no lugar do numero 2, o 5 cai no lugar do numero 3, o 7cai no lugar do numero 5, o 11 cai no lugar do numero 7, o 13 cai no lugar do numero 11, e assim por diante.  Eh evidente que isso nao pode acontecer se um monte de espacos em branco (os zeros) for liberado da definicao pra “fabrica do espaco” se recuperar.

      E esses zeros -igualmente logaritmicos- sao liberado como mesmo?

      Em espirais.  Essa eh a razao que galaxias espirais sao espirais.  Acho incrivel que alguem olha pra uma foto de galaxia e nao ve que a espiral EH uma onda gravitacional!  Eh tao obvio!  As espirais de “liberacao de espaco livre” se organizam a nivel galactico.

      Isso implica que o foton eh infinitamente polar -desde que por adicao, ou seja, pode ter quantas polaridades voce quizer, desde que estejam sempre a 90 graus da previa.  Dado que o foton eh aditivo, so nos resta saber como um foton eh adicionado ou subtraido de uma qualidade x sempre 90 graus das qualidades previas, nao eh?  Pois isso eh facilimo provar e essa vai ser a proxima parte da teoria antigravitacional.

      Isso TAMBEM implica que existe pelo menos um metodo computacional de primos que salta de um pro outro analiticamente.

       

       

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  14.  
    ROMA-VIOLÊNCIA-MANIFESTAÇÃO

     

    ROMA-VIOLÊNCIA-MANIFESTAÇÃO

     

    LONGO CONFRONTO ENTRE MANIFESTANTES E POLÍCIA EM ROMA, NA VIA VENETTO E PIAZZA BARBERINI.

    UM MANIFESTANTE TERIA PERDIDO A MÃO

     

     

    SCONTRI PESANTI A ROMA: VIDEO RACCONTO DELLA GIORNATA

     

    http://video.corriere.it/caos-roma-sconcertante-l-operato-polizia/bad8fcc6-c265-11e3-824b-3cba74d163d1

     

     

    http://video.corriere.it/scontri-roma-video-racconto-giornata/6548da46-c26b-11e3-824b-3cba74d163d1

     

    http://video.corriere.it/corteo-movimento-la-casa-scontri-manifestanti-polizia-guarda-immagini/f8becdce-c263-11e3-824b-3cba74d163d1?playlistId=97fa3b06-7de1-11df-a575-00144f02aabe

  15. Documentário resgata política, futebol e rock’n’roll na ditadura

    ‘Democracia em Branco e Preto’, de Pedro Asbeg, conta como o esporte nacional e a música participaram da redemocratização do Brasil

    Por Xandra Stefanel, especial para RBA

    Filme extrapola as arquibancadas e mostra um fragmento do ambiente de decadência da ditadura

    São Paulo – “Pra todos aqueles que lutaram desde 1964, que morreram, que sumiram, que foram torturados, presos e exilados, a Democracia Corintiana bateu o pênalti”, afirma o ex-jogador e hoje comentarista Walter Casagrande no documentário Democracia em Branco e Preto, que foi exibido na edição de 2014 da mostra competitiva do Festival É Tudo Verdade nos dias 5 e 6 de abril, no Rio de Janeiro, e 10 e 11, em São Paulo.

    O longa-metragem dirigido por Pedro Asbeg numa co-produção entre a ESPN Brasil, a TV Zero e a Miração Filmes, chega às telas exatamente na época em que o Brasil relembra os 50 anos do golpe de 1964 e os 30 anos da campanha das Diretas Já, em 1984.

    Por meio de entrevistas atuais e imagens de arquivo, o filme resgata a importância do movimento liderado por Sócrates, Casagrande, Vladimir e Zenon em um dos maiores e mais populares times do país, o Corinthians. Há 18 anos vivendo sob regime militar, Sócrates percebeu que poderia tentar fazer dentro do time o que a sociedade era proibida de fazer nas ruas: exercer a liberdade individual e democratizar o processo de tomada de decisões.

    Assim nasceu a Democracia Corintiana, sistema, apoiado pelo então presidente Waldemar Pires, em que todos, dos dirigentes aos funcionários, passando pelos atletas, podiam opinar e até votar em torno de grandes decisões do time, desde horário do treino a novas contratações. Passaram a exercer dentro do time direito que lhes era negado como cidadãos. O movimento acabou incomodando os dirigentes de outras equipes (que ficaram temerosos que a “moda” pegasse) e especialmente os militares, que tentavam se manter no poder, apesar do crescente clamor popular por liberdade e democracia.

    Na música, a MPB continuava usando metáforas e “frestas” para criticar o modelo vigente e resistir à censura, mas começaram a pipocar bandas de jovens que usavam o rock’n’roll como uma forma de questionar o status quo. Legião Urbana, Barão Vermelho, Titãs, Ultraje a Rigor e Blitz cantavam, cada um no seu estilo, as mudanças que queriam ver no país.

    Não por acaso, jogadores do Corinthians e alguns desses músicos dividiram espaço com políticos nos palanques na campanha pelas Diretas Já. Democracia em Preto e Branco não é, portanto, um filme apenas para corintianos: é uma visão do efervescente ambiente de derrocada da ditadura, com espírito esportivo.

    Além dos protagonistas do movimento, como Sócrates (em uma das últimas entrevistas que concedeu) e Casagrande, o documentário tem depoimentos de Lula, Fernando Henrique Cardoso, Marcelo Rubens Paiva, Marcelo Tas, Edgar Scandurra, Frejat, Serginho Groisman, Paulo Miklos, entre outros.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=TjbNGhW2FEY align:center]

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=vmXUvZLhC-o align:center]

    1. Tamára

      belo post, mais uma vez “os de baixo”  puxam o carro e tomam a dianteira pro processo..o meu querido Timão, time dos pobres e gambás como é chamado pelos “bibas” sanpaulinos e a elite, deu um exemplo de como se ocupa espaços para gerar um movimento de denúncia e resistência..homens como Dr. Sócrates fazem muita falta no futebol de hoje..

      Abraços

  16. Estou buscando conhecer como

    Estou buscando conhecer como é o sistema político na Bolivia ( o Acre parece ser extenção de lá ou a Bolivia parece ser extenção daqui.) 

     

    Para iniciar : Votações em 2006 

    Observem que tem um partido com a estrela do PT Brasil.

    Parece que lá é igual aqui (esqueçam a estrela, pois esta não pode ser registrada). 

    Inicialmente eu faço apenas uma pergunta, e peço que aqueles que estudam as formações políticas (e de partidos) na America do Sul (Nassif,  não há abordagem sobre este assunto no Blog e Brasilianas?)

     

    Vamos a primeira pergunta – unica por enquanto.  

    2006

    http://www.bolivia.com/noticias/autonoticias/DetalleNoticia30696.asp

    O que é “Beni ” no relatório de votos?

  17. Documentário Em busca de Iara

    Iara Iavelberg: filme desmonta tese de suicídio de musa da guerrilha

    A fé e a vibração de Iara pelas pessoas, seus sonhos e sua luta eram intensas. E sua sobrinha Mariana Pamplona reuniu num documentário impecável novos elementos a desautorizar a versão de suicídio

      caixão lacrado

    Iara foi morta na Operação Pajuçara, sob comando do delegado Fleury

    A bancária Nilda Cunha tinha 17 anos, era estudante secundarista em Salvador e dividia com o namorado Jaileno Sampaio um apartamento na praia da Pituba. Militavam no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Por orientação do comando, hospedavam uma companheira de São Paulo, a psicóloga Iara Iavelberg. Naquele 20 de agosto de 1971, os três estavam entre os que cairiam perante a Operação Pajuçara.

    A ofensiva da repressão tinha como alvo o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, comandante daquele agrupamento guerrilheiro e companheiro de Iara. O efetivo da operação contava com mais de 200 homens das Forças Armadas, policiais federais, do Dops e da PM da Bahia. Segundo escreveu o jornalista Elio Gaspari, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que saiu de São Paulo para acompanhar a operação, passou a mão em seu rosto e disse: “Vou acabar com essa sua beleza”.

    Nilda teve os olhos desvendados apenas quando foi levada para diante do corpo de Iara, já baleada e morta. Nas dependências da Base Aérea de Salvador, passou por sessões intensas de tortura. Solta semanas depois, debilitada, cega e enlouquecida, morreu em novembro daquele ano, com seu laudo de óbito atestando “edema cerebral a esclarecer”.

    Dona Esmeraldina, mãe de Nilda, passou o resto de seus dias bradando aos quatro cantos que a filha fora violentada, torturada e envenenada. Em outubro do ano seguinte, foi encontrada morta com um fio enrolado no pescoço. “Suicidara-se”. A versão policial oficial lembra a da morte do jornalista Vladimir Herzog, três anos adiante.

    Iara também teve anotado em seu óbito o termo suicídio. Teria atirado contra o próprio peito, segundo o laudo do legista Charles Pittex. A morte só foi divulgada um mês depois, quando a operação eliminou Lamarca no interior da Bahia.

    A família foi proibida de abrir o caixão lacrado em que lhe entregaram o corpo. Por ordem da tradição judaica, foi segregada na ala dos suicidas do Cemitério ­Israelita do Butantã, em São Paulo. Daquele dia em diante, parte da vida dos pais, ­irmãos e amigos seria dedicada a encontrar provas de que na vida apaixonada, vibrante e dedicada ao triunfo de Iara Iavelberg não havia espaço para acreditar que atirasse contra si mesma, aos 27 anos.

    Reconstituição

    O documentário Em Busca de Iara, que estreou em 27 de março, na passagem dos 50 anos do golpe, faz parte dessa missão. O filme é dirigido por Flavio Frederico, com produção e roteiro de sua mulher, Mariana Pamplona. A mãe de Mariana, Rosa Iavelberg, estava grávida de três meses quando sua irmã Iara morreu. Por precaução, não deu à filha o sobrenome.

    Mariana tinha 21 anos quando, em 2003, a família conseguiu na Justiça a exumação dos restos mortais da tia junto ao contrariado Cemitério Israelita. O ato, registrado em vídeo, foi embrião do documentário. A ideia passou a virar desejo depois que um novo e minucioso laudo assinado pelo legista Daniel Munhoz derrubava possibilidades de que Iara tivesse disparado o tiro que a matou. E tornou-se projeto após 2006, quando seus restos mortais puderam ser sepultados junto aos dos familiares, momento também transformado em ato político pelo direito à memória e à verdade e igualmente registrado pelas câmeras de Flavio e Mariana.

    O diretor já havia filmado ficção (Boca, 2010) e documentários. Caparaó (2006), sobre a primeira tentativa de resistência armada ao golpe, premiado no É Tudo Verdade de 2006, também tive parceria com Mariana. Ele já conhecia a importância mítica de Iara. “Mas não sabia ainda que nascia ali um filme – ‘O’ filme – sobre ela. As ficções eu escolho, mas o documentário me escolhe. Não era só Iara, era a história do Brasil, da Mariana, da família dela”, diz.

    Depois de tomar aquelas primeiras imagens, planejar e colher pessoalmente os depoimentos para o filme – ao longo de quase oito anos –, Mariana tornou-se ela própria “personagem” e fio condutor. “Não estava planejado, mas o filme foi feito assim, e acabei sendo convencida pelo diretor de que esse formato foi coe­rente com a lógica da construção de um documentário”, explica. O fascínio pela história da tia vinha desde a infância, sobretudo da convivência intensa com a avó Eva Iavelberg. Mariana era codinome da ativista em sua clandestinidade. Aos 15 anos, a sobrinha leu na íntegra os diários de Lamarca, em que o ex-capitão revelava a grande influência intelectual de Iara sobre suas decisões e uma paixão extrema e incondicional. Os textos publicados num jornal foram mostrados pela mãe.

    A arte-educadora Rosa não era ativista como os irmãos Samuel, Raul e Iara. Apenas ajudava nos dias de clandestinidade em encontros para levar comida, roupas e afeto. Nos anos 1970, mantinha uma instituição privada de ensino, Criarte, com proposta pedagógica humanista, que viria a se chamar Escola da Vila. Seus depoimentos no filme, assim como dos tios Samuel, Raul e Evelise, situam a narradora num ambiente familiar em que é descrita a personalidade, o caráter e a energia de Iara Iavelberg, sua beleza e seus cuidados com a aparência, feminilidade e a inteligência aguçada.

    As entrevistas testemunham uma militante influente, que não era simples “amante” de Lamarca, como desqualificavam seus perseguidores. Ela apresentava ao capitão base teórica do marxismo e do socialismo. Tinha ascendência intelectual e política sobre suas decisões. E os relatos seguem desenvolvendo sua dedicação ao movimento, dos treinamentos no Vale do Paraíba em 1969 à fuga para a Bahia em 1971.

    O documentário é também cuidadoso com a ambientação histórica. Uma cena de apenas um minuto, por exemplo, traz uma propaganda das Olimpíadas do Exército em meio a imagens de programas musicais festivos da Rede Globo e um texto ufanista que mais imbeciliza do que promove a “juventude”.

    Mas o trecho mais importante é a incursão em Salvador, a descrição de como e por que o grupo caiu sob a Operação Pajuçara e a reconstituição do cerco ao apartamento. Uma vizinha e a ex-proprietária do imóvel detalham as cenas em que o apartamento é tomado pelo gás lacrimogêneo e esvaziado com militantes presos. Contam como Iara grita “não atirem, eu me rendo”. Ela havia conseguido se esconder, mas acabou descoberta por um menino que voltou para abrir as janelas para saída do gás e a delatou.

    Mariana e Flavio reconstituem o exame de balística feito após a exumação, que descarta a hipótese de Iara ter disparado contra si mesma. E o confrontam com o depoimento do médico Lamartine Lima, legista do Instituto Nina Rodrigues e integrante da Junta de Saúde da Base Naval, que mantém a tese do suicídio. Foi preciso ter sangue frio: “Tive vontade de dizer muitas coisas a ele, mas não podia pôr a perder a entrevista”. O menino que volta à cena e vê Iara também é localizado pelo casal. É José Arthur Bagatine, que fez por telefone relatos que ajudariam a desconstruir a versão, mas desistiu de gravar.

    Para Mariana, as evidências tornam inconcebível que muitos tenham acolhido a versão do suicídio como verdadeira. “Mesmo porque, de toda versão dada pela ditadura isentando-se da autoria de crimes, é preciso desconfiar.” Estão aí para dar-lhe razão Rubens Paiva, Herzog, ­Stuart Angel, Virgílio Gomes da Silva e tantos outros casos que vêm sendo desvendados desde a produção do documento Brasil Nunca Mais, pela Comissão Justiça e Paz da ­Arquidiocese de São Paulo nos anos 1980, até os recentes testemunhos recolhidos pelas comissões da verdade.

    E a verdade precisa vir à tona, como dizia dona Eva, mãe de Iara, em cena gravada em 2003. “Para que todas as gerações futuras fiquem a par do que aconteceu naquela época. Você acha que uma mãe esquece quando perde uma filha. Isso vai me doer enquanto eu viver.” Eva Iavelbeg morreria ainda naquele ano. Iara, retirada da ala dos suicidas, repousa ao seu lado. 

    por Paulo Donizetti de Souza

  18. Presidente do STF é hostilizado em Brasília

    Assessor de deputada do PT tenta intimidar Joaquim Barbosa em Brasília

    Brasil Post  |  Thiago de Araújo | 10/04/2014 

    [video:http://youtu.be/9mlpV6Mq_4U%5D

    Um assessor do gabinete da deputada Érika Kokay (PT-DF) publicou um vídeo na internet em que aparece hostilizando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Rodrigo Grassi Cademartori aparece nas imagens entoando palavras de ordem contra o ministro, chamando-o, dentre outras coisas, de “tucano”, “autoritário” e “projeto de ditador”. O assessor ainda canta palavras de ordem em favor do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, condenado no STF por envolvimento no mensalão.

    Em entrevista à reportagem do Brasil Post, Grassi deu a sua versão sobre o contexto que envolve o vídeo. “Ele (Barbosa) estava bebendo em um bar, usando carro oficial e seis seguranças. Quem aparece no vídeo somos eu, a Andressa e a Maria Luiza, gritando conta a atuação dele. Ele estava em um ambiente público, se divertindo com carro oficial, até dando autógrafos, e nós utilizamos do livre direito de manifestação”.

    O assessor parlamentar reforçou as atribuições feitas no vídeo contra Barbosa, a quem considera mesmo “autoritário” e “pautado pela grande mídia do Brasil”. “Ele gosta de ser estrela, jogar pra galera”, completou. Perguntado sobre a sua conduta, levando em conta o cargo que possui em um gabinete da Câmara Federal, ele disse que não estava em horário de trabalho, que a deputada Érika Kokay “não tem nada a ver com isso”, e que ele é cidadão e vaiará outros ocupantes de cargos públicos, se necessário.

    A reportagem do Brasil Post procurou a assessoria do STF, para obter a posição de Joaquim Barbosa sobre o assunto, e foi informada que não haverá nenhum comunicado acerca do incidente. A assessoria do Supremo também não quis comentar sobre o que o ministro estava fazendo ou abordar as políticas de uso de veículos oficiais e seguranças da Corte.
    Já a assessoria da deputada Érika Kokay iria verificar o assunto antes de passar uma posição, a qual será incluída assim que enviada à reportagem.

    Assessor já se envolveu em outras polêmicas

    Esta não é a primeira vez que Rodrigo Grassi aparece no noticiário político. Em fevereiro do ano passado, já assessor da deputada Érika Kokay, ele participou de um tumulto ocorrido durante a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez na Câmara dos Deputados. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, ele também questionou, na mesma ocasião, o então deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sobre o mensalão mineiro.

    Ainda de acordo com a Folha, Grassi (que se apresentaria como Rodrigo Pilha) foi um dos líderes, em 2007, do movimento “Fora Arruda”, responsável pela ocupação da Câmara Legislativa do DF, em protesto contra o ex-governador José Roberto Arruda.

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