O Plano Marshall e sua importância histórica

A data de ontem lembra o célebre discurso do General George Marshall, então Secretario de Estado do governo Truman, em 5 de junho de 1947, discurso proferido na Universidade de Harvard onde o grande militar e estadista propõe o Plano de Recuperação Europeia, conhecido como Plano Marshall, evento crucial para a reorganização do mundo moderno após o conflito.

Lançado em 1947, o Plano foi executado entre 1948 e 1953, despejou em 18 países europeus 13 bilhões de dólares, em moeda de hoje seria como US$190 bilhões e foi o gatilho fundamental para o relançamento da economia européia que na década seguinte, já em 1952, atingia níveis superiores às economias de cada Pais no pré-guerra.

Marshall ofereceu o Plano também para a União Soviética e seus satélites, mas foi mal sucedido. Os soviéticos não aceitaram e impediram dois países, a Alemanha do Leste e a Polônia, de receberem os benefícios  depois de já terem aderido ao plano.

Aos recursos do Plano Marshal deve-se somar em moeda da época US$ 9 bilhões gastos pelos EUA entre o fim da guerra, maio de 1945 a fins de 1947 em doações de alimentos, combustível, remédios e material de transporte à Europa Ocidental que estava sem condições de sobrevivência dado o nível de destruição de sua estrutura básica.

O Plano Marshall foi gerido por uma agencia instalada em Paris, a Administração da Recuperação Europeia que ao fim do Plano foi convertida na Organização Europeia de Cooperação e Desenvolvimento (OECD) que existe até hoje, uma entidade de grande prestígio em políticas públicas para o qual o Brasil foi convidado a fazer parte em 2006 e recusou. O Ministro Joaquim Levy esteve na OECD na semana passada e o convite poderá ser renovado. O México e o Chile já fazem parte da OECD.

O General George Marshall ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela ideia do Plano mas teve antes um fundamental papel na condução da Segunda Guerra, como chefe do Estado Maior do Exercito, antes da existência do Pentágono. Nessa condição foi o grande maestro do esforço bélico americano, acima de todos os outros generais e almirantes.

Um homem excepcional de grande visão estratégica, foi terminantemente contra a criação do Estado de Israel, prevendo as péssimas consequências para a política externa americana no Oriente Médio. Foi vencido nessa questão dentro do Governo Truman e se aposentou.

Foi, sem dúvida, um dos maiores homens da Historia dos EUA.

Redação

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Plano Marshall

    O deslumbrado não desiste nunca. Utiliza-se de falsas premissas para concluir conforme sua ideologia da submissão.

    Os EUA, mesmo antes de eclodir a guerra, já estavam com a claro propósito de substituir a Inglaterra na hegemonia mundial. O plano de ingleses e americanos era conter a crescente influência da russia na ruptura do status quo vigente.

    Para isso, financiaram e incentivaram o rearmamento alemão, com o intuito de conter os russos e, na melhor das hipóteses, provocarem uma mútua destruição. Faltou combinar com os russos.

    Quanto a benevolência dos americanos, é tamanha  a fraude intelectual que beira ao crime. Os americanos, ao final da II Grande Guerra, detinha mais de 2/3 da economia mundial, com a Europa e a Asia destroçadas pela guerra não havia mercado para vender seus excedentes. Por isso, e não por benevolência, como quer fazer acreditar o DISNEYLÂNDICO missivista, os EUA impuseram o famoso plano,  que deu ao altruísta povo americano o domínio de todo o mercado europeu.

    Hoje, com as diversas fontes informativas, podemos ver como os americanos são altruístas, basta olharmos como estão os países ajudados por sua benevolência, tais como: IRAQUE,LÍBIA,SÍRIA,EGITO, AFEGANISTÃO, UCRÂNIA…..

    Acorda André Araújo! Disney não é o mundo real.  Acreditar em contos de fada é direito individual de cada um. Disseminar versões hollyoodianas em meio social é reprovável.

    Estude. Algo que você deve ter preguiça de fazer. 

    1. Quais foram as “falsas

      Quais foram as “falsas premissas” utilizadas? 

      Os EUA antes de eclodir a Segunda Guerra era um país despreparado para a guerra. As recorrentes crises econômicas a partir da crise de 1929, refletiram tanto no efetivo como na quantidade e qualidade do equipamento das FFAA americanas. Como iriam, por consequência, financiar e incentivar o rearmamento alemão? Ademais, havia um forte movimento interno que advogava a total neutralidade dos EUA frente ao conflito que se iniciava na Europa.

      Deste modo, nada mais conveniente para Roosevelt em termos de vetores para a mudança de opinião no âmbito interno que dois gestos tresloucados do Eixo: 1) O ataque japonês a base naval americana de Pearl Harbor; 2) E a iniciativa de Hitler declarar guerra aos EUA. 

      É estória esse negócio de “conter os russos”. Ainda não estávamos na guerra fria. Para e em todos os aspectos o inimigo era o nazismo, o fascismo e o imperialismo japonês. 

      Em momento algum o articulista qualifica de “benevolente” o aporte de recursos dos EUA – via Plano Marshall – para uma Europa,e posteriormente Japão, arrasados pela guerra. Claro que aos EUA não interessaria em nenhuma das dimensões – econômica e geopolítica – uma Europa Ocidental fragilizada. Isso parece tão óbvio, não? 

      Nas relações entre Estados nunca houve nem haverá altruísmos. Mas para quem estava rés ao chão, totalmente destruída por uma guerra total de 6 anos isso faz, ou faria, alguma diferença? 

      O fato inegável acerca do qual tu nem tangenciaste é que: 1) A Europa Ocidental teria capacidade de se soerguer sozinha? 2) Qual cenário geopolítico se sucederia se os americanos os tivessem abandonado? 3) Pergunte aos europeus daquela época e de hoje o que acharam dessa ação escusa,camuflada, “só para dominação”? 

       

       

    2. Deslumbrado? Quem?

      Pergunte aos alemães, franceses, holandeses, japoneses, enfim, o que eles acham desse altruísmo que vc critica. Claro, como vc está no máximo no segundo ano da faculdade, pelo discurso e pelo fato de quase todos nós sermos marxistas nesta fase (culpa do nosso sistema de ensino, praticamente falido que vive de teorias que dependem de fantasmas), vc certamente não teve oportunidade de conversar com uma dessas pessoas sobre o que acham dos EEUU e seu papel na recuperação pós guerra. Acredito que o AA já teve, como eu, oportunidade de visitar Alemanha, Japão, Holanda, e acreditar que aquilo que ele são hoje, depois de uma guerra que destruiu quase tudo, somente foi possível graças ao dinheiro americano. Incrível como no Japão, mesmo após uma guerra violenta e uma bomba nuclear em solo, e todo o receio que americano tem de japonês, aquele povo adora os americanos. Dinheiro e organização da sociedade no pós guerra, só pode ser. 

       

    3. Puxa!
      O que se cobra dos EUA,

      Puxa!

      O que se cobra dos EUA, em relação a sua política no golfo pérsico, são justamente iniciativas como o Plano Marshall.

      A grande crítica é a estreiteza de visão, a política de terra arrasada e o reducionismo estratégico em derrubar governos e deixar o vácuo. Se seus argumentos mercantilistas se sustentassem, seria óbvio uma reconstrução do Iraque financiada como garantia de futuro mercado “colonial”. No entanto, não foi isso que se vê, e, apenas evidencia que o Plano Marshall foi uma ação que conciliou visão estratégica, geopolítica e reconstrução da Europa, no tempo que “corações e mentes” era mais relevante que poços de petróleo.

      Será, que nos dias de hoje, com uma ideologia liberal/hedonista, um partido republicano míope, os EUA se disporiam a executar o Plano Marshall?

  2. Quebra de acordo

    No artigo, fica parecendo “generosa” a oferta do Plano Mharshall à URSS e  “turrice” da mesma em não aceitá-la. Na verdade os EUA sob a batuta de Truman, nao cumpriu o empréstimo de 1 bilhao de dólares prometidos aos soviéticos após a guerra, quando Roosevelt ainda era presidente (Ialta).

    Obviamente que Stálin e seus camaradas nao concordaram com a quebra do acordo e a mudança na regra do jogo com os soviéticos.

    A recusa soviética do Plano foi uma decisão política de uma naçao vitoriosa, em defesa da sua soberânia e contra o desrespeito dos EUA a essa condição; isto é, propor a URSS, a nação triunfante, as mesmas condiçoes de acesso ao Plano Mharshall ofertada aos derrotados.

    1. A maior beneficiaria do Plano

      A maior beneficiaria do Plano Marshall , com 28% do total fispendido, foi a Inglaterra, que não era derrotada.

      Nunca ouvi falar desse emprestimo de 1 bilhão de dolares a URSS, passaria isso no Congresso? Se o total do Plano Marshall foi de US$13 bilhões, dariam 70 vezes mais à União Sovietica que já em 1947 era a grande adversaria dos EUA?

      Não faz o menor sentido.

  3. Plano Marshall

    Não se pode aceitar deboche em forma de opinião como essa do André Araujo.

    Mike Davis, no seu ensaio publicado em italiano ”Cronache dall’Impero”, colocou a seguinte pergunta:
    ”Quantos ja refletiram sobre a contribuição do bombardeio estratégico ao ”way of life”, ao nosso sistema de vida?

    «Enquanto milhões de homens e mulheres sucumbiam na Europa e na União Soviética, durante a II Guerra mundial, a elite financeira dos EUA traçava seus planos de pós-guerra. O memorando do Nelson Rockefeller ao presidente Roosevelt, dava o recado:

    “Independentemente do resultado, com vitória alemã ou aliada, os EUA devem proteger sua posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam competitivamente eficazes…” .  Objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais fontes de matéria-prima.”  

    ”Em 1941, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, percebera que a união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.»

    Trechos do Leandro Severo publicado no Carta Maior:
    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22201

  4. Não se pode aceitar deboche
    Não se pode aceitar deboche em forma de opinião como essa do André Araujo.

    Mike Davis, no seu ensaio publicado em italiano ”Cronache dall’Impero”, colocou a seguinte pergunta:
    ”Quantos ja refletiram sobre a contribuição do bombardeio estratégico ao ”way of life”, ao nosso sistema de vida?

    «”Em 1941, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, percebera que a união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.

    Enquanto milhões de homens e mulheres sucumbiam na Europa e na União Soviética, durante a II Guerra mundial, a elite financeira dos EUA traçava seus planos de pós-guerra. O memorando do Nelson Rockefeller ao presidente Roosevelt, dava o recado:

    “Independentemente do resultado, com vitória alemã ou aliada, os EUA devem proteger sua posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam competitivamente eficazes…” . Objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais fontes de matéria-prima.”»

    Trechos do Leandro Severo publicado no Carta Maior:
    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22201

  5. O sonho de JK

    O verdadeiro sonho (não realizado) de JK era uma versão light do Plano Marshall para a América Latina.

    Mas patrocinar ditaduras bananeiras com tiranetes de opera bufa era mais fácil. Depois falam de antiamericanismo.

  6. OECD e Israel

     1. OECD : O Brasil foi convidado varias vezes nos ultimos anos, a tornar-se membro pleno da OECD, mas apenas se dedicou/aceitou a ser membro de certas comissões desta organização – erroneamente classificada como “Clube dos Ricos ” – , semana passada, tanto Levy como Mauro Vieira (MRE), tiveram, mesmo com a nossa situação economica, a qual pela visão externa, não é tão “calamitosa” quanto a midia nacional a expõe, a renovação do convite a ser “pleno” 

           Como já coloquei em um post anterior, é bem possivel que após 30/06, muitas posturas de nossa politica externa, premida por diversas variaveis atuais, se conduza a uma perceptivel guinada, que poderá ser entendida até mesmo, pelos mais “histéricos imediatistas”, com adjetivos a nivel de “traição” idealista, mas a médio-longo prazo, poderá ser bastante benéfica a nossos interesses, espero que o MRE e Governo Federal, consigam desenvolver tal estratégia, de “pilotar duas canoas”, a contento.

      2. Israel : O maior opositor na Adm. Trumann da criação, pela ONU, de Israel, era o DefSec Alm. James Forrestal, seguido de Marshall e Acheson – Forrestal morreu em 1949, e tem teorias da conspiração que dizem até hj. que ele foi morto por agentes sionistas –  eram todos afeitos, e herdeiros da Adm. Roosevelt, portanto estimavam as ações do grupo de lobby ” Commitee for Justice and Peace for HolyLand” de Kermit Roosevelt ( OSS post CIA ), mas perderam para o lobby nascente da AIPAC, que alguns estudos afirmam ser de origem tendeciosamente de “esquerda” ( Alger Hiss and “the reds of StateDept ), e como Stalin ( muitos votos na Assembléia da ONU ), ordenou a seus embaixadores votarem na criação do Estado de Israel, a Adm Trumann, ao analisar tanto sua politica externa, como principalmente a influência judaica junto as estruturas financeiras do Partido Democrata, decidiu em “carregar” votos a criação de Israel ( pegou todos da América Latina, exceção de Chile que se absteve ), visando tanto sua politica interna, como se colocar em posição semelhante ao “bloco soviético” – tanto que a aproximação americana com Israel, só irá se verificar na Adm. LBJ, e fortemente com a 1a de RM Nixon. Com as anteriores, de Kennedy e Eisenhower, a aproximação com Israel, sempre foi desconfiada e protocolar.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador