Sem-teto fazem protesto na Câmara para aprovar Plano Diretor

 

Projeto foi aprovado por unanimidade em comissão da Casa e deve ir a plenário na próxima terça

 

Grupo tentou invadir Câmara antes do início da votação; guardas civis usaram spray de pimenta para contê-los

 

DE SÃO PAULO

Em meio a um protesto de sem-teto e tentativa de invasão da Câmara de São Paulo, o novo Plano Diretor avançou ontem na Casa com a aprovação por unanimidade na Comissão de Política Urbana.

 

Desde o início da gestão Fernando Haddad (PT), movimentos de moradia fazem pressão para que as áreas de habitação para a população de baixa renda sejam ampliadas. O texto irá a plenário na semana que vem.

 

O Plano Diretor definirá o crescimento da capital paulista nos próximos 16 anos.

 

Pouco antes do início da votação, guardas civis usaram spray de pimenta para dispersar um grupo que forçava a entrada no Legislativo. Duas mulheres e uma criança passaram mal, segundo o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Elas participavam de um ato que reuniu cerca de 2.000 pessoas em frente à Câmara.

 

O texto final, elaborado pelo relator Nabil Bonduki (PT), amplia áreas de habitações para população de baixa renda. A maior ocupação da gestão Haddad, a Nova Palestina, (zona sul) pode ter moradias populares. Cerca de 8.000 pessoas moram no local.

 

Após um protesto no mês passado, Haddad subiu em um carro de som do grupo de sem-teto e prometeu declarar essa área de interesse social se o Plano Diretor fosse aprovado pelos vereadores. O discurso do petista levou os manifestantes para a Câmara.

 

“O prefeito jogou o problema do Executivo para o Legislativo, então o movimento de moradia veio fazer pressão”, diz o presidente da comissão, Andrea Matarazzo (PSDB).

 

“Eu quis chamar a atenção porque o governo tem uma proposta de moradia que está no Plano Diretor desde setembro. Não depende só do Executivo, mas do Legislativo e Judiciário”, disse Haddad.

 

“Vamos para as ruas até que o projeto seja aprovado”, disse o coordenador do MTST, Guilherme Boulos.

 

O Plano Diretor pretende incentivar a construção de edifícios altos nos corredores com infraestrutura de transporte público e restringir a verticalização no meio dos bairros. O projeto deve ser votado em plenário terça-feira.

 

Uma série de emendas de vereadores será apresentada. A mais polêmica delas é a que cria um aeroporto para aviões pequenos em Parelheiros.

 

(GIBA BERGAMIM JR. E FELIPE SOUZA)