Para petista, falta de reforma política e da mídia explica eleição

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O portal Rede Brasil Atual publicou nesta segunda-feira (6) uma entrevista com o integrante da Executiva Nacional do PT Valter Pomar, dirigente da Articulação de Esquerda. Avaliando o resultado do primeiro turno da disputa presidencial, Pomar disse que já era esperado pela cúpula petista o embate com o PSDB pela sétima vez desde 1989, e que isso será bom porque a população vai ter de decidir entre “dois projetos distintos”, sendo que o de Aécio Neves – a quem Pomar chamou de playboy – é de proteção “a setores da elite”.

Ainda na visão de Pomar, o PT, se vencer o pleito do dia 26 de outubro, não poderá mais empurrar com a barriga a reforma política e a democratização dos meios de comunicação – duas pautas que não avançaram nos últimos 12 anos de Lula e Dilma Rousseff.

O GGN reproduz a reportagem abaixo.

Dirigente do PT diz que falta de reformas política e da comunicação explicam eleições

Por Sarah Fernandes, na Rede Brasil Atual

Apesar de acreditar na reeleição de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, o integrante da Executiva Nacional do PT Valter Pomar, dirigente da Articulação de Esquerda, avalia que o partido não tem mais conseguido conquistar os votos da juventude trabalhadora, uma parcela da população que historicamente guinaria para a esquerda. A leitura é de que esse descolamento é explicado por falta de educação política e de uma mídia mais democrática. Por isso, ele considera que o PT não pode mais esperar para fazer a reforma do sistema político, nem para democratizar a comunicação.

“Nestes últimos anos a burguesia girou para a direita, mas na classe trabalhadora, que é maioria, não houve um giro total para a esquerda. Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora, devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda. Como isso não ocorreu, o que prevalece é a ideologia dominante, de uma guinada conservadora”, disse.

“O partido vai ter que fazer um esforço redobrado de sindicalização e de mudanças nos currículos educacionais. Vamos ter de fazer nos próximos quatro anos o que não fizemos nos últimos 12.”

Mais do que isso: será fundamental fazer a reforma política e concretizar um processo de redemocratização da mídia, bandeiras históricas da esquerda, que não avançaram nos dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva e no governo de Dilma. “No médio prazo conseguimos gerenciar, mas, se isso não for tratado, virará um problema incontornável”, diz.
“A gente deveria ter feito esforço maior pela reforma política e deveria ter implementado a democratização da mídia.

Dava para ter caminhado muito nessas duas áreas mesmo sem o Congresso Nacional aprovar. Temos que fazer isso se não a possibilidade de derrota em 2018 será grande. E teremos que fazer com uma situação menos favorável”, diz. “O fato de não termos feito a reforma política e a democratização da mídia criou uma contradição: a gente continua ganhando a eleição presidencial, mas naquele terreno onde os defeitos da estrutura são mais evidentes, que é no Congresso, a gente começa a ter queda.”

No pleito eleitoral decidido ontem (5), parlamentares conservadores avançaram de maneira representativa no Legislativo federal. A bancada do PSDB na Câmara ganhou 11 cadeiras, passando de 44 para 55, um crescimento de 25%. Já a bancada do PT perdeu 20% dos seus deputados, passando de 88 para 70. Apesar disso, a ala petista ainda continua sendo a maior.

No Senado, que renovou um terço da Casa, cinco dos novos 27 parlamentares são do PMDB. O PSDB e o PDT têm quatro cada, o PSB elegeu três, mesmo número do DEM, enquanto PT, PTB e PSD conseguiram eleger dois cada. PR e PP fizeram um. A maior bancada a partir de 2015 será a do PMDB, com 19. Em seguida ficam o PT, com 13, e o PSDB, com 10.

Na leitura de Pomar, entre 1994 e 2002 houve um avanço considerável do PT nas eleições para o Congresso e para os governos estaduais. De 2003 a 2010 houve um período de equilíbrio, no qual a bancada federal se manteve, com alguma flutuação, além da presidência da República. “Batemos no teto e quando isso acontece em algum momento você cai.”

Pomar não acredita que um Legislativo mais conservador vá favorecer o candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves, em um segundo turno. “Ele já foi favorecido nesta votação de ontem, mas não a ponto de ele ganhar as eleições. Tem uma diferença entre o que é conservadorismo político e ideológico e o que é conservadorismo econômico e social.”

“Em termos morais o eleitorado é mais conservador, em principal sobre temas como corrupção. Mas em termos sociais e econômicos ele é mais progressista. As pessoas querem mais salário e mais emprego, que é a nossa pauta”, continua. “Tanto que Aécio e Marina Silva (PSB) foram obrigados a dizer que eram favoráveis ao Bolsa Família. E eles estavam se dirigindo ao eleitorado deles.”

Dentro do esperado

Para Pomar, a disputa com Aécio no segundo turno é melhor para o PT do que uma disputa com Marina. “Desde a eleição de 2012 tínhamos claro que a eleição de 2014 ia ser resolvida no segundo turno e em uma disputa duríssima. Para nós não é surpresa. Mas imaginamos que seria ainda mais duro se fôssemos para o segundo turno com uma candidatura aliada à base do governo.”

“Para mim é melhor que a disputa seja contra o Aécio porque não teremos margem para confusão. Não tem chance das pessoas se iludirem com as propostas de Aécio: ele é um playboy, representante do capital e dos setores da elite. É jogo claro, o que não significa jogo fácil. São dois projetos distintos para o país, que vão se enfrentar pela sétima vez desde 1989”, disse.

O ex-dirigente nacional do PT rechaça a ideia que os votos de Marina irão automaticamente para Aécio. “Ele aproveitou o desmonte da Marina para angariar para si parte do eleitorado que oscilava. Os votos da Marina vão se dividir. O eleitorado dela é composto de vários segmentos: uma parte vem desde 2010, que é de gente que não é tucana mas está insatisfeita com o PT; tem uma parte que ela agregou nessa reta final, que é de gente de direita que viu nela uma chance de derrotar o PT e voltou para o Aécio; e tem uma parte que é progressista e quer mudança.”

São Paulo freia

O avanço conservador em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, não será um empecilho para a vitória de Dilma no segundo turno na opinião de Pomar. Os paulistas elegeram Geraldo Alckmin (PSDB) para governador no primeiro turno, José Serra (PSDB) para senador e levaram para Câmara Federal os deputados federais Celso Russomano (PRB) e Pastor Marco Feliciano (PSC) e o estadual Coronel Telhada (PSDB) na lista dos três mais votados. Na disputa presidencial, Aécio obteve 4,2 milhões de votos a mais que Dilma no principal colégio eleitoral.

“O quadro de São Paulo é muito grave, mas não define a eleição presidencial. Tem um quadro no país interior que nos permite ganhar, mas é preocupante porque revela uma cristalização do voto no PSDB no estado. Tem uma parte do eleitorado aqui que sabe que o governo Alckmin é ruim, mas vota para derrotar o PT”, diz. “Tem que ser feito um trabalho político em São Paulo. Vamos ganhar eleição em âmbito nacional mesmo que aqui não consigamos reverter. Mas vamos ter que fazer estudo político para derrotar esse Tucanistão.”

Em São Paulo, a situação tende a ser mais crítica para o PT também porque no estado se concentra uma grande parte da classe trabalhadora que entrou há pouco no mercado de trabalho e tem desconfiança em relação ao partido. “Isso não será decisivo. Vamos ganhar sem desmontar essa equação, mas no médio prazo temos que desmontar porque senão São Paulo será um freio para as mudanças sociais que queremos para o país.”

Na opinião de Pomar, três fatores foram decisivos para endurecer o pleito eleitoral para o PT, que foram aprofundados nas reivindicações de junho de 2013. O primeiro deles é que cresceu o setor da juventude trabalhadora que não tem identidade no voto com Dilma e Lula e que olha o partido com dúvida. “Não é gente de direita, é gente que deveria votar no PT, mas que ao longo de 2013 e 2014 foram se distanciando ou nem chegaram a estar junto, porque começaram a ter vida política agora e não tem memória da classe trabalhadora.”

O segundo fator é que se aprofundou o antipetismo nas camadas médias, uma parcela da população que esteve presente nas manifestações de junho de 2013 e no movimento Não Vai Ter Copa. “É uma mistura de mau humor com ódio de classe, que tem a ver com o fato de que nos nossos governos a classe trabalhadora melhorou de vida e tirou deles o status, que entendem como fundamental. Os pobres estão no aeroporto, eles odeiam isso e opõe a culta no PT.”

Outro fator chave é que o grande capital, representado pelo empresariado, reforçou sua posição anti-PT e anti-Dilma, por conta da política econômica defendida e adotada pelo governo. “O capitalismo aqui é muito dependente dos salários baixos e do desemprego alto e a desigualdade social do país os fortalece. Nós fomos contra isso”, conclui Pomar.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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    1. Concordo também na qualidade da análise, mas há omissões

       

      Alexis (segunda-feira, 06/10/2014 às 1715),

      Também gostei da análise. Pena que Valter Pomar não tenha feito referência ao julgamento da Ação Penal 470 no STF e os efeitos do julgamento nesta eleição. Também ele não destacou os maus resultados da política econômica. Aqui não custa lembrar idéia de Maquiavel que Aldo Fornazieri que escreve com frequência aqui no blog de Luis Nassif e de quem, eu, é bem verdade sem o conhecimento dele, na maioria das vezes estou em discordância, frequentemente reproduz. Segundo Aldo Fornazieri para Maquiavel o “fato acusa, mas o resultado escusa”.

      Também avalio que as duas propostas de Valter Pomar e consistindo na reforma política e na democratização dos meios de comunicação são completamente inviáveis. Porque a direita que se sente na zona de conforto vai querer fazer a reforma política e democratizar os meios de comunicação?

      A falta de educação política é a questão fundamental. O PT para crescer utilizou bastante a falta de educação política da população para ganhar voto. E não quis fazer o esforço de educar a população. As manifestações de junho de 2013 são em minha avaliação resultado do desconhecimento da atividade política. E não se pode esperar que a mídia tradicional venha prestar o serviço de esclarecimento.

      E deixo aqui dois links que ajudam explicar porque o julgamento da Ação Penal 470 é importante para compreender a difícil situação de Dilma Rousseff nesta eleição. Primeiro remeto para comentário que eu enviei quarta-feira, 24/09/2014 às 21:47, para junto de comentário de Alexandre Weber – Santos – SP enviado quarta-feira, 24/09/2014 às 16:23 para junto de um comentário meu enviado quarta-feira, 24/09/2014 às 14:30 à necessidade para Luis Nassif junto ao post “Como recuperar a confiança na economia brasileira” de quarta-feira, 24/09/2014 às 06:00, aqui no blog dele e de autoria dele. O endereço do post “Como recuperar a confiança na economia brasileira” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/como-recuperar-a-confianca-na-economia-brasileira

      Remeto ao meu comentário para Alexandre Weber – Santos – SP, porque nele eu faço referência a grande queda na Formação Bruta de Capital Fixo que ocorreu no terceiro trimestre de 2013, logo após as manifestações de junho de 2013. É bom reparar que de per si as manifestações não tiveram nenhum efeito econômico na produção do segundo trimestre de 2013 que cresceu e cresceu bastante.

      E segundo link diz respeito ao post “As eleições mais importantes dos últimos anos” de domingo, 05/10/2014 às 06:00, aqui no blog de Luis Nassif e também de autoria dele  e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/as-eleicoes-mais-importantes-dos-ultimos-anos

      Não é pelo texto de Luis Nassif, que eu tomo como muito idealizado, mas pelo comentário crítico que o comentarista El Fuser. fez ao texto de Luis Nassif em que ele rebate a crença de Luis Nassif da novidade das manifestações de junho de 2013. Com 97 comentários, o de El Fuser. enviado segunda-feira, 06/10/2014 às 10:12, é o terceiro mais recente. Penso que ele é muito radical com os manifestantes de junho de 2013, mas é preciso perceber que havia pouca coisa de bom naquelas manifestações salvo as manifestações em si que dão caráter mais participativo à democracia. E em meu entendimento elas são em muito fruto do julgamento da Ação Penal 470 no STF.

      Há um comentário de Assis Ribeiro enviado segunda-feira, 06/10/2014 às 16:33, junto ao post “No segundo turno, a disputa será política” de segunda-feira, 06/10/2014 às 14:02, aqui no blog de Luis Nassif e também de autoria de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/no-segundo-turno-a-disputa-sera-politica

      No comentário Assis Ribeiro deixa o link para a reportagem na Folha de S. Paulo “Popularidade do governo Dilma despenca 22,9 pontos, mostra pesquisa” e que pode ser vista no seguinte endereço:

      http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1311756-popularidade-do-governo-dilma-despenca-229-pontos-mostra-pesquisa.shtml

      Há um quadro mostrando a avaliação do governo da presidenta Dilma Rousseff. Nele vê-se que a popularidade da presidenta Dilma Rousseff cai de 54,2% que a consideravam com um governo bom ou ruim em junho de 2013 para 31,3% em julho de 2013. E o índice dos que consideravam que o governo da presidenta Dilma Rousseff era ruim ou péssimo pulou de 9% para 29,5%.

      Não foram os índices de popularidade da presidenta Dilma Rousseff que fizeram a economia cair. Foi o abalo e perda de confiança na economia. A forma surpreendente como tudo aconteceu e que acabou gerando uma pasmaceira na economia.

      A propaganda eleitoral, a inflação mais fraca nos últimos meses, etc conseguiram restabelecer um pouco a popularidade da presidenta, mas o histórico acumulado com o julgamento da Ação Penal 470 e os parcos resultados econômicos foram quase letais ao PT. E houve as associações de José Dirceu, que foi transformado para a nação como um corrupto, com a construção do porto de Mariel, com dinheiro público que seria repassado de modo corrupto para Cuba. E depois Pasadena e o escândalo da Refinaria de Abreu Lima. E o PT não teve um grande resultado para poder mostrar.

      É um pena que a avaliação do governo da presidenta Dilma Rousseff seja feita assim de forma deturpada. Uma avaliação ruim de um governo que teve que caminhar em limites muitos estreitos de equilíbrio dada a situação mundial. E que enfrentou com racionalidade a maioria dos problemas encontrados. E se não houvesse as manifestações de junho de 2013, talvez a economia estivesse hoje apresentando resultados que escusariam o PT daquilo que ele está sendo acusado de fazer sem efetivamente ter feito.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 06/10/2014

  1. Até eu concordo.
      Não dá

    Até eu concordo.

      Não dá mais pra ”empurrar com a barriga” a reforma política.

             Alguém disse bingo?

               E eu digo: ”chinquina e tômbola”

  2. Está explicado o anti-petismo

    Esta entrevista explica exatamente o anti-petismo.

    Quando o companheiro fala em “democratização da mídia” fica bastante claro que é apenas um eufemismo para “controle da mídias”.

    Ora, ao invés de aceitar os votos da oposição como algo inerente ao processo democrático, o dirigente prefere culpar a falta de uma mídia afinada com o governo.

    Isto é bolivarianismo puro!!

    Será que Nassif consegue entender  agora o porquê do ranço anti-petista na classe média?

    Porque não é um projeto de Estado que existe, mas um projeto de “dominação do Estado”.

    Felizmente nossa Congresso nunca vai deixar isto passar.

  3. O segundo turno, da forma

    O segundo turno, da forma como se anuncia, será muito bom por vários ângulos que se possa enxergar. É na refrega, no corpo a corpo, nas caminhadas pela periferia que a militancia do PT engrandesse. É deste tete-a-tete que vem a força do partdo! Por outro angulo, Dilma necessita rever sua estrategia de campnha. Não acredito que seja batendo em Aécio que ela conseguirá votos dos descontentes, dos reacionários e dos que “querem mudança em tudo que está aí”! Acredito sim num programa mais voltado à plataformas de governo. De mostras do que melhorou na sua administração (que não foi pouca coisa) e deixar ao Lula a tarefa de bombardear o PSDB afinal ele não é o candidato. Aécio terá que deixar esta zona de conforto em que se encontra agora. Terá que mostrar que não apenas o bom mocinho que a mídia apregoa. Tem que mostrar que foi um acidente a sua derrota em Minas (difícil de explicar). A campanha, tanto do PTe do PSDB, estará centrada no sudeste. No Norte e Nordeste dificilmente o quadro irá se modificar. No Sul há o agravante da disputa ser da base aliada de Dilma. No Centro-Oeste, apesar destar mais ou menos definido, os números não necessitam de muita terra e esterco para melhorarem. Já em Minas, Rio e por último em São Paulo, quem sair com uma margem superios a 8 milhoes de votos de vantagem poderá mandar comprar o figurino para o dia da posse!

  4. Esqueçam essa de junho 2013.

    Esqueçam essa de junho 2013. Aquilo ali não representou nada. Um bando de idiotas sem ideologia nenhuma.

    dão muita importancia para essa turma que não queria nada com nada. O que realmente influencia é a mídia. E os movimentos sociais ORGANIZADOS (MST, CUT, etc.), que murcharam.

    e o erro de descontar impostos para as automobilisticas(queridinhas do PT).

  5. Inicio

    O inicio da entrevista deste senhor foi pessima, dizer que deveriamos ter uma educação mais democratica soou mais como uma doutrinação partidaria, e daqui a pouco muitos vao dizer que o PT deve distribuir suas cartinhas nas escolas, e interferir nos sindicados, mais do que ja interferem é impossivel, UNE, e varios sindicatos espalhados pelo BRASIL,

    Acho que começou mau o segundo turno para o PT, se deixar qualquer um, ate mesmo um dirigente, falar coisas desse tipo, controle da educação, dos sindicatos e dizer que a nova classe trabalhadora é acefala e que deveria votar com a esquerda porque deve algo ao governo, parecem ideias ultrapassadas e lidas apenas nas cartinhas de alguma cartinha empuerada do velho partido comunista.

    A Marina perdeu por falar demais e mau, se deixar muitas pessoas começarem a falar sem pensar pode ocorrer o mesmo.

     

     

    1. Parece que você tem uma

      Parece que você tem uma cabeça branquinha, branquinha, que nunca passou por nada, nenhuma concepção filosófica, política e tal, e o PT tá querendo doutriná-la, adestrá-la. Quanta confusão sô! Meu caro, trata-se de convidar essa sua cabecinha, já bem formada ppor um milhão de co0isas, a uma reflexão crítica! Só quem pensa (muito ingenuamente, diga-se) ser um puro, pode acreditar nesse conto da carochinha da “doutrinaçlão ideológica”

  6. E pagar…

    … 11% de juros para rentistas e atualizar aposentadorias e pensão da classe média abaixo do inpc? … pode?

     

    … 11% de juros para rentistas pode… mas atualizar a tabela do imposto de renda da classe média abaixo do inpc, pode?

  7. Concordo

    Existe inteligência no PT. Parabéns!

    A militância vinha alertando e nada aconteceu.

    A qui em Porto Alegre o sindicato médico faz propaganda sistemática 24h por dia  na RBS e na Band contra o governo em plena campanha e ninguém diz nem faz nada. Usam um slogan “a verdade faz bem à saúde” e pedem para não votar em quem deixa a saúde mal. O MP faz ouvidos moucos.

  8. Desde que Dilma se elegeu, em

    Desde que Dilma se elegeu, em 2010, que todo mundo sabia que deveria haver enfrentamento da mídia, porém… Agora não é só o PT que está colhendo os resultados do que não plantou, é próprio Brasil que vai amargar as consequências porque o avanço da direita teve como principal responsável a atuação da mídia partidarizada. Insisto: aécio é nada, foi rejeitado pelos próprios mineiros, no entanto aqui em SP a “oligarquia” vai ganhando ares de eternização feito o domínio Sarney no Maranhão que, parece, foi interrompido. Paulista elege Maluf, Tiririca, Russomano, bancada da bala, pastores… Vai dizer que isto é um lugar esclarecido? Aí a mídia deita e rola em cima do analfabetismo político dos paulistas. É preciso recuperar o voto das camadas mais pobres justamente que se beneficiam das ações do governo e votam contra ele levados pela mídia.

  9. O início do texto é munição

    O início do texto é munição para a direita, pois soa como mera doutrinação ou projeto de poder. São temas de fácil manipulação pela mídia para comover conservadores e neutros.

    O restante do texto é muito bom, colocando o dedo na ferida dos erros do PT e vislumbrando um caminho mais arrojado ao PT, diferente deste irritantemente tímido atual (Dilma indo na Globo fazer omeletes, homenageando a Folha, etc).

  10. Algumas precisões

    A Rede Brasil Atual publicou, no dia 5 de outubro, um texto a partir de uma entrevista feita comigo.

    O texto está aqui: http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/dirigente-do-pt-diz-que-falta-de-reformas-politica-e-da-comunicacao-explicam-eleicoes-7238.html

    Quem editou o texto, optou por não apresentar as perguntas e por reestruturar as respostas. Nada excepcional, mas sendo assim faço algumas precisões.

    1.Não sou da executiva nacional do PT, nem titular do Diretório Nacional.

    2.A primeira pergunta que me fizeram foi algo assim: se eu estava surpreso com a votação de Aécio Neves e com a realização de segundo turno.

    3.Minha opinião sobre isto: não fiquei surpreso com a votação de Aécio, muito menos com a realização do segundo turno. Nunca subestimei os adversários, nem achei que fossem “anões políticos”. Desde as eleições municipais de 2012 havia ficado claro que a disputa presidencial de 2014 tendia a ser resolvida no segundo turno. Como aliás ocorreu em 2002, 2006 e 2010.

    4.Por qual motivo a tendência era esta? Por três fenômenos combinados: a) a maioria do grande empresariado está operando para nos derrotar; b) consolidou-se nos setores médios um violento sentimento antipetista; c) na classe trabalhadora, cresceu um setor que tem dúvidas e desconfiançass contra nós.

    5.Estes três fenômenos estiveram presentes em 2013 e em 2014, seja nas manifestações de junho, seja no movimento “não vai ter Copa”. Entretanto, não avalio negativamente as manifestações de junho de 2013. Tampouco acho que a Copa estava acima de qualquer crítica. Em ambos os casos, havia uma disputa, na qual o Partido e nossos governos deveriam ter intervido com mais, digamos, ênfase e eficácia.

    6.É nesse contexto que afirmei o que a entrevista registra, a saber: que nos últimos anos, o Partido não tem conseguido conquistar os votos da juventude trabalhadora.  Juventude que poderia estar em sua maioria entusiasmadamente conosco se, entre outras ações, tivéssemos adotado outra política de comunicação, se tivéssemos alterado o currículo dominante nas escolas e se tivéssemos uma política cultural mais forte.

    7.Outra pergunta que me fizeram foi sobre o resultado da eleição proporcional, se não estaria em curso uma guinada conservadora e se esta guinada não ajudaria o Aécio Neves a se eleger.

    8.Minha opinião sobre isto é que a pergunta, a depender de como é feita, pode esconder uma pegadinha. Motivo pelo qual a resposta deve vir em camadas.

    9.O aumento do conservadorismo é real. Mas qual sua origem? Ele é produto de uma combinação de fatores: a) uma reação até certo ponto espontânea de parcela dos setores médios; b) uma ação deliberada da direita partidária e do oligopólio da mídia; c) no período mais recente, o reforço vindo também de parcelas majoritárias do grande empresariado.

    10.Esta reação conservadora poderia ser neutralizada pela classe trabalhadora e pelos setores médios progressistas. Mas para que conseguíssemos isso, seria necessário um esforço de democratização da mídia, uma política educacional e cultural mais ousadas, uma ação de organização e formação política mais intensa etc.

    11.Como sabemos, entretanto, nestes últimos anos a burguesia girou para a direita, mas na classe trabalhadora, que é maioria, não houve um giro equivalente para a esquerda. Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora, devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda. Como isso não ocorreu, o que prevaleceu é a ideologia dominante, esta guinada conservadora.

    12.Por este motivo, os governos, os parlamentares, os partidos e os movimentos sociais do campo democrático vão ter que fazer nos próximos 4 anos o que não fizemos nos últimos 12. Entre outras coisas, um esforço redobrado de sindicalização, de democratização da mídia, de mudanças nos currículos educacionais e nas políticas culturais.

    13.Não disse na entrevista, mas posso dizer aqui o seguinte: esta situação é um dos efeitos colaterais da estratégia de mudança sem ruptura. Mudança sem ruptura parece para muita gente uma boa coisa.
    Mas ela tem um pressuposto: fazer concessões aos inimigos. A conta só fecha se, com o passar do tempo, os inimigos deixarem de ser tão inimigos. Mas o que ocorre na vida real? Na vida real, apenas das concessões, os inimigos se tornaram ainda mais inimigos. E graças as concessões que fazemos/fizemos, eles não apenas mantiveram, como também ampliaram os meios de que dispõem para agir contra nós. Ao mesmo tempo, certas concessões que fazemos/fizemos dividem nosso campo,  nos impedem ou pelo menos reduzem nossa capacidade de ganhar amigos e fortalecer nosso lado. Moral da história: fortalecimento deles e enfraquecimento nosso. Alguma hora vai parar de funcionar, simples assim.

    14.Por tudo isto é que insisti, na entrevista: não podemos mais esperar para fazer a reforma do sistema político, nem para democratizar a comunicação. Isto não nos impedirá de ganhar estas eleições presidenciais de 2014, mas se isso não for tratado, daqui até 2018 tende a se tornar um problema incontornável.

    15.Vamos ganhar a eleição presidencial, com um Congresso mais complexo (digamos assim) do que o atual. Mas existe muita coisa que poderia ter sido feita e que pode ser feita em termos de democratização da mídia, independente da aprovação ou não da Lei da Mídia Democrática. Assim como há muita coisa que pode ser feita em favor da reforma política, independente ou em paralelo a tramitação institucional das propostas a respeito.

    16.O fato de não termos feito a reforma política e a democratização da mídia criou uma contradição: a gente continua ganhando a eleição presidencial, mas naquele terreno onde as deformações do sistema político-eleitoral são mais evidentes, que é no Congresso, a gente começa a ter queda na nossa representação. Por isto nossa bancada reduziu em números absolutos. Claro que a queda está concentrada em estados como SP e PE, mas isto é a materialização de um problema mais geral, a saber: entre 1994 e 2002, nós avançamos no terreno institucional, tanto nas presidenciais, quanto nos parlamentos, quanto nos governos estaduais. Entre 2002 e 2010, nós oscilamos para cima e para baixo, mas mantendo o mesmo patamar. Já entre 2011 e 2014 começou um movimento de redução de nossa presença institucional, que fica evidente agora. Ou seja, até agora estávamos batendo no texto. Agora, começamos a cair.

    17.Cadê a pegadinha? A pegadinha está em achar que esta onda conservadora, que da maneira indicada se traduziu institucionalmente, vá favorecer Aécio no segundo turno. Na verdade, Aécio já foi favorecido no primeiro turno. E não será mais favorecido no segundo turno porque –como aliás demonstram as pesquisas– o povo é majoritariamente progressista no terreno da política econômica e social. Por isto Aécio vai querer colocar o debate sobre a corrupção no centro da pauta, por isto nós –sem fugir do debate sobre a corrupção– devemos colocar as políticas econômicas e sociais no centro da pauta.

    18.Por isto, também, um segundo turno com Aécio é melhor para o PT do que uma disputa com Marina. Não tem chance das pessoas se iludirem com as propostas de Aécio: ele é um playboy, representante do capital e dos setores da elite. É jogo claro, o que não significa jogo fácil. São dois projetos distintos para o país, que vão se enfrentar pela sétima vez desde 1989.

    19.Falando em tese, seria mais difícil ganhar um segundo turno contra alguém que já fez parte do governo, da base aliada, do PT. Vale reconhecer, entretanto, que Marina cometeu o erro (do ponto de vista dela, é claro, pois para nós foi um “favor”) de ter se “convertido” muito explicitamente e muito rapidamente, mostrando que a suposta terceira via não era mais do que um sucedâneo da segunda via, da via tucana, neoliberal.

    20.No segundo turno, os votos recebidos por Marina vão se dividir. O eleitorado dela é composto de vários segmentos: uma parte vem desde 2010, que é de gente que não é tucana mas está insatisfeita com o PT; tem uma parte que ela agregou nessa reta final, que é de gente de direita que viu nela uma chance de derrotar o PT e voltou para o Aécio; tem uma parte que é progressista e quer mudança etc.

    21.Neste contexto, foi perguntado que efeito teria São Paulo. Minha opinião é que a vantagem que Aécio obteve no primeiro turno em São Paulo não impede nossa vitória presidencial no segundo turno. Entretanto, pensando não apenas no segundo mandato da Dilma, mas também no desafio de mudar profundamente o país, o quadro de São Paulo é muito grave.

    22.A entrevistadora foi gentil e não publicou minhas palavras exatas, a saber: o governo de Alckmin é um governo de m..,.mas ainda sim um setor do eleitorado vota nele. Por qual motivo isto ocorre? Na minha opinião, por vários motivos, nenhum deles misterioso.

    23.Um destes motivos é: em São Paulo concentra-se o grande empresariado que está operando para nos derrotar; concentram-se  os setores médios antipetistas; concentra-se e o setor da classe trabalhadora que tem dúvidas e desconfianças contra nós. Aliás, quem gosta de falar que vamos transformar o Brasil num país de classe média deveria olhar para São Paulo para perceber o risco que isto significaria, se fosse verdade.

    24.Outro destes motivos é: durante décadas, São Paulo beneficiou-se do atraso relativo do restante do país. Nós, desde 2003, estamos trabalhando para tirar o conjunto país do atraso. Para superar o atraso, é preciso dar mais a quem foi historicamente prejudicado. A elite paulista reage a isto da mesma maneira como certos setores médios reagem a melhora de vida das camadas populares: consideram isto uma perda de status. Alguém já disse, creio, que o regionalismo de São Paulo é nossa questão meridional.

    25.Um terceiro motivo sobre o qual prefiro falar depois de 26 de outubro é o comportamento do PT no estado de São Paulo. A esse respeito, deixo registrado para comentários posteriores a não eleição do deputado Candido Vaccarezza.

    26.Por fim, vamos ganhar a eleição. Mas isto supõe prosseguir na linha que nos fez chegar em primeiro, no primeiro turno: mobilização, politização e polarização programática. Paradoxalmente, isto criará as condições não apenas para a vitória, mas também para um segundo mandato mais avançado, mesmo que em condições mais difíceis.

    1. ” … seria necessário um

      ” … seria necessário um esforço de democratização da mídia, uma política educacional e cultural mais ousadas, uma ação de organização e formação política mais intensa etc … “

       

      Palavras de um totalitario , travestido de democrata.

      Esta clara a intenção de censurar e doutrinar as pessoas com base nas visões absolutamente mediocres e ditatoriais que fazem a ruina da Venezuela e destrui todas as nações que optaram por ela.

      Mas nada que supreenda quem realmente sabe a natureza da esquerda,  que no tocante a democracia é  como todo fariseu:

      -fala muito em Deus mas nao tem parte nenhuma com ele.

    2. Comentário claro e preciso e que deveria fazer parte do post

       

      Valter Pomar (segunda-feira, 06/10/2014 às 23:29),

      Eu enviei um comentário segunda-feira, 06/10/2014 às 19:38, para Alexis que postara um comentário segunda-feira, 06/10/2014 às 17:15, aqui neste “Para petista, falta de reforma política e da mídia explica eleição” de segunda-feira, 06/10/2014 às 17:07. Era uma manifestação de concordância com a avaliação positiva que Alexis fizera da sua entrevista. Avaliação positiva que recebeu o apoio de Assis Ribeiro no comentário que ele enviou segunda-feira, 06/10/2014 às 17:11 e que foi o primeiro comentário a este post.

      Embora eu tenha gostado das suas opiniões na entrevista, e o seu comentário aqui ainda melhorou mais a sua entrevista tornando-a mais clara e precisa, eu deixei lá também as minhas críticas. Vou resumidamente repeti-las aqui. Pareceu-me que você não deu muita importância ao julgamento da Ação Penal 470 no resultado desta eleição. Além disso, considero que é praticamente inviável a reforma política e a reforma da mídia que você defende.

      Na reforma política talvez haja espaço para um avanço substancial que seria a eleição distrital pura proporcional. Um avanço, entretanto, que ainda não é nem entendido mesmo por quem vive na política, pois para todo mundo eleição distrital proporcional significa eleição em que metade se elege por distrito e outra metade pela sistemática da proporcionalidade. Só que a eleição distrital pura proporcional não é nada do que se chama eleição distrital mista. A eleição distrital pura significa que cada partido só pode apresentar um candidato por distrito e o eleitor de um distrito só pode votar no candidato do distrito. E ela é eleição proporcional porque os eleitos não são aqueles que foram majoritários no distrito. Os eleitos serão escolhidos na proporção dos votos do partido. Uma eleição assim reduz o poder dos meios de comunicação, o poder do dinheiro, e não precisa de reforma constitucional porque o que a constituição exige é que a eleição do parlamentar seja proporcional. Mas talvez nem 1% entenda um modelo assim como o que eu estou propondo. Então, um primeiro caminho seria o do entendimento e só então se poderia ver a possibilidade de aprovação de uma proposta assim.

      Na reforma da mídia talvez o único ponto de apoio dentro do regime democrático e do sistema capitalista seria a quebra de monopólios e oligopólios. Enfim, o que eu quero dizer quando falo da inviabilidade da reforma da mídia é que a orientação em defesa do interesse empresarial da mídia em um sistema capitalista é impossível de ser mudado. E eu não acho viável mudar o sistema capitalista. Penso que nos próximos 50 a 100 anos a esquerda deve lutar é pela superação do capitalismo e o capitalismo só se supera se ele for aperfeiçoado. Então cabe a esquerda aperfeiçoar o capitalismo e não o destruir. E ai mesmo o monopólio e os oligopólios devem ser analisados com mais precisão, pois é possível que o capitalismo desenvolva mais, ou talvez com mais eficiência, quando há os oligopólios e os monopólios. É claro que na questão de venda da informação, talvez o oligopólio ou monopólio não seja prática recomendável. Há que se ver que na maioria das vezes a justiça que se opõe constantemente a eficiência precisa ser privilegiada e talvez assim se justifique evitar monopólios e oligopólios mediáticos.

      Indico aqui ainda um comentário que enviei hoje, terça-feira, 07/10/2014 às 18:40, para MiriamL que sugeriu o post “A necessária renovação do PT e o vexame no Estado de São Paulo” que saiu no blog de Laura Capriglione e que foi reproduzido aqui no blog de Luis Nassif no post “A necessária renovação do PT e o vexame no Estado de São Paulo, por Laura Capriglione” de terça-feira, 07/10/2014 às 10:46. O endereço do post “A necessária renovação do PT e o vexame no Estado de São Paulo, por Laura Capriglione” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-necessaria-renovacao-do-pt-e-o-vexame-no-estado-de-sao-paulo-por-laura-capriglione

      Lá também eu deixei indicação para este post “Para petista, falta de reforma política e da mídia explica eleição” e também para este comentário seu. E reprisei o que eu disse aqui em meu comentário enviado para Alexis onde avalio que você não faz menção ao julgamento da Ação Penal 470 e os efeitos do julgamento nos resultados alcançados pelo PT na eleição, assim não vou mais dedicar a este assunto da Ação Penal 470. O que ainda resta para eu mencionar diz respeito à questão de formação das pessoas. Se todo mundo estivesse no mesmo nível, a formação política das pessoas seria muito mais fácil. Em meu entendimento um dos grandes problemas que a esquerda enfrenta numa democracia em um sistema capitalista é a desigualdade na competição eleitoral. Um dos mecanismos de combate a esta desigualdade no campo eleitoral é a meu ver o voto distrital que, entretanto, não pode ser de modo algum majoritário. É claro que a desigualdade no campo eleitoral ainda é mais acentuada, dada a desigualdade socio-econômica das pessoas. E de antemão há que se reconhecer que o combate à desigualdade em todas as suas formas em um país com o nível de desigualdade sócio-econômica do Brasil é lento.

      Outro problema a ser superado no que diz respeito a formação das pessoas é a falta de conhecimento. É aqui que em meu entendimento reside um problema muito maior do que ele é percebido. O problema só não é maior porque talvez estejam todos no mesmo nível de desconhecimento. Muitas criticas ao PT foram facilmente introjetadas pela população pela falta de conhecimento das pessoas. A própria esquerda desconhece muito do que ela combate e muito do que ela defende. Poucas pessoas conhecem o funcionamento do regime democrático. Ninguém aceita o fisiologismo, assim entendido o é dando que se recebe, o toma-lá-dá-cá, e que são práticas essenciais ao processo democrático de negociação dos interesses conflitantes. Ninguém entende o funcionamento do sistema capitalista, em que o Estado é um instrumento de dominação e que para a superação do capitalismo há que fortalecer o Estado. Ninguém considera que a distribuição de renda no curto prazo é ruim para o crescimento econômico, mas que no longo prazo ela permite até que o capitalismo se expanda por mais tempo, postergando crises como a de 2008. Poucas pessoas conhecem então o funcionamento do regime democrático, o funcionamento do sistema capitalista, a presença do Estado, e dos institutos que dão vida ao Estado como o orçamento público, como ele é engendrado no regime democrático e como ele revigora o funcionamento do capitalismo. Um ano sem gasto público e o mundo acaba.

      Disse isso tudo para abordar duas considerações que você faz. Primeiro na entrevista você diz que “Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora, devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda”, ou seja, faltou educação política. E no seu comentário você diz que não avalia “negativamente as manifestações de junho de 2013”.

      Bem a questão da educação política eu considero que é um processo muito lento e de pouco êxito. Talvez se houvesse grêmios escolares que se reunissem nos sábados e lá o PT levasse um ideólogo (Cada partido levasse o seu) para fazer este trabalho de educação política, poder-se-ia pensar em resultados no longo prazo de se alcançar maior conscientização das pessoas. Ainda assim é de se pensar se há a motivação dos estudantes para as práticas dos grêmios recreativos. De todo modo, a maioria dos aspectos do regime democrático e do sistema capitalista que eu mencionei como não sendo do conhecimento das pessoas não é do conhecimento da própria esquerda, como então ela terá condições para difundir o que ela desconhece. É um processo lento que talvez exigisse para a formação educacional das pessoas profundas alterações no currículo escolar. E no mundo em que se exigem das pessoas mais e mais capacidades de aritméticas essas alterações não sejam bem vindas.

      No fundo, lutar no mundo de desigualdade pela igualdade no sistema capitalista e no regime democrático é de uma dificuldade incomensurável. O PT é que teve a sorte de Lula conseguir aglomerar tantos ao redor dele e chegar ao poder tão cedo. Se não fosse isso talvez nem daqui a vinte anos o PT estaria em condições de ganhar uma eleição presidencial no Brasil.

      Quanto às manifestações de junho de 2013, elas em meu entendimento tiveram um efeito ruim para o PT. De um lado a queda de popularidade da Dilma Rousseff ocorreu em decorrência das manifestações. E de outro elas podem ter sido a causa da queda de crescimento da economia brasileira que iniciou um relançamento nos três trimestres anteriores às manifestações, ou seja, no quarto trimestre de 2012, no primeiro trimestre de 2013 e no segundo trimestre de 2013.

      Além disso, as manifestações de junho de 2013 podem ser avaliadas em dois aspectos. Primeiro como manifestações reivindicatórias. E segundo como manifestações de contestação. Como manifestações de contestação elas apresentavam o que eu chamo de desconhecimento. Ao se apresentarem contra o modelo político brasileiro elas estavam se posicionando contra a democracia representativa. A crítica a democracia representativa, que tem defeitos, mas que não tem um modelo substituto, é a demonstração do que eu digo de que as pessoas não conhecem o funcionamento do regime democrático e não conhecem o funcionamento do sistema capitalista. Contestam o modelo adotado em nome de um modelo idealizado que não existe salvo na cabeça de um Platão (E do Luis Nassif que também idealiza tanto a democracia como o capitalismo. Dai porque Luis Nassif também criou muitas expectativas em relação às manifestações de junho de 2013. Dai também porque no meu comentário para Alexis aqui neste post “Para petista, falta de reforma política e da mídia explica eleição” eu mencionei um comentário crítico de El Fuser. às expectativas que Luis Nassif, no post “As eleições mais importantes dos últimos anos”, colocara nas manifestações de junho de 2013, considerando-as como novidades a serem incorporadas em novo modelo político brasileiro).

      E como manifestações de reivindicações, elas de certo modo reproduziam o que Adolphe Wagner já dizia no final do século XIX, no que ficou conhecido como Lei de Wagner: “à medida que a renda de um povo cresce, este povo aumenta as suas demandas e os gastos públicos precisam crescer”. Como os gastos públicos não podem crescer indefinidamente sem que o Estado disponha de mais recursos, há uma tendência, acompanhando a tendência de aumento dos gastos públicos, de se aumentar os impostos. Duvido que existisse no meio dos manifestantes um só que soubesse que ele estava reivindicando aumento da carga tributária.

      Dai que eu sempre disse a respeito das manifestações de junho de 2013 que elas não trouxeram nada de novo, exceto as redes sociais na internet, nem nada de bom, exceto as manifestações em si que é demonstração de que a democracia existe e é atuante, participativa, viva. É claro que para os que torciam contra a presidenta Dilma Rousseff e também contra o PT as manifestações foram tudo de bom.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/10/2014

  11. Eu te disse, eu te disse, eu

    Eu te disse, eu te disse, eu te disse, eu te disse, mas  eu te disse, eu te disse, eu te disse, mas, eu te disse, eu te disse, …

  12. Boa análise
    Houve um desgaste

    Boa análise

    Houve um desgaste natural do PT por ser governo há 12 anos, a influência da AP 470 e toda exploração da mídia que bateu dia e noite sem tréguas, o afastamento do PT dos movimentos sociais, a falta de reajuste da tabela do IR, a falta de correção dos aposentados que ganham mais do que 1 salário mínimo que estão tendo seus benefícios achatados e, ainda por cima lhes é cobrado IR , os reflexos da crise internacional que não tem data para melhorar e seus efeitos no crescimento econômico que fazem os trabalhadores morrerem de medo do desemprego.

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