Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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Texto 1 – A culpa é das estrelas, por Fernando Horta

Texto 1 – A culpa é das estrelas, por Fernando Horta

Em 2008, o prejuízo mensurado pela crise financeira foi de US$ 22 trilhões apenas nos EUA. Quando o mundo tentava sair da imensa crise, em 2010 houve a crise da dívida da zona do Euro. O comércio mundial teve um refluxo de quase 40% em valor. O preço médio da gasolina no varejo norte-americano no período, que estava a US$ a 4,12 em junho, chegou a US$1,61 em novembro para se estabilizar em US$2,86 até 2010. O desemprego nos EUA que estava na ordem de 5 a 6% em 2007 atinge 10% em 2008 e se mantem no patamar acima de 8% até 2012. Para piorar a crise econômica norte-americana, a crise da dívida interna fez com que entre setembro e outubro de 2013 tivesse ocorrido o “shutdown” da máquina pública. Por 16 dias o governo deixou de pagar salários e pensões a todos os funcionários públicos em todo o país e no exterior. A situação só é contornada com a votação do aumento do teto da dívida pelo congresso no final de outubro.

Toda esta situação leva a percepção estratégica dos EUA a posições mais conservadoras com relação à concorrência internacional e ao mercado de hidrocarbonetos. Os EUA mantinham através da NSA (National Security Agency) um programa de arapongagem mundial sobre toda comunicação que pudesse ser captada por redes ou satélites. O início do programa é em 2001 tendo como desculpa a luta contra o terrorismo. Apenas em 2013 que Edward Snowden revela ao mundo a situação. A rede BBC publicou que a espionagem sobre o Brasil teria começado em 2011 (ou antes, segundo o jornal) e que estaria focada na presidenta, em seus assessores mais próximos e em pessoas do alto escalão da Petrobrás. O propósito econômico e político foi denunciado por Dilma em duro discurso em setembro de 2013 na ONU, tendo a presidenta cancelado visita aos EUA.

Em outubro e novembro de 2014, após resultado das eleições, são criados os movimentos do “Vem pra Rua” e do “Movimento Brasil Livre”, ambos com financiamento de congêneres em solo norte-americano. Tais grupos passam a fazer ativa oposição ao governo recém eleito, utilizando-se dos recursos financeiros nacionais e internacionais para atacarem a política de Dilma, já com claro interesse no impeachment. Liliana Ayalde, embaixadora americana no Brasil desde outubro de 2013, é também apontada como “agente de desestabilização” uma vez que esteve no Paraguai quando do golpe no presidente Fernando Lugo.

A postura de Dilma, de que o pré-sal deveria ter necessariamente a participação da Petrobrás em associação com empresas estrangeiras e a designação dos royalties para a educação e saúde, gerou um sinal de alerta para os interesses estrangeiros, que passaram a usar a narrativa do “livre mercado” e o “inchaço da Petrobrás” como forma de atacar o plano nacional de utilização dos recursos do petróleo. Em maio de 2013, o vice-presidente Joe Biden esteve no Brasil reunindo-se com a presidenta Dilma (onde fez pedido de mudança do marco de exploração), mas também com a presidência da Petrobrás, deixando pouco espaço para interpretações diferentes que não o explícito interesse norte-americano. Afinal, o pré-sal é avaliado em R$ 20 trilhões de reais com mais de 180 bilhões barris, o suficiente para os interesses estratégicos Yankees.

Como se não bastassem todas as evidências e datas acima, a postura brasileira, alinhada aos BRICS, parecia colocar um forte contraponto à ordem estabelecida após a queda do Muro de Berlim. Os chamados “emergentes” afinaram seus discursos e estavam inclusive organizando um Banco de Fomento internacional que viria a concorrer com o FMI, lançando as bases para uma nova ordem internacional. Ordem que, embora não pudesse desconsiderar o gigante norte-americano, certamente não seria mais ditada por ele. Enfraquecer os membros do BRICS significava não penas conservar uma hegemonia mundial, como também retardar o surgimento de qualquer ameaça ao chamado “sistema de Bretton-Woods”, ao grande capital.

O quebra-cabeças recebe outra peça quando se percebe que Sérgio Moro participou de treinamentos nos EUA sobre “Crimes Financeiros” em outubro de 2009. O juiz Moro também retornou diversas vezes aos EUA durante a realização da Lava a Jato, despertando curiosidade a respeito dos motivos de sua proximidade com o Departamento de Estado Norte Americano que parece estar negociando em conjunto – e sem o conhecimento do congresso nacional – os acordos de leniência e multas que estão sendo aplicadas sobre empresas brasileiras. Apenas sobre empresas brasileiras.

O interesse do alto capital norte-americano no Brasil não é novo, mas as evidências acima demonstram sobejamente que após a descoberta do pré-sal esta situação tornou-se mais evidente. O historiador Moniz Bandeira afirma que “o processo de impeachment (…) não se tratou de um ato isolado por motivos domésticos” e cita o interesse americano em toda a América Latina para implantar “bases militares” desde Ushuaia até a Tríplice Fronteira. O historiador ainda cita as atividades de desestabilização patrocinadas pelos irmãos Koch e pelo Tea Party que, segundo ele, desde 2013 promovem agitações no Brasil. Para Moniz Bandeira “há fortes indícios” da atuação norte-americana no Brasil e cita os anos de 2007, 2008 e 2009 que o juiz Sérgio Moro teria feito “cursos” dados pelos EUA. O dedo do Tio Sam parece inafastavelmente ligado aos eventos no Brasil desde 2013.

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

5 Comentários

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  1. a culpa….

    1964 ainda não acabou na cabeça da elite esquerdopata tupiniquim. E suas estratégias e inimigos continuam os mesmos. Chegaria até a ser cômico senão fosse tão tragico. Há muito, a graça perdeu espaço para o ridiculo. 

    1. Deixar os Torturadores viver impunemente, né?

      Pimenta nos olhos dos torturados, dos desaparecidos e de seus familiares é refresco nos olhos do Zé $érgio.

      Esqueçamos os criminosos, deixe-los viver impunemente.

  2. Como o primeiro parágrafo é igual em dois textos, faço um …..

    Como o primeiro parágrafo é igual em dois textos, faço um copia e cola da crítica ao mesmo.

    .

    .

    O texto pretende ser uma resposta às críticas levantadas no texto anterior, porém continua mais ingênuo ou mais mal intencionado como o primeiro, para fazer uma crítica vamos por partes.

    O primeiro parágrafo, além de citar dados que são conhecimento de todos, o articulista parece querer sustentar que a economia norte-americana vai mal como um sintoma do declínio do Império Norte-Americano, porém com estes dados escolhidos a dedo demostra toda a fragilidade não só das hipóteses mas sim do desconhecimento ou de um aparente desconhecimento da realidade econômica, por exemplo, a famosa taxa de desemprego que o autor coloca como um representação da queda do Império ele cita propositalmente as taxas de 2008 a 2012, esquecendo que os dados de emprego nos USA são bem atualizados e o desemprego no fim de 2016 fecha em 4,7%, ou seja, não nos níveis de 2012 como o autor cita. Se for por este índice o Império está mais vigoroso do que em 2007 antes da crise que segundo o mesmo variava entre 5% a 7%. Ou seja, mais uma vez o autor toma os leitores por imbecis.

    O pior de tudo é a citação do “shutdow” do governo em 2013 como fosse algo inédito na história norte-americana, o autor parece, ou faz parecer, desconhecer o histórico de fechamentos do governo norte-americano, que é uma característica que ocorre quando o congresso é de um partido e o governo do outro, só para mostrar o caso acrescento uma lista dos principais eventos ocorridos na história norte-americana:

    1790 – Financiamento guerra da secessão.

    1933 – Mudança de regras contábeis obrigando o pagamento em ouro as dívidas.

    1976 – Problemas de veto de lei durante o governo Gerald Ford.

    1977 – Vários problemas desde 12 de setembro.

    1978 – Governo Carter.

    1982 – 1987 Sucessivos shutdown do governo norte americano por diversas divergências com o congresso.

    1990 – George HW Bush de novo discordância entre congresso e poder federal.

    1995 – Governo Bill Clinton.

    2013 – Diversos “shutdowns” no governo Obama.

    Ou seja, o shutdowns surgem nos momentos em que o congresso é dos republicanos (ou dos democratas) e o congresso é do democratas (ou dos republicanos), o congresso num espírito mais ou menos tipo Aécio Neves, tranca algum refinanciamento que em outros governos seriam aceitos para “encher o saco” do executivo, logo não é um sintoma de crise coisa nenhuma.

    O preço da gasolina é um péssimo exemplo, pois este é mais de acordo com qualquer outra coisa do que uma crise no governo, pois o mercado não é regulamentado pelo mesmo nem há uma PetroUSA que regula os preços conforme as políticas governamentais.

    Cita no fim do primeiro parágrafo o aumento do teto da dívida, coisa que aparentemente vem ocorrendo já a mais de um século em determinados períodos, porém isto depois do fim do padrão ouro não tem grande significado, pois esta dívida é paga com uma coisa que não tem o mínimo valor intrínseco, o DOLAR.

    Conforme se pode ver, os argumentos do articulista são argumentos MAQUIADOS e completamente MENTIROSOS, pois lança a mão de períodos convenientemente escolhidos (como o desemprego), magnifica eventos que não representam nada mais do que querelas palacianas (Shutdown) e a partir disto começa a BOSTEJAR conclusões a partir de elementos falsos.

    É muita desonestidade intelectual para o meu gosto e não perderei meu tempo demostrando que as bobagens que são colocadas no que segue são bobagens, vai ser picareta assim no raio que o parta.

  3. Os EUA não têm mais medo do Brasil virar Cuba

    “Pensaduras

    Papo-cabeça do Pittboy Lincoln Gordon, embaixador americano que articulou o golpe de 1964, diz que o Porco do Bill ajudou os golpistas por achar que o Brasil ia virar mais uma Cuba. E se virasse, o que é que tinham com isso? Em todo caso, as esquerdas jamais chegariam ao poder pelas armas. No dia do golpe, milhares caíram presos completamente desarmados. O argumento de Gordon é irmão do argumento dos pittboys que espancaram a doméstica Sirley no Rio porque acharam que ela era mais uma prostituta. E se fosse, o que é que eles tinham com isso?”

    Milton Severiano, Caros Amigos.

    https://midiaindependente.org/pt/blue/2009/03/443625.shtml

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