Indústria farmacêutica

 

O forum de discussão sobre a indústria farmacêutica e a saúde permitiu para quem está de fora, como eu, uma visão bastante clara do complexo problema da saúde pública e da produção de medicamentos. De um lado as indústrias multinacionais que lideram as pesquisas de novos medicamentos e como comentou um participante, alega gastar um bilhão para cada medicamento produzido e de outro lado os consumidores, que sem alternativas, são obrigados a comprar produtos caríssimos se quiserem sobreviver.

A discussão é ampla e há mais do que aviões de carreira no ar. Será que gastam efetivamente esses valores nas pesquisas de novos medicamentos? Será que os Estados nacionais através das universidades públicas que formam pesquisadores não participam dessas inovações? Será que o conhecimento acumulado através de mais de uma centena  de anos pertence apenas às grandes corporações? Outro aspecto que foi bastante discutido no forum, é a questão da fiscalização da produção farmacêutica que é bastante ineficiente e questões como as dosagens de substâncias ativas são efetivamente levadas a sério pelos fabricantes. Falou-se também que o crime organizado está investindo no setor como forma de lavagem de dinheiro (legalização de  recursos obtidos por meios ilícitos). Se isso está realmente acontecendo é preciso colocar as barbas de molho, pois daqui a pouco ninguém mais vai ter certeza de que não está consumindo simples placebos a base de farinha de trigo.

Uma outra questão colocada foi a participação do Estado no fornecimento de medicamentos oncológicos, todos eles caríssimos, cujos valores chegam a 20 mil Reais e devem ser consumidos por prazo indefinido pelos pacientes. Com a universalização dos direitos será que o Estado terá condições de manter o fornecimento desses medicamentos para um contingente cada vez maior de doentes? Será que esses medicamentos não seriam mecanismos que as grandes corporações utilizam para ganhar dinheiro explorando doenças incuráveis? Tenho uma pessoa da família que passou a tomar um medicamento desse tipo, que hoje tem preço de mercado por volta de 10 mil Reais. Após seis meses de tratamento o medicamento começou a apresentar efeitos colaterais e o medicamento foi substituído por outro que custa o dobro do valor. Até onde vai a seriedade das pesquisas sobre a eficácia desses medicamentos? 

Medicamento deveria ser uma questão de mercado, numa perspectiva liberal, ou é um assunto tão sério que o setor deveria ter uma regulação maior por parte dos Estados nacionais? Ganhar bilhões com a saúde da população não me parece ético e acredito que todos os países deveriam quebrar as patentes, pois são produtos essenciais e não podem estar sujeitos a lei da oferta e da demanda.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador