Levy, o ponto de transição entre duas personalidades presidenciais demandadas pela sociedade manipulada

A comédia estrelada por Jim Carrie – “Eu, eu mesmo e Irene” – tratava do transtorno de dupla personalidade que acometia o personagem principal da trama. Antes a realidade fosse cômica como fora o filme. A presidente reeleita Dilma Roussef é objeto da análise de todos os espectros políticos que permeiam as diferentes mídias, dos blogs aos programas tele jornalísticos clássicos.

Quem acompanha esse desenrolar pode ter percebido que ao longo do tempo duas personalidades de Dilma foram demandas por essas mídias: a centralizadora, para não usar os pejorativos exercidos aqui mesmo neste espaço; e a personalidade descentralizadora, aquela capaz de dar mais poder aos formuladores das políticas econômicas.

A Dilma ranzinza, que dava piti, segundo os intermediários ou “fontes” de jornalistas tarimbados, foi o mote da Oposição para tentar emplacar o candidato de papel, aquele capaz de acabar com a corrupção petista, sim, isso mesmo, acabar com a corrupção, pode rir se quiser, mas era isso que se ouvia. Cobrava-se mais transparência nas contas públicas; o fim das políticas erráticas de desoneração fiscal; dar confiança aos agentes financeiros. Confiança, confiança, confiança e, mais confiança. A palavra da moda.

A cantinela da confiança traduzia-se na ideia de que  era preciso que Dilma demitisse o “fraco” Mantega, aquele que inchava o déficit governamental por não ser austero e ser errático ao não dar o rumo aos agentes financeiros e empresariais. Era preciso um ministro capaz de incutir na cabeça do povo que Direitos trabalhistas são um verdadeiro entrave, e que a solução seria o Brasil espelhar-se no modelo cambojano, onde a Maça Mordida produz seus fascinantes frutos sem grande necessidade de gastar energia para obter tais dádivas. Lá, produz-se até dormindo e, se duvidar, basta ir até qualquer loja de roupas “made in Camboja” e verá: Help us, Please! Percebam que modelo perfeito! Balanço mais que positivo entre custos trabalhistas e lucro, um máximo do estado de bem estar promovido pelo capitalismo.

O Brasil está na contramão, sim, era o lema. Vem confiança, vem! Vem Mercado, vem! Esse era o “rap”. Muita gente que treme só de ouvir falar que vai ter seus direitos trabalhistas reduzidos embarcou nessa cantinela a título de estar fazendo oposição “consciente”. Votaram em massa no candidato de papel sem ao menos saber sobre as consequências das políticas austeras sobre suas próprias vidas.

Dilma não sabe ouvir! Foi preciso que Dilma mudasse a estação com o famoso bordão: “Governo Novo, Ideias Novas”. Repetidamente ouvia-se os sopros da mudanças ao anunciar  que daria mais voz ao setor empresarial. Saiu a Dilma centralizadora, objeto das pedras, entrou aquela que tem em Levy a maior expressão do “deixa o cara trabalhar”. E o que se lê, o que se ouve agora? Dilma está muda! Esse mutismo de Dilma irrita, e blá blá blá. A presidente, ao deixar o protagonismo exacerbado do primeiro mandato sofre agora com aqueles que, no fundo, já começam a sentir saudades da Dilma bolada, aquela que dava Piti.

De fato, subestimamos o poder de alienação da mídia devido à crença de que a internet veio para nos deixar menos manipuláveis. Ledo engano. Quem foi para a rua para pedir por austeridade na “bagunça da Era Guido” não vive, em sua maioria, dos juros derivados de títulos indexados. Dilma jamais terá apoio da população nesse estádio de cognição em que a mesma se encontra, onde qualquer denúncia é verdade e qualquer verdade é denúncia.

Dilma sim, cedeu, foi fraca. Ao transitar da personalidade centralizadora, aquela que queria saber dos mínimos detalhes sem retirar direitos trabalhistas, e mergulhar na outorga de Levy como o homem forte para acalmar o Mercado. Mas a fatura  dessa transição não deve ir apenas para ela. Cobra-se que os presidentes brasileiros tenham peito, lute contra tudo e contra todos em prol da nação. Triste ideia da necessidade de ídolos, heróis valentes, que viceja nesse país chamado Brasil, onde encontra o contrassenso de a cognição da população ser altamente influenciada por uma semana de denuncismo de mesma tecla.

Por fim, a Dilma centralizadora será vista como algo melhor do que a de agora, a que deixa Levy no comando do time, mas é preciso ter humildade e reconhecer que no fundo, todos, e digo todos mesmo, contribuíram para a mudança de personalidade de Dilma. Os tais “pacotes de maldades” são expressões tão abjetas quanto “sacos de bondades”, depreciativas, reveladoras de um oportunismo sem fim, seja para atacar o Dilma, seja para manter-se no limbo da inexistente imparcialidade.

Redação

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