A Argentina recebeu uma linha de crédito do Fundo Monetário Internacional (FMI) mesmo sem cumprir o básico para receber o empréstimo, o que gerou diversas críticas de economistas. E esse relacionamento volta ao foco em 2022, com a possibilidade de o país obter outro acordo (o 22º desde seu ingresso ao fundo, em 1956).
Em artigo publicado no site Project Syndicate, Willem H. Buiter, professor adjunto da Universidade de Columbia, fiz que o novo acordo será igualmente disfuncional “porque não haverá reestruturação antecipada da dívida pública do país”.
A dívida bruta do governo geral passou de 57% do PIB em 2017 para 85,2% quando o pedido de empréstimo foi negociado em 2018. Depois subiu para 88,7% quando o acordo stand-by (SBA) foi suspenso em 2019 e para 102,8% quando o default veio em 2020.
“Estima – se agora que o rácio da dívida atingiu 107% no final de 2021 – um ponto de partida significativamente pior para o 22º SBA do que para o calamitoso 21º SBA. Além disso, o déficit orçamentário primário federal (que exclui o pagamento de juros) foi de 3,8% do PIB em 2017, e o valor de 2021 foi apenas um pouco melhor, em 3%”, diz Buiter.
Quando o governo de Mauricio Macri solicitou o apoio do FMI em maio de 2018, o país era governado pela direita há mais de 2,5 anos e, segundo Buiter, “claramente carecia de capacidade institucional ou política para realizar o ajuste macroeconômico e as reformas estruturais necessárias, muito menos implementar as políticas de proteção social e de gênero que foram incluídos no programa”.
Na visão do articulista, o governo de Alberto Fernández também não deu sinais de poder implementar as reformas necessárias
Para que o país possa obter novo financiamento junto ao FMI, Butler afirma que os US$ 40 bilhões que a Argentina deve ao FMI de seu acordo anterior devem ser incluídos nesse processo.
“E o status de credor preferencial do FMI, que dá a ele (e a outros bancos multilaterais de desenvolvimento) prioridade sobre outros credores para pagamento quando um mutuário passa por estresse financeiro, deve ser suspenso”, afirma o acadêmico.
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