ÍNDIA BARRA CONFERÊNCIA SOBRE
INSEGURANÇA DO VOTO ELETRÔNICO
O governo da Índia impediu dois especialistas em urnas eletrônicas
de participar de evento científico interncional. Enquanto isso,
TSE faz acordo de cooperação com a Comissão Eleitoral da Índia,
órgão responsável por essa censura.
Alex Halderman é professor da Universidade de Michigan. Rop Gonggrijp é
um hacker (no bom sentido da palavra) e ativista holandes. Os dois tem
um longo histórico de pesquisa sobre a insegurança de sistemas de voto
eletrônico, tendo conseguido demonstrar a fragilidade de pelo menos
nove equipamentos, supostamente invioláveis, usados nos EUA e em
outros lugares mundo. Assim como as urnas "brasileiras" usadas pelo nosso
TSE, esses equipamentos não produzem comprovante material do voto
independente do software; e portanto não permitem recontagem e são
totalmente vulneráveis a fraudes internas.
Em particular, as demonstrações de Alex e Rop causaram tanta impressão
na Holanda e na Alemanha que esses países recentemente resolveram
abolir a votação eletrônica, e voltaram a usar o voto em papel.
No mes passado tive honra de participar com eles de uma mesa de debates
na Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro), que disponibilizou o
vídeo desse evento:
http://www.ustream.tv/recorded/11226430
(Pelo que sei, o setor de informática do TSE não aceitou enviar
representate para essa mesa; e o representante da Módulo, que fornece
serviços ao TSE, cancelou sua apresentação na última hora.)
Há poucos meses, Alex e Rop conseguiram também fraudar as
máquinas de votar usadas na Índia
http://indiaevm.org/
que (como as nossas) eram garantidas pelo governo como sendo
"invioláveis" e "100% seguras". Depois de sua visita ao Brasil, eles
viajaram para a Índia para tomar parte em uma mesa de
debates similar na Sixth International Conference on
Information Systems Security (ICISS 2010) a ser realizada na
cidade de Gandhinagar.
Porém, conforme notícia da Electronic Frontier Foundation, os dois
foram retidos no aeroporto (por 16 e 12 horas, respectivamente) e
liberados apenas com a condição de que não comparecessem à
conferência:
http://www.eff.org/deeplinks/2010/12/indian-government-detains-e-voting-researchers
É curioso que, uns poucos dias antes desse incidente, o Comissário
Eleitoral da Índia esteve no Brasil e assinou um acordo
genérico de cooperação com o TSE:
http://agencia.tse.gov.br/sadAdmAgencia/arquivoSearch.do?acao=getBin&arqId=1426951
Cabe a pergunta: o que pode o Brasil ganhar cooperando com um órgão
que, além de impingir urnas eletrônicas comprovadamente fraudáveis aos
cidadãos indianos, ainda por cima promove a censura prévia de eventos
científicos e a detenção de cientistas de renome internacional, sem
nenhum respaldo legal?
Em respeito aos direitos humanos, e ao seu próprio nome, a nossa
Justiça Eleitoral deveria imediatamente cancelar esse acordo.
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