Organizadores da visita a Caracas desmentem Aécio ao Estadão

Do Estadão

Grupo de senadores não foi ‘jogado aos leões’ em Caracas, dizem fontes

ERICH DECAT, ENVIADO ESPECIAL – O ESTADO DE S. PAULO

21 Junho 2015 | 14h 02

Organização da viagem afirma que senadores da oposição que foram à Venezuela sabiam que embaixador não iria acompanhá-los

CARACAS – Alvo de ataques de senadores da oposição, fontes ligadas à organização da malsucedida viagem dos parlamentares brasileiros a Caracas, na Venezuela, na última semana, alegam reservadamente que a narrativa dos fatos é diferente do que tem sido declarado pelos parlamentares. Sob acusação de parte do grupo de senadores de oposição de que teria abandonado a comitiva na última quinta-feira, 18, o embaixador brasileiro em Caracas, Rui Pereira, pode ser convocado para prestar esclarecimentos ao Congresso.

 

Representantes da organização da viagem alegam, porém, que o grupo de senadores “não foi jogado aos leões” e que os parlamentares já tinham o conhecimento prévio de que o embaixador Rui Pereira não iria acompanhá-los nas atividades em Caracas. A decisão, tomada para evitar ruídos diplomáticos, foi comunicada ao embaixador pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

Aécio Neves teria dito ao embaixador que agradecia a recepção dele e que entendia ‘as limitações’ de ele prosseguir com o grupo

O entendimento do governo brasileiro seria o de que a presença de um integrante da embaixada nas atividades do grupo de senadores poderia ser vista como inadequada por parte das autoridades venezuelanas. Na agenda dos parlamentares, estavam encontros com os principais líderes opositores ao governo local, Leopoldo López, Antônio Ledezma, ambos presos, e o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles.

A ausência de Rui Pereira junto ao grupo teria sido informada pessoalmente pelo embaixador ao ministro diplomata Eduardo Saboia, assessor da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que se deslocou para Caracas na véspera do desembarque dos senadores. No dia em que os senadores chegaram para cumprir a agenda, ao entrar no micro-ônibus que aguardava o grupo, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), sinalizando ter tomado conhecimento da ausência de Pereira, teria dito ao embaixador que agradecia a recepção dele e que entendia “as limitações” de ele prosseguir com o grupo.

A programação dos senadores na capital venezuelana só foi entregue aos organizadores da viagem na Venezuela cerca de três horas antes do desembarque dos parlamentares brasileiros. Na ocasião, Saboia também teria sido alertado sobre a dificuldade de as esposas de políticos venezuelanos opositores entrarem na base aérea, como estava previsto no cronograma. Foi aconselhado, então, que a recepção delas aos senadores ocorresse em outro local. O encontro aconteceu no estacionamento do terminal auxiliar do aeroporto de Maiquetía Simón Bolívar. Integrantes da comitiva de senadores afirmaram na ocasião que tiveram que furar o esquema de segurança para serem recebidos pelas lideranças opositoras locais.

Batedores. As tratativas entre representantes dos governos brasileiro e venezuelano sobre a viagem tiveram início dois dias antes da chegada dos senadores. Comunicado da ida da comitiva, o embaixador brasileiro foi pessoalmente até a ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, na terça-feira (16), para informar sobre o pedido dos parlamentares brasileiros. A chanceler, na ocasião, não teria feito nenhuma objeção. O comunicado da autorização para os senadores desembarcarem teria ocorrido poucas horas depois por mensagem encaminhada para o celular do embaixador pela chanceler.

Segundo organizadores da viagem, na quarta-feira (17), quando houve a confirmação da ida do grupo já havia a autorização do governo da Venezuela. Na lista inicial dos senadores também constava o nome de José Serra (PSDB-SP) e Romero Jucá (PMDB-RR), que acabaram não integrando o grupo.

No encontro ocorrido entre a ministra de Relações Exteriores e o embaixador, não foi feito pedido de batedores, mas Rodríguez teria informado que o governo venezuelano forneceria segurança e teria comentado que a última coisa que queria era qualquer tipo de incidente. No dia do desembarque dos senadores, foram disponibilizados dois carros e duas motos com objetivo de se fazer uma “cápsula de segurança” em torno do micro-ônibus alugado pela embaixada brasileira e disponibilizado aos senadores. Apesar desse esquema de segurança, também chamou a atenção dos organizadores da viagem o fato de os batedores não terem aberto caminho para o veículo dos senadores passarem pelo trânsito, que estava congestionado na região da saída do aeroporto.

Ligações. Apesar do engarrafamento, os senadores tentaram deixar o local e foram cercados a um quilômetro do aeroporto por um grupo de manifestantes pró-governo Maduro que hostilizou a comitiva batendo com as mãos na lataria do veículo, jogando objetos e gritando palavras de ordem. No momento das agressões, o embaixador já tinha deixado o local e estava preso no trânsito, na autopista que liga o aeroporto a Caracas. Ele teria sido comunicado do incidente por telefone pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Desde então, teria mantido permanente contato com o senador, e também teria falado com o senador Aécio Neves. Na ligação, o mineiro cobrou um posicionamento oficial do governo brasileiro.

Entre as medidas adotadas pelo organizadores da viagem estaria um pedido de reforço policial a um representante do serviço de Custódia Diplomática e Proteção de Personalidades do Corpo da Polícia Nacional Bolivariana. O reforço, até o momento do retorno dos senadores ao Brasil, não havia chegado. Logo após as manifestações contra o micro-ônibus, uma alternativa levantada por representantes de oposição ao governo Maduro que acompanhavam os senadores foi a de tentarem se deslocar até Caracas pela “estrada velha”. Os senadores foram desaconselhados pela organização da viagem, uma vez que a via não estaria em boas condições, passaria por barrancos sem guarda corpo e sairia numa região de favela.

Preso no engarrafamento por cerca de 2 horas, o embaixador brasileiro, além dos contatos com parte do grupo de senadores, também teria realizado cerca de 15 ligações para o Itamaraty em Brasília para informar do incidente. Entre os destinatários dos telefonemas estava o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e integrantes do gabinete do ministro. 

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. Fanfarra e fanfare.

    De acordo com o

    http://www.dicionarioinformal.com.br/fanfarra/

    Significado de fanfarra:

    2) No Brasil e especificamente no Rio de Janeiro, Fanfarra é o ato Praticado pelo Fanfarrão, Ato de tirar vantagens para si mesmo, de sempre se dar bem, egoismo

    Só faltou a “fanfarra”, em francês, para acompanhar a comitiva:

    1) Fanfarra (do francês fanfare) é um tipo de banda musical, inicialmente composto por instrumentos de sopro de metal, ao qual foram incorporados outros – com estilo marcial e para exibição pública.

  2. Rir ou vomitar

    Essa notícia jamais viria à tona se Aecim não tivesse perdido a preferência da velha imprensa para Alckmin.

    Doravante quando o assunto ensejar 2018, Aecim será fritado, em fogo lento.

    1. Vamos ver se depois dessa…

      A súcia da Oposição ainda terá coragem de convocar o embaixador pra prestar esclarações. Vai ser uma vergonha pra eles serem desmentidos em público!

  3. Alckmin é o próximo candidato a presidência pelo PSDB.

    É possível levantar algumas hipóteses que podem ou não ser reais, mas a luz de dos fatos atuais são extremamente factíveis, que explicam além da inépcia pessoa de Aécio, o esvaziamento da posição de Aécio como o futuro candidato do PSDB.

    Ficando claro que são meras hipóteses, um dos motivos para Aécio não ser o candidato é a não simpatia do nome de Aécio nas esferas de poder no Império. Talvez o primeiro motivo do descontentamento foi caudado pelo caso Helicoca, que isoladamente ainda seria engulido pelo Império, porém a repercussão na imprensa norte-americana seria extremamente desagradável para o governo, pois a experiência de terem apoiado Noriega e depois de ter que sequestrá-lo para retirar do governo, não poderia ser repetida no Brasil. Após isto Aécio começou a se associar com movimentos de protesto que não era o preferidos do establishment norte-americano, revoltados on-line não faz o gosto dos democratas. Além de tudo isto, como o Império tem grandes interesses comerciais no Brasil, toda esta histeria da República do Paraná, está causando desconforto as grandes corporações, que preferem um desgaste no governo do PT no Brasil sem o desgaste na economia.

    Por outro lado há um fator interno, o fator religioso, Aécio se aproxima demais de um núcleo de poder que é baseado em ritos pentecostais que certamente estão desagradando em muito setores da Igreja Católica que apoiam Alckmin, e para estes setores guerra religiosa é algo sério.

    Repito, são meras hipóteses, que talvez nunca sejam confirmadas ou negadas.

  4. “… uma vez que a via não

    “… uma vez que a via não estaria em boas condições, passaria por barrancos sem guarda corpo e sairia numa região de favela.”

    Gente!!!Imaginem o playboy do Leblom atravessando uma favela!!!!!!O moço e sua reacionária  comitiva ficaram atemorizados.

    Está explicado o arrego dos “bravos” senadores. Foi o mesmo medo que tem em transitar em território brasileiro em regiões carentes. Essa gente tem horror a pobre!!!!

     

  5. Mimado

    Todo esse desgaste, levando o embaixador a telefonar duas horas seguidas para Brasilia e autoridades venezuelanas pra quê? Por causa de um senador da repulica que se comporta como uma criança mimada! Francamente, isto que é debochar do cargo que ocupa e de seus cidadãos e desperdiçar dinheiro do Erario. O mais é piada para o macaco Simão deitar e rolar.

  6. vamos fazer uma votação.
    Quem é mais ridículo? O menino mimado,a imprensa que insiste em repercutir, ou o bando de gente que acredita que o rapazinho é para ser levado a sério?

  7. Se ainda existisse o programa

    Se ainda existisse o programa dos Trapalhões, esta viagem seria um ótimo tema para o enredo de uma apresentação.

  8. Aécio mentindo, qual a novidade?

    A mentira é o elemento natural do Aécio, está nos genes dele. Começa com ele definindo ele mesmo, pois se diz grande gestor mas nunca teve um dia de trabalho duro na vida…

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