Petrobras divulga o balanço do terceiro trimestre

Jornal GGN – Ontem, quarta-feira (27), a Petrobras finalmente divulgou o resultado contábil do terceiro trimestre de 2014, não revisado pelos auditores independentes. A estatal deixa claro, já na abertura do relatório, que o objetivo da divulgação é atender às obrigações em contratos de dívida, mas que ainda será necessário realizar ajustes para corrigir valores de ativos imobilizados, impactados pelos ilícitos de fornecedores, políticos e funcionários, trazidos à tona pela Operação Lava-Jato.

A empresa informa, também, que não encontrou uma metodologia adequada para “quantificar de forma correta, completa e definitiva tais valores”. O relatório corrigiu esses números usando o percentual médio de pagamentos indevidos, citados em depoimento, e avaliando “a valor justo” os ativos constituídos por contratos firmados com empresas citadas na investigação. “Essas alternativas se mostraram inapropriadas para substituir a impraticável determinação do sobrepreço relacionado a esses pagamentos indevidos”, afirma a Petrobras.

O lucro líquido consolidado (atribuível aos acionistas) caiu no período. De R$ 4.959 milhões no segundo trimestre de 2014, e de R$ 3.395 milhões no terceiro trimestre de 2013, para R$ 3.087 milhões nesse terceiro trimestre de 2014. O lucro operacional caiu ainda mais (48%). De R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre para R$ 4,6 bilhões, no terceiro.

A Petrobras justifica esse resultado: a uma maior produção de petróleo e líquido de gás natural no país; maior produção e exportação de óleo; maior produção de derivados, decorrente da maior utilização do parque de refino; ao reconhecimento da contingência ativa (R$ 820 milhões) e de sua atualização monetária (R$ 1.357 milhões), referentes a um recolhimento indevido de PIS e COFINS no período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2002; à redução da depreciação e aumento da estimativa de vida útil dos seus equipamentos; à baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I e Premium II (projetos que foram descontinuados); e à depreciação de 11,3% do Real em relação ao Dólar, parcialmente compensada pela apreciação de 7,7% do Dólar em relação ao Euro e de 5,2% do Dólar em relação à Libra.

A presidente da companhia, Maria das Graças Silva Foster, comentou o relatório. “No dia 13/11/14, em consequência dos fatos e provas produzidos no âmbito da Operação Lava Jato, a Petrobras postergou a divulgação dos resultados do 3T-2014. Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras teve acesso revelaram a existência de atos ilícitos, como cartelização de fornecedores e recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando que pagamentos a tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como parte do custo de nossos ativos imobilizados, demandando, portanto, ajustes”, explicou.

De acordo com ela, os ativos selecionados para avaliação do “valor justo” somam R$ 188,4 bilhões, “Praticamente 1/3 do ativo imobilizado total da Petrobras (R$ 600,1 bilhões)”. “A avaliação foi realizada por firmas globais reconhecidas internacionalmente como avaliadores independentes, abrangendo 81% do ativo total avaliado. A análise dos outros 19% foi realizada pelas equipes técnicas da Petrobras, porém com total consistência metodológica e de premissas com o trabalho realizado pelos avaliadores independentes”, disse.

Ela não deixa dúvidas. “O amadurecimento adquirido no desenvolvimento do trabalho tornou evidente que essa metodologia não se apresentou como uma substituta ‘proxy’ adequada para mensuração dos potenciais pagamentos indevidos, pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente, quais sejam, mudanças nas variáveis econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de desconto, indicadores de risco e custo de capital), mudanças nas projeções de preços e margens dos insumos, mudanças nas projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados, mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto (engenharia e suprimento)”.

Ainda assim, ela garante que os problemas não vão afetar o fluxo de caixa, a liquidez da estatal e sua capacidade operacional. “Temos sido diligentes na implementação de ações que nos permitem afirmar que não necessitaremos recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem nosso fluxo de caixa”. Entre esses fatores, o não repasse da volatilidade do mercado internacional, o que “favorece excepcionalmente o caixa”.

“No que tange aos investimentos, estamos reduzindo o ritmo de alguns projetos, principalmente aqueles com baixa contribuição ao caixa nos próximos dois anos, de forma que nosso orçamento fique no patamar de US$ 31 bilhões a US$ 33 bilhões neste ano de 2015. Nosso portfólio de ativos também indica oportunidades de desinvestimentos em 2015, com potencial de contribuição ao caixa em níveis próximos aos realizados em 2014. A implementação desses desinvestimentos dependerá, naturalmente, da evolução das condições de mercado”.

Graça Foster afirma que a empresa vai produzir as demonstrações financeiras revisadas pelo auditor externo (PwC) “no menor tempo possível”. “Assim, quero aqui reafirmar nosso compromisso com a superação desses desafios. Estamos dando plena condição para que as investigações em curso, sejam as internas, sejam as externas, caminhem livremente, sem qualquer barreira. Somos transparentes com vocês, nossos acionistas e investidores. Trabalhamos para que, no futuro próximo, nossa companhia seja reconhecida por seus métodos de governança e controles internos com a mesma excelência que tem sido reconhecida ao longo dos anos por sua capacidade técnica e operacional”.

Para ver a íntegra do balanço da Petrobras, clique aqui.

Redação

3 Comentários

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  1. Nem em filme de

    Nem em filme de ficção:

    Cálculo desprezado pela Petrobras trazia perda de R$ 88,6 bi com desvios

    Cálculo desprezado pela Petrobras trazia perda de R$ 88,6 bi com desviosCálculo desprezado pela Petrobras trazia perda de R$ 88,6 bi com desvioswww1.folha.uol.com.br/mercado/2015/01/1581597-calculo-desprezado-pela-petrobras-trazia-perda-de-r-886-bi-com-desvios.shtml

                  Aí acontece o seguinte

                     A Petro cai 10 por cento.—isso sem contar os 88 bilhões de desvio.

                                          IRONIA:

                             Falavam que o PSDB iria privatiza-la, o que não verdade.

                                 Agora se o PT quiser vende-la não encontrará compradores..

                                     Esse é o PT DESTRUIDOR sem preciso fazer ”privataria” .

                            em tempo: Evidente que há ladrões ,mas há muita mais de incompetência de pessoas ditas honestas.

                              Não é verdade Dilma e Graça?

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