Manchas de óleo: o tamanho do monstro, por Gustavo Gollo

O fato de as manchas continuarem a chegar às praias por 2 meses atesta a quantidade monumental de óleo liberada no oceano.

Manchas de óleo: o tamanho do monstro, por Gustavo Gollo

No dia 11/10, a Folha de SP noticiou a descoberta de uma mancha de óleo de 21,6 km2 a 100 km de distância da costa sergipana. 1 km2 tem 1.000 m x 1.000 m, ou seja, um milhão de metros quadrados, de modo que, considerando-se, mui conservadoramente, que a mancha tenha 1 cm de espessura, ou seja, 0,01 m, uma mancha de 1 km2 teria um volume de 10.000 m3, de modo que a mancha noticiada possuía mais de 200.000 m3, ou mais de 200.000 toneladas de petróleo, que é o volume usual de óleo transportado por um petroleiro. Transcrito aqui.

Ocorre que essa mancha localizada pelo radar de um satélite não havia surgido naquele dia, um mês e meio após o primeiro vazamento, mas semanas antes. Em vista disso, a notícia abaixo, relativa a vazamento anterior, nos dá uma estimativa do tamanho original do monstro:

“entre os dias 12 e 14, as imagens de satélite chegaram a mostrar um mancha com até 68 km de extensão e cerca de 160 km² de área. Mas a partir da observação visual feita nesta sexta-feira (18), a mancha estaria menor, com 18 km de extensão e 11,8 km²”

A notícia antiga nos proporciona um vislumbre do tamanho da coisa. Podemos estimar, baseado na constatação acima, que, 5 dias antes, a mancha mostrada pelo radar era 10 vezes maior que quando avistada, constituída então por 2 milhões de toneladas de petróleo e que outros 5 dias antes perfazia uma massa de 20 milhões de toneladas de óleo, o equivalente à carga de uns 100 petroleiros, pulverizando qualquer suspeita sobre vazamentos de navios – o petróleo veio de vazamento monstro em plataforma. Novamente, a estimativa apresentada acima da quantidade é bem conservadora. Lembremos que o vazamento havia ocorrido um mês e meio antes.

Na manhã seguinte à publicação da notícia pela folha, o IBAMA tratou de negar a veracidade da publicação, em uma raríssima, provavelmente única, demonstração de agilidade de um órgão que se havia mantido praticamente inerte durante todo o longo episódio.

A mancha negada pelo IBAMA foi a responsável pela segunda leva de contaminações que se estendeu da Paraíba à Bahia e continua até hoje 29/10.

Em seguida, o governo brasileiro encomendou a órgão estadunidense uma busca da origem do vazamento, tendo o cuidado de determinar a área a ser vasculhada. Utilizando os mesmos dados disponibilizados gratuitamente na internet por satélites europeus empregados para a detecção da mancha cuja existência foi negada pelo IBAMA, os estadunidenses nada encontraram. O uso de radares em satélites constitui a metodologia padrão para a detecção de manchas de óleo em todo o mundo.

O fato de as manchas continuarem a chegar às praias por 2 meses atesta a quantidade monumental de óleo liberada no oceano.

Manchas de óleo similares às do nordeste foram encontradas no Pará. Têm, muito provavelmente, a mesma origem, fato negado informalmente por autoridades locais, e desconsiderado pelos meios de comunicação. A negação da identidade de origem do óleo no Pará atestaria a avacalhação que vem sofrendo o país, tendo suas praias transformadas em lixeiras, entre outros descalabros.

As conclusões acima atestam que o petróleo que está emporcalhando as praias brasileiras decorre de um vazamento monstro que se originou em uma plataforma de extração na costa do nordeste brasileiro, fato que está sendo ocultado pelas mais altas autoridades do país, cúmplices do crime ambiental monstro, provavelmente o maior vazamento de petróleo de todos os tempos em todo o mundo.

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