Crédito

Relatório de Estabilidade Financeira – Março2012
Publicado na Internet em 21/03/2012-Banco Central do Brasil

pg.22, 23
Os empréstimos vinculados ao cartão de crédito também apresentaram crescimento significativo no semestre e no ano, totalizando R$110,3 bilhões em dezembro, o que representa cerca de 12% da carteira PF.

Nessa carteira, existem quatro submodalidades, duas sobre as quais não incidem juros (compras a vista e compras parceladas pelo lojista, correspondendo a cerca de 70% da modalidade),

e outras duas em que há incidência de juros (empréstimo rotativo e compras parceladas pela IF, que representam, respectivamente, 20% e 10% da modalidade). As duas primeiras foram as que apresentaram o maior crescimento, 30% no semestre.

A maior utilização do cartão de crédito, em substituição a outros instrumentos de pagamento, é um aspecto que vem sendo acompanhado pelo BCB para fins de avaliação de risco. A quantidade de cartões de crédito emitidos evoluiu 49% em três anos, de 118 milhões em dezembro de 2007 para 175 milhões em dezembro de 2010, crescimento médio de 14% a.a.

Outras duas modalidades relevantes na composição da carteira PF apresentaram crescimentos mais
discretos. Os empréstimos consignados cresceram 6,6% no semestre e 14,9% em doze meses, enquanto a carteira de financiamentos de veículos, incluindo os arrendamentos financeiros, mais afetada pelas medidas macroprudenciais de dezembro de 2010, aumentou 3,3% no semestre e 8,1% no ano (tabela 2.3.1). Ademais, a elevação da inadimplência nos financiamentos de veículos contribuiu para que as instituições tornassem mais rígidos seus critérios de concessão, impactando o ritmo de novas concessões.

O endividamento das famílias tem crescido nos últimos anos, impulsionado pela estabilidade da economia e pela expansão do crédito, atingindo 42,4% em dezembro.
A estabilidade do comprometimento de renda nos últimos anos é explicada pela redução nas taxas de juros, pelo aumento de renda da população e pelo alongamento de prazos da carteira de crédito. Todavia, a elevação mais acentuada desse indicador no segundo semestre de 2011, alcançando 22,3% em dezembro, é justificada pela nova exigência de pagamento mínimo de 15% nas faturas de cartões de crédito (gráfico 2.3.4).

Como o comprometimento de renda não leva em conta despesas não financeiras, como o aluguel, é preciso fazer uma ressalva. Em função da estabilidade da economia e dos ganhos reais de renda da população, existe um movimento em curso de substituição do aluguel da moradia pelo financiamento da casa própria, que pode ser comprovado pelas altas taxas de crescimento do financiamento habitacional. Isso resulta em elevação no indicador de comprometimento, mas o efeito prático é de troca de despesas não financeiras por financeiras, um efeito saudável considerando a incorporação do ativo ao patrimônio das famílias.

Um possível reflexo dessa substituição pode estar evidenciado na tendência de queda da razão entre o valor do aluguel e o preço do imóvel, resultado da pressão de demanda sobre os preços dos imóveis, especialmente aqueles de poucos dormitórios, principal alvo daqueles que adquirem a primeira moradia (gráfico 2.3.5). Ademais, os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corroboram essa ideia de substituição. O percentual da renda comprometida com aluguel diminuiu de 13,5% em 2003 para 12,8% em 2009, enquanto a participação das despesas com aquisição de imóvel aumentou de 2,7% para 4,0% na mesma base de comparação.

Na carteira PF, continua em curso uma tendência de expansão da base de clientes, motivada pela estabilidade da economia, pelos ganhos reais de renda da população nos últimos anos e pela baixa taxa de desemprego.
O número de indivíduos tomadores de crédito cresceu 11% em 2011 e, em média, 17% nos quatro últimos anos, o que representa desafios às instituições, que precisam adequar seus processos de concessão e seus modelos de gestão de risco de crédito, de forma a capturar o risco resultante do incipiente histórico creditício.
O prazo médio das concessões para PF tem sido determinado, em grande parte, pelo financiamento habitacional, tanto pelo prazo mais longo da modalidade, quanto pela crescente participação relativa na dívida contraída pelas famílias. Nos últimos quatro anos, o prazo médio de concessão para a carteira PF subiu de 53 para 93 meses. No mesmo período, excluindo o crédito habitacional, o prazo das demais modalidades PF manteve-se praticamente estável, em quarenta meses.

O prazo médio do crédito imobiliário cresceu de 220 para 300 meses nesse período e a participação da modalidade no total da carteira PF mais que dobrou, de 10% para 21% (tabela 2.3.2).

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A parcela da carteira PJ concedida com recursos direcionados ganhou maior relevância desde o advento da crise financeira de 2008, saltando de 30,5% em agosto daquele ano para 40% em dezembro de 2011, o equivalente a R$436 bilhões (gráfico 2.3.10). O BNDES teve papel preponderante nesse movimento; o saldo de suas operações alcançou R$420 bilhões em dezembro, com sua participação no crédito corporativo saltando de 29,2% para 38,5% na mesma base de comparação…..

…..O número de empresas tomadoras de crédito tem crescido substancialmente e atingiu 2,5 milhões em dezembro de 2011, aumento anual médio de 16% nos últimos quatro anos. Esse ritmo de crescimento, no entanto, desacelerou para 9% em 2011 e reduziu para 3% no segundo semestre desse mesmo ano. O nível de concentração da carteira permaneceu baixo, tendo os mil maiores devedores respondido por menos de 25% do crédito total do sistema em dezembro. Além disso, a distribuição do crédito por setores econômicos não apresentou alterações significativas no semestre, sendo que os três setores mais representativos detêm conjuntamente 31% do total de crédito PJ…..

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) é uma publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) destinada a apresentar os principais resultados das análises sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), especialmente com respeito à sua dinâmica recente, às perspectivas dos próximos anos e ao grau de resiliência a eventuais choques na economia brasileira ou no próprio sistema. Esta edição concentra-se nos eventos ocorridos no segundo semestre de 2011(1).

(1)-Neste relatório, foi utilizada a data-base de 31 de dezembro de 2011 para os documentos contábeis. Eventuais divergências em relação à edição anterior e a outras publicações do BCB são decorrentes de substituições de documentos pelas instituições financeiras.

ANEXO
NOTA PARA A IMPRENSA -Banco Central do Brasil  27.3.2012
Política Monetária e Operações de Crédito do SFN        …. ZIP – 314 Kb(Texto e Planilhas)

Redação

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