Mas eu não tenho culpa!, por Danilo Strano

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Mas eu não tenho culpa!, por Danilo Strano
 
Os crimes cometidos por uma cultura que não aceita os LGBTs
 
O mundo ficou chocado com o ataque ocorrido no último final de semana em uma boate gay em Orlando. Mais de 50 pessoas foram assassinadas simplesmente por não se enquadrarem no que uma cultura dominante considera o correto.
 
Não adianta, como muitos estão tentando fazer, olhar para o assassino e identificar traços psicopatas em sua personalidade, é preciso compreender como uma construção de cultura dominante permite que casos como esse ocorram. 
 
Segundo dados do extinto Ministério das Mulheres, em 2014 foram 3.398 casos de violência contra LGBT só no Brasil.
 
Quando o grupo dominante de uma cultura, ou seja, quem estabelece seus principais pilares (religião, mídia, intelectuais, ricos e etc) segrega, empurra um grupo que tem a opção sexual diferente para fora da cultura, o obrigando a estabelecer uma subcultura, conscientemente ele sabe que isso trará consequências. A aparição de uma subcultura fica estabelecida pela necessidade de um grupo em compartilhar símbolos que os identifique e que não são aceitos socialmente.

 
A cultura dominante, sempre tende a reprimir ou afastar subculturas, e isso quando não gera violência diretamente, permite que ela aconteça. E a culpa está aí, na ação de afastar os LGBTs da sociedade. Quando uma cultura estabelece que existe um conjunto de ações que são “coisas de viado”, ela está dando vida a violência.
 
Como disse Iran Giusti, redator do BuzzFeed Brasil: “Quando um LGBT morre por ser algo que nasceu, é culpa de quem se recusa a ver que há pouco mais de 30 anos ser LGBT era crime, é culpa de quem acha que religiões e pessoas têm o dereito de opinar sobre o amor do outro. Discurso de ódio não é só falar que odeia, que quer a morte, discurso de ódio é também falar que é errado, que vai pro inferno.”
 
Enquanto a cultura dominante continuar tratando os LGBTs como uma subcultura, os empurrando para fora da sociedade, olhando para eles como uma animal que está no zoológico, seus membros serão responsáveis por casos como de Orlando.
 
 
Danilo Strano – 28 anos, cientista político, especializado em comunicação e redes sociais
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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