Modelo de gestão e participação popular

Há enorme confusão entre modelo de gestão e sistema político.

Modelos de gestão são ferramentas gerenciais que ajudam a organizar ações, medir resultados, permitir ajustes e mudanças de rumo. Servem a qualquer modelo político e a qualquer governo. São neutras em relação ao modelo político.

Existem governos que montam planos baseados em amplas consultas públicas; outros que atuam de maneira autocrática. Isso nada tem a ver com modelos gerenciais em si: têm a ver com a cabeça e o modelo político do governante em uma fase que precede a gestão: a fase da definição dos objetivos.

Muitos comentaristas associam o chamado “choque de gestão” de Minas Gerais ao controle da mídia pela Andrea Neves. Em São Paulo houve o controle da mídia pelo José Serra sem “choque de gestão” nem nada.

Aliás, o grande erro do modelo mineiro foi não ter se aberto às discussões com as diversas comunidades do estado – municípios, organizações sociais, professores etc. O programa ganharia muito mais objetividade, legitimidade e eficiência.

Mas, repito, a censura nada tem a ver com as ferramentas de gestão. Aliás, o grande desafio do gestor público é saber casar o instrumental gerencial com o sistema democrático de consultas – como ocorreu com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Exige-se um equilíbrio entre a parte técnica e a política. Se não ouve, não tem subsídios para montar programas eficientes. Se se perde nas discussões, não consegue resultados. A arte de governar consiste em combinar a consulta pública com a decisão política da última palavra e, depois, o uso de ferramentas gerenciais para implementar o que foi acertado.

O que existe na velha mídia, admito, é uma cabeça arrogante a autocrática que considera que qualquer forma de consulta pública reduz a eficiência dos modelos. E, nos críticos dos modelos, a falsa ideia de que qualquer forma de racionalização inibe as demandas sociais.

Aliás, os autocráticos da velha mídia criticam o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) sem nenhum conhecimento de causa. Entre as diversas contribuições às políticas públicas, o CDES foi o instrumento para um dos maiores sucessos do governo Lula: o crédito consignado, cuja proposta nasceu nas discussões do órgão.

Desenvolverei mais sobre o tema na Coluna Econômica de domingo. 

Luis Nassif

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