Investimentos em infraestrutura não acabam com desigualdades

 Sem educação, desenvolvimento continuará atrasado, diz especialista Foto Agência Brasil.jpg
Para economista da UFPE desigualdades na educação precisam ser atacadas para garantir real desenvolvimento entre regiões 
 
Os grandes investimentos em infraestrutura e tecnologias não são capazes de promover o desenvolvimento regional no país caso não se coloque a educação como ponto central das políticas. O município de Camaçari, na Bahia, por exemplo, é o quinto maior PIB do Nordeste, por conta dos altos investimentos em infraestrutura; contudo, a distribuição de renda não acompanha o ritmo. Sergipe, que é economicamente menos expressivo que a Bahia, possui, no entanto, a maior renda per capita da região. As considerações foram apresentadas pelo economista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Alexandre Rands Barros, durante o 15º Fórum de Debates Brasilianas.org, que discute o Desenvolvimento Regional, hoje (13), em São Paulo.
 
“Essas experiências apenas arranham a casca do desenvolvimento regional, pois não investem em educação”, comentou Barros, autor de estudo que analisou indivíduos de várias categorias, para mostrar que há arbitragem no mercado de trabalho entre as regiões.
 
O economista observou que as desigualdades regionais podem ter duas origens: mesma renda para iguais e proporções diferentes de atributos específicos, e rendas diferentes para iguais e proporções iguais. Na primeira, os mercados de fatores são bem arbitrados e a distribuição assimétrica dos fatores de produção remuneram mais os indivíduos. Na segunda, os mercados de fatores de produção são mal arbitrados e há simetria na distribuição espacial de fatores de produção.
 
Barros destaca alguns tabus teóricos que, segundo ele, tem distorcido a visão da maioria dos economistas. Para a teoria ortodoxa, na verdade só pode haver convergência de renda per capita, se houver informação perfeita e mesmo acesso a tecnologias. Também, se existir perfeita arbitragem nos mercados, o que não ocorre. Pela visão da teoria heterodoxa, as persistências das desigualdades regionais no Brasil e outros países implicam que os mercados de fatores não arbitram.
 
“Se você tiver vários bens na economia, você terá um espectro de desigualdades. Não há uma tendência de convergência regional”, afirmou Barros, completando que o desequilíbrio espacial tende a ser estável.
 
O mesmo foi percebido com relação às desigualdades de capital humano entre famílias, cuja tendência é persistir no tempo. Segundo o professor da UFPE, as tecnologias produtivas adotadas em uma região se adéquam à disponibilidade local de capital humano.
 
“Surgiram, por razões históricas, as diferenças de capital humano, colonização com incentivos diferenciados e risco maior de colonização do Nordeste”, explicou Barros, para quem a experiência bem sucedida de desenvolvimento regional está nos Estados Unidos.
 
“Lá houve uma universalização e responsabilização dos governos pela educação desde o século XIX”, concluiu.

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