Michel Temer é sócio do golpe, por Jeferson Miola

Enviado por Anna Dutra

Da Carta Maior

O Vice-Presidente Michel Temer é sócio do golpe
 
Não se esperaria solidariedade de Temer, mas apenas seu compromisso com a legalidade. Entretanto, com sua deslealdade, ele se tornou sócio do golpe.
 
Jefferson Miola
 
Michel Temer fez questão de deixar transparecer sua absoluta falta de solidariedade institucional com Dilma, cujo cargo legítimo de Presidente da República está ameaçado pelo processo de impeachment instalado pelo psicopata corrupto que preside a Câmara dos Deputados. 
 
Não se esperaria solidariedade política de Temer com Dilma, mas apenas o compromisso dele com a legalidade e com a democracia. Com sua deslealdade, entretanto, ele se tornou sócio e fiador do golpe.   
O afamado Constitucionalista, que é vice-chefe de Estado do Brasil, teria o dever elementar de se solidarizar com a instituição Presidência da República, mesmo que não se solidarizasse com a figura da Presidente. Ele preferiu, ao invés disso, marcar seu descolamento de Dilma. A renúncia do ministro Eliseu Padilha, um dos seus principais representantes, é uma demonstração estridente deste rumo assumido.  
 
Enquanto Brasília fervilha com os passos iniciais do impeachment que ameaça o governo do qual é vice-presidente, Temer viaja a São Paulo para conchavos com os setores oposicionistas e com o empresariado. Na bagagem, leva aos tucanos a promessa de não disputar a reeleição em 2018, caso assuma a Presidência uma vez consumada a deposição de Dilma.  
 
Ele é também portador do documento Uma ponte para o futuro, a bula programática para o pós-impeachment. Este texto reflete um liberalismo rudimentar, pré-constituição de 1946: profundamente retrógrado na visão de desenvolvimento nacional e sobre a idéia de nação brasileira. É o programa mínimo para coesionar o reacionarismo nacional na cruzada do retrocesso e da restauração neoliberal-conservadora.  
 
A traição de Temer é chocante. Qualquer análise de boa fé reconhece a total inadmissibilidade da denúncia de impeachment. Não há a menor evidência de crime de responsabilidade cometido pela Presidente da República. Um Constitucionalista como ele deveria encabeçar a reação a esta decisão absurda do seu correligionário Eduardo Cunha, mas ele optou por se associar aos golpistas.  
 
O governo, os partidos e as organizações do campo democrático-popular e de esquerda e os setores democráticos da sociedade, estão ante o desafio gigantesco de compensar a minoria congressual e frear a marcha golpista com uma ruidosa maioria política e social em defesa da legalidade e da democracia.  
 
A disputa pela sobrevivência do governo será complexa e dramática. Para conseguir maior eficiência política, o Governo e a Presidente terão de ter um desempenho muito superior ao atual, que até agora tem sido muito aquém da exigência histórica.
 
O governo tem de começar a executar o programa eleito em outubro de 2014, pois do contrário corre o risco de esvaziar a energia e a pulsação popular indispensável para a defesa da democracia e para a resistência ao impeachment.
 
impeachment da Dilma é a versão neogolpista que atinge o Brasil em 2015, depois de ter atingido Honduras em 2009 e o Paraguai em 2012. Ocorre, contudo, que o Brasil não é Honduras e nem é o Paraguai, onde as resistências sociais foram ineficazes.
 
É nas ruas que o destino da democracia brasileira será traçado. É das ruas que devem ecoar as vozes estridentes e ensurdecedoras para pressionar o Congresso e bloquear o golpe. Somente o povo organizado ocupando as ruas e defendendo a democracia, a legalidade, a igualdade, os direitos, poderá deter o golpe e os golpistas e expulsar delas os intolerantes do MBL, do Vem Pra Rua e as entidades congêneres do fascismo que apregoam intervenção militar, disseminam ódio e intolerância e estimulam práticas xenófobas, racistas, sexistas, machistas.
 
Em paralelo à ampla mobilização popular, deve ser travada uma guerra comunicacional de informação, de esclarecimento e de disputa narrativa dos acontecimentos como nunca antes o PT e o governo conseguiram travar.
 
Temer é sócio do golpe; um dos seus principais fiadores e o interessado direto no desenlace do impeachment. Com esta escolha, ele assume também a condição de sócio do caos no país, porque ninguém pode prever o resultado da reação democrática de massas à violência que ele co-patrocina com Eduardo Cunha contra o legítimo mandato da presidente Dilma.
 
Redação

21 Comentários

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  1. Temer agiu como uma mosca,

    Temer agiu como uma mosca, daquelas que ficam à distância, olhando a comida, atacada na hora oportuna. 

    Ficou horrível para Dilma, fingindo não ver o que fazia Temer, declarar total confiança no seu Vice, quando até eu, pobre mortal, estava focada na figura desse golpista, como o que mais estaria tramando nos bastidores. 

    Michel Temer já esteve em São Paulo para preparar melhor o golpe junto aos tucanos. Já se tem notícia de que José Serra vai querer ser ministro para fazer o que não conseguiu com a privataria anterior. Desta feita, mais do que nunca, Serra teria o argumento para vender o restante do nosso patrimônio, como a Petrobrás, e os bancos estaduais, como BB  e Caixa, por exemplo.

    Infelizmente o que se avizinha é um tempo nebuloso, dos mais difíceis para nós nestes últimos anos.

     

  2. Ou Eliseu Padilha é um Judas

    Ou Eliseu Padilha é um Judas aproveitador, ou ele, Temer, Serra, Aécio, FHC e outros do mesmo grupo oculto são irmãos em determinada seita que se acha acima do Estado brasileiro desde Dom Pedro I.

    Obs.: Judas tentou, ao entregar Jesus, força-lo a levantar-se contra os romanos; assim como Padilha poderia estar tentando forçar Temer a acompanha-lo…

  3. Na Folha saiu uma manchete

    Na Folha saiu uma manchete dizendo que Temer afirmou a aluados que Dilma nunca confiou nele. Os últimos acontecimentos mostram que Dilma cometeu uma grande injustiça…

     

  4. O que deu errado?Era um

    O que deu errado?

    Era um plano quase perfeito!

    Eleger Eduardo cunha para presidente da camera!

    Ter como aliado o vice-presidente!

    Ter uma oposição sem escrúpulos, sem sentimento NACIONALISTA!

    Ter a GRANDE MÍDIA a favor do golpe!

    Ter juizes caçando ERROS, QUALQUER UM SERVIA!

    Será que falhou o Moro que não ACHOU NADA CONTRA A DILMA?

    Não esquecer que o serviço secreto dos EUA – a NSA + CIA – fizeram uma varredura na Petrobrás e em bilhões de mensagens…

    Talvez soubessem de TODA ROUBALHEIRA QUE SE PASSAVA NA PETROBRÁS….

    Talvez eles soubessem e passaram a “dica” para a embaixadora que repassou à oposição?

    Muita teoria da conspiração…

    Mas o que deu errado?

  5. TT = Temer Traidor

    Ciro Gomes antecipou, mais uma vez, o que ocorre nos bastidores.

    Temer é sócio golpista do corrupto Eduardo Cunha.

    Portanto, Temer já pode ser rotulado de TRAIDOR da Democracia.

  6. Outros socios.

     

            Quando o M. Temer permitiu que o PMDB assumisse as duas casas,o PT e os demais aliados deveriam colocar as barbas de molho.

          Na Politica não existe a amizade ou a confiança cega.Os acertos politicos devem ser acompanhados de vigilância e pressão.Em tudo o  PT se mostrou um grande inpeto.

         Enganam-se os que pensam que os principais personagens desse golpe sejam o PMDB ,PSDB ….Não, os verdadeiros golpistas estão concentrados na desorganização do estado.Bancos,midias,FIESP etc….

     

    Não irei as ruas para presevar o desgoverno Dilma e seu alidos.Irei porque acredito que a Democracia é o caminho, que no futuro trará  de maneira consistente,o desenvolvimento da população Brasileira.

  7. Que situação complicada.
    A

    Que situação complicada.

    A Dilma não pode nem cruzar à fronteira.

    O vice é golpista e o terceiro na linha de sucessão é um golpista prestes a ir em cana.

    ¨Quem vai cuidar do loja¨?

  8. Seja qual for o resultado desse golpe

    O Temer já conseguiu sair muito menor do que entrou ao não se posicionar contra um golpe na Constituição.

    Simples assim.

  9. Com os dois pés atrás, sempre
    Nunca acreditei na lealdade e retidão deste Senhor. Ouvi loas a ele muitas vezes por aqui, mas meus bigodes fremiam a cada movimento, a cada reunião, a cada aperto de mão. Infelizmente, não acerto sempre …

  10. Digamos que Dilma passe por

    Digamos que Dilma passe por mais essa provação, que Eduardo Cunha vá em cana, ou pelo menos, saia da presidência da câmara e o impeachment vá para o brejo.

    Existe prerrogativa para a presidente “demitir” o vice?

  11. CHOCADO MAS NÃO SURPRESO
    Esse temer é um politico mediocre mas é bem vendido pelo PIG como fosse algo especial.

    O nivel no Basil está tão baixo que parece que o nanico do temer tem a estatura de um gigante politico.

    Mas é tudo ilusão. Triste Brasil.

  12. O lado positivo do impeachment.

    O PT precisa ver o lado positivo de eventual impeachment de Dilma.

    Temer assumindo, Lula e seu partido podem brincar de oposição sem peias nem pudores – com Dilma na presidência e toda aquela malta de aliados herdados do lulismo, o discurso oposicionista sempre fica um tanto incongruente.

    Com Temer na presidência, seria fogo à vontade. Discursos inflamados contra as elites, o neoliberalismo, a marcha do conservadorismo, a ameaça de privatizações, o fim iminente do Bolsa-Família, o fisiologismo, os grandes conglomerados midiáticos etc; e a favor dos descamisados, da Petrobrás, do imposto sobre grandes fortunas, da auditoria da dívida pública, da reforma agrária, da prioridade da educação e por aí vai.

    Com um pouquinho de desfaçatez, seria possível até desfraldar bandeiras em eventuais manifestações contra as Olimpíadas.

    Até 2018, não faltaria mote eleitoreiro.

    O lado negativo é que já não disporia da máquina do Estado para empurrar a campanha de Lula. Tudo tem seu preço.

    Dilma que se cuide com seu próprio partido.

  13. Será?

    Não estaria nosso esperto constitucionalista fazendo um jogo duplo com anuência do planalto para observar de perto o comportamento da oposição em Brasília e fora dela?

    Seria uma atitude muito tola mal começou o processo já sair procurando apoio do empresariado, ou prometer qualquer coisa pro PSDB, um partido grande porém em frangalhos internos. Muito na pinta pro discreto vice….

     

  14. Sina de traidor

    Julio Cobos foi Vice da Presidente Cristina Kirchner no seu primeiro mandato.

    No momento mais critico do governo de Cristina, numa luta encarniçada com a midia e a oposição, Cobos retirou seu apoio e num ato de traição foi voto decisivo contra o Governo (na Argentina o Vice também é Presidente do Congresso) no projeto mais importante à epoca, o das Retenções a Produtos Agrícolas.

    Nem preciso dizer o fim que teve a sua carreira politica… Como acontece com todo traidor, perdeu a confiança geral.

    Voltou a ser um insignificante caudilho local da Provincia de Mendoza.

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