Jornal se desculpa ao público feminino por nota sobre Marcela Temer

Jornal GGN – O Jornal de Brasília pediu desculpas ao público feminino em razão da repercussão de uma nota publica na coluna de Gilberto Amaral, na edição impressa do jornal da segunda-feira. A nota em questão traz uma foto de Marcela Temer,  esposa do presidente interino Michel Temer, fazendo referência às críticas sofridos pelo governo sobre a falta de mulheres no novo ministério. “Por si só a beleza de sua mulher, Marcela, como primeira-dama do país, já representa muito bem o charme e elegância da mulher brasileira”, dizia a nota.

O jornal pediu para que as mulheres da redação escrevessem um texto sobre o ocorrida. Nele, a repórter Jessica Antunes fala em “vergonha” e diz que “Marcela Temer é linda, sim. Mas, sozinha, não representa a mulher brasileira. A mulher brasileira não tem um perfil. Tem vários. São várias. Somos várias”, acrescentando que “escolhemos não nos submeter a um pensamento retrógrado que reduz a feminilidade apenas ao conceito de beleza. Somos mais do que isso”. A coluna de Gilberto Amaral foi suspensa por sete dias. Leia mais abaixo:

Do Jornal de Brasília

Jornal de Brasília pede desculpas ao público feminino
 
Nota da coluna Gilberto Amaral é criticada pelas jornalistas da casa. Publicação da coluna é suspensa por sete dias.

A publicação de uma nota na coluna Gilberto Amaral, na edição impressa de segunda-feira, causou revolta em internautas e leitores. O motivo foi o tom da publicação. O Jornal, em primeiro lugar, se retrata com seu público, especialmente com as leitoras, pelo tom empregado na nota. Também se retrata diante dos grupos feministas, igualmente ofendidos, reconhecendo que sua luta pela igualdade é justa e oportuna, e vem trazendo inegáveis progressos para a nossa sociedade.

O Jornal também pediu às mulheres da redação para que elaborassem um texto a respeito do que foi publicado e de como foi o seu dia de trabalho diante disso. Elaborado pela repórter Jessica Antunes, ele foi chancelado por todas as jornalistas, sem nenhum comentário, veto ou restrição dos jornalistas do sexo masculino. 

Por fim, o Jornal de Brasília acredita em uma sociedade progressista e igual. Por conta disso, estamos suspendendo a publicação da coluna Gilberto Amaral por um período de sete dias, a partir desta edição.

 A nota das jornalistas do Jornal de Brasília

Foi uma vergonha. Nenhuma palavra de desculpa pode minimizar a intensidade com que uma nota publicada hoje pelo Jornal de Brasília afetou cada uma das mulheres do nosso Brasil. Aqui lidamos com palavras que podem ter a mesma força que uma imagem exibida na televisão. Nós vimos isso. Sentimos isso.  

Eu sei disso. Vivo isso. Ninguém liga se o trabalho é feito sem maquiagem, com o cabelo bagunçado ou de tênis. Ou não deveriam ligar. O que deve importar é o trabalho, a competência, o que é publicado diariamente nas linhas do impresso que persiste, apesar dos golpes das diversas crises. E o que foi publicado me envergonhou como mulher, como profissional, como brasileira. 

Escrevo aqui em primeira pessoa para demonstrar, em nome das mulheres da redação, a indignação, a revolta e a tristeza com um pensamento misógino que saiu no próprio veículo em que trabalho e que escancarou falhas. Falhas de conceituação, de responsabilidade e de empatia.  Jamais deveria ter sido publicado.

A vergonha foi tanta que, por momentos, ficamos sem reação. O erro estava claro e estampado na página 14 da edição impressa desta segunda-feira, 16 de maio, que logo espalhou indignação pelas redes sociais – local mais que apropriado e democrático para confirmar o pecado. Fomos bombardeados e concordamos com quase todos os questionamentos. Acho que, ao fim do dia, teremos várias lições. 

Como jornalistas, compreendemos que erros devem ser admitidos. Como mulheres, que temos força para questionar retrocessos e para lutar por espaço e direitos. Como cidadãos, que a democracia só existirá por completo quando houver representação feminina em todos os âmbitos da sociedade. Ainda não passamos da ponta do iceberg do problema. 

Marcela Temer é linda, sim. Mas, sozinha, não representa a mulher brasileira. A mulher brasileira não tem um perfil. Tem vários. São várias. Somos várias. Por muito tempo, nós ficamos presas a exatamente esse mesmo tipo de visão exposta de forma vergonhosa hoje. Mas lutamos todos os dias contra essa maré. Conquistamos, mais do que tudo, poder de escolha. E escolhemos não nos submeter a um pensamento retrógrado que reduz a feminilidade apenas ao conceito de beleza. Somos mais do que isso. 

Jéssica Antunes, em nome de todas as mulheres do Jornal de Brasília

Redação

15 Comentários

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  1. Eu não o perdôo Gilberto

    Eu não o perdôo Gilberto Amaral porque não partiu de você esse pedido. É um pedido falso, imposto pela direção do jornal, dos seus patrões. Contra provas não há argumentos. A estampa da mulher de Temer, que ainda não é primeira dama como você disse, mas uma dama interina, porque Dilma ainda é a Presidente do Brasil.

    O que o senhor quis foi acirrar os ânimos, e aumentar o sentimento que já nos atinge profundamente por parte dos machistas como você, que não enxergarão as mulheres com devido respeito. 

    Há males que vem pra bem. Sua matéria serviu para que outros jornalistas, se querem e precisam do emprego, e de respeito, tomem mais cuidado quando exporem suas convicções arraigadas, retrógadas, não entendidas nem mesmo na Idade Média.

     

  2. Frase da Pitty (no Twitter)

    “Eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário.”

    Um dos legados mais importantes dos governos PT foi dar dignidade às minorias, e estas não vão aceitar “voltar aos seus lugares”, por mais que a classe dominante esperneie.

    Ou alguém imaginaria uma retratação (ainda que insuficiente, como esta) a um caso assim há 20 anos?

  3. Infelismente tive o desprazer
    Infelismente tive o desprazer de assistir a globo durante uma consulta ao dentista; fiquei imaginando se aqueles jornalistas não tem vergonha do que fazem, o contraste é gritante, passaram de uma fúria incontida contra o governo para porta vozes dos golpistas, caráter senhores é para quem tem, não se vende na esquina, esses profissionais vão para a lata do lixo da História, lugar apropriado para profissionais desse tipo.

  4. Isso é café pequeno…

    O que interessa é a posição desse jornal em relação ao golpe. Apoiou ou não apoiou? Se apoiou, quero mais é que se forda.

  5. Marcela é linda…então tá

    Marcela é linda…então tá bom…sgora é ver o povo na taca mas feliz com a lindeza da primeira dama GOLPISTA….rsss

  6. Quando é que os jornais de

    Quando é que os jornais de Brasília vão pedir desculpas à Dilma pela violentíssima campanha midiática contra ela, sem precedentes?

    O ódio aqui em Brasília contra ela e as demais mulheres do PT e dos movimentos não nasceu da noite pro dia. Basta entrar em qualquer rede social desses jornais para ver milhares defecando pelo teclado.

     

  7. Gato escondido com o rabo de fora…
    O Jornal também pediu às mulheres da redação para que elaborassem um texto a respeito do que foi publicado e de como foi o seu dia de trabalho diante disso. Elaborado pela repórter Jessica Antunes, ele foi chancelado por todas as jornalistas, sem nenhum comentário, veto ou restrição dos jornalistas do sexo masculino.

    Como assim? OS jornalistas teriam comentários, vetos ou restrições a fazer? E se os tivessem o texto elaborado teria sido “corrigido”?

    Putz!!!!!!

  8. De Gilberto para Gilberto

    Só beleza? Qual o padrão de beleza correto? E isso vem ao caso!! Sem comentários!

    Falta ao colonista Gilberto Amaral ler um outro Gilberto, o Gilberto Freire! Jorge Amado também ajudaria !

  9. O tempo de desculpar já passou

    Creio que o tempo de desculpara já passou. Os lados foram demarcados, e o lado golpista usou toda a sua agressividade contra a democracia e a legalidade.

    Se existem leitores deste jornal que não se identificam com o golpe, eles tem que simplesmente parar de comprar, de ler e de repercurtir suas notícias.

    Isto vale também para os demais meios de comunicação que apoiaram o golpe. Simplesmente não daremos audiência nem repercutiremos suas notícias.Temos que criar uma narrativa própria dos setores democráticos, e isto terá que ser construído na plataforma da internet.

  10. Me cita que eu te cito

    O mais importante é perguntar: quando é que finalmente vai acabar no jornalismo brasileiro essa putaria chamada “colunismo social”? Isso não passa de picaretagem sabuja desses gilbertos amarais, tipo “me cita que eu te cito”, coisa provinciana e tremendamente ridícula, mas onde rola dinheiro fácil e farto. Jornalismo de elogios feito por “colunistas” que na verdade são corretores que vivem de comissões até em esquemas de prostituição elegante.

  11. Bela, recatada e do lar? É

    Bela, recatada e do lar? É pior que isso. Consta que a moça, atual “primeira-dama” ilegitima do país, foi “vendida” ao então sessentão Temer, pela própria mãe. A história é sinistra e envorganha as mulheres mais do que elas imaginam.

    Não apenas envergonha, ofende e desaqualifica

  12. Machistas, racistas, escravocratas…

    Esses caras estão com a cabeça ainda no inicio do século XX. Ja falei que teremos que fazer reformas gerias no Brasil, na qual inclui as cabeças!

  13. É só olhar para ele. O corpo

    É só olhar para ele. O corpo fala e muito. Coxinha ( de uma semana atrás, requentada sete vezes, com recheio seco e massa podre)

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