Ricardo Teixeira nega recebimento de propina e diz que não há lugar mais seguro que o Brasil

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Foto: José Cruz/Agência Brasil
 
Jornal GGN – Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), réu nos Estados Unidos e investigado na Espanha, afirmou que não há lugar mais seguro do que o Brasil.
 
“Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não”, afirmou o cartola, em entrevista para a Folha de S. Paulo.
 
O Relatório Garcia, divulgada nesta semana pela Fifa, levanta a suspeita de que Teixeira recebeu propina para ajudar o Qatar a ser escolhido como sede da Copa do Mundo de 2022. 
 
O FBI e as autoridades espanholas também acusam o ex-presidente da CBF de receber propina, neste caso na venda de direitos da seleção brasileira e de torneios no Brasil e em outros países. 

 
Vivendo atualmente no Rio de Janeiro, o cartola se defende das acusações afirmando que o voto no Qatar foi um acerto dos países sul-americanos em troca do apoio da candidatura conjunta de Portugal e Espanha para o Mundial de 2018.
 
“O Qatar daria os votos dos eleitores deles para a Espanha, que acabou ficando em segundo. Em troca, daríamos os nossos para o Qatar. Não teve dinheiro e nem confusão com a CBF”, afirma. 
 
Na entrevista, ele afirma que o relatório da Fifa é inconclusivo, que está “cansado de futebol” e nega qualquer tipo de acordo com a Justiça dos Estados Unidos. 
 
Leia a entrevista abaixo
 
Da Folha
 
Folha – O senhor foi apontado no relatório divulgado nesta terça pela Fifa como beneficiário de uma série de favores e é suspeito de corrupção na escolha da Copa do Qatar? O senhor recebeu dinheiro mesmo…
Ricardo Teixeira – Repito o que disse há três anos. O voto no Qatar foi um acerto dos sul-americanos para apoiar a candidatura conjunta da Espanha e Portugal [ao Mundial de 2018]. No acordo, o Qatar daria os votos dos eleitores deles para a Espanha, que acabou ficando em segundo. Em troca, daríamos os nossos para o Qatar. Não teve dinheiro e nem confusão com a CBF. A única pessoa envolvida nessa eleição fui eu [Teixeira era um dos 23 integrantes do Comitê Executivo da Fifa, que escolheu os países-sedes ao Mundiais de 2018 e 2022].
O preço do jogo que fizemos no Qatar com a Argentina foi literalmente o mesmo do contrato dos outros jogos. O contrato era de US$ 1,15 milhão. Mas recebi apenas US$ 800 mil porque a empresa dona dos direitos da seleção tinha me antecipado US$ 8,5 milhões na assinatura do contrato. Como estava ruim de grana, sempre estamos ruim de grana [risos], a empresa me antecipou esse valor em 2006 e diminuiu esse valor da cota individual dos jogos. Tenho o depósito e toda a documentação disso.
 
O senhor é acusado de receber dinheiro de uma empresa do Sandro Rosell com sede em Nova Jersey…
Não, sempre assinamos com a empresa da Suíça. O Sandro [Rosell] nunca teve um contrato assinado com a CBF. Zero. Não existe contrato da CBF com o Sandro. Voltando ao Qatar, fizemos o acordo e quase a Espanha ganhou. Essa foi a história do Qatar. Alguma vez, algum país me deixou de fora de uma suíte principal?
 
O relatório diz que a candidatura que pagou a hospedagem do senhor. Foi isso?
Esse negócio é tão ridículo. Me recuso a responder. Deixa eu fazer uma pergunta simples. Quando, por exemplo, a Inglaterra vem jogar aqui, quem vai pagar a hospedagem no Copacabana Palace do presidente da federação? A CBF vai pagar.
 
Mas lá foi o comitê de candidatura de Qatar. A Fifa não permite isso. Esse procedimento viola o Código de Ética.
Qual é a diferença que faz federação do Qatar do governo? Lá tem um dono só. Estou mentindo? Quem pagou? Sei lá quem pagou. Com toda a honestidade, você quer ser mais realista que o rei? Alguma vez viajando com a seleção eu me preocupei para saber quem pagava a conta da minha hospedagem?
 
O senhor leu o relatório, que o acusa dessas irregularidades.
Não li. Não vou ler um relatório que não é conclusivo. Tudo é “se”, “teria”. Ele falou que levei dinheiro aqui ou ali?
É só teria. Ele disse que recebi? Deixa eu dizer uma coisa para você entender: não recebi presente, não recebi presente e não recebi presente!
 
A Justiça Espanhola afirma que o senhor dividiu com o Sandro Rosell € 15 milhões [parte do valor da venda de direitos de amistosos da seleção]…
Nunca recebi dinheiro da empresa do Sandro [mas familiares do cartola receberam mais de R$ 10 mi de empresas de Rosell].. Mas quero falar do relatório não conclusivo do Garcia. O relatório não é conclusivo.
 
O senhor continua trabalhando no futebol ou se aposentou?
Estou cansado de futebol. Tenho que cuidar da minha saúde. Sou um cara pela metade. Não tenho rim, pedi emprestado ao meu irmão. Não posso brincar. Já tenho 70 anos de idade.
 
O senhor negocia uma delação com a Justiça dos EUA?
Não existe esse acordo. É ridículo dizerem que telefonei para o Sandro [Rosell] combinando um lugar para morar [investigação na Espanha informou que o brasileiro consultou o ex-presidente do Barcelona sobre uma opção de “lugar seguro” para fugir caso autoridades fechassem cerco contra ele]. Quero ver a gravação dessa conversa. Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não.
 
O senhor tem relação com o Marco Polo Del Nero?
Falo. Mas desde que saí da CBF nunca fui lá. Acho que já passei tempo suficiente lá.
 
O senhor acha que ele faz um bom trabalho?
Abraço [desliga o telefone]. 
 
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Redação

9 Comentários

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  1. Concordo! Não há lugar mais seguro … para bandidos!

    Eles conseguem até controlar o congresso, dar golpes parlamentarese e serem alçados à presidência da república!

    De bananas!

     

  2. Bando de trouxas…

    Os corruptos têm a justiça como guarda-costas!

    E ainda ficam debochando da gente…

    Quer lugar mais seguro do que este?

    Aqui são tratados como reis…

  3. Não há lugar mais seguro que o Brasil

    É o que o Maluf sempre disse.

    Um paraíso dos bandidos e dos vagabundos.

    A famiglia (marinho) protege a todos

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