Observatorio de Geopolitica
O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.
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“Estimado senhor presidente”, por Felipe Bueno

É hora de Milei se sentar no trono, estimar suas possibilidades de tirar a Argentina do buraco e calcular com quem contar além das fronteiras

Reprodução vídeo

do Observatório de Geopolítica

“Estimado senhor presidente”

por Felipe Bueno

Numa comunicação oficial na qual não faltou quem visse até carinho, Javier Milei convidou oficialmente Lula para sua posse no cargo de presidente da Argentina, no dia 10 de dezembro.

Logo no primeiro parágrafo estão as “cordiais saudações”, nos autorizando a acreditar que Sérgio Buarque de Holanda continua tendo motivos para se revirar no túmulo.

Em determinado trecho do texto, o eleito defende que a contemporaneidade de ambos à frente de seus países seja período de trabalho frutífero e de “construção de laços que consolidem o papel que a Argentina e o Brasil podem e devem desempenhar no concerto das nações”.

Cabe aqui uma reflexão inicial sobre quais são, hoje, esses papéis. O Brasil, depois de quatro anos sendo caricatura de si mesmo no tabuleiro da geopolítica, pode ter sua estratégia e seu líder atuais mais ou menos admirados ou contestados, mas inquestionavelmente retomou o papel de nação civilizada e liderança regional.

Pelo contrário, a Argentina vive, e não é de hoje, uma situação muito menos favorável: moeda fraca, economia instável, empobrecimento, lideranças sem peso internacional.

Talvez com exceção de Lionel Messi. Mas, infelizmente, nesse plano de discussão, ele não pode ajudar nossos vizinhos.

Ou seja, voltando ao tal convite oficial, parece óbvio que Milei reconheceu que, como um Botafogo da política sul-americana, não depende apenas de si mesmo para ser campeão.

Precisa de Lula e precisa do Brasil.

Estamos agora necessitados de uma ajuda da etimologia para então entender melhor o tal “estimado” presidente, provando nossa impressão de que Milei tem, junto com o possante lado histriônico, uma inteligência fina que o fez recorrer ao herdeiro do verbo latino aestimare, que significa o ato de calcular e/ou avaliar.

Porque, como já foi dito pouco tempo atrás, atacar é mais difícil que latir, e chegou a hora de Milei se sentar no trono, estimar suas reais possibilidades de tirar a Argentina do buraco e calcular com quem pode contar para além das fronteiras de um eleitorado empobrecido econômica e politicamente que o escolheu presidente da República.

Fico por aqui, com minha habitual estima ao povo tricampeão do mundo, que tem Prêmio Nobel e Oscar, mas está com dificuldade para fechar a conta do mês que vem.

Felipe Bueno é jornalista desde 1995 com experiência em rádio, TV, jornal, agência de notícias, digital e podcast. Tem graduação em Jornalismo e História, com especializações em Política Contemporânea, Ética na Administração Pública, Introdução ao Orçamento Público, LAI, Marketing Digital, Relações Internacionais e História da Arte.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para dicasdepautaggn@gmail.com. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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