Polícia Federal assume investigação da máfia da merenda em SP

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Levantamento mostra que maioria dos recursos desviados vieram de verbas federais

Jornal GGN – A Polícia Federal e o Ministério Público Federal serão responsáveis por parte das investigações da máfia da merenda em São Paulo. A intervenção de entidades federais se deve ao uso de verbas federais para o pagamento de contratos envolvendo prefeituras paulistas e a cooperativa Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar, vista como responsável pelo esquema), como foi constatado pela Operação Alba Branca. Segundo dados do jornal Folha de São Paulo, levantamento elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) mostra que mais de 92% (R$ 36 milhões) dos R$ 38,9 milhões pagos em contratos vieram de recursos federais.

Da Folha de São Paulo

Polícia Federal deve passar a apurar máfia da merenda em São Paulo

Marcelo Toledo

 

Parte das investigações da máfia da merenda em São Paulo deverá passar para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal.

A apuração será transferida do Ministério Público Estadual para órgãos federais porque a Operação Alba Branca concluiu que mais de 90% dos contratos envolvendo prefeituras paulistas e a cooperativa Coaf foram pagos com verbas federais.

Até agora, a Promotoria detectou indícios de que contratos que somam R$ 38,9 milhões podem ter sido fraudados.

Segundo os promotores Leonardo Romanelli e Herbert Vítor Oliveira, do Ministério Público Estadual em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a apuração do caso será transferida porque detectou-se que 92,72% dos recursos usados foram provenientes de repasses do governo federal. Por isso, a competência da investigação passa a ser da Justiça Federal.

“Todos os projetos de venda estão fraudados, pois usavam nomes de agricultores familiares de forma irregular. Dos R$ 38,9 milhões, mais de R$ 36 milhões pagos à Coaf foram de origem federal”, disse Oliveira nesta quarta-feira (15).

O levantamento dos valores foi feito pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

A operação Alba Branca investiga o suposto pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e com 22 municípios.

A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), com sede em Bebedouro, na região de Ribeirão Preto, é vista como responsável pelo esquema, que teria políticos como beneficiários. As propinas, segundo Romanelli, iam de 3% a 20% dos valores dos contratos.

Na segunda fase da operação, deflagrada em março, oito pessoas foram presas, entre elas o ex-presidente da Assembleia Legislativa Leonel Julio e seu filho Marcel Ferreira Julio.

O lobista Marcel é apontado como o elo entre a cooperativa e os servidores públicos e políticos. Após se entregar em Bebedouro, ele fechou acordo de delação premiada e afirmou que o presidente da Assembleia, Fernando Capez, era destinatário de parte da propina.

O deputado negou veementemente ligação com o esquema e afirmou que foi inserido um “cunho político eleitoral” na Operação Alba Branca.

Após a delação feita por Marcel, Capez foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedir acesso ao depoimento. O acesso foi autorizado pelo ministro Gilmar Mendes.

A parte da investigação sobre o presidente da Assembleia –relativa aos contratos da Coaf com o Estado– permanecerá sob responsabilidade da Procuradoria-Geral de Justiça, do Ministério Público paulista, porque Capez tem foro especial e só pode responder perante o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Outro lado

Capez afirmou nesta quarta-feira, por meio de sua assessoria, que a investigação não faz citação de seu envolvimento com nenhuma prefeitura e que, desde o início, já se sabia que a verba era federal.

Segundo ele, a “exploração política é clara nesse caso”, a quebra do seu sigilo foi proposta por ele mesmo e seu desejo é que tudo seja rapidamente esclarecido, por não ter “nada a temer”.

Balanço da operação

As duas fases da operação resultaram em 14 mandados de prisão temporária e em três acordos de delação premiada.

De acordo com os promotores, a conclusão de que a apuração deveria ser transferida para outra esfera ocorreu após a segunda fase da Alba Branca. “Estávamos na fase de analisar a documentação apreendida e concluímos que deveríamos remeter os autos. Não é uma conclusão isolada, foi muito discutida”, disse Romanelli.

Em maio, estudantes ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo para exigir a instalação de uma CPI da merenda –que enfrentava resistência entre deputados da base do governo Alckmin. Após uma manobra desses parlamentares para ampliar o foco da CPI para os 22 municípios –tirando-o exclusivamente do governo estadual–, os governistas recolheram 74 assinaturas e criaram a comissão.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

14 Comentários

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  1. Caro Nassif
    Porque será, que

    Caro Nassif

    Porque será, que se antes não acreditava, agora tenho certeza que os estudantes foram enganados?!

    Ainda irão culpar a Dilma, Lula, PT e outros que tais.

    Saudações

  2. PF? Sob o comando de Alexandre de Moraes? Sei. Conta outra.

    PF? Sob o comando de Alexandre de Moraes? Sei. Conta outra.

    O califa Alckmin já cantou o resultado disso antes: a culpa pelo escândalo da merenda foi do governo federal (da Dilma).

  3. gente…

    PF não é toda ela assim como vcs imaginam

    mesmo que o ministro tente rodar a baiana e bater pé, vão dá um chega pra lá nele legal

    é abuso demais querer se dá bem prejudicando nossas crianças e jovens

    assim já é demais e ninguém pode aceitar, como não aceitarão na área da saúde, também com verbas federais desviadas e aplicadas nos centros especulativos de lavagem, de federal passando para estadual

    1. “mesmo que o ministro tente

      “mesmo que o ministro tente rodar a baiana e bater pé, vão dá um chega pra lá nele legal”

      Como eu gostaria de ter metade de sua fé. Ah, eu gostaria mesmo!

  4. Agora vão dizer que foi o PT,

    Agora vão dizer que foi o PT, o Lula e a Dilma…. E a investigação sobre o roubo da merenda feito pelo PSDB vai parar no Moro, que vai conduzir o Lula coercitivamente. Ah todo mundo conhece o filme. Só que ainda não foi todo rodado e o Moro mais Janot, mais Gilmar mais Temer e Cunha e outros deste naipe podem não  conseguir que o filme tenha o final que lhes apetece….

  5. Alexandre de Morais, Daiello?

    Com Alexandre de Morais no MJ e Daiello na PF, só o mais ingênuo dos ingênuos acredita que essa investigação vá chegar aos responsáveis. Especialmente porque Alexandre de Morais fez parte do governo Alckmin. Com relação ao Daiello, basta ver como ficou a investigação do grampo no banheiro da PF em Curitiba. Existem limites para a ingenuidade.

    1. Isso aí é Serra se cercando

      Isso aí é Serra se cercando de todas as garantias, meu caro, já que ele sabe que só ganha uma eleição de presidente se for por W/O. Botar Alckmin na sinuca de bico: se fizer qualquer gracinha… o pau canta. Os dois se merecem, é bem verdade.

      Tá neutralizando, imobilizando todas as possíveis ameaças ao seu reinado. TODAS!

  6. A Polícia Federal de Zé
    A Polícia Federal de Zé Serra? A do Bruno?’Se lascou-se’, Alckmin! O candidato a presidente será ele mesmo, o presidente interino de fato, o vampiro Serrissuga. Não basta derrubar todo mundo no Executivo Federal para que só entre seus cabos eleitorais; tem que neutralizar também no governo de São Paulo.Tá tudo dominado! Parece a Cartomante do Ivan Lins: “Cai o ministro “A”, cai o ministro “B”, cai o presidente da estatal… cai não fica nada!”Só serristas no pedaço.

     

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