Os erros da prefeitura do Rio nos “legados” das Olimpíadas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle divulgou na última semana dois relatórios que apontam problemas e falhas nas obras do VLT Carioca (Veículo Leve sobre Trilhos) e da despoluição dos rios da Bacia de Jacarepaguá, dois dos chamados “legados” das Olimpíadas no Rio de Janeiro, que contou com recursos federais, mas a fiscalização e realização da Prefeitura da cidade.
 
Já em março deste ano, o governo de Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, abandonou o projeto de recuperação dos rios cariocas, anunciado como legado das Olimpíadas para a cidade. A limpeza e canalização dos rios da Bacia de Jacarepaguá foram um compromisso assumido ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para o evento.
 
Após sucessivos atrasos, as obras pararam em dezembro de 2015. E a conclusão, que estava prevista para outubro de 2013, mais de dois anos antes, gerou um gasto de R$ 140 milhões, sem a finalização. Para ela, seriam necessários mais R$ 57 milhões, de acordo com relatório do Ministério da Transparência, publicado na última semana.
 
Os atrasos envolveram as empreiteiras Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia, que integram o Consórcio Rios de Jacarepaguá responsável pelas obras. As duas empresas são investigadas na Operação Lava Jato por contratos irregulares já com a Petrobras. 
 
Contratadas em 2011 para recuperar, ao todo, seis rios cariocas – Covanca, Pechinca, Tindiba, Banda da Velha, Rio Pequeno e Rio Grand -, receberiam cerca de R$ 236 milhões pelos serviços. Os atrasos fizeram a prefeitura do Rio rescindir o contrato, no final do último ano.
 
Apesar de contar com recursos do governo federal, as duas obras das Olimpíadas eram fiscalizadas pela Secretaria Municipal de Saneamento e Recursos Hídricos (SMAR), sob a responsabilidade da Prefeitura.
 
Á antiga Controladoria Geral da União, a Prefeitura da cidade defendeu a continuidade das obras e ressaltou os benefícios, ignorando as irregularidades apontadas pelo Ministério. Informou que a limpeza dos 14 rios “beneficiará diretamente a população da baixada de Jacarepaguá e adjacências, contribuindo para a diminuição de inundações (…). Contribuirá, também, para a melhoria das condições sanitárias (…)”, sem explicar como continuará as obras.
 
Irregularidades também graves foram expostas no relatório que analisa o VLT Carioca. De acordo com a CGU, o Ministério das Cidades e a Prefeitura do Rio não teriam estudado corretamente a demanda da área atendida, sem adequação às necessidades da cidade.
 
A implantação do novo meio de transporte, que promete desafogar o trânsito carioca, teve um custo inicial avaliado em R$ 1,167 bilhão, sendo R$ 535 milhões financiados pela União, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e mais da metade – R$ 632 milhões – por meio de uma parceria público-privada (PPP).
 
Apesar de financiar quase metade dos veículos sobre trilhos, a viabilidade do projeto ficou a cargo da Prefeitura de Eduardo Paes, estudando as rotas do sistema, linhas, logística e sendo responsável, também, pela abertura do processo de licitação, realizado em julho de 2012, que forneceu a construção, operação e manutenção do sistema a um consórcio formado pela CCR, Invepar, Odebrecht e outras empresas.
 
“A proposta apresentada propõe implementar uma infraestrutura com valor compatível ao metrô leve, mas para ser utilizada com uma demanda de BRT [corredores de ônibus]”, afirmou um trecho do relatório do Ministério da Transparência.
 
De acordo com a pasta, o Plano Diretor ainda estabelece a implementação de ônibus climatizados, e não o VLT. Alertam que o meio de transporte pode acabar subutilizado ou se tornando economicamente inviável, pelas irregularidades em seu planejamento.
 
“Não há compatibilidade da modalidade proposta [o VLT] com a realidade da demanda e à viabilidade econômica e tarifária do sistema”, afirmaram os auditores.
 
Com informações do Uol e da CGU
 
Leia os dois relatórios do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. “Após sucessivos atrasos, as

    “Após sucessivos atrasos, as obras pararam em dezembro de 2015. E a conclusão, que estava prevista para outubro de 2013, mais de dois anos antes, gerou um gasto de R$ 140 milhões, sem a finalização. Para ela, seriam necessários mais R$ 57 milhões, de acordo com relatório do Ministério da Transparência, publicado na última semana”:

    Nao faz uma gota de sentido.  Eu nunca ouvi falar de recuperacao e despoluicao de rio ficando barata assim!.

    De quantos quilometros de rio estamos falando, 8?!  10?!

  2. A cidade do rio de janeiro

    A cidade do rio de janeiro vai demorar décadas para conseguir voltar ao patamar de trânsito que tinha até 2008, isso por conta de vários erros de escolha de seus governantes, começando com a inclusão da linha 2 na linha 1 em 2009 até a troca do metrô pelo BRT.

    1. Eu, já acho, que o trânsito,

      Eu, já acho, que o trânsito, na cidade, melhorou bastante. Tenho circulado bastante nesses locais nos últimos dias.

  3. desculpa mas, o Rio não ficou

    desculpa mas, o Rio não ficou pior com tudo isso.

    só não ficou tão melhor qto poderia. o resto é critica fácil… 

    o (maior) problema do Rio é que acabou. não tem mais nada de nada. não tem mais oportunidade para ser disperdissada ou, quem sabe, até mesmo oportunidade para ser aproveitada. 

    o projeto olimpico não estava conectado a nada. tinha começo, meio e fim. 

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