Fora de Pauta

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Redação

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  1. CPI da Merenda “começa a trabalhar”

    Do DCM:

     

    CPI da Merenda finalmente se mexe — para cassar um deputado que protegeu os estudantes. Por José Cássio

     

    “Vergonha é roubar merenda!”.

    A frase, seguida de um empurrão num policial, pode custar caro ao petista João Paulo Rillo. Ou melhor, pode custar a sua cassação como deputado estadual por São Paulo.

    O fato ocorreu no mês passado, durante a ocupação dos estudantes na Assembleia Legislativa – eles pediam a instalação da CPI da Merenda.

    Os policiais tentavam tirá-los à força e Rillo reagiu à truculência.

    No final, numa ação emblemática que durou quatro dias, os jovens ocuparam o plenário e, pela segunda vez em menos de um ano, acabaram vencendo Geraldo Alckmin mesmo que de maneira capenga – a CPI está em vias de ser instalada, mas será coordenada pelos paus mandados do governador.

    Sobre a atuação do deputado, seu colega, Delegado Antônio Olim (PP), representou o parlamentar do PT para responder no Conselho de Ética da Casa por ter humilhado e agredido o PM.

    O Coronel Telhada (PSDB) ainda discutiu com uma das estudantes da ocupação, chegando a dar voz de prisão a ela. Sua assessoria informou que ele também denunciaria Rillo por protegê-la.

    A Assembleia Legislativa é um local hostil para toda discussão relacionada à Máfia da Merenda e àqueles que tentam colocá-la na pauta.

    Em tese, devia ser o contrário: a instituição deveria agir de acordo com o interesse da sociedade, investigar irregularidades e punir os criminosos.

    Uma das ferramentas para isso é justamente o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Mas o interesse dos parlamentares de investigar escândalos contra o governo pode ser medido pelo esforço — ou, melhor, pela falta dele — de se criar o Conselho.

    Após 17 meses do início desta legislatura, ele ainda não havia sido constituído.

    Até a semana passada, quando foram escolhidos o presidente e o vice: Coronel Camilo (PSD) e Luiz Fernando Machado (PSDB), respectivamente.

    Mas, bingo!

    Ainda que a Casa tenha três membros citados na roubalheira da merenda – Fernando Capez (PSDB), presidente, Luiz Carlos Gordim (SD) e Fernando Cury (PPS) – os aliados do governador se apressaram em anunciar a “primeira grande tarefa” do Conselho: avaliar a representação a partir do empurrão de João Paulo Rillo no PM.

    A despeito de mais esta imoralidade – o que se diz na Assembleia é que a ameaça de cassação de João Paulo Rillo no Conselho serve como moeda de troca para que o PT não se movimente na CPI da Merenda -, é importante que a sociedade saiba que a gestão Alckmin acumula outras máfias ainda mais graves que a da merenda.

    Para ficar nas mais conhecidas, há a do ICMS, em que funcionários da Secretaria Estadual da Fazenda cobravam propina de empresários para diminuir ou excluir suas dívidas e multas de ICMS, e as máfias do Metrô e da CPTM, que consistem na formação de cartéis entre empresas em diferentes momentos dos 20 anos da gestão estadual tucana.

    Interessante notar que a mobilização pelo fim da corrupção, notadamente percebida quando ela é praticada por representes do PT, fato que em nível nacional levou ao golpe perpetrado por José Serra, Eduardo Cunha, FHC, Temer e cia, não encontra sequer traço de ressonância nos escândalos organizados a partir do Palácio dos Bandeirantes.

    O caso do deputado João Paulo Rillo é o exemplo mais recente disso.

    Por defender estudantes da truculência policial, e sobretudo exigir de seus pares uma investigação isenta e responsável sobre um vergonhoso caso em que, de uma sala contígua à do governador, se mantinha uma quadrilha focada em “roubar o lanche” das crianças, ele agora se vê ameaçado de perder o mandato e o direito conquistado nas urnas.

     

     

  2. Ccde Willian Bonner?

    Ccdê Willian Bonner?

    Tirou férias?

    Capa da Veja sobre Pilula do Cancer?

    Temer antecipando votação de Impitchin?

    Aecio, Serra, PSB “não sendo encontrados para responder declarações”?

     

    Eu to sentindo que vai vir algo muito  muito muito grandioso por ai.

  3. Fragmentos das gravações

    Das gravações de Jucá, Renan e Sarney o que posso guardar na memória é o seguinte:

     

    Dilma “não tem rabo”.

    Se ela não sair essa porra (Lava Jato) não para.

    O Michel É o Cunha.

    O Renan é o único que não concorda com essa porra (impeachment).

    No PSDB não se salva ninguém.

    O STF tá puto porque Dilma não concedeu o aumento de 70%.

    O Aécio vai ser o primeiro a ser comido.

    A Globo e a Folha exageraram demais.

    O Lula seria uma solução para a governabilidade.

    Dilma vai resistir até a última bala.

     

    Pra mim tá bom.

    #VOLTA QUERIDA!

  4. MST realiza encontro com professores universitários para debater

    MST realiza encontro com professores universitários para debater função social da Universidade

     

    Aconteceu entre os dias 19 e 21, na Escola Nacional Florestan Fernandes, o III Encontro dos Professores Universitários e o MST. A plenária, que teve a participação de cerca de 100 professores de universidades de todo o Brasil, foi batizada com o nome do professor Paulo Kageiama e abordou temas como o análise de conjuntura nacional, a função social das universidades públicas e os desafios da relação com os movimentos sociais.

    O encontro nacional dos professores com o MST  é fruto do trabalho do setor de educação do Movimento, que mantêm uma articulação histórica não só com as universidades, mas uma reação direta com os educadores e educadoras. A primeira edição ocorreu em setembro de 2011 e a segunda em maio de 2013. Essa é uma iniciativa do MST e dos professores universitários que atuam em parceria com o Movimento organizando cursos de formação e cursos formais nas universidades.

    A iniciativa coloca sobretudo o debate da reforma agrária no espaço acadêmico, no espaço da universidade, no espaço da construção do conhecimento na batalha das ideias. Segundo Geraldo Gasparin, da direção nacional do MST, “para nós é fundamental ampliar o debate acerca da necessidade da reforma agrária, da reforma agrária popular dentro da Universidade. Esses encontros são um momento de intercâmbio, de aprofundamento, de análise do momento político e da luta pelo direita a educação que precisa ser travada e reconhecida dentro da própria universidade”.

    Ainda de acordo com Geraldo, “quando os educadores do campo, quando os estudantes oriundos da reforma agrária precisam travar uma batalha dura e decisiva para ter direito a educação, então esse é um espaço que amplia a participação política, que amplia a luta pelo direito e o acesso a educação de nível superior, que amplia a luta pelo reconhecimento de uma universidade pública gratuita e de qualidade.” Durante este terceiro encontro também foram debatidos os desafios da perspectiva da luta pela educação e para manter uma universidade ampliada para também a educação do campo.

    Os professores que participaram do encontro são profissionais oriundos da base social do movimento que fizeram aposta na universidade como espaço de militância e de luta política para ampliar o debate e o direito por uma educação  de qualidade.

    Outro grupo são de professores e pesquisadores que se identificam com a luta e a causa da reforma agrária e que também fazem do espaço da universidade um espaço de debate e de luta, e um terceiro grupo de professores que, também por ampliar a sua participação na universidade, veem no movimento essa resistência de luta política não só da luta pela terra, mas também na conquista dos direitos da classe trabalhadora do campo, na conquista da democracia, dos direitos sociais.

    São um conjunto de professores, educadores e educadoras pesquisadores das áreas agrárias e humanas, e que, não necessariamente militando no MST, acabam se identificando  com a luta do movimento e contribuem na iniciativa da organização de cursos formais e de teoria política nas universidades.

    Em sua exposição sobre a função social da universidade pública, o professor Pedro Ivan Christoffoli, da UFFS, tratou do assunto do golpe que está implantado no Brasil de forma político-institucional. Afirma ainda que “a tendência é do acirramento do cenário, levando em consideração que as universidades seguem uma tendência do capital”. Para Pedro “uma das maneiras de contrapor esse processo é a produção de materiais, de conhecimento a partir da luta do povo, do seu dia-a-dia de atuação”.

    Gislene Reis do MST de Sergipe fala da dificuldade que os movimentos sociais enfrentam para garantir o acesso à universidade. “As universidades são muito elitizadas, sempre foi um espaço para poucos. Então para que a classe trabalhadora tivesse acesso a universidade foi um processo de luta, por isso é importante aquele professor e aquela professora que tem esse olhar diferenciado para a classe trabalhadora, para os movimentos sociais, para que tenha essa abertura mais crítica para entender as bandeiras de lutas desses movimentos socais”, afirma.

    Na certeza de que as universidades são o espaço para a multiplicação de ideias, de propostas para uma classe social que precisa de seu direito à educação garantido, os professores presentes no encontro também contribuíram para a realização das Jornadas Nacionais Universitárias em Defesa da Reforma Agrária que acontece todos os anos durante o mês de abril e ressaltam o debate e o fortalecimento de espaços como este que ajudam na formação política e fortalecem o ser multiplicador de conhecimentos e formador de opiniões.

    Confira a Carta elaborada como síntese do encontro:

    CARTA DO III ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS COM O MST

    … A expansão da ordem social democrática constitui o requisito sine qua non de qualquer alteração estrutural da sociedade brasileira. Se não conseguirmos fortalecer a ordem democrática, eliminando os principais fatores de suas inconsistências econômicas sociais e políticas, não conquistaremos nenhum êxito apreciável no crescimento econômico, no desenvolvimento social e no progresso cultural.
    Florestan Fernandes

    Nós, participantes do III Encontro Nacional de Professores Universitários com o MST, reunidos na Escola  Nacional Florestan Fernandes, entre os dias 19 e 21 de maio de 2016, vimos manifestar nossa posição de  que o golpe contra a democracia que afastou a presidente Dilma Rousseff expressa uma ruptura  institucional promovida pela rearticulação de forças conservadoras, com forte apoio midiático, e que teve  como base de legitimação e do poder judiciário e por agentes econômicos que buscam consolidar políticas  neoliberais, de interesse do grande capital e, com isso, aprofundar as desigualdades em nosso país.  Entendemos assim, que o governo provisório não possui legitimidade e aceitação, por parte da população brasileira, para quaisquer mudanças na orientação das políticas públicas de uma forma geral e na  educação, em particular. Tal retrocesso só foi possível pela desmobilização política e pela não realização  das reformas estruturais por parte dos governos populares, que consideraram a estratégia de conciliação de classes a única alternativa política viável para a governabilidade.

    Destacamos que iniciativas como a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da  Cultura e a desobrigação da aplicação de recursos constitucionalmente vinculados a políticas sociais  representam um retrocesso para a continuidade das políticas públicas de saúde e educação, da produção  científica e do desenvolvimento social do país.

    Partimos da defesa intransigente da educação pública, estatal, gratuita, laica e de qualidade como direito  inalienável do povo brasileiro e entendemos que, pela luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, esta foi  uma conquista historicamente constituída, ainda que não totalmente efetivada para todos e todas. Este  processo pressupõe instituições educacionais verdadeiramente democráticas nas quais os valores de  participação e o respeito à diversidade são fundamentais. Neste contexto, entendemos que as universidades  públicas são instituições essenciais para a formação humana, para a produção de conhecimento, de ciência  e de tecnologia que devem propiciar, em função de seu compromisso social, uma compreensão crítica da realidade brasileira e uma atuação no enfrentamento e construção de uma sociedade justa e igualitária.  Para isso, a autonomia destas instituições e a manutenção da liberdade de pensamento e criação são  variáveis fundamentais para a construção de uma universidade pública socialmente referenciada.

    Um dos grandes desafios de nossa sociedade é o enfrentamento da questão agrária e, em especial, a  efetivação de uma reforma agrária popular que democratize o acesso à terra e supere as desigualdades  históricas entre o campo e a cidade. Lutamos por um projeto que viabilize a produção agroecológica e  potencialize o meio rural como espaço de vida, de autonomia de nossos povos e de soberania alimentar  para toda a sociedade. Denunciamos e repudiamos o recrudescimento da violência no campo e nos  solidarizamos com as famílias camponesas em luta pela terra.

    A Educação do Campo, historicamente relegada, é uma conquista fundamental dos trabalhadores e das  trabalhadoras do campo na direção de fortalece­los e inclui­los na perspectiva da emancipação e da justiça  social. O Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária (PRONERA), em seus 18 anos de  existência, como política pública, tem representado a materialidade deste direito à educação, pois  viabilizou a escolaridade de cerca de 170.000 assentados, da educação básica/ educação de jovens e  adultos ao ensino superior.

    No entanto, o processo de privatização e terceirização das atividades científicas, artísticas e culturais,  fortalecido pelo retrocesso democrático em curso, compromete conquistas históricas dos trabalhadores e  das trabalhadoras e acelera o processo de mercantilização da educação e da produção de conhecimentos  necessários ao desenvolvimento do país.

    O povo brasileiro reagirá! O protagonismo da juventude, que ocupa escolas e realiza escrachos, demonstra  o potencial de enfrentamento e de formas alternativas de organização e luta coletiva contra o golpe e o  capital. Cabe a nós, como trabalhadores e trabalhadoras da educação, a tarefa de organizarmos a  resistência em nossos espaços de trabalho e nos mobilizarmos para a defesa das conquistas históricas de  nossa sociedade.

    Nossa luta é pela educação como direito e não mercadoria! Seguimos comprometidos e mobilizados  para a continuidade e ampliação de sua efetivação! NENHUM DIREITO A MENOS!!

    Guararema­SP, 21 de maio de 2016

    http://www.mst.org.br/2016/05/24/mst-realiza-encontro-com-professores-universitarios-para-debater-funcao-social-da-universidade.html

  5. Reunião da Dilma com Lewandowski
    Nas conversas do “delator premiado” é mencionada uma conversa entre os dois, onde o Ministro só queria saber de falar de reajuste, não se preocupando com a crise institucional no país. A Magistratura está elaborando um novo Estatuto a ser enviado ao Congresso.Não se discute que as reivindicações no Projeto da nova LOMAN, já divulgadas, são privilégios indefensáveis.Mas quando terá sido essa conversa entre Dilma e Lewandowski? Os Servidores do Judiciário estão pleiteando revisão do Plano de Cargos de 2006.Não conseguiram em 2014, juntamente com a revisão geral dos três Poderes, sendo empurrados para 2015, quando foram manipulados pelo Cunha, que mandou para o Senado o PL que viria a ser vetado pela Dilma. O alarde da mídia com o “aumento de até 78%” fez com que o STF negociasse outro PL, com 41% parcelado até 2019, o qual ainda está em andamento.A última reunião entre Dilma e Lewandowski que se tem notícia foi em Portugal, para tratar do reajuste dos Servidores.Na conversa mencionada na gravação não se fala a data. Se foi durante a crise, foi reunião secreta.

  6. Tremei golpistas

    A pesquisa Ibope, que ninguém deu. Claro, Dilma sobe…

    O golpe completa hoje 15 dias e não apareceu nenhuma pesquisa daquele instituto que é capaz até de contar as pessoas na Avenida Paulista.

    Você acredita que não tenham feito nenhuma? Nem eu.

    No método Ricúpero – “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde” do jornalismo brasileiro, é sinal de que os resultados não foram muito bons para a turma da usurpação.

    E Maurício Dias, na CartaCapital descobriu que há mesmo um levantamento, do Ibope, confirmado por seu próprio presidente, Carlos Augusto Montenegro.

    “Dilma passoude 18% para 33% de confiança” revelando  só um pedaço dos resultados da pesquisa feita em meados de maio.

    Ou seja, antes das “obras” do Governo Temer que desaguaram na demissão de Romero Jucá e, certamente, absorvendo pouco ou nada da encrenca que arrumou com a extinção do Ministério da Cultura, que teve forte repercussão. O desempenho do usurpador, certamente por ser pesquisa feita três ou quatro dias depois de sua posse, não teria sido avaliado.

    Escreve Dias: “Antes mesmo de tropeços na ineficiência administrativa do governo provisório e das revelações escandalosas saídas das entranhas do PMDB, surgiu uma mudança importante no comportamento do eleitor favorável à presidenta afastada”.

    “Dilma, tudo indica, está em processo de recuperação política. A velocidade  do caminho será ditada pelo possível fracasso do governo provisório de Temer.”

    Claro que só um cego não veria que o desgaste de Dilma foi imenso, seja por adotar as políticas “do outro lado”, com Joaquim Levy, até o bombardeio diário da mídia.

    Mas é de duvidar – e muito – que quem está no lugar dela tem menos confiança ainda.

    Dizem alguns passarinhos que o Datafolha, finalmente, virá. É bom que venha logo, porque quanto mais demorar, mais irá chocar a mudança de ares.

    E, como diz Maurício Dias, as pesquisas que virão por aí “podem inquietar alguns senadores”.

    FONTE: TIJOLAÇO

    http://www.tijolaco.com.br/blog/cade-as-pesquisas-mauricio-dias-achou-do-ibope-que-ninguem-deu-claro-dilma-sobe/

  7. FAZER O BEM, FAZ BEM!

    Estudante de moda cria loja para moradores de rua em Florianópolis

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    Aline Torres
    Colaboração para o UOL, em Florianópolis

    27/05/201610p4  Ouvir texto  0:00 Imprimir Comunicar erro

    Aline Torres/UOL

    A estudante Jaqueline Soares Lopes foi moradora de rua quando era criança

    A estudante Jaqueline Soares Lopes foi moradora de rua quando era criança

    Um TCC mobilizou o Centro Universitário Estácio de Santa Catarina desde que Jaqueline Soares Lopes, 22, se propôs a utilizar a moda como instrumento de transformação social. Para por em prática o estudo, ela criou, na última quarta-feira (25), uma loja gratuita para os moradores de rua no Centro de Florianópolis.

    O objetivo era comprovar que possuir roupas adequadas estimula a autoestima de qualquer indivíduo, mesmo daqueles que vivem em extrema vulnerabilidade, quebrando assim, o estigma de futilidade que o curso carrega.

    Jaqueline também morou na rua. Sua mãe biológica teve gêmeas. Prometeu as filhas para uma conhecida, Marlene Torres Soares. Mas, na hora de entregá-las, deixou apenas que a irmã de Jaqueline partisse. Elas tinham dois dias de vida na separação. “Foi duro para mim, eu esperava as duas, fiz enxoval”, conta Marlene.

    Num passeio, o marido de Marlene encontrou Jaqueline pedindo esmolas com um grupo de moradores de rua. A mãe biológica tinha desaparecido. Ele denunciou a situação e conseguiu a guarda da menina na Justiça. Ela tinha 1 ano e meio.

    “Esse trabalho fez com que eu reencontrasse a minha história. Se meus pais não tivessem me adotado eu cresceria na rua”, disse Jaqueline.

    Essa trajetória inspirou mais de trinta estudantes, de diversos cursos, a colaborarem com o projeto. Foram selecionadas 2.691 peças de roupas e sapatos.

     

    Aline Torres/UOLA estudante Jaqueline (à esq.) e Rita de Cássia, levou roupas para os cinco filhos

     

    Todo o vestuário foi lavado e costurado. As alunas de design de interiores criaram araras com bambus, caixas madeiras, pneus e canos de PVC. Todo material foi separado por tamanhos e categorias. Voluntárias auxiliaram os clientes da loja durante seis horas.

    Notas de brincadeira

    Para cada morador de rua foi entregue uma nota de brincadeira de R$ 50. Com esse dinheiro eles tinham a liberdade de escolheram as peças conforme seus gostos.

    “Eu não queria transformá-los em depósitos de roupas velhas. A ideia foi criar uma experiência de compra. Cada pessoa selecionou peças de acordo com sua identidade e necessidade, não levaram apenas porque era de graça”, disse Jaqueline.

    Ao todo, 300 pessoas foram beneficiadas. Rita de Cássia Souza, 37 anos, levou roupas para os cinco filhos. Ela mora com as crianças há seis anos nas ruas de Florianópolis, desde que se separou do marido que as espancava. Vende balas de goma e paçoca. Nunca tinha comprado vestes para eles.

    “Eu me acabei, menina. Peguei roupas para o frio, para o calor, um monte de blusinhas. Tem até pijaminhas e pantufas, acredita?”, disse Rita, feliz da vida.

    Depois das compras, Marlene, a mãe adotiva de Jaqueline, oferecia sanduíches e sucos.

    Mais da metade da população de rua

    Outro apoio importante foi do CentroPop (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), que avisou sobre o brechó. A estimativa é que Jaqueline tenha atendido 60% da população que vive nas ruas da capital.

    “A moda pode ser usada com sustentabilidade. Você abre mão do que não deseja e beneficia alguém. Essas pessoas são tão humildes e tão gratas. Faz tempo que não vejo tanta felicidade. Para gente é banal consumir. Para eles é inclusão”, disse Jaqueline.

    Muitas mulheres fizeram questão de desfilar com as roupas novas, outras puxaram funk. Teve dança. A satisfação das estudantes foi tanta que elas pretendem se unir a Jaqueline para consolidar o projeto fora da universidade. A coordenadora do curso, Vanessa Koppe, também não disfarçou o orgulho. “Dar vida a um projeto de conclusão de curso que ultrapassa os muros da faculdade é gratificante”, disse.

    Giro UOL

     

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