Vietnã ultrapassa Brasil em exportações e segue fortalecendo seus campeões nacionais!

É um dado chocante, mas é mais chocante ainda sabendo que a população do Vietnã é metade da Brasileira e seu território é 66 vezes menor que o do Brasil…

Vietnã ultrapassa Brasil em exportações e segue fortalecendo seus campeões nacionais!

por Paulo Gala, Daniel Bispo e Felipe Augusto

em seu blog

Matéria do Financial TImes: “O Vietnã está seguindo não apenas a Coréia do Sul – provavelmente o país que mais admira -, mas a sua vizinha e rival China, que priorizou a criação de grandes grupos domésticos e estabeleceu regras estritas sobre o que os estrangeiros poderiam fazer”.

Vietnã ultrapassa o Brasil entre os maiores exportadores do mundo. É um dado chocante, mas é mais chocante ainda sabendo que a população do Vietnã é metade da Brasileira e seu território é 66 vezes menor que o do Brasil… Ou seja, qual foi o grande acerto do Vietnã para esse sucesso? Já tendo as mínimas condições de sobrevivência, em 1986, o Partido Comunista do Vietnã, inspirado no socialismo de mercado chinês e preocupado com o fim da URSS, resolve também abrir o país para a competição mundial, tal qual a China tinha feito em 1978.

Em 1990, o PIB per capita do Vietnã era de 200 dólares, mas já em 2017, ele saltou para 2400 dólares. Desde as reformas, o Vietnã socialista cresce a uma média de 7,2%, sendo que as exportações crescem a uma média de 20% ao ano. Atualmente, 20% do PIB Vietnamita é composto pela indústria, que cada vez mais tem se tornado complexa, nacional e competitiva. O país também ostenta uma expectativa de vida de 76 anos, que é maior que a do Brasil. De sua população total, 92% têm acesso à eletricidade e 80% à água potável. A pobreza caiu drasticamente, saiu de mais de 50% para 15% da população em somente 20 anos. O Vietnã está saindo da periferia mundial para a relevância geopolítica e competição em tecnologias, um líder regional notável. De exemplo, a Viettel, uma empresa estatal do Vietnã, está lançando a Internet 5G em países como Laos, Camboja e Mianmar.

O Vietnã é um dos casos mais bem-sucedidos de integração às cadeias globais de valor (CGVs). Especificamente, encaixa-se bem no chamado paradigma dos gansos voadores, o desenvolvimento sequencial de indústrias característico da integração regional asiática. Trata-se de um processo de industrialização liderado pelas economias + dinâmicas da região. Teria se iniciado com o “ganso” líder Japão, que deslocou atividades produtivas mais simples, maduras e padronizadas p/ um 2º nível de países seguidores (os tigres asiáticos). Este modelo depende do Inv. Est. Direto (IED) proveniente das nações + desenvolvidas da região. De fato, as principais origens do IED no país são os tigres asiáticos e o Japão. Aprox. 1/3 da produção global dos smartphones da Samsung ocorre no Vietnã. Em 1986, ano das 1ªs reformas, o país exportava apenas bens primários. Trinta anos depois, eletrônicos e têxteis dominam a pauta exportadora. Em um contexto de avanço das CGVs, o fato do Vietnã ser um país pobre c/ grande população se tornou um atrativo. Portanto, o que vem acontecendo naquele país é uma brusca e clássica mudança estrutural. Nada menos do que ¾ da mão de obra vietnamita estava empregada na agricultura em 1991. Em 2017 caiu para 41%. O emprego na indústria, por sua vez, subiu de 9% para 25% no mesmo período.

O sucesso da pol. educacional do país é impressionante (21º entre 70 países no PISA). Porém, ainda é alto o desemprego entre graduados e 70% trabalha no setor público, indicando uma estrutura produtiva c/ limitada capacidade de absorção da MDO qualificada. Assim, o caso vietnamita precisa ser devidamente contextualizado. Fatores como a dinâmica da integração produtiva regional e o estágio inicial de desenvolvimento tornam o Vietnã um caso muito peculiar, não podendo ser automaticamente replicado em outros contextos.

http://documents.worldbank.org/curated/en/965641520866682470/Employment-structure-and-returns-to-skill-in-Vietnam-estimates-using-the-labor-force-survey

https://www.scmp.com/special-reports/business/topics/go-asia-vietnam/article/2120793/fdi-has-pivotal-role-play-vietnams

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/02/brasil-ranking-exportadores-omc.htm

http://revistaprincipios.com.br/artigos/92/cat/770/o-socialismo-no-vietn%C3%A3-de-1945-at%C3%A9-a-atual-renova%C3%A7&atildeo-.html

https://pt.actualitix.com/pais/vnm/vietna-populacao-abaixo-da-linha-de-pobreza.php

https://www.opengovasia.com/vietnam-to-launch-5g-technology-in-laos/

https://amp.ft.com/content/84323c32-9799-11e9-9573-ee5cbb98ed36?__twitter_impression=true
vietna_1972
vietna_1982vietna_1992vietna_2001

http://www.valor.com.br/internacional/4261670/para-o-vietna-tpp-traz-vantagens-e-desafios

https://www.ft.com/content/fddc2a32-50e1-11ea-90ad-25e377c0ee1f?segmentid=acee4131-99c2-09d3-a635-873e61754ec6
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11 Comentários

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  1. O GOLPE SUJO de 2016 quebrou o Brasil, que era a 6a. economia do mundo. Hoje estamos em queda livre. E os empresários brasileiros, apoiaram essa barbárie. Terão a vida toda para curtirem seu arrependimento.

      1. Caíram em 2009 por causa da crise mundial. Voltou a subir. De 2010 a 2012, ficou estável. Caiu em 13 e 14 quando começou o boicote políticomidiático. Subiu em 16 e 17 provavelmente pela queda do real.

      2. Caíram em 2009 por causa da crise mundial. Voltou a subir. De 2010 a 2012, ficou estável. Caiu em 13 e 14 quando começou o boicote político e midiático. Subiu em 16 e 17 provavelmente pela queda do real.

  2. “Vietnã ultrapassa o Brasil entre os maiores exportadores do mundo. É um dado chocante, mas é mais chocante ainda sabendo que a população do Vietnã é metade da Brasileira e seu território é 66 vezes menor que o do Brasil”
    Mais chocante ainda é saber que o Vietnã foi praticamente destruído por uma guerra a pouco mais de quarenta anos.
    Em breve seremos ultrapassados pela Etiópia e Somália.

  3. A explicação foi dada logo no início do artigo: “o Partido Comunista do Vietnã, inspirado no socialismo de mercado chinês e preocupado com o fim da URSS, resolve também abrir o país para a competição mundial, tal qual a China tinha feito em 1978”

    E nós, nessa mesma época, fechamos o país à competição. Ficamos naquela de empresas nacionais vendendo a empresas estatais que estavam obrigadas a comprar produto nacional. Isso é o mesmo que tirar dinheiro de um bolso e botar no outro. Como qualquer dono de botequim sabe, o que o enriquece é o dinheiro que sai do bolso do freguês e entra no dele.

    Nesse mundo globalizado, a solução é voltar a produção industrial para a exportação. O modelo nacional-estatista de substituição de importações chegou ao fim nos anos 80.

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