Desconto bilionário concedido a empresas é fator-chave no rombo do Rio

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Adriano Belisário e André Duchiade 

Na Agência Pública

A concessão de benefícios fiscais está no centro dos debates sobre a falência do Rio de Janeiro em 2016, cercada por denúncias de ilegalidades, injustiças e negligências. Documentos obtidos pela Pública confirmam que os descontos cedidos a empresas desempenharam um papel-chave no caos financeiro do estado. Em um desses documentos, os auditores estaduais afirmam: “O assunto precisa ser enfrentado de forma radical. O ajuste das finanças estaduais passa pela reavaliação a fundo das renúncias tributárias”.

O estudo, disponibilizado pela Pública na íntegra, é assinado por um grupo de auditores fiscais da Receita do Estado do Rio de Janeiro que se identifica como Observatório dos Benefícios. Nele, os auditores fazem coro com o Ministério Público (MP), o Tribunal de Contas e organizações da sociedade civil na demanda por mais transparência e revisão das isenções, intensificadas especialmente a partir do segundo governo de Sérgio Cabral.

Segundo o governo do estado do Rio, o déficit orçamentário em 2016 deve ser de R$ 17,5 bilhões. Diversos fatores confluem para essa diferença entre o que entrou e o que saiu do caixa, como a queda no preço do barril do petróleo. A dívida do estado com a União é acusada de ser obscura e de ter juros excessivos (leia matéria Auditoria Cidadã prepara estudo sobre dívida do Rio). O economista Mauro Osório, coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro, da UFRJ, aponta ainda “a estrutura produtiva oca” e a “paralisação econômica nacional devido à crise política” como fatores relevantes.

Dentre esses fatores, as isenções se destacam não apenas por ainda serem defendidas pelo governo do estado do Rio (em outubro, Pezão disse à Federação das Indústrias do Estado do Rio que, “enquanto for governador, vou dar incentivo fiscal): elas são apontadas pelo Observatório dos Benefícios como “a principal política tributária nos últimos 15 anos” e não dão sinais de que irão arrefecer.

De 2007 para 2015, as isenções reconhecidas pelo governo saltaram de 13% para 29% da receita do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mesmo com a crise, em 2017, quando completará uma década no comando do estado, o governo peemedebista prevê uma renúncia ainda maior que a deste ano, chegando a R$ 9,1 bilhões.

Para o Ministério Público que investiga “irregularidades no acompanhamento e avaliação dos incentivos fiscais estaduais”, não há dúvidas de que diversas renúncias ilegais de receitas são a principal razão para a crise econômica do governo. Outros, como o economista Thiago Marques, consultor do Fórum Popular do Orçamento, afirmam que o governo do estado “confundiu incentivos com benefícios indiscriminados, sem nenhum critério”. O relatório do Observatório dos Benefícios diz ainda que, devido às isenções, o Tesouro estadual se tornou “dependente dos efeitos anabolizantes das receitas extraordinárias do petróleo e do gás”. O governo discorda. E as polêmicas começam já nos valores em questão.

Não há dados exatos – apenas aproximações – sobre os benefícios fiscais de ICMS, apesar de este ser a principal receita dos governos estaduais. O sistema oficial para registro dos benefícios (Documento de Utilização de Benefícios de ICMS – DUB-ICMS) é baseado totalmente na autodeclaração dos beneficiados. O governo estadual não revisa ou fiscaliza as informações.

“É como o Imposto de Renda sem a malha fina. A Receita cruza os dados depois da declaração, o DUB não”, explica o promotor Vinicius Leal Cavalleiro, que move ação civil pública contra o governo do Estado. “A isenção fiscal é prevista na lei, mas a forma que ela é tratada no Rio de Janeiro é ilegal. E vem causando seríssimas alterações na arrecadação do estado. Na casa das dezenas de bilhões reais. O que está sendo feito com o erário fluminense por conta da isenção fiscal é um total escárnio”, critica.

Continue lendo aqui.
http://apublica.org/2016/11/desconto-bilionario-concedido-a-empresas-e-fator-chave-no-rombo-do-rio/

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Foram os incentivos fiscais que quebraram o Rio Grande do Sul?

    O Rio de Janeiro quebrou supostamente em razão dos incentivos fiscais. E o Rio Grande do Sul quebrou devido a que?

  2. O que realmente fez que o estado quebrasse não sei, porém…..

    O que realmente fez que o estado quebrasse não sei, porém os responsáveis pelo aumento da dívida pública do RS estão aí:

     

    Euclides Triches 1971 1975 ARENA (que deu aos partidos de direita no Rio Grande do Sul)

    Aumento da dívida pública 194,4%

     

    Sinval Guazzelli 1975 – 1979

    Aumento da dívida pública 36,1%

     

    Amaral de Souza 1979 – 1983 (Arena PDS)

    Aumento da dívida pública 79,1%

     

    Jair Soares 1983 – 1987 (PDS)

    Aumento da dívida pública 38,5%

     

    Pedro Simon e Guazzelli 1987 – 1991 (PMDB)

    Aumento da dívida pública 0,1%

     

    Alceu Collares 1991 – 1995 (PDT)

    Aumento da dívida pública 23,5%

     

    Antonio Britto 1995 -1999 (PMDB)

    Aumento da dívida pública 122,3%

     

    Olívio Dutra 1999 -2003 (PT)

    Aumento da dívida pública -0,3%

     

    Germano Rigotto 2003 – 2007 (PMDB)

    Aumento da dívida pública 1,8%

     

    Yeda Crusius 2007 – 2011 (PSDB)

    Aumento da dívida pública -1%

     

    Tarso Genro 2011 – 2012 (PT) Os dados do gráfico vão só até este período

    Aumento da dívida pública 3,4%

     

    O Ranking dos maiores endividadores do RS são:

    1º) lugar Euclides Triches 1971 1975 ARENA Aumento da dívida pública 194,4%

    2º) lugar Antonio Britto 1995 -1999 PMDB Aumento da dívida pública 122,3%

    3º) lugar Amaral de Souza 1979 – 1983 Arena-PDS Aumento da dívida pública 79,1%

    O mais surpreendete de todos foi Antonio Britto, que além de vender a Companhia Telefônica e 2/3 da Eletricidade ainda aumentou a dívida pública dando financiamentos a GM.

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