Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

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  1. Derrubaram página do Renato Janine no facebook

    Após ter página derrubada, Renato Janine volta ao Facebook

     

    19 de março de 2016 Revista Forum

    http://www.revistaforum.com.br/2016/03/19/apos-ter-pagina-derrubada-renato-janine-volta-ao-facebook/ 120  0  Facebook Twitter 

    Filósofo e ex-ministro da Educação foi bloqueado na rede social após uma série de denúncias articuladas afirmando que ele não era o real dono de sua própria página. “É esse tipo de ódio, de que fui alvo anteontem e ontem, que faz um país perder sua alma. Para isso, é difícil haver cura”, escreveu

    Por Redação

    renato janine facebook

    O filósofo e ex-ministro da Educação do governo Dilma Renato Janine Ribeiro teve sua página pessoal no Facebook restabelecida após ter seu acesso bloqueado à rede social. O espaço ficou fora do ar por conta de uma série de denúncias articuladas denunciando que ele não seria o verdadeiro dono da própria página.

    “O que pensar disso? Que, possivelmente, num momento de conturbação como o que vivemos, há extremistas interessados em calar vozes que tomam posição política, sim (sou a favor da esquerda), mas de maneira moderada e mantendo o diálogo”, escreveu, empostagem publicada na manhã de hoje. “Minha crença, e receio, é que seja mais um sinal de que há gente querendo impedir qualquer diálogo.”

    A página do filósofo saiu do ar após Janine publicar o texto “Acham que pegaram Lula e Dilma. Na verdade, pegaram você”, reproduzido abaixo. Em sua postagem de retorno ao Facebook, Janine deixa um alerta. “É esse tipo de ódio, de que fui alvo anteontem e ontem, que faz um país perder sua alma. Para isso, é difícil haver cura. Um ou dois anos de medidas econômicas duras fazem superar uma crise (tomara). Assassinar o tecido social é muito mais grave, dura muito tempo, e às vezes nem tem remédio.”

    Acham que pegaram Lula e Dilma. Na verdade, pegaram você

    Esqueçam por um momento que foram Dilma e Lula os grampeados ilegalmente ontem à tarde. Pensem que, agora, não há mais limite algum ao grampo ilegal e a seu uso igualmente ilegal. A qualquer momento, um policial e um juiz podem mandar gravar você. Você, empresário, psicólogo, o que seja. Conheço psicólogos que atendem pelo telefone. Podem ser grampeados – e com boas razões, porque, afinal, há clientes que superfaturam ou corrompem, e que contam isso ao terapeuta. Há sacerdotes que ouvem confissões. Confissão é de coisa errada, não é? Ótima razão para gravar e apurar. Empresários podem sonegar, ótima justificativa para grampeá-los, todos, não é? Mesmo que não soneguem. Isso já começou, quando o sigilo acusado-advogado foi rompido. Claro, o acusado é bandido, não é? E nestas gravações, caro amigo, cara amiga, podem descobrir coisas que nem desonestas são, mas que vão te causar um mal danado. Podem descobrir, empresário, que você pretende lançar um novo produto na praça. E podem divulgar este segredo para seu concorrente. Podem descobrir que o analisando teve um filho antes de casar, que pretende reconhecê-lo, mas que está difícil fazer isso porque vai dar problemas com o cônjuge. Todo mundo tem uma vida íntima. Esta vida íntima pode ser gravada. Pode ser divulgada pela Internet ou vendida a uma pessoa que não gosta de você. 

    É por isso que as liberdades burguesas – faço questão de usar o nome meio pejorativo que a esquerda lhes deu, mas que tem uma certa razão, porque são liberdades do indivíduo contra a interferência do Estado – são tão importantes. Hoje muitos estão felizes porque acham que pegaram Lula e Dilma. Na verdade, pegaram você. Você não tem mais proteção contra os agentes da lei. Eles farão com você o que quiserem. Poderão chantagear você. 
    E não venha com o quem não deve não teme. A vida íntima não é feita de ilegalidades. Ela é feita de segredos, sim, que ninguém tem o direito de invadir. Ninguém tem o direito de saber uma multidão de coisas que são suas. OK, Mark Zuckerberg sabe. Mas ele está interessado em big data e não em você especificamente. Então fique contente, e quando sua vida pessoal for exposta, lembre que você apoiou isso.

    (Reflexão depois de ouvir a gravação Lula-Eduardo Paes. Nada de relevante para a sociedade saber, Nada mesmo. Puro exercício de prepotência: vejam quem manda. E mesmo isso – a brincadeira de Paes que Lula, você tem alma de pobre – está vindo à tona. Quando pegarem sua vida íntima, debocharem de seus gostos, venderem sua intimidade, aproveite sua descida aos infernos para fazer contrição, confissão, talvez comunhão)

     

  2. Moro, o juiz único e irrecorrível. Não é mais o “juiz natural”,

    Tijolaço

    Moro, o juiz único e irrecorrível. Não é mais o “juiz natural”, é o juiz sobrenatural

     

    secaojudicial

    Ontem, numa manifestação de advogados, Técio Lins e Silva, uma dos mais conhecidos advogados criminalistas do Brasil, deu à platéia uma informação essencial.

    Disse que há uma portaria da Seção Judiciária Federal do Paraná que, há tempos, retira a 13a. Vara Federal do Paraná, onde atua Sérgio Moro, do sistema de distribuição processual de processos.

    A confirmar-se isso,  Sérgio Moro, ao contrário de 20 mil juízes do país, de todos os desembargadores de Câmaras Cíveis ou Criminais, de todos os ministros do STJ, do TST, do STM e até do STF, é juiz de uma única causa.

    Não é mais juiz para o comum dos mortais, é só para os “matáveis”.

    Só pensa naquilo, como dizia o Jô Soares.

    Desafio a que algum juiz de todo o Brasil possa dizer que o autorizaram a se dedicar a apenas um caso. Não existe

    Os promotores e juízes fazem comício, dizendo que a crítica política a Moro é uma “ameaça ao Judiciário”.

    E que só admitem que suas decisões sejam questionadas  nos autos, com os recursos próprios.

    No caso, um recurso ou reclamação à Seção Judiciária Federal do Paraná, à qual ele, em tese, se vincula.

    Só que a Seção Judiciária Federal do Paraná já anuncia que ele tem toda a razão em tudo, previamente.

    Como na divulgação dos áudios do grampo das conversas de Lula com ministros e a Presidente da República.

    A Direção do Foro da SJPR, órgão oficial da Justiça Federal, se solidariza e  publica esta solidariedade no site oficial do Tribunal Regional Federal do Estado, em inteiro apoio à posição do órgão corporativo dos juízes federais que considera que Moro está certíssimo ao divulgar os conteúdos dos grampos que ele próprio mandar parar de serem feitos e atingem a mais alta autoridade da República.

    Então caminho é recorrer a quem, antes que você recorra, já diz que Moro está certo, certíssimo e que “não vai admitir ataques pessoais de qualquer tipo, principalmente declarações que possam colocar em dúvida a lisura, a eficiência e a independência dos juízes federais brasileiros”?

    Houve uma completa subversão da ordem dentro do Judiciário.

    É óbvio que não pode um órgão administrativo de juízes fazer aquilo que a lei não permite que um só juiz faça: ” manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem”.

    É o artigo do inciso III do artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura.

     

    Ou há leis não escritas e outra Constituição na República de Curitiba?

    Pois, senhores, podem crer: há gente que, sem seus altos salários, seu auxílio-moradia para morar na própria casa, sem “carteiraço” para dar, conserva a inteligência e a dignidade.

    O povo brasileiro lhes deus as prerrogativas da magistratura para serem juízes equilibrados e decorosos, não para serem tiranetes das Araucárias.

    http://tijolaco.com.br/blog/moro-o-juiz-unico-e-irrecorrivel/

     

  3. A diferença entre um Ministro da Justiça e um bobo pomposo

    Tijolaço

    A diferença entre um Ministro da Justiça e um bobo pomposo

     

    zeduardocarbobo

    Da entrevista dada à Folha pelo Ministro da Justiça Eugênio Aragão, ex-vice chefe do Ministério Público, para que fique bem claro que ser republicano não é ser omisso, mas respeitar tanto a lei que não admita vê-la descumprida:

    “O sr. identificou abusos na Lava Jato em relação à PF?

    É difícil divisar no Paraná [onde ocorre a investigação] quem é quem. O próprio uso da delação premiada tem pressupostos. No Direito alemão, a colaboração tem de ser voluntária. Se houver dúvida sobre essa voluntariedade, não vale. Na medida em que decretamos prisão preventiva ou temporária em relação a suspeitos para que venham a delatar, essa voluntariedade pode ser colocada em dúvida. Porque estamos em situação muito próxima de extorsão. Não quero nem falar em tortura. Mas no mínimo é extorsão de declaração. Se a gente tolera que o grandalhão vai para cadeia enquanto não resolve abrir a boca, então o pequeno pode ir para o pau de arara.

    E o vazamento de delação, preocupa?

    Aí nós temos uma atitude criminosa, porque quem vaza a delação está querendo criar algum tipo de ambiente.

    Mas esse vazamento pode vir da própria polícia…

    Estou falando de polícia, Ministério Público, do juiz, e eventualmente do advogado. Mas o advogado tem uma vantagem: não é agente público. Mas os agentes públicos têm código disciplinar. O Estado não pode agir como malandro. A minha grande preocupação é com a qualidade ética desses agentes. Se vaza, é coisa clandestina. Se vaza, esse agente está querendo atribuir um efeito a esses atos públicos, que são essas delações.

    Mas poderia o ministério punir algum agente que vazou?

    A primeira atitude que tomo é: cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora, quero também que, se a equipe disser “não fomos nós”, que me traga claros elementos de quem vazou porque aí vou ter de conversar com quem de direito. (Nota do Tijolaço: no caso do MP, com Rodrigo Janot) Não é razoável, com o país num momento de quase conflagração, que os agentes aproveitem esse momento delicado para colocar gasolina na fogueira.

    A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, como se vê, preenche uma lacuna na República brasileira. Acabou o “me engana que eu gosto”. Polícia pra valer é polícia que cumpre a lei. Porque, como diz muito bem Aragão, “O Estado não pode agir como malandro”.

    Nada a acrescentar.

    http://tijolaco.com.br/blog/diferenca-entre-um-ministro-da-justica-e-um-bobo-pomposo/

  4. ‘Não acho que o fascismo vai vir, ele já está aqui’, diz Laymert

    Da RBA

    Admirável mundo novo

    ‘Não acho que o fascismo vai vir, ele já está aqui’, diz Laymert Garcia dos Santos

     

    Para sociólogo da Unicamp, a esquerda brasileira precisa compreender o funcionamento das estratégias tecnológicas para se defender de situações como o grampo contra Lula e Dilma  por Eduardo Maretti, da RBA publicado 19/03/2016 10:55, última modificação 19/03/2016 12:06   Reprodução/Youtube Laymert Garcia dos Santos

    “É preciso anunciar, por cadeia de rádio e TV, o corte dos subsídios dos meios de comunicação golpistas”

    São Paulo – Aproveitando o “gancho” do grampo e a divulgação, na quarta-feira (16), da conversa telefônica entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff, o ex-agente de inteligência da NSA, Edward Snowden, postou no dia seguinte, em sua conta no Twitter, uma séria advertência ao governo brasileiro. “Going dark é um conto de fadas: três anos depois das manchetes de escutas de Dilma, ela continua fazendo ligações não criptografadas”, escreveu Snowden. Na mensagem, ele faz uma montagem gráfica lembrando os grampos do governo dos Estados Unidos contra a presidenta brasileira.

    O termo going dark pode ser traduzido como “movimento no escuro”. É um termo para iniciados em linguagem cibernética. Diz respeito à utilização da criptografia (escrita em caracteres ou cifras secretas). O sociólogo Laymert Garcia dos Santos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), interpreta a mensagem de Snowden como “luminosa”, e diz que a esquerda brasileira não está percebendo que o golpe está literalmente em marcha, e que ele é operado tecnologicamente: “Não existe uma leitura do que está acontecendo, por parte do governo, nem do PT, nem da esquerda como um todo. As pessoas se espantam com o processo, mas não estão se preparando para se defender antes de as coisas acontecerem”, diz.

    Entender a utilização de estratégias tecnológicas é vital para evitar situações como o grampo contra Lula e Dilma, diz Laymert. A capacidade de reagir e contra-atacar da esquerda brasileira, neste momento de “ruptura com o regime democrático”, passa pela compreensão dos meios sofisticados utilizados pelas esferas que detêm o conhecimento tecnológico. Sem esse entendimento, a esquerda ficará mais e mais acuada.

    Apesar de tudo, ainda há uma boa notícia, acredita o sociólogo: o fato de que a esquerda começa a reagir e já há resistência ao golpe. “Mas não basta reagir como tática defensiva. É preciso mostrar à população o que está em jogo, mostrar onde está o problema, e não só se defender, mas começar a atacar.”

    Laymert falou à RBA:

    Como você analisa a declaração de Edward Snowden no twitter: “Três anos depois das manchetes de escutas de Dilma, ela continua fazendo ligações não criptografadas”?

    No meu entender, o comentário do Snowden é pequeno, mas luminoso. Ele mostra o despreparo do governo brasileiro e da presidenta com relação ao próprio processo e a estratégia que está em curso de desestabilização, na medida em que ele comenta que três anos depois de ter sido revelado o grampo da NSA contra Dilma e outros chefes de Estado, ela ainda se comunica sem criptografia. Significa que isso não entrou no âmbito do governo, dos políticos ou da máquina do Estado, que precisava ter uma precaução de defesa, e nada foi feito nesse sentido.

    Não existe uma leitura do que está acontecendo, por parte do governo, nem do PT, nem da esquerda como um todo. As pessoas se espantam com o processo, ficam abismadas com o grau de violência, mas não estão se preparando para se defender antes das coisas acontecerem. O governo não tem uma visão estratégica sobre o que está acontecendo.

    Esse é um problema mais da esquerda brasileira ou se pode generalizar para a esquerda mundialmente?

    Acho que tem um problema com a esquerda brasileira, que tem um bom-mocismo e uma ingenuidade muito grande. Existem teorizações a respeito de que tipo de política é essa, uma estratégia de produção do caos, que é feita como guerra contemporânea. Isso não é levado em conta aqui. A pessoa que fez a melhor leitura do que está acontecendo é o Luis Nassif, que mostra no blog dele qual é o sentido de produção de caos como uma estratégia.

    A esquerda insiste que o problema é Moro, mas Moro é apenas o operador da estratégia, ele nem tem preparo para pensar essa estratégia, não tem vocabulário, nem pensamento para fazer uma estratégia como essa. O foco não está onde deveria estar, que é onde o Nassif chamou de “alto comando”, que é a procuradoria, Janot, a equipe dos procuradores, o nível de articulação do alto judiciário, que é a cabeça dessa estratégia de desestabilização. Lula argumenta que há esperança na instância superior, de que quando chegar, no limite, no Supremo, vai haver uma reversão das violências. É uma crença que não tem mais base, porque, mais do que sinais, há atos e omissões que mostram que não cabe mais a esperança de que a Constituição será em última instância defendida. A Constituição já foi violada “N” vezes nos últimos meses, e nas últimas semanas de modo absolutamente escandaloso. Não cabe mais a expectativa de que em última instância a República será salva.

    Assim como em relação à tecnologia, a esquerda também é ingênua quanto ao Direito, como disse o jurista Bandeira de Mello: “A esquerda tem um defeito, a meu ver: é o desprezo pelo Direito”?

    Exatamente. Acho até que esse despreparo num terreno tem a ver com o outro. O despreparo do governo em lidar com a questão da criptografia não diz respeito só à questão tecnológica. É, também, mas é sobretudo estratégico. Não sei onde está a inteligência do governo. Não sei onde estão as pessoas que sabem fazer a leitura sobre essa desestabilização que se compara com outras que já aconteceram no passado. Parece que não tem quem faça essa leitura.

    No diálogo da Dilma com o Lula, sobre a condução coercitiva do Lula, dá impressão de que eles não estavam sabendo nada do que estava acontecendo! Mostra que não existia da parte da assessoria deles ninguém alertando em que pé estava o jogo. Por outro lado, você vê que a militância está acordando, e existe energia para resistir. Mas só existe energia pra resistir se houver rumo, e só há rumo se houver clareza com relação a saber em que jogo se está.

    Estamos à beira de uma realidade fascista que pode predominar?

    Não é que isso já está no ar, já está acontecendo. Minha referência é o que aconteceu nos anos 1930, com a progressão dos enunciados até se chegar à enunciação não só da solução final, mas da guerra total. Não acho que o fascismo vai vir, ele já está aqui.

    Mas ele pode ser organizado e se tornar dominante?

    Claro que pode. Estamos vivendo uma espécie de fascismo de rua, mas ele é concomitante com toda uma argumentação jurídica que está sendo construída, que é ilegal e inconstitucional, uma ruptura com o regime democrático e com os princípios da Constituição. Estamos vendo a construção disso tudo, através das violências jurídicas e do estabelecimento de uma nova jurisprudência, entre aspas, que lembra muito o tempo do fascismo.

    No entanto, no próprio Supremo existem ministros como Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e mesmo Marco Aurélio Mello que têm defendido pontos de vista constitucionais…

    Mas tem que ver concretamente o que está sendo produzido do ponto de vista jurídico como legitimização de algo que é impensável e inadmissível em termos constitucionais, e que continua evoluindo.

    Diante desse quadro, há possibilidade de a sociedade e as instituições reagirem?

    Acho que potencial para reagir é claro que tem. Mas acontece que, primeiro, as vozes que elaboram alguma coisa são pouquíssimo ouvidas, a começar pelos próprios juristas, porque tem toda uma despotenciação das vozes críticas; mas, por outro lado, da parte do governo e do próprio PT tem que ir além da reação. Começou até se esboçar uma resistência. Antes não existia nem resistência. Mas a resistência não pode ser só uma coisa defensiva, tem que avançar, porque senão não vai dar tempo.

    Avançar como?

    É preciso dar inteligibilidade para a suposta maioria da população brasileira, com atos fortes, mostrar à população o que está em jogo, mostrando onde está o problema, e não só se defender, mas começar a atacar, porque até agora não houve ataque. Antes não tinha reação. Agora começou a ter reação, mas até agora a reação é de pura defesa.

    O que seria uma reação de ataque?

    Por exemplo, anunciar por cadeia de rádio e televisão o corte dos subsídios (por meio de verbas publicitárias) dos meios de comunicação golpistas. Ficaria claro para a população um pronunciamento nesse sentido. A gente já passou da fase de tentar negociar. Eles não negociam nada. Não tem o que negociar.

    http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/03/nao-acho-que-o-fascismo-vai-vir-ele-ja-esta-ai-diz-laymert-garcia-dos-santos-4017.html

     

  5. Citado por Moro, Watergate

    Citado por Moro, Watergate gerou grande expectativa (e desilusão) nos EUA

    João Fellet – @joaofellet da BBC Brasil em Washington (EUA)19 março 2016

    Citado pelo juiz Sérgio Moro em despacho na quinta-feira, o escândalo de Watergate provocou uma das mais graves crises institucionais da história dos Estados Unidos e, como a Operação Lava Jato, gerou grandes expectativas de mudanças na política americana.

    Muitos acreditavam que o caso ─ que levou à renúncia do presidente Richard Nixon em 1974 ─ ampliaria o controle sobre as campanhas eleitorais e ameaçaria o domínio dos principais grupos políticos.

    Quarenta e dois anos depois, porém, os partidos Democrata e Republicano continuam a se revezar na Casa Branca, e a disputa pela sucessão de Barack Obama deverá ser a campanha eleitoral mais cara da história do país.

    Leia também: Comissão do impeachment é instalada com tensão e incerteza sobre qual lado está mais forte

    Moro se referiu ao Watergate ao justificar a divulgação de gravações de telefonemas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.

    “Ademais, nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente, podendo ser citado o conhecido precedente da Suprema Corte americana em U.S. v. Nixon, 1974, ainda um exemplo a ser seguido”, afirmou o juiz em despacho.

    Image copyright Getty Image caption Moro citou Watergate ao justificar divulgação de conversas entre Lula e Dilma

    Na disputa judicial citada por Moro, o procurador Leon Jaworski, que investigava ações ilegais para desestabilizar a campanha de um político rival a Nixon, pediu acesso a gravações de conversas entre o presidente e assessores feitas pela própria Casa Branca.

    O presidente recorreu à Suprema Corte alegando que o cargo lhe garantia imunidade judicial e que sua comunicação com auxiliares deveria permanecer sob sigilo. Mas a corte decidiu que as gravações deveriam ser entregues, acelerando a renúncia de Nixon.

    Grampos na campanha

    A crise começou a ser gestada em 1972, quando um grupo invadiu o prédio Watergate, em Washington, para fotografar documentos e instalar grampos telefônicos num escritório do Partido Democrata, que fazia oposição a Nixon e apoiava a candidatura de George McGovern à Presidência.

    O objetivo era obter informações que favorecessem a reeleição de Nixon, do Partido Republicano.

    Cinco homens foram presos em flagrante durante a invasão. Investigadores descobriram que um deles havia recebido US$ 25 mil da campanha de Nixon, que, no entanto, conseguiu se reeleger.

    Conforme a investigação prosseguia, assessores próximos de Nixon foram implicados. Em 1973, o Senado também passou a fazer diligências sobre o episódio e soube que a Casa Branca gravava por conta própria todas as conversas do presidente no Salão Oval, o que levou ao pedido de acesso às fitas.

    As gravações revelaram que Nixon havia discutido com assessores formas de obstruir as investigações.

    O presidente renunciou antes que o Congresso votasse seu impeachment, em 8 de agosto de 1974. Seu vice, Gerald Ford, assumiu e lhe concedeu um perdão presidencial, tornando-o imune a punições por atos cometidos em sua administração.

    O Watergate levou à condenação de 48 funcionários do governo americano, muitos dos quais acabaram presos.

    Limpeza na política

    Uma reportagem publicada na revista U.S. News & World Report poucos dias após a renúncia de Nixon dizia que o caso teria um impacto “profundo e duradouro” na política americana e “higienizaria” suas práticas.

    A reportagem afirmava que, entre outros efeitos, o episódio afastaria os eleitores dos partidos políticos, pondo em xeque o sistema bipartidário americano, e aumentaria o controle sobre doações eleitorais.

    O Congresso chegou a aprovar uma reforma eleitoral, criando um fundo público para financiar campanhas, proibindo doações secretas e definindo limites para os repasses.

    Mas aos poucos a Suprema Corte anulou a reforma ao decidir que controlar as doações eleitorais ameaçaria a liberdade de expressão.

    A polarização entre os partidos Republicano e Democrata tampouco foi quebrada: todos os presidentes que assumiram desde Nixon pertenciam a uma das siglas.
     

    Lições esquecidas?

    Com o quadragésimo aniversário do Watergate, muitos órgãos de imprensa analisaram seus legados.

    Um artigo na CNN questionava se o país havia esquecido uma lição chave do caso ao permitir que empresas e sindicatos doassem valores ilimitados aos chamados Super PACs (Comitês de Ação Política).

    Em tese independentes, esses comitês podem patrocinar comerciais ou eventos favoráveis ou contrários a candidatos.

    Na prática, são usados por políticos para driblar restrições a doações e preservar doadores, já que os comitês podem divulgar suas identidades só depois das eleições.

    Estima-se que a campanha de 2016 custará até US$ 10 bilhões, valor equivalente ao PIB de Madagascar e cinco vezes maior que as quantias arrecadadas por Barack Obama e Mitt Romney na corrida de 2012.

  6.  
    ENTREVISTA | Tales

     

    ENTREVISTA | Tales Ab’Saber

    Tales Ab’Saber: “Impeachment artificial faz Brasil abrir fraturas expostas a cada dia”

    Para Ab’Saber, instabilidade política vem de novidades institucionais, mas também de irresponsabilidade

       São Paulo 19 MAR 2016 – 18:09 BRUma coisa chamou a atenção de Tales Ab’Saber nas últimas semanas: o fato de que seu livro Lulismo, Carisma Pop e Cultura Anticrítica, publicado em 2010, já será relançado pela editora Hedra. A surpresa vem do fato de que apesar de passados apenas cinco anos, um contraponto histórico já se faz necessário: o Brasil passa por um momento tão turbulento que a sociedade perdeu um pouco da real dimensão do patamar em que o país se encontra.
     O livro é uma forma de reencontrar o Brasil de 2010 e analisar as fraquezas e virtudes da persona política do ex-presidente que hoje é alvo da Operação Lava Jato e dos protestos que foram às ruas no domingo (13). Psicanalista, Ab’Saber é professor da Unifesp e procura estudar a política de perspectivas diferentes. Para ele, uma das questões fundamentais deixadas de lado por analistas é o papel da personalidade na vida política. Em entrevista ao EL PAÍS, ele usa essas ferramentas para analisar o atual momento e seus principais atores.Pergunta. O processo de impeachment esfriou no final do ano passado, mas o cenário mudou radicalmente nas últimas semanas. Como você avalia o momento?

    Resposta. É um momento em que, mais uma vez, tudo está em aberto. O ano terminou bem para o Governo, com vitórias no STF e defesa nas ruas, mas está claro que tudo mudou novamente. Agora o Governo está mais fraco do que nunca e existem todas as condições para que ele seja derrubado no Congresso. Agora, é preciso dizer que esse processo de impeachment é muito estranho. Ele se renova todos os dias. É só reparar que ninguém sabe ao certo o que se alega. É um processo temporal e artificial. É claro, ele tem apoio de setores da sociedade, mas está sendo tocado por outros interesses. Isso faz com que o Brasil viva abrindo uma fratura exposta a cada dia. O Governo não pode governar e esse é um dos caminhos pelo qual parte da oposição tem trabalhado pelo impeachment. Se você impede o Governo de governar, você trava tudo, enfraquece. É algo irresponsável e tem custado muito caro para o país. Vou pegar um exemplo simples: a oposição votou contra princípios que ela própria sustenta ao longo de 2015. Isso é o jogo perverso da política e deslegitima as posições da oposição, aprofunda a crise. Mas, como eu disse, a situação está muito delicada para o Governo. A última alternativa do Governo agora é tentar jogar e ganhar no jogo da política, mas nisso ele já provou que vai muito mal.

    P. Trazer o ex-presidente Lula para o ministério é uma forma de tentar jogar esse jogo de forma mais hábil?

    R. Certamente o Lula é muito mais hábil do que a Dilma, mas essa situação de ele ser ministro é muito excêntrica. Não há garantias que isso dê certo. Ele não concorda com o Governo dela em certos aspectos e tem feito um discurso de oposição ao Governo. Como vai ficar agora? É tudo muito clivado, mas é importante dizer que não há nada ilegal nisso. A presidenta tem direito de colocar o Ministro que quiser. Essa discussão e esse movimento de tentar impedir que ele assuma são ilegais. Essas pessoas e juízes estão querendo intervir no processo da política com leis que não existem. Eles podem criticar moralmente, ir para a rua, votar, mas não intervir nos direitos da presidência. O escândalo estratégico e furioso que a oposição produziu nas ruas com a posse do Lula, envolvendo a ação desses juízes, tem como único objetivo desestabilizar e deslegitimar a ação política do ex-presidente. Isso tudo foi feito para não deixar o Lula agir, para tirar a única força do Governo.

    P. Você falou da habilidade de Lula para a política e tem dois livros tratando das personalidades dele e da presidenta Dilma (Dilma Rousseff e o ódio político, também da editora Hedra). Como está analisando as ações deles nesse momento?

    “O caso de Lula e Dilma, por exemplo, são completamente opostos. A habilidade que ele tem em tecer acordos, em seduzir, em atrair forças populares é tudo que ela não tem”

    R. O Lula é uma figura extremamente complexa. Ele foi descobrindo com o passar dos anos o poder da sua sedução natural, o poder do seu sistema de linguagem. O meu estudo é sobre as funções da personalidade nas ações políticas. Em uma democracia complexa como a nossa, isso conta muito. O caso de Lula e Dilma, por exemplo, são completamente opostos. A habilidade que ele tem em tecer acordos, em seduzir, em atrair forças populares é tudo que ela não tem. Foi depois do Mensalão, em que o PT sofreu um baque muito forte, que Lula se viu sozinho e assumiu, de vez, essa consciência de seus poderes carismáticos. Assim, o discurso que ele fez depois do depoimento que deu para a Polícia Federal foi extremamente calculado. Ali está o afeto, o brasileiro sensível e cordial que demanda ser compreendido pelo outro exatamente porque é capaz de compreendê-lo. É um discurso baseado em um jogo de sentidos muito complexo.

    P. Você acredita que ele está sendo irresponsável ao fazer isso? Acirrando ainda mais os ânimos?

    R. Não. Isso é a regra do jogo. São habilidades que ele pode usar. Há que se reconhecer também que até agora o Lula teve um senso muito preciso das instituições e da democracia. Em nenhum momento, por exemplo, ele sinalizou que tentaria um terceiro mandato. Há que se dar o crédito a ele. Ele foi pouco democrático ao lançar uma sucessora? Não. É do jogo.

    P. E a personalidade da Dilma?

    R. Como disse, é oposta. Ela tem imensa dificuldade em operar os outros e as forças que a cercam. Em ser clara. Em agregar forças. Nesse sentido ela é uma má política. E é nisso que a oposição bate. Ela deve ser afastada, porque ela é um problema para o Brasil. Só que isso é ilegítimo. Ela foi eleita. Agora deveriam suportar o tempo que a lei a faculta para governar.

    P. Nesse momento de acirramento de ânimos, há quem fale em um processo de “venezuelização” do Brasil. Como você avalia a situação?

    R. Antes de qualquer avaliação é importante dizer que a questão da ideologização é algo mundial atualmente. Vem dos setores à direita da sociedade e está acontecendo nos EUA, na Europa e no Brasil. Em diferentes chaves, claro, mas de forma semelhante. É um resultado de segundo tempo das manifestações do tipo occupy, que foram direcionadas ao sistema financeiro mundial. No momento, o que está acontecendo é que posições de direita e extrema-direita começam a ganhar força por causa das mesmas contradições dessa ordem econômica global. O problema dos imigrantes na Europa, por exemplo, facilita esse discurso de direita. Nos EUA, a figura é o Trump, que projeta uma dinâmica paranoica no país. O que se vê é que em todos esses lugares o caminho do meio da sociedade e da política tem dificuldade de responder à crise econômica mundial e perde espaço para discursos extremados.

    P. E como o Brasil aparece aí?

    “O processo histórico avançou, as coisas mudaram, mas a ideologia resiste. Essa é a parte que deixa o debate surdo, sugerir que o PT é comunista é uma alucinação”

    R. A crise de 1929 acabou gerando os fascismos das décadas seguintes. Não estou dizendo que há horizonte para algo semelhante agora, mas é fato que estão surgindo posições extremadas e autoritárias, inclusive dentro do Congresso. O que acontece agora aqui é que há alguns discursos contrários ao Governo. Um deles, mais autoritário, não foi capaz de compreender o sucesso capitalista dos 8 anos de Governo Lula. Não foi capaz de ver que as coisas não se resumiram a uma festa ideológica. Essas pessoas nunca entenderam que o processo brasileiro não foi sequer semelhante ao venezuelano, por exemplo. Por isso, há uma tentativa clara e uma voz delirantes na rua que tenta voltar a um discurso anterior ao desenvolvimento lulista, de que ele representa o atraso e um perigo. Isso não é verdade, não se confirmou historicamente. Aí a gente vê a resistência da ideologia. O processo histórico avançou, as coisas mudaram, mas a ideologia resiste. Essa é a parte que deixa o debate surdo, sugerir que o PT é comunista é uma alucinação. Parte da oposição à direita, contudo, tem se aproveitado disso. Tratar uma democracia complexa como a nossa em termos de Guerra Fria? Não tem cabimento. E é um problema porque impede que as pessoas entendam a situação real em que o Brasil se encontra.

    P. Onde está o Brasil nesse momento?

    R. Em termos macro institucionais, a grande novidade é a forte entrada em cena, algo revolucionária, do Judiciário no jogo político brasileiro. Existem duas avaliações sobre isso. Uma é que esse novo papel da Justiça está alinhado com a centro direita e que é um processo eleitoral. Outra é que esse processo é de autonomia e está estabelecendo um novo patamar e novos critérios de funcionamento da justiça brasileira. Eu sempre acreditei que a Operação Lava Jato estava indo em um caminho bom, porque colocou na cadeia algumas das maiores fortunas do país ajudando a quebrar o pacto Capital e Estado que sempre existiu. Contudo, a partir de quarta-feira com os grampos feitos e divulgados pela imprensa, ficou claro que o Moro, que até então tinha uma posição centrada na técnica e legitimidade do poder judiciário, fez ações claramente políticas. Ele ultrapassou limites de legalidade, segundo vários juristas. O juiz que vinha garantindo a estrutura legal e institucional, agora ultrapassou uma fronteira perigosa.

    P. E qual é o perigo disso nesse momento?

    R. Em primeiro lugar, vamos lembrar que o Brasil é aquele país em que o Maluf é condenado na França, mas não é condenado aqui. É fato que o judiciário nunca quis saber da corrupção, mas quando ele entra em cena, o choque é inevitável e a desorganização do sistema político também. Só que você não pode derrubar um Governo, uma presidenta, por cima de atos ilegais, dizendo apenas que o inimigo político cometeu ilegalidades. É preciso prová-las. Fora das provas, ficamos no plano da força. A função do juiz e das instituições é não permitir que isso aconteça. É regular uma medida legal, constituída e prévia que impeça que a força pura impere na política. Ao fazer o que fez, Moro ficou na fronteira de deslegitimar todo o seu processo. O que vai acontecer daqui para frente, só esperando as próximas semanas. O fato é que agora ele está se sentindo forte, porque tem apoio popular, mas até quando? Aécio também tinha e não tem mais, foi vaiado. Agora, eu digo que a Lava Jato tem sido interessante em muitos pontos, o principal é o de desmontar uma estrutura de corrupção arraigada no Brasil. No momento que ela vira partidário é que o problema.

    P. Na sua avaliação, a Operação Lava Jato tem uma base interessante para o Brasil?

    “Existe uma crise de imaturidade da democracia e que todos os agentes estão testando suas forças, mas uma democracia complexa só se completa quando o judiciário entra em cena”

    R. Considerando e acreditando que eles não estão aí apenas para jogar lenha na fogueira antigovernista, sim. Mas tem coisas que precisam ser questionadas. Além dos grampos, o caso do Lula no processo é estranho. Às vezes parece até pessoal. Eu não sei dizer como especialista o que se tem, de fato, contra ele. Mas a questão toda é qual é o papel desse ex-presidente no jogo de interesses do Estado. Isso está sob investigação e o juiz terá uma conclusão ao final. Contudo, eu fico com a impressão de que um apartamento no Guarujá e um Sítio em Atibaia é muito pouca coisa perto do que o processo de riqueza e práticas corruptas brasileiras tem gerado historicamente no Brasil. Essas duas propriedades são muito pequenas perto de fazendas e apartamentos em Paris, por exemplo. E eu posso dar um exemplo concreto. Há muito interesse em se saber como o Instituto Lula é sustentado, mas nenhum interesse em saber como se sustenta o Instituto Fernando Henrique Cardoso. O dinheiro que os criou vem do mesmo lugar. Apesar disso tudo, o que resta entender é que o PT está numa crise que eles próprios não realizaram. É uma crise que tem a ver com a tradição corrupta da política brasileira, com a qual o PT conviveu e não deu uma resposta.

    P. Ao que você está se referindo?

    R. O problema do PT não é a crise econômica, a desordem internacional ou sequer o fato de o partido ter participado do processo político brasileiro com os seus históricos e anteriores mecanismos de corrupção interna. O problema é ter feito parte disso e não ter politizado o problema, não ter buscado uma solução, não ter proposto reformas. Agora, eles acreditam que a resposta que eles não deram, quando era tempo, vão conseguir dar com anteparo da figura mítica e carismática do Lula. Acredito que esse tempo passou. O processo histórico vai engolir Lula e PT. Essa é a falência política do PT: não ter tirado dessa crise uma solução para a corrupção brasileira. Isso era o que se esperava. Agora, eles não conseguem responder esse enigma e vão pagar politicamente por isso. A grande instabilidade que está colocada é a própria fraqueza do campo da esquerda. A direita é simplesmente oportunista e transformou essa instabilidade em uma luta pelo poder.

     

  7. INIÃO
    Juízes justiceiros que

    INIÃO

    Juízes justiceiros que sonham com Watergate

    Qual Justiça decidirá sobre Lula: a que presume a inocência de todos acusados ou a que atende apenas à indignação nas ruas?

        Juiz Sérgio Moro. RODOLFO BUHRER REUTERS

    Há pouco de épico na tentativa de retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Governo do Brasil. Sua posse como ministro foi apressada e incômoda, como se a história se repetisse como trâmite burocrático. Sensações reduzidas pelo fato de que, neste momento, quem pisa nos calos de Lula sejam os juízes e não (aparentemente) adversários políticos.

    A Justiça decidirá quanto há de verdade nas acusações de enriquecimento ilícito que pendem sobre Lula. A questão é qual Justiça decidirá: a que presume a inocência de todos os acusados ou a que atende apenas à indignação política nas ruas.

    O herói das manifestações numerosas contra o Partido dos Trabalhadores é o juiz federal Sergio Moro, que comanda as investigações de desvio de dinheiro da petroleira estatal. Este, convencido pelo papel que lhe foi designado pela história, cita em seus autos o caso Watergate, paradigma de abuso de poder e queda de um presidente. Efetivamente, Moro recorreu às proporções desse grande escândalo para justificar a gravação e a filtração de uma conversa telefônica em que a presidenta Rousseff comunicava a Lula que havia enviado o termo de posse de ministro. “Use-o apenas em caso de necessidade”, disse. Se assinasse o documento, como fez na quinta-feira, Lula receberia foro privilegiado e apenas o Supremo poderia julgá-lo. Vendo Lula escapar pelos seus dedos, o magistrado parecia lançar uma mensagem desesperada: façamos história, que caíam.

    Ao seu resgate, veio outro juiz federal, Itagiba Catta Preta Neto, que se apressou a ordenar a anulação da nomeação de Lula porque “a ostentação e exercício do cargo poderia tornar-se uma intervenção indevida e odiosa na atividade policial do Ministério Público”. Uma apelação curiosa, vinda desse magistrado.

    Mais de um ano atrás, antes da eleições que Rousseff ganhou novamente, o mesmo recomendava: “Ajude a derrubar Dilma e volte a viajar para Miami e Orlando. Se ela cair, o dólar também cairá”. “Fora Dilma”, escreveu, ao lado de uma selfie, em uma manifestação. E recentemente, proclamou em seu Facebook: “Lula pode ser ministro da Justiça. Estamos perdidos”.

    Assim acaba a independência judicial. Apesar de as fronteiras entre o ativismo política e a Justiça serem tão difusas quanto no caso de Lula, outro magistrado, esse do Supremo, decidiu, na sexta-feira, suspender sua nomeação como medida cautelar.

    Moro, portanto, pode continuar indo atrás de Lula. É o seu papel. Quando se viu obrigado a explicar por que filtrou uma conversa privada entre a presidenta e Lula, disse que a “chefe da República não tem privilégio absoluto no sigilo das suas comunicações”, como demonstra “o precedente da Suprema Corte norte-americana em EUA v. Nixon, em 1974, um exemplo a ser seguido”. Esquece que, no caso de Watergate, quem gravou seus adversários não foi um juiz, mas o próprio presidente, que foi obrigado a renunciar. Não é um mal exemplo para um magistrado, especialmente se ele tiver ambições políticas.

     

     

  8. El País
     
    Operação Lava

    El País

     

    Operação Lava Jato

    Sérgio Moro, de ídolo anti-PT à berlinda por ‘populismo jurídico’

    Juiz responsável pela Operação Lava Jato é alvo de críticas por politizar investigação

      

    Nas multitudinárias manifestações contra o Governo Dilma Rousseff e o PT no domingo 13 não houve espaço nem para a oposição brilhar. O protagonista absoluto, elevado ao panteão dos heróis da pátria no imaginário dos que querem o impeachment de Dilma, foi o juiz federal da 13ª vara de Justiça de Curitiba Sérgio Moro, responsável por julgar os processos da Operação Lava Jato. Às vésperas dos dois anos de investigações do gigantesco esquema de corrupção da Petrobras, completados nesta quinta-feira, ele colhia os louros: seu rosto era estampado em camisetas com os dizeres “In Moro we trust”. Bonecos infláveis, nos quais aparece vestindo roupa de Super-Homem verde e amarelo, contrastavam com o outro símbolo da crise: os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário.

     

    No dias que se seguiram, Moro faria sua jogada mais ousada e arriscada: a divulgação de uma coleção de áudios colhidos na investigação de Lula, um deles incluindo inclusive a presidenta Dilma. O ato espetacular pelo timing político na última quarta-feira — no mesmo dia do anúncio da nomeação do ex-mandatário como ministro, que deixaria Lula fora de seu alcance — marcaria de vez uma inflexão: o crescimento das vozes que questionam se as decisões de Moro e dos procuradores da Lava Jato cruzaram limites legais para chegar a seus objetivos. Isso aliado à uma excessiva proeminência pública indicava que uma sorte de populismo judiciário poderia comprometer a operação.

    Moro nunca escondeu suas inspirações. O juiz da cidade paranaense de Maringá, de ascendência italiana, escreveu longo artigo sobre a Operação Mani Puliti (Mãos Limpas), realizada na Itália na década de 1990 e que terminou com dezenas de políticos presos, mas não com a reforma do sistema político italiano. No texto do juiz formado no Paraná e com estudos em Harvard, um ponto central da argumentação era o caráter estratégico do apoio popular numa investigação desta envergadura. Pode-se ver claramente como isso foi utilizado nos 24 meses de Lava Jato, tanto por Moro quanto pelos procuradores que lideram a investigação. As inúmeras fases da operação foram acompanhadas de coberturas igualmente monumentais. Na maior parte dos autos e delações não havia sigilo e a imprensa poderia ser alimentada diariamente com novos desdobramentos.

    A estratégia teve sua apoteose na quarta. Moro decidiu às 16p1 daquele dia, e apenas uma hora depois de receber relatório da Polícia Federal com os grampos do caso Lula, que era o momento de liberá-los ao público. Além do conjunto de gravações com Lula e ministros, havia um, gravado às 13p2, que captava a voz da presidenta Dilma na qual ela se referia ao termo de posse do ex-mentor como ministro para ser usado “em caso de necessidade”. Seria a prova, segundo os investigadores, de que o que Dilma buscava era proteger Lula das mãos de Moro, dando-lhe o foro privilegiado de ministro. Não se passaram nem três horas até o canal GloboNews dar o furo: o país ouviu a voz da presidenta e de Lula. Foi o estompim para inflar de vez as manifestações pelo país contra a posse do petista no primeiro escalão.

    A pressa de Moro tinha motivo. O magistrado sabia que corria contra o tempo: se demorasse um pouco mais, Lula seria empossado ministro e tudo sobre seu caso iria para o Supremo Tribunal Federal. No despacho, ele ressalvou que não havia crimes propriamente, mas foi explícito em sua cruzada: “A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras”.

    Agora, a divulgação está sob escrutínio e há vários aspectos em análise. Para alguns analistas, a gravação e divulgação deste telefonema teria sido irregular, uma vez que foi feita após o próprio juiz pedir que o monitoramento fosse suspenso, pouco depois do meio-dia. Também há questionamento sobre a competência do juiz de Curitiba de revelar gravações envolvendo autoridades com foro privilegiado. Mais: questiona-se ainda a relevância de tornar públicos os áudios de dezenas de grampos feitos nos telefones do petista, alguns deles claramente não ligados às investigações e o grampo de advogados de defesa de Lula.

    Moro, na verdade, não foi o primeiro salvador de toga a ganhar os corações e mentes de parte dos brasileiros

    O certo é que as polêmicas envolvendo a condução da Lava Jato nas mãos de Moro e dos procuradores não são novas. A nitroglicerina política dos áudios só atraiu atenção para as outras controvérsias já na mesa. O ineditismo do instrumento de delação premiada no Brasil e um debate sobre seus limites e possíveis excessos estava posto. A defesa dos megaempresários que ele colocou atrás das grades, como o dono da maior empreiteira da América Latina, Marcelo Odebrecht, acusava o juiz de usar prisões preventivas por tempo indeterminado para forçar colaborações com a Justiça. “O espetáculo do doutor Moro não garante o direito de defesa, o contraditório e a presunção de inocência”, disse um. “Lava Jato põe em risco o Estado de Direito”, afirmou outro. Do outro lado, juristas defendiam que o grupo de Curitiba representava uma nova escola do Judiciário, mais independente, mais preparada e menos a reboque dos milionários buffets de defesa.

    Ao menos 11 decisões de Moro envolvendo a operação foram posteriormente derrubadas em tribunais superiores, segundo levantamento feito pelo site especializado Conjur. A justificativa dos tribunais que atenderam os recursos da defesa em detrimento das decisões de Moro foram de que ele manteve prisões com fundamentos genéricos, tentou aplicar “uma espécie de juízo universal” e violou competência do Supremo Tribunal Federal ao deixar de enviar à corte investigação que citava autoridades com prerrogativa de foro.

    Dos autos à imprensa

    Até o último mês, Moro seguia quase impassível ante as críticas, entre elas as do PT, que saltavam explicações devidas sobre o escândalo revelado para se concentrar nos supostos excessos do juiz e sua suposta seletividade. Preferia rebater discrepâncias pontuais por meio dos despachos. Quando o ex-presidente Lula virou o centro da Lava Jato, a atitude mudou. Em 4 de março, Moro autorizou a condução coercitiva do ex-presidente para depor na sede da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas. A decisão provocou um terremoto político quase tão grande quanto o desta semana. Lula, o mais popular presidente da democracia, sob custódia policial, com ampla cobertura midiática e militantes contra e a favor nas ruas. Juridicamente, a medida é utilizada apenas em casos nos quais o a pessoa é intimada para prestar depoimento e opta por não comparecer, e Lula diz que não se furtou a falar. Para parte da opinião pública, era a condenação de Lula, seu linchamento moral, a imagem que faltava para combinar com o boneco inflável de presidiário.

    A medida levantou vozes críticas até de constitucionalistas ligados à oposição. E foi aí que Sérgio Moro veio à arena pública se defender. Em nota no dia 5, disse que determinou a obrigatoriedade do depoimento de Lula para “protegê-lo”. Na mesma semana, participou de um evento patrocinado por um expoente da oposição e sugeriu, citando a reação negativa da Bolsa de Valores ao Governo, que o problema do Brasil era o Planalto, e não a investigação da Lava Jato. A outra manifestação pública viria no domingo de protestos multitudinários, quando ele foi louvado a plenos pulmões nas ruas: “Fiquei tocado pelo apoio às investigações”. Ganhou inúmeras manchetes.

    No caso do áudio Dilma-Lula, ele também se viu instado a responder: “Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente”. Sobre o horário da gravação, disse não haver “reparado no detalhe” e defendeu sua legalidade. Não encerrou a nota sem antes comparar o áudio de Dilma Rousseff com ao caso do presidente norte-americano Richard Nixon, que renunciou em 1974 em meio a acusações de tentar obstruir as investigações do Caso Watergate.

    A guerra estava aberta entre Governo e um juiz de primeira instância, fazendo o Brasil flertar com uma crise institucional. Mas não era a primeira vez que um integrante do Judiciário ganhava os corações e mentes de parte dos brasileiros: o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, responsável pelo julgamento do mensalão, até então o maior escândalo da história do Partido dos Trabalhadores, já foi visto como o Davi que enfrenta o Golias da podridão política no Brasil, encarnada para muitos no vermelho PT. Aposentou-se, mas ainda não é esquecido pelos analistas que embaralham possíveis candidatos às eleições e o mesmo começa a acontecer com Moro. Neste domingo (20), ele aparece pela primeira vez em um dos cenários da pesquisa Datafolha para as presidenciais de 2018, com não desprezíveis 8%.

    Em evento com empresários realizado no final do ano passado, o juiz afirmou que o futuro Lava Jato “não está garantido”. Ecoava assim os temores de que instâncias superiores da Justiça barrassem o impulso e a amplitude as investigações. Nos áudios liberados, se não há crimes, há inúmeras conversas em que Lula reclama das investigações e se movimenta para falar com atores importantes ligados à ela: do Supremo à Receita Federal. Promete colocar o Ministério Público “no seu lugar”. Se Moro analisou os riscos jurídicos da divulgação, parece ter decidido tomar o protagonismo ele mesmo, e não esperar pela Procuradoria-Geral ou o Supremo ou correr o risco de um “acordão” como o que neutralizou, na prática, a Mãos Limpas na Itália. É isso o que parece lhe assombrar. Preferiu a bomba de efeito moral para minar de vez o Governo Dilma e qualquer estratégia de Lula neste sentido, mesmo que isso lhe custe a legitimidade como juiz e fira a própria Lava Jato. Ouviu críticas veladas de um ministro do STF.  Agora, com a decisão limitar do Supremo de devolvê-lo o caso de Lula, o país segura a respiração: será que ele terá elementos para pedir a prisão do ex-presidente? Vai fazê-lo mesmo antes do plenário do Supremo julgar o mérito do caso?

    Se potenciais punições a Moro se confirmarem, ele não seria a primeira estrela jurídica a cair no cadafalso. O ex-magistrado espanhol Baltasar Garzón ganhou notoriedade ao, em 1998, emitir uma ordem de prisão contra o ditador chileno Augusto Pinochet. Anos depois teve sua habilitação de trabalho cassada por 11 anos pelo Supremo Tribunal da Espanha. O motivo foi ter ordenado a gravação ilegal de conversas de advogados da defesa em um caso de corrupção. A sentença colocou o ponto final nos seus dias de glória.

    Colaborou Flávia Marreiro

     

  9. Ação contra Lula é de diretora do IDP

    Ação contra Lula é de diretora do Gilmar

    Escândalo! E se foi ele quem deu a ideia à subordinada! Escreveu a petição?Paulo Henrique Amorin- conversa Afiada Imprimirpublicado 20/03/2016bessinha gilmar stf

    Nesse regime de generalizada esculhambação, em que a Justiça se emporcalhou na atividade partidária de forma despudorada, um amigo navegante enviou preciosas informações sobre essa ação que o Ministro (sic) Gilmar (PSDB-MT) julga provisoriamente.

    Como se sabe, Gilmar suspendeu a posse do Ministro Lula (que já trabalha como Ministro, empossado que foi no discurso da Avenida Paulista a que o amigo navegante pode assistir, com emoção, na integra aqui.

    Diz o amigo navegante sobre a generalizada esculhambação:

    Acabei de ver no site do STF que a advogada que assina a petição do PPS no mandado de segurança contra a posse do Lula é diretora do IDP, subordinada do Gilmar. É uma esculhambação total!

    Pode consultar no site da IDP. O nome dela está lá, como coordenadora de Pós-Graduação:  http://www.idp.edu.br/institucional/corpo-dirigente. Veja a imagem: batom na cueca!

    Está o nome da Dra Marilda, dignísssima funcionária da empresa de negócios educacionais do Juiz (qua qua qua) do Supremo Tribunal Federal que quer impedir o Lula de ser Ministro.

    Logo ele, que, no Governo (sic) do FHC, se blindou com o foro privilegiado para não ir em cana na Privataria Tucana e dividir a cela com o ínclito banqueiro a quem deu dois HCs Canguru, num espaço de 48 horas, apesar dessa claríssima, indesmentível reportagem do jornal nacional!

    Paulo Henrique Amorim

     

  10. Se for verdade, é dose para Leão essa aqui
    http://www.conversaafiada.com.br/brasil/acao-contra-lula-e-de-diretora-do-gilmar

    Ação contra Lula é de diretora do Gilmar

    Escândalo! E se foi ele quem deu a ideia à subordinada! Escreveu a petição?
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    publicado 20/03/2016

    Nesse regime de generalizada esculhambação, em que a Justiça se emporcalhou na atividade partidária de forma despudorada, um amigo navegante enviou preciosas informações sobre essa ação que o Ministro (sic) Gilmar (PSDB-MT) julga provisoriamente.

    Como se sabe, Gilmar suspendeu a posse do Ministro Lula (que já trabalha como Ministro, empossado que foi no discurso da Avenida Paulista a que o amigo navegante pode assistir, com emoção, na integra aqui.

    Diz o amigo navegante sobre a generalizada esculhambação:

    Acabei de ver no site do STF que a advogada que assina a petição do PPS no mandado de segurança contra a posse do Lula é diretora do IDP, subordinada do Gilmar. É uma esculhambação total!

    Pode consultar no site da IDP. O nome dela está lá, como coordenadora de Pós-Graduação: http://www.idp.edu.br/institucional/corpo-dirigente. Veja a imagem: batom na cueca!

    Está o nome da Dra Marilda, dignísssima funcionária da empresa de negócios educacionais do Juiz (qua qua qua) do Supremo Tribunal Federal que quer impedir o Lula de ser Ministro.

    Logo ele, que, no Governo (sic) do FHC, se blindou com o foro privilegiado para não ir em cana na Privataria Tucana e dividir a cela com o ínclito banqueiro a quem deu dois HCs Canguru, num espaço de 48 horas, apesar dessa claríssima, indesmentível reportagem do jornal nacional!

    Paulo Henrique Amorim

  11. Eugenio Gaspar mostra a ˜Debacle de um velho oportunista˜

    EUGÊNIO GASPAR MOSTRA A “DEBACLE DE UM VELHO OPORTUNISTA”

    :

     

    Sociólogo Eugênio Gaspar fez duras críticas à entrevista de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em que defendendo o golpe de Estado, travestido da “legalidade do pedido de impeachment” contra a presidente Dilma; “Só se indigna com a entrevista de hoje do ex-presidente quem desconhece o fato de que Fernando Henrique sempre foi o mais serviçal dos acólitos da elite industrial e financeira do País”; leia íntegra

     

    20 DE MARÇO DE 2016 ÀS 08:48

     

    247 – O sociólogo Eugênio Gaspar divulgou artigo em que critica a entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), defendendo o golpe de Estado, travestido da “legalidade do pedido de impeachment” contra a Presidente Dilma Rousseff.

    “Se recuarmos na história do Brasil encontraremos vários e vários exemplos da atuação dúbia e desonesta de Fernando Henrique: o financiamento da Fundação Ford ao CEBRAP – cujo grande trabalho era manter o debate de ideias dentro do aceitável pelas circunstâncias; a debandada dele e seu grupo quando perceberam que não tinham espaço para manobrar e montar seus esquemas no PMDB do Dr. Ulisses e fundaram o malfadado PSBD; a sentada na cadeira de Prefeito, sem nunca ter conhecido Sapopemba; a outra sentada precipitada no sofá do Collor, mendigando um cargo de Chanceler e, quando chamado às falas por Mário Covas, a recusa envergonhado, para logo em seguida surgir como paladino da moral a gritar ‘Fora Collor!'”, afirma.

    Leia íntegra:

    “FHC – A Debacle de um velho oportunista

    Por Eugênio Gaspar

    Na última década do século passado, quando instado a opinar sobre a última declaração de Fernando Henrique Cardoso, o emérito e genial professor Bento Prado Jr. respondia: “Depende. Depende do personagem que o Fernando está encarnado no momento. Porque o Fernando vive encarnando personagens, vai de Maria Antônia a Napoleão e de Thatcher a Marx, conforme a cara do freguês”.

    A genial boutade do Professor Bento mostra a vacilante personalidade de Fernando Henrique Cardoso. Há, porém, um elemento que nunca, em toda trajetória do “príncipe da sociologia” se modificou: seu oportunismo.

    Por que se presta um ex-presidente a dar uma entrevista ao jornal da direita raivosa – O Estado de São Paulo – defendendo o golpe de Estado, travestido da “legalidade do pedido de impeachment” contra a Presidente Dilma? (leia aqui)

    Se recuarmos na história do Brasil encontraremos vários e vários exemplos da atuação dúbia e desonesta de Fernando Henrique: o financiamento da Fundação Ford ao CEBRAP – cujo grande trabalho era manter o debate de ideias dentro do aceitável pelas circunstâncias; a debandada dele e seu grupo quando perceberam que não tinham espaço para manobrar e montar seus esquemas no PMDB do Dr. Ulisses e fundaram o malfadado PSBD; a sentada na cadeira de Prefeito, sem nunca ter conhecido Sapopemba; a outra sentada precipitada no sofá do Collor, mendigando um cargo de Chanceler e, quando chamado às falas por Mário Covas, a recusa envergonhado, para logo em seguida surgir como paladino da moral a gritar “Fora Collor!”.

    Se analisarmos seu período como Presidente veremos operar a outra face do oportunismo de Fernando Henrique: o de cuidar dos seus. Ou esquecemos todos da nomeação do genro para a direção da Agência Nacional do Petróleo (e posterior demissão, quando deixou de ser genro)? Ou do envolvimento de seu filho Paulo no escândalo da Feira de Hannover, por ocasião dos 500 anos do descobrimento da América? Ou, ainda, o fato do projeto da Dona Ruth Cardoso – Universidade Solidária – ser tocado por uma ONG de propriedade da família e financiado, quase em sua totalidade, por recursos das estatais, notadamente a Petrobras?

    Só se indigna com a entrevista de hoje do ex-presidente quem desconhece o fato de que Fernando Henrique sempre foi o mais serviçal dos acólitos da elite industrial e financeira do País.

    Este é apenas mais um serviço que ele presta a seus patrões. Resta saber se desta vez ele emitiu Nota Fiscal e recebeu o pagamento em doações para seu Instituto, ou se o soldo se deu na forma de uma estrada para sua fazenda, um apartamento em Paris ou o pagamento de pensão ao filho que não é seu, mas é.”

     

  12. Do Viomundo

    Advogada que representou PPS em ação contra Lula trabalha em instituto do qual Gilmar Mendes é sócio

     

    Captura de Tela 2016-03-20 às 02.04.32

     

    A advogada Marilda, professora do IDP e o ministro Gilmar, sócio do IDP

    “As informações divulgadas são verídicas, de notório interesse público e escritas com estrito animus narrandi. A matéria publicada apenas suscita o debate sob o enfoque da ética, em relação à situação narrada pelo jornalista. Não restou configurado o dolo ou culpa, condição sine qua non para autorizar a condenação no pagamento de indenização. A população tem o direito de ser informada de forma completa e correta, motivo pelo qual esse direito deve sobrepor-se às garantias individuais, sob determinadas circunstâncias, como são as objeto de análise.” Trecho da sentença da juíza Adriana Garcia no processo movido pelo ministro Gilmar Mendes contra o repórter Leandro Fortes e a revista CartaCapital

    Há de cara um conflito ético, ainda que as regras da magistratura não sejam claras o suficiente sobre a permissão de juízes possuírem negócios. Criado em 1998, o IDP organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Entre 2000 e 2008, faturou cerca de 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. No quadro de professores contratados pelo instituto figuram ministros de Estado e dos tribunais superiores. A Lei Orgânica da Magistratura deixa dúvidas sobre os limites da atuação de juízes além dos tribunais. O parágrafo 2º do artigo 36 diz ser vedado exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, caso do IDP, mas nada diz sobre possuir ações ou cotas do empreendimento. Trecho da reportagem de CartaCapital

    Com isso, o STJ reverteu decisão da Justiça de São Paulo – em primeira e segunda instâncias – que negou a indenização por não verificar, no texto jornalístico, ofensas que pudessem arranhar a imagem do IDP. Um dos ministros da 4ª Turma, Marco Buzzi, é professor na instituição de ensino, situada em Brasília. Trecho de reportagem do Jota sobre a reversão da sentença no STJ, com o voto de um professor do IDP!

    Da Redação

    Ao conceder a liminar que afastou o ex-presidente Lula da posse na Casa Civil da Presidência da República na próxima terça-feira, o ministro Gilmar Mendes, que é um dos sócios do IDP, o Instituto Brasiliense de Direito Público, julgou uma causa assinada por advogada que é funcionária do IDP, em nome do PPS.

    Captura de Tela 2016-03-20 às 01.28.58

    A advogada que assinou o pedido do PPS é Marilda de Paula Silveira.

    No blog Eleitoralistas, do qual é uma das colaboradoras, o currículo da advogada aparece assim:

    Marilda de Paula Silveira é graduada em Direito pela UFMG, com Mestrado e Doutorado em Direito Administrativo pela mesma Universidade. Coordenadora Acadêmica do Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP| Online e professora dos cursos de Pós-Graduação em Direito Administrativo e Direito Eleitoral do IDP e da ATAME, em Brasília. Vice-Presidente do Instituto Brasiliense de Direito Eleitoral e membro das Comissões de Direito Administrativo e Eleitoral da OAB-DF (2013). Foi assessora jurídica de Ministros e da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), professora de Direito Administrativo das Faculdades Milton Campos, da Pós-Graduação da Fundação João Pinheiro, da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais e de Direito Eleitoral da Rede Luiz Flávio Gomes (LFG). Sócia na Silveira & Unes Advogados, escritório especializado em Direito Público e Eleitoral, em Brasília.

    No próprio site do IDP, no dia 9 de dezembro de 2013, ficou registrada a notícia de que ela defenderia sua tese de doutorado na Universidade de Federal de Minas Gerais tendo na banca o ministro Gilmar Mendes.

    Não há, como frisou a própria reportagem da CartaCapital, impedimento legal a que um ministro do STF tenha cotas ou participação societária em um empreendimento. Mas, julgar ação movida por advogada que trabalha para aquela sociedade ou empreendimento?

    Captura de Tela 2016-03-20 às 01.30.38

    http://www.viomundo.com.br/politica/advogada-que-representou-pps-em-acao-contra-lula-trabalha-em-instituto-do-qual-gilmar-mendes-e-socio.html

  13. Genial: a Folha tucana revela

    Genial: a Folha tucana revela – sem querer – que Moro é do PSDB

     

     

    Genial: a Folha tucana revela – sem querer – que Moro é do PSDB

     

    por Rodrigo Vianna

    O alerta veio pelo twitter de Alvaro Larangeira: @larangeira.

    Quem vai segurar o monstro alimentado por esse homem, sob cobertura da Globo?

    O inconsciente falou mais alto entre os redatores da Folha? Ou teria sido uma mensagem cifrada, passada por um jornalista rebelde?

    Na pesquisa eleitoral (em que, sofregamente, ajuda a embalar o impeachment) divulgada neste fim-de-semana pela Folha, aparecem simulações eleitorais com vistas a 2018. Numa delas, a Folha resolveu testar um cenário com “os três tucanos”: Aécio, Serra e … Moro!

    Finalmente, alguém disse a verdade: Moro é PSDB. E o PSDB é Moro.

    Viva a Justiça brasileira: imparcial, impoluta.

    Viva o juiz das camisas negras, agora filiado oficialmente ao PSDB.

    http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/geral/genial-a-folha-tucana-lanca-moro-pelo-psdb/

  14. Tá no JB online

    Advogados de Lula entram com ação para que Teori assuma competência de caso no STF

    Na sexta-feira, ministro Gilmar Mendes suspendeu a posse do ex-presidente como ministro

    Jornal do Brasil

    [video:http://www.jb.com.br/pais/noticias/2016/03/20/advogados-de-lula-entram-com-acao-para-que-teori-assuma-competencia-de-caso-no-stf/%5D

     Publicidade 

    A defesa do ex-presidente Lula ingressou, no sábado (19), como ação no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando que o ministro Teori Zavascki reafirme sua competência para analisar as ações contra Lula remetidas ao STF no último dia 16, após o juiz Sérgio Moro declinar de fazê-lo.

    Na petição, os advogados afirmam que não cabia ao ministro Gilmar Mendes, ao analisar as ações do PSDB e do PPS, definir o órgão competente para dar continuidade às investigações que procuram envolver o ex-Presidente.

    Ainda segundo a defesa, na última sexta-feira, já havia sido pedido ao ministro Teori Zavascki providências com o objetivo de preservar o sigilo das gravações decorrentes de interceptações telefônicas, como estabelece a lei. Registrou-se haver gravações realizadas sem autorização judicial e outras que envolveram, de forma reprovável, os próprios advogados de Lula.”

    Defesa de Lula ingressou como ação no STF solicitando que Teori Zavascki reafirme sua competência para analisar as ações contra o ex-presidenteDefesa de Lula ingressou como ação no STF solicitando que Teori Zavascki reafirme sua competência para analisar as ações contra o ex-presidente

    Gilmar Mendes suspende a posse de Lula

    O ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendeu na sexta-feira (18) a posse de Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O ministro atendeu a um pedido liminar do PPS, em uma das 13 ações que chegaram ao Supremo questionando a posse de Lula.

    Na mesma decisão, Mendes decidiu que os processos que envolvem Lula na Operação Lava Jato devem ficar sob a relatoria do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.

  15. “TODOS OS MUSICAS DE

    “TODOS OS MUSICAS DE CHICO’

    Espetáculo é interrompido em BH, após ator chamar Dilma de ‘ladra’

    A sessão deste domingo do espetáculo ‘Todos os Musicais de Chicho Buarque em 90 minutos’ foi cancelada

    TodosAs sessões marcadas para esse domingo foram canceladas em BHPUBLICADO EM 20/03/16 – 01p9SILVANA MASCAGNAO espetáculo “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 minutos“ foi interrompido, em meio a um tumulto, na noite deste sábado (19), quando se apresentava no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.

    Tudo começou quando o ator e diretor Cláudio Botelho resolveu improvisar e chamou a presidente Dilma Rousseff  e o ex-presidente Lula de ladrões.

    Houve reação imediata da plateia: enquanto alguns poucos aplaudiram, outros vaiaram e gritaram “não vai ter golpe”.

     

    Ele então passou  a hostilizar o público: ”ah, não vai ter golpe, então vamos continuar o espetáculo e depois vamos se vai ou não ter golpe”.

    Quando as primeiras pessoas começaram a se levantar, Botelho continuou com a provocação: “ah, eles estão indo embora, podem pegar seu dinheiro de volta”.

    As pessoas, então, resolveram não abandonar o teatro e do fundo da plateia começaram a gritar: “Chico, Chico”, em alusão ao cantor e compositor, tema do espetáculo e grande defensor do governo Dilma Rousseff. Vaias e mais gritos e de “não vai ter golpe” impediram o elenco de continuar o espetáculo.

    Contrariado, Botelho teve que ser contido por seguranças. A sessão deste domingo do espetáculo foi cancelada.

     

  16. O desespero de Emilio Odebrecht, por Paulo Nogueira

    O desespero de Emilio Odebrecht

    por Paulo Nogueira

    do Diário do Centro do Mundo

    Quem pode ajudar Emílio Odebrecht?

     

    Disse já mais de uma vez que tenho sido procurado por jornalistas da Globo revoltados com o que a empresa tem feito.

    Uma mensagem que me chegou ontem à noite me trouxe tristes memórias.

    Não tenho condições de confirmar. Então vou desde já avisando que o teor da carta pode ser falso.

    Mas, lamentavelmente, é uma situação factível.

    X – chamemos assim –me disse o seguinte. “Emílio Odebrecht procurou João Roberto Marinho em busca de ajuda para seu filho Marcelo, preso. E ouviu o seguinte: ‘Fala para o Marcelo entregar o Lula que a gente ajuda.’”

    De novo: pode ser invenção, e espero que seja. Não consigo acreditar que João Roberto Marinho fosse capaz de uma resposta daquelas. Convivi com JRM no Conselho Editorial da Globo quase três anos, entre 2006 e 2008, e guardei a lembrança de um homem equilibrado, sereno e sensato.

    Mas o mais importante é outra coisa.

    Neste momento, já não é surpresa se um pai desesperado recorrer à Globo na procura de ajuda para um filho preso.

    Se há alguém que pode efetivamente colaborar num quadro daqueles é a Globo, de cujo apoio Moro depende. Moro sabe que se a Globo se voltar contra ele por algum motivo, ele pode terminar na cadeia pelos abusos cometidos na Lava Jato.

    A mensagem de X me remeteu à ditadura militar.

    Pais de filhos desaparecidos tentavam de tudo para conseguir informações. Os donos de empresas jornalísticas, dada a sua proximidade com os generais, eram frequentemente procurados.

    O livro K, de Bernardo Kucinski, conta uma dessas histórias. É um livro autobiográfico. K é o pai de Kucinski. E o enredo gira em torno da enlouquecedora jornada de K para conseguir informações sobre sua filha, Ana Rosa, sequestrada (e morta) pela ditadura. Ana, irmã de Bernardo Kucinski, era uma jovem e brilhante professora de química da USP.

    K recorreu a um empresário de mídia não nomeado no livro, e judeu como ele. Mas nada obteve senão uma seca resposta de que não havia como fazer nada, visto que ela era comunista.

    A filha de K já estava morta enquanto ele ainda a procurava. Abutres chegavam a ele dizendo que tinham informações, e as dariam caso recebessem dinheiro.

    O que K faria hoje caso um filho fosse alcançado por Moro?

    Se tivesse acesso à Globo, como provavelmente Emílio Odebrecht tem, recorreria aos Marinhos.

    É a história, perturbadoramente, que se remete.

    Troque os generais por Moro. Foi dado a Moro um poder extraordinário de prender pessoas. Ninguém o fiscaliza, ninguém lhe cobra nada. O antigo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sempre se omitiu diante das evidências de abuso e partidarismo de Moro.

    Os juízes do STF, como notou com precisão Lula, se acovardaram. A imprensa, interessada no foco anti-PT dado por Moro, sempre o incentivou. Os primeiros e tímidos reparos apareceram apenas quando extrapolou como no caso da condução coercitiva de Lula.

    É apavorante a perspectiva de que retornemos ao ambiente da ditadura. Emílio Odebrecht, quer tenha ou não apelado para João Roberto Marinho, é um pai tão atormentado quanto K.

    E isto pode ser uma tragédia nacional.

     

  17. Começou a “caça às

    Começou a “caça às bruxas”…

     

    Fernando Nogueira da Costa

     

    rodrigo constantino maluquinho

    Recebi um WhatsApp do meu filho com link — http://rodrigoconstantino.com/artigos/lista-completa-dos-petralhas-cumplices-dos-golpistas/ — seguido de comentário: “começou o macarthismo; tempos obscuros”. Em seguida, uma mensagem de minha filha: “muito orgulho de você, pai!!! Ser mal falado pelo Constantino é bom sinal”.

    Perguntei: mas quem é esse Constantino?

    Respondeu-me: “um facista anunciando a caça-às-bruxas após o golpe da direita”.

    Passei os olhos, então, sobre a tal lista. São 756 nomes dos quais sem conhecê-los todos, desde já orgulho-me de estar junto, pois devem ser gente de caráter democrata, pessoas cultas e incômodas para os estúpidos da direita. Já vi esse filme… após 1964.

    A direita sonha em voltar a perseguir intelectuais, professores, artistas e todos aqueles que apresentam ideias que confrontam a sua falta de imaginação e violência cega.

    Ao final da lista, constato o nível intelectual do fascista tapuia:

    “Boicote nos vagabundos, gente! Sem dó nem piedade. Eles querem transformar o Brasil numa Venezuela, num Cubão. Eles são comparsas dos bandidos que tomaram Brasília de assalto e atentam contra nossa democracia. Não comprem nada deles! Não leiam suas colunas! Não frequentem seus shows e peças. É boicote geral a [sic] petralha!

    Rodrigo Constantino”

    Ele  envergonha as instituições onde diz que estudou: “Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro”.

    Isto é o esperado se ocorrer o golpe de Estado, executado pelo Poder Judiciário, em conluio planejado com parlamentares sedentos de ascender ao Poder Executivo sem nenhum voto, apoiado pelas associações patronais, que só defendem seus interesses mesquinhos, e pela maior cobertura de TV já ocorrida ao vivo de manifestações de rua, todas elas armadas por esses conspiradores contra a democracia eleitoral.

    Com a divulgação imediata de conversas em tom coloquial, gravadas por grampos telefônicos plantados ilegalmente, houve um atentado contra as instituições republicanas e o direito humano de privacidade.  Foi mais uma armação para incitar a violência da direita ir prá rua!

    Quem está “transformando isso aqui em uma Venezuela” é a mesma direita golpista apoiada pela parte da classe média que é ignorante e rancorosa. Por que ela tem tanto ódio e intolerância com os vencedores das eleições democráticas? Porque ela perde de maneira contumaz no debate democrático!

    Então, sem possuir a arma da inteligência e do convencimento, apela para a violência. Este seu instinto primário — e selvagem — se manifesta.

    A democracia passa por alternância de poder pelo voto. Pela violência golpista, brevemente, os herois da direita de hoje apresentarão a verdadeira face: justiceiros, ditadores, torturadores, perseguidores, dedos-duros, censores, enfim, autênticos fascistas.

    É uma irresponsabilidade histórica apoiar a derrubada da democracia brasileira! Quem defende o golpe não tem consciência do mal que cairá sobre si e os demais brasileiros… É um idiota. Lamentável.

    PS (Post-Scriptum e não Partido Socialista, viu, Constantino — argh):

    Recebi outra mensagem de minha filha: “pai, o Gregório Duvivier postou: “Constantino pode ser um péssimo colunista. Mas daria um bom promoter de festa. Fez uma lista de artistas e intelectuais a serem boicotados que eu vou botar na porta da minha festa de trinta. Quem tá lá é meu amigo.

    (para quem se sentiu lesado por ter sido incluído, pode assinar o abaixo-assinado «Pela inclusão do meu nome na lista do Constantino» no endereço: http://www.peticaopublica.com.br/inviter.aspx?pi=BR89164

    Concordo com este abaixo-assinado e cumpro com o dever de o fazer chegar ao maior número de pessoas.

    Caso você concorde, agradeço que assine o abaixo-assinado e que ajudem na sua divulgação através de um email para os seus contatos.

    Obrigado.)”

    PS2: macarthismo:

    substantivo masculino ( sXX)

    1 hist pol prática política que se caracteriza pelo sectarismo, notadamente anticomunista, inspirada no movimento dirigido pelo senador Joseph Raymond McCarthy (1909-1957), durante os anos de 1950, nos E.U.A.

    2 p.ext. prática de formular acusações e fazer insinuações sem provas, comparável à que caracterizou o movimento macarthista.

     

  18. As fragilidades do Grupo Globo

    No Coleguinhas, uni-vos!, Ivson Alves faz uma análise bem interessante do balanço do Grupo Globo. Há vários pontos para discussões, mas destaco um: no total domínio da financeirização do capital, temos no Grupo Globo um exemplo com números de como as empresas disvirtuam-se do seu negócio para entrar no mundo dos hedges e salvar seu resultado. Com isto, ela precisa de um quadro de crise para faturar. Leiam:

     

    AS FRAGILIDADES DO GRUPO GLOBO

    Não tive acesso completo às demonstrações financeiras do Grupo Globo (Globopar) de 2015, pois, diferente de outros grupos econômicos (como a Abril, por exemplo), não as publicam em português e não permite acesso público, já que não é uma companhia aberta. No entanto, o que escapou por meio de matéria de Samuel Possebon, da newsletter Tela Viva, já demonstra a fragilidade financeira da holding dos Marinho.

    Pelo balanço, as houve piora nas receitas ( menos 2% em valores nominais no resultado consolidado, ou seja, sem contar a inflação) e no desempenho operacional (menos 16%). Assim, “grosso modo”, entrou menos 2% dinheiro e gastou-se mais 16%. No entanto, o lucro cresceu 30%. A “mágica” foi obtida pela elevação dos ganhos financeiros, especialmente com variação cambial e operações de “hedge”. O que isso quer dizer? Que a disparada do dólar, provocada pela crise política, salvou os Marinho de tomar prejuízo em 2015. Ou seja, eles se beneficiaram financeiramente da instabilidade política instigada pelos veículos do Grupo Globo. Outro componente importante foi a redução no pagamento de impostos, obtida por elisão fiscal (é diferente de evasão, mas não muito): menos 38,7%.

    Como paliativo, funcionou ano passado. Este ano, porém, para que os resultados se repitam seria necessário que o dólar continuasse a subir. Esta possibilidade, porém, é remota. Afinal, a crise política terá que ser resolvida e a moeda norte-americana, no mínimo, perderá força em sua subida, podendo mesmo cair. Assim, a recuperação terá que acontecer pelo lado do aumento da receita e/ou da redução da despesa (dando de barato que os advogados e financistas mágicos, comandados, respectivamente por Antônio Cláudio Netto e Sérgio Marques, não conseguirão arranjar outras maneira de escapar dos impostos).

    A maior parte da receita do grupo de empresas do grupo, obviamente, vem da publicidade. A Rede Globo, a vaca leiteira, tem uma tremenda vantagem para obter anúncios – é o chamado Bônus por Volume (BV), algo que só existe no Bananão e foi inventado por ela nos anos 60, durante a ditadura militar.

    Basicamente, o BV é uma propina legalizada paga às agências de publicidade para direcionarem as verbas que arrancam dos clientes para ela – se, por exemplo, a agência A tem contas no valor total de R$ 100 milhões dos cliente X, Y e Z, a Globo garante a ela receberá um percentual P, que é progressivo dependendo do investimento bruto, se convencer os clientes a anunciarem nela. Para dar argumentos à agência para que esta convença o cliente, a Globo conta com os números de audiência do Ibope, parceiro de décadas. Esses números, porém, começaram a ser postos em dúvida quando a alemã GfK chegou ao Brasil e já há anunciantes bem desconfiados de que estão sendo passados para trás há anos.

    Neste quadro, fica fácil entender o quanto a publicidade do governo federal, que sempre foi muito importante, tornou-se caso de sobrevivência para o GG. Uma importância que cresce na medida em que a publicidade, em todos os mercados do mundo, incluindo o do Bananão, está se mudando celeremente para a internet onde a regra do BV não é o investimento bruto, mas o crescimento percentual do total do volume investido pela agência no veículo, em comparação com o ano anterior.

    O atual governo não eliminou, mas reduziu drasticamente os valores investidos nos veículos do Grupo Globo, incluindo a TV. Esta é a raiz da campanha do Grupo Globo contra o atual governo, não qualquer preocupação com a corrupção(mesmo porque o próprio Grupo Globo é corrupto). Os Marinho esperam que o governo que suceder atual após o golpe voltem a anunciar nos seus veículos, a fim de recuperar a saúde financeira.

    No entanto, essa imensa fragilidade econômica levou a uma fragilidade política. Dependente vitalmente do governo golpista, o GG deixa este com a capacidade de também mantê-la em rédea curta. Ora, boa parte deste eventual governo já está comprometida com a corrupção que o GG diz combater (Aécio NevesMichel Temer e outros). Como o GG dá entender aos que apoiam o golpe que a corrupção acabará no Brasil após a queda do governo do PT e não vai poder entregar o “produto”, será abandonada por boa parte dos ingênuos que nela acreditam – assim, obviamente, em poucos anos, terá sua importância política reduzida a níveis muito menores do que atual, pois contará apenas com os mais fanáticos antiesquerdistas do espectro político, que não são confiáveis, como descobriu o chefe dos Revoltados On Line da pior maneira. Esta perda de importância já pode ser sentida pelos veículos mais frágeis do GG, como o jornal e a revista Época.

    Assim, a queda de força política deverá, nos próximos anos, reduzir a margem de manobra dos Marinho pra continuar chantageando os governos. Na verdade, é possível que essa situação se inverta, ainda mais que, também nos próximos anos, a companhia precisará realizar investimentos pesados na digitalização de equipamentos – e em sua constante atualização – e na passagem para o mundo da internet, e a única fonte de dinheiro barato são os bancos estatais, especialmente o BNDES, que já auxiliou os Marinho em outros momentos difíceis.

     

     

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