Janot, a esperança de um Procurador Geral à altura do cargo

Roberto Gurgel foi um desastre para a imagem do Ministério Público e faz parte da mesma falta de discernimento que levou à indicação de Dias Toffoli, Joaquim Barbosa, Ayres Britto, Luiz Fux. No caso de Gurgel, referendado por uma corporação que exigia dele apenas isenção na política interna do órgão e o equilíbrio na distribuição de poderes internos. E que, por um vácuo de referenciais não cuidou de pensar na imagem e na legitimação externa do MPF.

Não se entendia que a voz e o rosto do Ministério Público Federal é do Procurador Geral da República. Todo o trabalho da base, as inúmeras bandeiras sociais, ambientais, as grandes personalidades internas do MPF só agora ganham alguma visibilidade, porque soterradas pela mediocridade e parcialidade gritantes de Gurgel.

A eleição de Rodrigo Janot traz um novo alento. E é importante entender o contraponto feito pela blogosfera.

O estilo Gurgel

O estilo de Gurgel tinha defeitos gritantes, uma parcialidade insuportável para quem exerce um cargo público que, por definição, não lhe pertence. O envolvimento emocional com a AP 470 chocava o meio jurídico, os próprios colegas, qualquer pessoa dotada de um mínimo de discernimento.

Mas havia blindagens de toda ordem, fruto do espírito de linchamento criado pela mídia no episódio e seguido por oportunistas ou pessoas sem brio e respeito pelo Judiciário.

Internamente, no MPF, o corporativismo falava mais alto. Externamente, no meio judiciário, cautela e discrição impediam a crítica explícita. Mais que isso, não havia nenhum espaço na velha mídia para qualquer tipo de crítica que colocasse um freio às arbitrariedades de Gurgel, porque ele comia em sua mão. Ele se tornou uma criatura da campanha midiática.

Repondo o MPF nos trilhos

A entrevista de Janot a Felipe Racondo e Andreza Natais, do Estado de São Paulo, expõe de maneira claríssima as principais críticas ao ex-PGR e devolve ao cargo a postura que se exige de um Procurador Geral.

Janot não cometeu nenhuma liberalidade, nenhum corte nas tradições. Apenas, sem mencionar expressamente o antecessor – nem era o caso – reconheceu os desvios de conduta da PGR e expôs de maneira simples qual deve ser o papel de um PGR.

É aí que entra a blogosfera. A velha mídia abdicou de seu papel de freio e contrapeso, de crítico de costumes e de arbítrios, do exercício do pluralismo, para abraçar a selvageria da guerra de extermínio, sem permitir nenhum contraponto. As críticas contra Gurgel ganharam espaço porque existiu a alternativa da blogosfera e das redes sociais. E muitos procuradores, juristas, advogados, público bem informado souberam diferenciar o esperneio e as guerrilhas políticas das críticas consistentes.

Em sua entrevista, Janot diz o óbvio, mas o óbvio, nesses tempos de devassidão tornou-se matéria prima tão escassa que tem que ser saudado.

O que é o óbvio:

Sobre a isonomia

Tem que haver isonomia nos julgamentos. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”, diz ele, referindo-se ao mensalão mineiro. Jamais defendi que a isonomia se obtém no desrespeito aos direitos de todos os réus. Preferia, em ambos os casos, o julgamento severo mas respeitando direitos individuais.

Sobre o “processo da vida” do procurador

Quem tem “processo da vida” é advogado. Para qualquer juiz e para o Ministério Público, todo processo é importante.

Sobre a prisão imediata dos acusados

A gana de Gurgel em propor a prisão imediata dos réus deixava claro tratar-se ou de vingança – pelos ataques que sofreu -, ou intenções políticas, ou o espírito do linchador que aflorou quando teve respaldo da velha mídia.

Não havia lógica nessa insistência na prisão imediata, a não ser atender aos clamores da turba. O processo liquidou com a carreira política de lideranças expressivas, certamente vai levar vários à prisão, é apenas questão de tempo. A troco de quê a mesquinharia do chute na pessoa caída, a insistência na prisão imediata? A atuação de Gurgel foi indigna, ao se entregar a essa orgia de sangue desnecessária.

Janot repõe a serenidade ao MPF. Para quem não terá segundo julgamento, a prisão é decorrente. Para quem terá um segundo, haverá de se aguardar o acórdão. Na parte que lhe compete, será o mais rápido possível para completar a sua parte. Simples assim.

Sobre o “marco contra a impunidade”

Janot é objetivo: não é um grande marco, não é uma exceção e não representa o fim da impunidade. Vinte anos atrás não haveria um processo desses, porque o país ainda não era totalmente republicano.

Sobre as gavetas fechadas da PGR

Abre caminho para corrigir uma das maiores vergonhas da PGR: a gaveta, podendo ser aberta ou fechada de acordo com a vontade única do PGR. “Vou dar maior transparência às questões que tramitam no gabinete do procurador-geral. A sociedade brasileira tem direito de saber o que tem aqui dentro, como tramitam os processos e os prazos. Eu quero abrir o gabinete. Minha segunda meta é acabar com os processos que ficam na prateleira. O acervo é a massa do diabo. Não podemos ter medo de arquivar e de judicializar”.

Sobre a marca que quer deixar

Os repórteres provocam, sobre a imagem de engavetador-geral de outros procuradores e indagam qual a marca que deseja deixar. E Janot: a da simplicidade. De fato, o exercício sério e responsável do poder exige isso: simplicidade, clareza, não-deslumbramento.

Ainda é cedo para avaliações mais consistentes. Mas o início fo promissor,, sem jactâncias e sem medo..

Luis Nassif

40 Comentários

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  1. Legal e Juridico

    O Estilo Gurgel: Mau Caráter!

    Qualquer semelhança com GM e JB é mera coincidência!

    No Estilo Janot. Espero que o país esteja acima da pessoa dele e outros. E que o cargo não seja incorporado a si, além do bom senso legal e jurídico.

  2. O ex-Procurador corroeu uma

    O ex-Procurador corroeu uma parte da reputação do Ministério Público. A nos fiarmos pelo exposto nessa entrevista do atual, Janot, talvez seja possível a regeneração. 

     

  3. Estou gostando do Janot

    Sabendo que Janot é isento, o  prevaricador  Gurgel, aquele que só prevarica para beneficiar seus amigos tucanos-demos, tratou de engavetar a denúncia contra Aécio Neves, o tucano teria desviado mais de 4 bilhões de reais da saúde, ser tucano nesse país quer dizer impunidade e total proteção da imprensa, de forma que fico muito feliz ao ver que Janot rompeu com essa lógica que vinha desde o Fernando de Sousa

    1. Esse comentário é infame. O

      Esse comentário é infame. O alegado desvio de R$4,3 bilhões que Aécio teria do orçamento da saúde já foi discutido aqui neste blog no post “Os ataques do PT a Aécio Neves”, de Augusto Teixeira, em 26/06/2013. Em um post de não sei quando o próprio Luis Nassif reconheceu a legalidade do que Aécio fez. O dinheiro foi gasto em saneamento, que é gasto preventivo em saúde. Aprópria OMS recomenda que gastos em saneamento sejam computados como gasto em saúde. Estados governados pelo PT, como RS (Tarso Genro), Piauí (Wellington Dias) e MS (Zeca do PT) fizeram o mesmo e ainda outras coisas com o dinheiro da saúde (caso do PI e do MS). Em 23/08/2013, o TJMG decidiu por unanimidade que os gastos de Aécio foram legais e questionou em sua sentença as intenções do procurador que moveu a ação. Após isso o MPF arquivou o processo.

      Tentemos manter a moralidade no blog!

      1. Segundo a Justiça, roubou sim, que o MPF investigue o rato

        Nada a ver. O dinheiro simplesmente sumiu. “Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?”. Só mesmo um troll que nem coragem de se cadastrar tem, pode vir com uma infâmia dessa, vá se informar por favor, não estamos na Itália que, às custas de muitas trapaças e mentiras e  mensalões conseguiu eleger o “etico” Silvio Aécio Berlusconi. O certo seria o Gurgel ter mandado investigar, mas Aécio não é petista, essa é a grande diferença, esse pais é um paraíso pra os Berlusconi da vida:

        TJMG confirma: Aécio Neves é réu e será julgado por desvio de R$4,3 bilhões da saúde

        Governador de Minas Gerais é acusado de não cumprir o piso constitucional do financiamento do SUS entre 2003 e 2008 

        Do site do deputado Rogério Correia 

        Desembargadores negaram recurso da defesa de Aécio Neves e mantiveram ação por improbidade administrativa (Foto: Governo de Minas Gerais / Leo Drumond / Flickr)

        Por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).

        Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, período em que ele foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer ainda esse ano. Se culpado, o senador ficará inelegível.

        Desde 2003, a bancada estadual do PT denuncia essa fraude e a falta de compromisso do governo de Minas com a saúde no estado. Conseqüência disso é o caos instaurado no sistema público de saúde, situação essa que tem se agravado com a atual e grave epidemia de dengue.

        Recurso

        Os desembargadores Bitencourt Marcondes, Alyrio Ramos e Edgard Penna Amorim negaram o provimento ao recurso solicitado por Aécio Neves para a extinção da ação por entenderem ser legítima a ação de improbidade diante da não aplicação do mínimo constitucional de 12% da receita do Estado na área da Saúde. Segundo eles, a atitude do ex-governador atenta aos princípios da administração pública já que “a conduta esperada do agente público é oposta, no sentido de cumprir norma constitucional que visa à melhoria dos serviços de saúde universais e gratuitos, como forma de inclusão social, erradicação e prevenção de doenças”.

        A alegação do réu (Aécio) é a de não ter havido qualquer transferência de recursos do estado à COPASA para investimentos em saneamento básico,  já que esse teria sido originado de recursos próprios. Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?

        Leia também:

        Justiça aponta que governo Aécio mentiu sobre investimentos em saúde

        1. O novojornal.com desvendou
          O novojornal.com desvendou pra onde foi a grana de 4,3 bilhões foi direto pro cofre do propinoduto tucano, repassou o dinheiro a Alston, a cobra vai fumar pois a operação esopo que apreenndeu o caixa 2 dos neves dentro da cidade administrativa junto a fiemg. Agora é fácil dizer que pau que dá em chico tem que dar em francisco, pois os crimes tucanos vão prescrever, lista de furnas, mensalão, enriquecimento ilícito.

  4. Espero que o novo procurador

    Espero que o novo procurador seja um funcionário de Estado; e não d’Os Donos do Poder. Um mero puxa-saco dos “príncipes” Marinho.

  5. Pressão do PIG

    Mal,sequer sentaram nas cadeiras o procurador e o bub,ja estão sofrendo a pressão da velha mídia.Querem a prisão imediata dos reus do “mentirão”,que se legalize o partido de Marina,e não querem nem saber de desengavetar processos,como o menslão tucano.

  6. Nassif, papo reto, como se

    Nassif, papo reto, como se diz aqui no Rio. A MPF se livrou de ter como rosto, um chantagista. O que o Gurgel fez em várias ocasiões, não tem outro nome, chantagem.

     

  7. Uma pergunta aos

    Uma pergunta aos comentaristas da área. Denúncias, processos de um modo geral, como esse do desvio de Aécio Neves podem ser desengavetados?

    1. Inventário público já…

      Seria hora de alguém aí, que seja bem entrosado  no meio, elaborar uma lista com os  assuntos importantes que ficaram guardados na geladeira do cover do jô !!

      Mas, seria uma lista com nomes de Chico e de Francisco.  Doa  a  quem doer ( como diria Janio Quadros ).

      Daí  a Blogosfera  poderia cair prá cima  cobrando a investigação e os encaminhamentos  ( nem que fosse  o da lata do lixo da moralidade pública ) !!

       

  8. preocupante Projeto de Lei que reduz o ISS de grandes empresas

     

    Ao jornalista Luiz Nassif, Compartilhando um assunto de grande interesse público para os cidadãos da cidade do Rio de Janeiro, pois traz uma grande ameaça às finanças públicas do município do Rio de Janeiro, e consequente ainda maior perda na qualidade dos serviços públicos que nosso município deveria estar prestando para todos e com qualidade. O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro encaminhou no dia 21 agosto, para a Câmara Municipal, um projeto de lei (382/2013) de desoneração tributária do ISS para um grupo de sociedades empresárias (empresas), a saber, aquelas sociedades empresárias cujos sócios possuam ou diploma de medicina, ou de engenharia, ou de advocacia, ou de contabilidade, ou arquitetura, ou fonoaudiologia, ou odontologia, ou agentes da propriedade industrial, ou enfermagem, que privilegia apenas as sociedades empresárias (empresas) cujos sócios possuam estes diplomas ou habilitações, e somente para empresas que possuam estas características de sócios destas profissões.  Para estes grupos empresariais privilegiados, o ISS, caso tal projeto seja aprovado, não mais será cobrado com base numa alíquota de 5% sobre o total de seus faturamentos mensais, mas passará a ser cobrado através de valores fixos (aproximadamente R$ 60,00 mensais, para cada um dos sócios que componham cada uma destas empresas destas categorias profissionais) para as empresas que faturarem até R$ 2.400.000,00 anuais, ou com base numa alíquota reduzida para 2% sobre o movimento econômico (faturamento) mensal da empresa para as empresas que faturarem mais de R$ 2.400.000,00 anuais. Maiores detalhes estamos apresentando através da cópia da nossa “Carta aos Vereadores” (de 03 de setembro de 2013), e aproveitamos para convidá-lo para um Seminário que estaremos realizando na próxima 2ª feira, dia 23 setembro, na sede de nosso sindicato, no qual iremos debater tal assunto, para o qual já convidamos a administração da Secretaria Municipal de Fazenda, as entidades empresariais beneficiárias deste projeto, a categoria dos Fiscais de Rendas municipais, os Vereadores de nossa cidade e algumas outros sindicatos do Fisco Federal e Estadual.  Estamos agora tentando convidar e contactar a nossa imprensa alternativa e os veículos da grande imprensa.  Mas estamos tendo dificuldade que jornalistas da grande imprensa consigam veicular matéria sobre este assunto.  Receamos estar havendo blindagem ao Prefeito Eduardo Paes e seu governo. Contamos com sua presença e participação neste nosso Seminário, e estamos totalmente a dispor para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários sobre este assunto e outros que digam respeito à tributação municipal. Att Richard Faulhaber Trent Diretor do Sindicato Carioca dos Fiscais de Rendas – Sincaf fones : 2502-4490 e 2293-1953 (Sincaf) email: [email protected] 8463-7197 e 9998-6259 (Richard – Diretor do Sincaf) – email: [email protected] 9975-4413 (Luis Antonio Barreto – Presidente do Sincaf) email: [email protected]       Aos Srs Vereadores do Município do Rio de Janeiro A diretoria do Sincaf, na qualidade de representante dos fiscais de rendas do município do Rio de Janeiro, técnicos responsáveis pela fiscalização e lançamento dos créditos tributários municipais, vem apresentar algumas considerações acerca do Projeto de Lei nº 382/2013, encaminhado pelo Sr Prefeito para a Câmara Municipal do RJ conforme publicado no DCM de 21/08/2013. Inicialmente, é importante frisar que as desonerações previstas no Projeto de Lei significam perda de tributo, ou seja, implicam gastos públicos. Não se trata de gastos em investimentos que aumentem a quantidade de equipamentos públicos ou de gastos investidos em servidores que se refletem imediatamente na quantidade e qualidade da prestação dos serviços públicos disponibilizados à sociedade. O dia a dia dos cariocas que se utilizam dos transportes públicos, que se socorrem nos hospitais públicos, que necessitam da educação pública para seus filhos não terá qualquer melhoria com a aprovação desse projeto de lei. A ameaça é de que fique ainda pior, conforme abaixo demonstraremos, com a desoneração tributária (gasto público) de 298 milhões de reais, consequência da transferência de dinheiro público para grupos empresariais que essa Lei promoverá. Como consequências, agrava-se a injustiça fiscal, gera-se uma ameaça latente às finanças públicas municipais e concorre-se para o desmonte das bases de financiamento das políticas sociais conquistadas pela Constituição de 1988. Ainda que a Constituição garanta percentuais mínimos de aplicação da receita em saúde e educação, a redução da base tributária (Carga Tributária Bruta) ensejará menos recursos para esses setores. Nunca é demais lembrar que o gasto público em saúde como proporção do PIB no Brasil, por exemplo, está bastante atrás não apenas de países europeus, mas também de latino-americanos como Argentina e Colômbia. Para fins de comparação, o que o Projeto de Lei prevê de renúncia fiscal (gasto público), 298 milhões de reais, é mais do que os gastos do município em 2012 com Cultura, (222 milhões de reais); Transporte (254 milhões de reais); Gestão Ambiental (139 milhões de reais); Desporto e Lazer (41 milhões de reais). Corresponde à metade dos gastos com Saneamento (620 milhões de reais) e, pasmem-se, com Assistência Social (652 milhões de reais) e equivale-se aos gastos com Segurança (305 milhões de reais); todos, setores que o município acumula sérios problemas estruturais. Se esse projeto não reduz as despesas privadas com planos de saúde, com educação de população; não promove justiça fiscal; não fomenta a geração de novos empregos e não estimula o crescimento da economia; mas, ao contrário, traz incertezas quanto à arrecadação e ameaças às finanças públicas, a quem interessa sua aprovação. Afinal, quem se beneficia? Manifestamos também o nosso imenso desconforto com mais um conflito entre a legislação tributária municipal e o ordenamento jurídico nacional, nos mesmos moldes da introdução de alíquota de ISS de 0,01% (ônibus) quando norma maior prescreve alíquota mínima de 2%. Estas situações atentam contra os princípios do estado democrático de direito que impõe a obrigação, em nome da proteção da população e seus interesses maiores, da observância estrita dos ditames legais, especialmente quanto a hierarquia das normas jurídicas. A Constituição Federal remeteu à Lei Complementar a definição da base de cálculo. No caso do ISS, a Lei 116/2003 define como base de cálculo do ISS o preço do serviço, em respeito inclusive ao princípio constitucional da capacidade contributiva. Esta mesma Lei Complementar protegeu aquele faturamento que se confunde em remuneração pelo trabalho pessoal, fazendo assim uma severa distinção entre remuneração pelo trabalho pessoal em contrapartida a lucros auferidos pelas empresas. Assim, estas sociedades de pessoas são tributadas por imposto fixo. Este entendimento sobre a tributação por imposto fixo das sociedades de pessoas (sociedades uniprofissionais) já se encontra pacificado no âmbito do Tribunal infraconstitucional (STJ). Em que pesem estes comandos claros relativos à base de cálculo do ISS, o projeto de lei ora enviado à casa do povo cria uma terceira categoria de sociedade com base de cálculo específica. Ou seja, além daquelas criadas pela Lei Complementar 116/2003 (sociedades de pessoas tributadas com ISS fixo e sociedades empresárias tributadas com base de cálculo sobre o preço do serviço), pretende-se criar, através de Lei municipal, a “sociedade empresária com imposto fixo”, ou seja, pretende-se criar base de cálculo com critério diferente do ordenamento de Lei Complementar (que prevê base de cálculo sobre o preço dos serviços para as sociedades empresárias). Em relação a esta terceira categoria de empresa (sociedade empresária com imposto fixo), observe-se também que o projeto cria uma discriminação hedionda com outras empresas prestadoras de serviços, ou seja, teremos empresas tais como cabeleireiros, transportadoras de carga, de informática, escolas, de fisioterapia, estacionamentos, e todas as outras empresas de todos os demais setores de atividades econômicas relativas a serviços, pagando valores de ISS muito maiores do que empresas com o mesmo faturamento e integrantes daquela terceira categoria que está sendo proposta, ou seja, de empresas com ISS fixo. Tal discriminação repercute na sociedade, na medida em que a mesma deixará de receber recursos que outrora entravam nos cofres públicos e com a aprovação de tal projeto não mais serão recebidos em função de discriminação ilegal e ilegítima. Imaginemos uma escola no regime normal de tributação (ou uma gráfica, ou um salão de cabeleireiros, ou uma empresa de informática, ou qualquer outra empresa prestadora de serviços em nosso município que não faça parte deste seleto e privilegiado grupo de empresas) com faturamento anual de R$ 2.300.000,00. Esta pagará, portanto, R$ 115.000,00 de ISS no ano (alíquota normal de 5% sobre o preço de seus serviços). Com a aprovação deste projeto, a tal sociedade empresária proposta com imposto fixo, supondo o mesmo faturamento anual de R$ 2.300.000,00, do ramo da auditoria (mas também poderia ser do ramo da contabilidade, ou da medicina, ou da advocacia, ou da engenharia, ou da enfermagem, ou da fonoaudiologia, ou de agentes da propriedade industrial, ou da arquitetura, ou da agronomia, ou da odontologia, ou da psicologia, ou da economia, e somente tais tipos de sociedades empresariais destes alguns poucos e seletivos ramos de atividade econômica), com 10 sócios, sendo dois sócios majoritários detendo 90% do capital, e lucro esperado na casa de R$ 345.000,00, pagará de ISS no ano R$ 9.090,00, ou seja, pagará 13 vezes menos ISS do que a outra, observando também que seus dois sócios majoritários lucraram em conjunto R$ 310.500,00. Em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, discordamos da afirmativa de que não haverá perdas e até possível aumento na arrecadação. Os técnicos fiscais de rendas que militam na área de fiscalização de campo de muitas destas empresas são praticamente unânimes no entendimento de que haverá redução de impostos, mesmo no curto prazo, mas principalmente no médio e longo prazo, no caso de aprovação deste projeto. O quantum, mesmo que aproximado, de quanto será o impacto na redução da arrecadação, é difícil mensurar, pois uma legislação com grande quantidade de critérios torna quase impossível aquilatar com precisão quais contribuintes deixarão de pagar, dificultando que possamos calcular, a curto prazo, quais os montantes mensais de ISS que deixarão de ser recolhidos aos cofres públicos com base nesta proposta de Lei. Com a aprovação deste projeto, quais sociedades empresárias deixarão de pagar ISS pelo preço do serviço para passar a pagar ISS por imposto fixo, em quantia muitas vezes menor? E quais sociedades empresárias deixarão de pagar o ISS a 5% sobre o preço do serviço, para passarem a pagar a 2%? Dito isto, qual será então a redução mensal do ISS que hoje vem sendo regularmente recolhido aos cofres públicos, a partir das mudanças propostas neste projeto de lei? Quais empresas de contabilidade e de auditoria deixarão de pagar ISS de 5% sobre o movimento econômico para passarem a pagar ISS fixo, valores estes mais de 10 vezes menor do que vem regularmente pagando de ISS, ou ISS com alíquota de 2% – certamente muitas, provavelmente a grande maioria delas, senão quase todas. Quais sociedades empresárias de engenharia consultiva, ou de construção civil, ou outras sociedades empresárias de engenharia deixarão de pagar ISS de 5% ou de 3% sobre o movimento econômico para passarem a pagar ISS fixo, ou ISS a 2%, ou seja, passarão a recolher aos cofres públicos muito menos ISS do que vem recolhendo atualmente – certamente muitas delas, talvez a grande maioria delas. Mesmo raciocínio podemos fazer para as clínicas médicas de caráter empresarial, e para as demais sociedades que se revestirem de características empresariais do ramo de agentes da propriedade industrial, de odontólogos, de advogados, de fonoaudiólogos, de enfermeiros, de arquitetos, de agrônomos). Do parágrafo acima podemos fazer um resumo bastante grave sobre o projeto de lei proposto, ou seja, ao dotar sociedades empresárias da principal característica de uma sociedade uniprofissional (sócios que pagam o  ISS como profissionais autônomos), teremos a situação mais do que esdrúxula de, por ex., construtoras pagando o seu ISS pelo número de seus sócios equiparados a autônomos, clinicas médicas da mesma forma, etc, sem falar nas que, se não alcançadas pelo poder de “recolher como sociedade “de autônomos””, terão redução na alíquota o que desequilibra, mais uma vez, o ditame constitucional da capacidade contributiva. Neste caso não devemos nos esquecer, por ex., da educação sendo tributada a 5% com construtoras podendo ser tributadas como sociedade de pessoas. Assim, voltando à questão da arrecadação, já sabemos de antemão que, no caso de aprovação de tal projeto, a grande maioria dos créditos constituídos através de autos de infração, e que tem sido mantidos na justiça, terão todos os seus valores remitidos, pois, na sua grande maioria, tratam-se de empresas com faturamento anual de até R$ 2.400.000,00. Além disso, o projeto facilita e favorece alguns tipos de “planejamentos tributários”, ou seja, permite que contribuinte com faturamento, por ex, de 2.600.000 reais postergue o recebimento de seus créditos (no caso postergando 200.000 reais) para que, através do regime de caixa, permaneça tributado por imposto fixo, pagando assim muito menos imposto. Portanto, é um contrassenso falar em aumento na arrecadação pela impossibilidade de mensurar o efetivo impacto, mas que sabemos, de antemão, que certamente será de redução. Por outro lado, discordamos também da afirmação de que os créditos cuja remissão ora é proposta são de “difícil cobrança, tendo em vista que muitos contribuintes estão questionando administrativa ou judicialmente os débitos”. Tal fato (além de normal no atual estágio da sociedade brasileira, face aos ainda necessários aprimoramentos nos fiscos e no judiciário), se insere no estado de direito onde aos cidadãos e demais participantes do sistema econômico é garantido o direito ao contraditório, mas também se insere na obrigação imposta ao poder público de efetuar todos os esforços legais na garantia dos seus direitos, que nada mais são que os interesses de toda a sociedade. Assim, se há demandas judiciais, há também o dever do município de realizar a sua defesa, medida esta que no caso das sociedades empresárias ora em questão podemos dizer que será plenamente coroada de êxitos, tendo em vista que o STJ já se manifestou que as sociedades com natureza empresarial não podem se beneficiar do imposto fixo. Portanto, causa-nos profundo espanto classificar de “crédito podre” aqueles que possuem em sua constituição motivos objeto de entendimento pacífico por parte do STJ, ou seja, não podemos aceitar que a melhor defesa do município seja abandonar a lide de processos em que o êxito e a repercussão positiva aos cofres municipais são possíveis de se vislumbrar. Por outro lado, devemos salientar também que o projeto ora proposto vai em sentido contrário ao profundo desejo social de regularizar as situações existentes no âmbito das relações trabalhistas e seu impacto na Previdência Social. Assim, o atual projeto incentiva sociedades empresárias com vínculos empregatícios disfarçados ou sociedades geradas com este mesmo intuito (e que são a origem de muitas das contestações administrativas e judiciais a que o projeto de lei se refere como “créditos de difícil cobrança”), o que nos obriga afirmar estar o mesmo na contramão de medidas formalizadoras do mercado de trabalho. Concluindo, manifestamos nossa profunda preocupação com as finanças municipais, com o saudável e fundamental equilíbrio que deve ser observado entre os contribuintes e suas capacidades contributivas, bem como com a administração tributária, neste último caso tendo em vista a criação de múltiplos critérios que facilitam, como já dito, certos tipos de “planejamentos tributários” e disfarces nas relações empregatícias.  Em 03 de setembro de 2013  Sincaf – Sindicato Carioca dos Fiscais de RendaLuiz Antonio BarretoPresidente  

    1. Aa primeira vista e aa ultima

      Aa primeira vista e aa ultima vista:  DESONERACAO EH GOLPE.

      Nao,nao eh so no Brasil.  Eh no mundo inteiro.  As “companias” e “empresas” querem que o governo  faca por elas o que elas nunca fizeram e nunca vao fazer pelo governo. E muito menos pela populacao do pais, qualquer que seja ele.

  9. Inocência e caldo de galinha…

    ‘Tá bom, titia “aceita o argumento, mas não me altere o samba tanto assim…”

    Não existe esta de “novo rosto”…O gurgel é (foi) um desastre, o que nos leva a tomar qualquer um com algum decoro como um alívio, mas é bom lembrar:

    1- O que é o MPF, e como funciona este “´partido” dentro da estrutura mais excludente, conservadora, segregadora e polítiqueira , mas sem votos, o Judiciário…

    2- Ninguém chega a chefe desta joça sem “presentar” o espírito deste corpo…

    3- O “novo” defendeu, e defende, a prisão dos acusados que estão com embargos infringentes sub júdice, na parte das penas sobre as quais não cabem mais recursos (trânsito em julgado), posição idêntica aos canibais do stf…

    É bom tio Nassif não se animar tanto, porque nos últimos tempo, o que ele tem feito mais é dizer: “desculpem, esperei demais de fulano, e f..deu”…

  10. Gestão

    Nassif,

    Personalidades como Gurgel – que fazem das res publica um instrumento de interesses privados – são comuns no Estado brasileiro.

    Em geral são os mais medíocres, que se aproveitam da falta de caráter para compensar a falta de talento.

    Fazem carreira fácil pois sempre há interessados em seus serviços.

    Sem controle popular sobre o Estado – via congresso e instituições – não há choque de gestão que resolva…

  11. “Pau que em Chico dá em Francisco”

    É disso que o Brasil precisa.

    Somente espero isso, nada além disso, se isso de fato acontecer ele será o melhor PGR que o Brasil teve.

  12. Acho muito cedo para a

    Acho muito cedo para a conclusão contida no título do post. Não é prudente esquecermos da máxima “Dê poder a um homem e conherás o seu caráter”. Vamos aguardar!!!!!!!!!

     

  13. Reprovado

    Ai, ai…

    Tem que parar com isso! Tem que parar com essa expectativa com o pessoal do Direito. Como lembraram Werneck Vianna e outros, parodiando Clausewitz: “O Direito é muito importante para ser deixado para os juristas”.

    Não tenham dúvida: 99% do0s “acadêmicos” de Direito simplesmente MATARAM AULA  de Sociologia, ou Sociologia do Direito.. Não é mentira, não. São de uma ignorancia indesculpável. Já ouvi vários desembargadores falando enormidades como se Sociologia fosse sinônimo de socialismo…

    No MP não é diferente, não; acham que Sociologia, Sociologia do Direto, História, História do Direito, Filosofia… São “matérias” de “cultura geral”.

    è por isso que levem maior fé em papo de Roberto Jeferrson.

  14. Não sou quem afirma isso e a Justiça

    Não sou quem afirma isso e sim a Justiça mineira, baseada num caminhão de provas materiais. O Gurgel não teria que investigar ao invés de engavetar no apagar das luzes? Kd o dinheiro?

    Justiça aponta que governo Aécio mentiu sobre investimentos em saúde

    “Lei orçamentária de Minas Gerais é fraudulenta, e prestação de contas é pior ainda”, denuncia promotora que entrou com ação de improbidade administrativa contra Aécio. Tribunal de Justiça negou recurso do ex-governador e processo contra ele segue na Vara de Fazenda. Aécio é acusado de desviar R$ 3, 5 bilhões do orçamento da saúde, quase metade de tudo que foi investido na área.

    Por Joana Tavares, Portal Minas Livre

    Uma norma federal, chamada de Emenda 29, aprovada no ano 2000, determina que todos os estados do Brasil devem aplicar 12% do seu orçamento, que vem da arrecadação de impostos, em serviços de saúde. A Emenda determina ainda que os estados – e os municípios – teriam até o ano de 2004 para se adaptar à nova regra.

    Não deveria ser uma norma tão difícil de ser colocada em prática. Afinal, qualquer administrador público sabe – e defende isso em suas campanhas – a centralidade que a saúde ocupa para garantir boas condições de vida para a população. Não é muito a se esperar de quem opera a máquina estatal o investimento em postos de saúde, contratação de pessoal, saneamento básico, prevenção de doenças e epidemias. Afinal, se saúde, educação, moradia não forem o centro dos investimentos públicos, o que será?

    Apesar de ser lei, o Governo de Minas Gerais, dos anos de 2003 a 2008, não cumpriu essa norma básica. E pior: colocou na sua prestação de contas o investimento de R$ 3, 5 bilhões em saúde na conta da Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, como forma de maquiar o orçamento e fingir que tinha feito todo o investimento necessário. Isso é o que sustenta ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual, de dezembro de 2010.

    A promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Josely Ramos Pontes, explica que foi feita uma fraude contábil, ou seja, foi contada uma mentira, para fechar as contas. “Enganaram os órgãos de fiscalização e a população o tempo inteiro”, denuncia. A partir do entendimento que a prestação de contas estava equivocada, pois contavam investimentos que nunca teriam acontecido, o MP entrou com a ação contra a contadora-geral do Estado, Maria da Conceição Barros Rezende, e o então governador Aécio Neves, que assina junto com ela o documento oficial de prestação de contas.

    O ex-governador e atual senador pelo PSDB Aécio Neves, que se coloca como possível candidato à presidência da República no ano que vem, entrou com um recurso negando a legitimidade da ação, e pedindo para que o processo fosse extinto. Em sua defesa, alegou, primeiro, que o MP não teria competência para entrar com a ação, pois apenas a Procurador Geral do Estado poderia propor ações contra o Governo do Estado. Tentou ainda explicar que os recursos – 3,5 bilhões, metade do orçamento geral para a saúde no período – seriam recursos da própria Copasa, para investimentos que a empresa, de capital misto, faria em obras de saneamento no estado.

    Neste mês, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais não aceitou os termos de defesa dos réus. Os desembargadores entenderam que cabia sim ao MP entrar com a ação, pois Aécio não era mais governador no período (a ação começou a correr em dezembro de 2010). Mais importante que isso, reconheceram que a denúncia do MP estava correta, e que não foram investidos os 12% constitucionais previstos para a saúde. Consideraram que que há indicativos “suficientes” que as pessoas indiciadas cometeram mesmo o desvio, lesivo para o estado de Minas Gerais.

    De forma unânime, os magistrados concluem que não houve transferência de recursos para a Copasa, como tentava justificar o ex-governador, “não passando de artifício (fraude contábil, segundo o autor da ação) utilizado pela Contadora-Geral do Estado, com o aval do Governador do Estado”. Isso quer dizer que eles concordam com a denúncia que quase 50% do financiamento da saúde se perdeu em alguma manobra criada pelos gestores do Estado. Esse dinheiro, então, nunca chegou à sua destinação, ou seja, serviços para a população de Minas Gerais.

    Eles apontam ainda a gravidade dessa lesão ao estado, pois o recurso deveria ser destinado para “reduzir doenças, possibilitar o acesso universal e igualitário a todos, como forma de inclusão social e preservação do direito fundamental que é a saúde, uma das razões de ser do Estado e fundamento da República”.

    Veja aqui a íntegra dos votos dos desembargadores.

    A promotora Josely Ramos, que ficou dois anos preparando a ação, ou seja, juntou todas as informações possíveis para comprovar a denúncia, garante que esse recurso não existia na Copasa. Segundo a promotora, a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) demonstrou que não havia esse aporte bilionário na empresa, que certamente faria diferença para seus investidores privados. A Advocacia-Geral da União (AGU) também comprovou que esse recurso não chegou à Copasa e, por fim, a própria empresa nega que tenha existido esses R$ 3,5 bilhões em seus balanços.

    Investimentos e demandas

    Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto no Estado de Minas Gerais (Sindágua/MG), os investimentos da Copasa nos últimos anos não ultrapassa a casa de R$ 900 milhões por ano. Em 2008, por exemplo, foram investidos R$ 805 milhões no estado.

    Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE, de 2008, Minas Gerais ficou abaixo da média nacional em número de municípios com tratamento de esgoto: 22,7%, contra 28,5 da média nacional ou os 78,4% do estado de São Paulo.

    Mas há ainda outras demandas. Segundo o Sistema Estadual de Informações sobre Saneamento (Seis), da Fundação João Pinheiro, referente aos anos de 2008 e 2009, em 53 sedes municipais do estado as pessoas recebem água sem qualquer tipo de tratamento. A pesquisa mostra ainda que 32% da população do estado não era ainda atendida pela rede de esgotamento sanitário. E dos 68,2% atendidos, há variações consideráveis entre os municípios e regiões. Esgoto tratado, então, está ausente em mais de 75% dos municípios mineiros.

    Os dados se referem a anos posteriores ao suposto investimento de R$ 3,5 bilhões da Copasa em obras para saneamento. Para um dimensão do que o montante poderia significar, o Governo de Minas Gerais anunciou neste ano o investimento de R$ 100 milhões no “Projeto Estruturador Saneamento de Minas”, para executar obras de saneamento básico na zona rural do estado. Esse recurso será investido até 2014.

    O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG), Renato Barros, aponta que o desvio pode ser ainda maior. Pelas contas do Sindicato, ao menos R$ 1 bilhão foi desviado por ano da saúde, o que daria seis bilhões que não foram investidos. “Entra na conta recursos investidos na previdência do servidor, dos militares. É uma ação de lesa-pátria, e quem paga é o povo mineiro”, destaca.

    Próximos passos 

    Com a decisão do Tribunal de Justiça, o processo segue em tramitação na 5ª Vara de Fazenda. “O recurso dos réus foi negado, em uma decisão muito contundente do TJ. O processo não parou, pedi o depoimento da Contadora-Geral do Estado, que, até agora, não prestou todas as informações. Vai ser feita também uma perícia contábil, que não deve demorar muito, pois já foi feita para a constituição da ação. A fase mais complicada do processo se encerra agora. Creio que até o final do ano já esteja pronto para julgamento”, defende Josely.

    Caso sejam condenados, as penas para os réus – Aécio Neves e Maria da Conceição Barros Rezende – podem incluir pagamento de multa e perda dos direitos políticos.

    Josely explica ainda que essa simulação utilizada pelo governo não deixou de acontecer. Ela está preparando uma outra ação, desta vez investigando o período de 2008 a 2001, contra o governador Antonio Anastasia, que também não aplica o mínimo exigido na saúde de Minas Gerais.

    Renato Barros, presidente do Sindi-Saúde, afirma que o sindicato também vem acompanhado os valores de aplicação da saúde, para averiguar se a Emenda 29 vem sendo cumprida. “Para nós como cidadãos e como trabalhadores em exercício da função pública, é um dever saber se está sendo cumprido o que determina a Constituição. Queremos que seja apurado o caso e responsabilizados os responsáveis pelo desvio. A pressão da sociedade vai fazer com que essas ações tenham agilidade para que sejam punidos os responsáveis e para que não ocorram fatos similares”, defende.

    (Foto capa: Reprodução Portal Minas Livre)

    1. Tecla errada…

      A tecla certa da camisa do super-Aético, digo aécio, deveria ser esta aqui.  ( ou a ação combinada  com a Bocaiúva FM de sua irmã é ficção??? )  rsrsrsrs…

  15. prisões

    O novo PGR declarou em entrevista na Globo que o procurador não prende e nem manda prender. Somente o  trânsito em julgado por si só é que  impõe o cumprimento da sentença,

  16. Desse mato, Procuradoria da

    Desse mato, Procuradoria da Repubilca e Supremo nunca espero muito, a decpcao pode ser enorme. Os caras vivem para seus umbigos, o Brasil nao tem nenhuma importancia para essa turma.

    Eles vivem, como a Medicina, para suas carreiras e seus umbigos. Desconhecem o que eh prestacao de Servico Publico.  Trabalham no Estado para garantir uma polpuda aposentadoria da viuva, querem apenas apocanhar o sua “merecida” parcela do PIB. A populacao que se ferre! Esses instituicoes estao aa servico da corporacao.

    Que me desculpem as raras excessoes, eh assim que vejo nosso Judiciario. Quanto mais o conheco, mais me enojo dele.

  17. Na entrevista de ontem no JN

    Na entrevista de ontem no JN ele corroborou a tese do transito em julgado fatiado proposto pelo Tribunal Penal da Globo, ou melhor, jornalista, bem enfim é a mesma coisa.

  18. Antes, tem que comer uma saca de sal

    Nassif,

    Minha avó era mineira.

    Com certeza, você conhece essa recomendação, que eu ouvia dela: “antes de dizer que conhece uma pessoa, é preciso comer uma saca de sal juntos”.

    Então, “devagar com o andor, que o santo pode ser de barro”!

    Agora a mídia começa a fazer o papel da serpente no paraíso: apelar para a sedução do sujeito; para o deslumbramento; para a pressão da manada.  Se não funcionar, levantam-se os antecedentes, possíveis falhas, para chantagem.

    Se a independência dele sobreviver a tudo, terá valido a pena!  Por enquanto, só expectativas.

  19. Calma que o poder sobe à

    Calma que o poder sobe à cabeça.

    Se queres conhecer alguém não lhe dê dinheiro, lhe de poder.

    Ainda é cedo.

    Aguardermos pois !

  20. Enquanto tivermos cargos vitalícios não teremos uma republica.

    Nassif, você tem esperança em uma casta corporativista, opulenta, nababesca, improdutiva, burocrática e, por fim, o pior:  vitalícia. Eu assisti o Brasilianas sobre o MPF e tive vergonha em ouvir o alto staf do MP. Isso mesmo: vergonha alheia. Meu Deus, os caras não têm noção do que é serviço à sociedade e/ou prestação de contas. Se o parlamento não impor transitoriedade a todos os cargos políticos, inclusive ao membros do poder judiciário e mp, nós nunca seremos uma república de verdade e ficaremos patinando nesse excesso de formalismo, burocracia e improdutividade.

    Ah, se fossêmos um país sério o nome Gurgel seria lembrado, por todos os brasileiros, como um brasileiro importante que tentou um fato inédito: produzir automóveis (não estou falando em montadoras!!). Mas o nome Gurgel é mais conhecido por atos que não acrescentaram nada ao país: um brasileiro que será esquecido em menos de 1 ano, mas que custou e custará aos cofres públicos somas vultuosas. Enquanto o verdadeiro Gurgel, o inventor, nunca será esquecido e teve o Estado e a estrutura burocrática como os seus maiores algozes.

    Triste de um país que exalta seus burocrátas improdutivos e persegue seus cientistas e inventores.

  21. É necessário mudarmos as Leis

    Caro Nassif e demais

    Ainda acho, que não interessa quem assuma como Ministro, como Procurador, a casa grande tem nas Leis a sua estrutura. Mudemos as leis, e o Ministro que queira ser superior a ela, tem na Lei, a sua barreira,  como foi a questão dos embargos, é lei, quiseram ultrapassar, o Pacto de São José, caso essa lei fosse desrespeitada, agiria.

    A Lei é cruel para o povo, e com artimanhas para os mais ricos.

    Saudações

     

     

  22. Um esclarecimento.
    No

    Um esclarecimento.

    No mensalão, a acusação central é que houve a compra de apoio político. É por isso que José Dirceu foi condenado. O PT teria organizado um esquema para desviar recursos públicos para pagar pelo apoio – e votos – de outros partidos, como o PP, PL e PTB.

    Aí costumam comparar com o “mensalão mineiro”. Nesse caso em Minas, NÃO há acusação de compra de apoio político. Com certeza, houve irregularidades. Mas ninguém, nem imprensa, nem adversários, acusou a compra de apoio político.

    1. Teoria política

      Pois é,

      Segundo a tese de Robertto Jefferson, encampada pelo Batman e intimidados pela imprensa, José Genoíno e José Paulo Cunha ganharam dinheiro par “votar com o Governo”… Chique, né?

  23. As piruetas de Aécio

    Só pesquisando muito e lendo muito em mídias alternativas é que descobriremos as malandragens do Aécio. A grande mídia é sua grande aliada.

  24. tragédia toda foi a combinação JB-Gurgel…

    um doido para condenar e o outro para castigar

     

    justiça existe para corrigir e não para perseguir quem quer que seja

     

    mas maioria não vale nada………………….

    sendo de outro partido, limitação de penas nem pensar, às favas com o reconhecimento correto da culpabilidade para cada réu………………….siplesmente foram somando e deu no que deu

     

    para os que não foram beneficiados com os embargos, julgados direto no stf, cabe até pedido de anulação desta desgraça que chamam de mensalão

  25. ele poderia fazer um pequena

    ele poderia fazer um pequena e urgentissima auditoria nos processos que o Gurgel Tucano engaventou antes de ir embora…, ele poderia mandar na pro fundo das amazonias os procuradores que faziam parte da quadrilha do Gurgel….., inclusive a esposa dele…., mais aquela feiosa que quis aparecer no mensalao, antes do JANOT assumir…, deve ter muito bandido e bandida de toga no PGR!!! Mas vou ficar feliz se ele fazer andar rapidamente os processos LISTA DA FURNAS, PROPINODUTO TUCANO, MENSALAO DO PSDB/MINAS GERAIS, MENSALAO DO DEM/BRASILIA, CPI DO CACHOEIRA, PAGAMENTO DA DARF e as investigaçoes sobre sonegaçao da GLOBO, CONCLUSAO DA OPERAÇAO SATIAGRAHA, CASTELO DE AREIA  e outras!!!! SÓ PRA COMEÇAR, ai sim falarei que temos um PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, porque até agora só teve bandidos de toga!!!

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