Uma frente ampla contra o fascismo, historicamente mostrou-se resultar numa frente pró-fascismo!, por Rogério Maestri

Somente quem não entende quem colocou os fascistas no poder, pode pedir uma frente ampla contra o fascismo.

Uma frente ampla contra o fascismo, historicamente mostrou-se resultar numa frente pró-fascismo!

por Rogério Maestri

Somente quem não entende quem colocou os fascistas no poder, pode pedir uma frente ampla contra o fascismo.

Vamos deixar claro que tanto o fascismo italiano, o nazismo alemão e mais os fascismos ibéricos TODOS eles foram criados e apoiados pelos grandes capitais de seus países até com ajuda do capitalismo em outros países. E em todos os países fascistas os seus líderes máximos (Mussolini e Hitler) sempre foram fiéis a quem os colocou no poder.

Conheço muito bem a formação do squadrismo italiano (os camisas negras), como dos Sturmabteilung (SA) alemães (os camisas marrons) e a semelhança entre estes dois grupos pouca além da violência e de uma vontade de seus líderes em assumir a própria função dos Líderes Máximos do Fascismo. 

O caso alemão, por serem as Sturmabteilung, mais organizadas e poderosas do que o exército a história é mais interessante, porém as italiana é um pouco (não muito) menos trágica e mais ilustrativa. 

As Sturmabteilung (SA), que foram organizadas a partir da demagogia populista de seu líder desejavam a chamada “Zweite Revolution” (segunda revolução), que propunha a implementação do programa de 25 pontos do partido Nacional Socialista de Fevereiro de 1920. 

O programa de fevereiro de 1920 tem pontos interessantes que mostram que Hitler não foi a origem do antissemitismo na Alemanha, pois o origem do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) em 24 de fevereiro de 1920, foi o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP) que foi fundado em 5 de janeiro de 1919, antes de Hitler entrar no partido (isto não quer dizer que Hitler não era antissemita antes da entrada no partido), e já nesta época as concepções antissemitas alimentadas pelas fantasiosas Sociedade Thule que era um “grupo de estudo da antiguidade germânica” que era mais uma amontoado de mentiras pseudo-históricas.

Ou seja, encontramos neste programa pontos do programa, como:

  1. Apenas um membro da raça pode ser um cidadão. Um membro da raça só pode ser aquele que é de sangue alemão, sem consideração de credo. Consequentemente nenhum judeu pode ser um membro da raça.
  2. A abolição de rendimentos não adquiridos (trabalho e emprego). Quebra da escravatura do aluguel.
  3. Exigimos a nacionalização de todas as indústrias associadas (trusts).
  4. Exigimos uma divisão dos lucros de todas as indústrias.
  5. Exigimos uma reforma agrária adequada às nossas necessidades, a prestação de uma lei para a desapropriação de terras livres para fins de utilidade pública, a abolição dos impostos sobre a terra e a prevenção da todas as especulações de terra.

Em resumo, ao antissemitismo era tolerável pela alta burguesia que apoiava Hitler e que pagava as despesas de mais de três milhões de Sturmabteilung (SA) que foram armadas pelo pequeno exército alemão (Reichswehr), que possuía menos de cem mil soldados, mas tocar na propriedade privada proprietária (aluguel), a industrial (Trustes) e fundiária (reforma agrária) era impensável.

Com a revolta de Ernst Röhm, chefe das Sturmabteilung, fazendo uma campanha dentro das suas tropas contra o próprio partido (NSPDA) e com os compromissos que Hitler tinha assumido com os grandes capitalistas alemães, que já o subsidiavam há muito tempo, o vice primeiro ministro vice-chanceler alemão Franz von Papen profere um discurso em 17 de junho de 1934 escrito por um de seus assessores, Edgar Julius Jung, que contraria o nacional-socialismo.

Logo após este discurso o presidente Paul von Hindenburg que já estava muito adoentado chama Hitler e lhe dá um ultimato para que ele disciplinasse as Sturmabteilung e desse um jeito em Ernst Röhm, caso isto não ocorresse ele colocaria a Alemanha em lei marcial, retiraria Hitler do poder e colocaria os militares no seu lugar.

O que acontece em seguida, Heinrich Himmler, chefe das aristocráticas SS (Reichsführer das Schutzstaffel), junto com seu companheiro Reinhard Heydrich, inventam o golpe de Röhm (Röhm-Putsch), não que Röhm não desejasse golpear e assumir o poder, mas não tinha a menor preparação para isso e era leal ao seu Führer, é morto na noite de 30 de junho, conhecida pelos historiadores como “A noite das facas longas”.

Só um pequeno adendo, na mesma noite o escritor do último discurso público contra o nazismo, Edgar Julius Jung, também foi assassinado e posteriormente o vice primeiro ministro vice-chanceler alemão Franz von Papen pede demissão e é poupado simplesmente porque ele era NOBRE e católico conservador. Mais um fato insólito que podemos prever numa fantasia de futuro. Como pela lei alemã da época Röhm não poderia simplesmente ser assassinado, o então Ministro da Justiça Franz Gürtner cria uma lei retroativa que condena a morte e a prisão todos os que já estavam mortos e presos.

A evolução da retirada do poder dos Fasci di Combattimento, não necessitou de tanta dramaticidade, simplesmente porque o Exército Italiano era muito mais poderoso do que os bandos de Mussolini, entretanto há vários incidentes que poderíamos dizer, no mínimo estranhos, que vitimaram “acidentalmente” alguns líderes fascistas de primeira ordem como a de Italo Balbo que em 1940 tem o seu avião TRIMOTOR (Savoia-Marchetti S.M.79) abatido pela artilharia antiaérea italiana que confundiu com bombardeios ingleses BIMOTORES (Bristol Blenheim). O interessante que Mussolini em 29 de junho, ao saber da morte da Balbo, pronunciou um dúbio elogio: “um belo alpino, um grande aviador, um autêntico revolucionário. O único que teria sido capaz de me matar.” 

Referências: 

Squadrismo  https://en.wikipedia.org/wiki/Squadrismo e https://it.wikipedia.org/wiki/Squadrismo

Italo Balbo https://it.wikipedia.org/wiki/Italo_Balbo

Der Röhm-Pusch und die Stadt Gera http://www.gera-chronik.de/www/gerahistorie/chronik/details.htm?id=13E29974DCE&sf1=Flugplatz&sf2=&suchparam=

“Alle Revolutionen fressen ihre eigenen Kinder”

Das 25-Punkte-Programm der Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei http://www.documentarchiv.de/wr/1920/nsdap-programm.html

Die Neugründung der NSDAP 1925 https://www.dhm.de/lemo/kapitel/weimarer-republik/innenpolitik/neugruendung-der-nsdap-1925.html

Die Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (NSDAP) https://www.dhm.de/lemo/kapitel/weimarer-republik/innenpolitik/nsdap

Redação

8 Comentários

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    1. Talvez não tenha entendido a mensagem, a repressão dos movimentos de base de colocação no poder dos movimentos fascistas, resultou a troca do comando para movimentos mais elitistas e de uma direita mais intelectual, que resultou no pior.
      O que poderia ter deixado claro no texto, por exemplo, que o próprio Italo Balbo era completamente contra a introdução da legislação racista na Itália, chamou o Mussolini de lambe botas de Hitler (cara a cara) e por motivos que não eram os mais honestos, era contra a entrada da Itália na Guerra (achava que a Itália não estava pronta, ou seja, ele não era um antibelicista).
      Mas o importante de tudo é que o massacre promovido em toda a Europa de comunistas, socialistas, democratas, judeus, ciganos e homosexuals foi executado principalmente por comandantes da SS que eram doutores, não estou brincando, tinham comandantes dos grupos de extermínios que possuíam títulos de doutorado até em filosofia.
      Resumo: Combater a base deixando a cabeça dos golpistas do centrão, por exemplo, é substituir a SA pela SS.

  1. OK, o autor parte do argumento que uma organização, como a Frente Popular, levaria a estruturar a burguesia em torno da direita, financiando-a, pois uma Frente Popular seria uma ameaça. Um tipo de reação.
    É o tipo de raciocínio que paralisa a ação. E a desonestidade do raciocínio: quem não entende de História, quer Frente Ampa; quem entende, não quer. É um ou outro. Nojento.
    O apelo à História tem limitações que são típicas a sua época e à dinâmica política daquele momento. Não há nenhuma linha em torno dos acertos e erros das diversas frentes (sobretudo dos erros!), seja alemã, francesa ou espanhola. Dos grupos de autodefesa contra os agrupamentos nazistas/ fascistas (com essa “esquerda” mais preocupada com tintura no cabelo não dou fé, concordo).
    Se uma Frente Popular dará ou não certo, será por seus próprios méritos e/ ou vicissitudes.

  2. Poderíamos chamar de uma “Frente Ampla” a aliança comandada por Roosevelt, Stalin e Churchill ? Informaram-me que essa “Frente” derrotou o nazismo, o fascismo e o império japonês. Ou é tudo mentira ?
    Poderíamos chamar de uma “Frente Ampla” aquela aliança que formou o movimento “Diretas Já” e que resultou na Nova República ? Isso não é mentira, pois eu participei.
    Por que não houve força suficiente para impedir que Lula ficasse preso durante 580 dias com base numa fraude jurídica ?
    O esquerdismo continua uma doença infantil ou agora é um vírus benigno ?

    1. Meu Deus! Quanta falácia num só texto! Difícil até comentar, ainda bem que já o fizeram, obrigado! Mas ainda cabem muito mais comentários, com certeza.

  3. Frente de esquerda não é um saco de gatos, não se iludam, há uma possibilidade de criar uma frente de esquerda, que seria mais uma frente popular do que uma Frente Ampla, o que a maioria esta propondo é uma Frente Ampla.
    Pergunta: Qual a Frente Ampla que não terminou reforçando a direita?
    Esta piadinha de utilizar o livro Esquerdismo a doença infantil do comunismo. É para quem não lê Lenin.

  4. Marcos, meu caro. Não seja infantil, chamar a aliança militar de três países em guerra contra um terceiro agressor de Frente Ampla é um deboche da inteligência dos outros ou uma burrice da tua, espero que seja a primeira hipótese.
    Por outro lado, as Diretas Já resultaram no que, no governo Sarney e após FHC. Fantástica esta Nova República!

  5. O texto é interessante, mas há dois problemas que prejudicam sua intenção: primeiro a pontuação; uma revisão ajudaria muito. Segundo, em certas passagens a relação premissa-desenvolvimento-conclusão não está clara porque faltam informações para fazer essa ligação. É como se o autor escrevesse para quem já conhecesse esse seu raciocínio e por isso não precisasse a detalhes que, a outros, tornam-se indispensáveis.
    Certamente o assunto renderia muito mais com essas pequenas correções.

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