A morte do Reitor. Por que deveríamos estar surpresos?

A morte do Reitor. Por que deveríamos estar surpresos?

O reitor, que por respeito a sua família nem colocarei o seu nome, é mais uma das centenas de milhares de mortos de um sistema judiciário e penal que transforma o nosso país um exemplo de barbárie.

Somos na realidade um país de bárbaros, não na concepção romântica que muitas séries e filmes mostram, mas na concepção mais primitiva desta palavra, de um país que não tem respeito a vida humana, ou seja, se ela for tirada pelo assassinato direto puro e simples ou pelo assassinato causado pelo desprezo e ignorância as péssimas condições que vivem grande parte de nossos cidadãos. Temos que nos lembrar além da morte do reitor a morte dos milhares de mortos causados por todas as nossas instituições públicas ou privadas e principalmente pelo nosso sistema prisional que serve somente para liquidar tudo que há de humanidade não só das pessoas, mas também das instituições.

Somos um país que por muito se iludiu por ser gentil e humano, porém somos gentis e humanos a quem achamos que merecem. Alguns homens cultos no passado falavam que éramos um país multicultural, multirracial e tolerante. Mas a tolerância só existia quando as pessoas assumiam os papeis subservientes que eram a eles reservados.

Porém a nossa falta de tolerância a nossa arrogância ultrapassou as classes sociais as quais o ódio era reservado, começou a atingir a todos, aqueles que eram acostumados a se curvar e sofrer sozinhos a iniquidade e vilania da sociedade brasileira e começou a brotar por todos os lados, culpados ou inocentes começaram a ser tratados como todos os suspeitos daqueles que simplesmente não existiam ou simplesmente serviam para aparecer nos burlescos e verdadeiramente cruéis programas das mídias eletrônicas ou nas páginas dos jornais e revistas destinadas a satisfazerem o nosso direito de odiar.

O caso choca porque atingiu um reitor de uma das maiores universidades públicas brasileiras, porém igual a este mártir que será enxovalhado por crápulas como vários que comentam nas mesmas mídias que se aproveitam da miséria humana para aferir lucros.

Por décadas nos divertíamos em ouvir, enxergar ou ler fatos que colocavam longe dos letrados o braço injusto do Estado que fazia o movimento conforme a necessidade do poder econômico, separando a nossa sociedade entre os escolhidos e os que simplesmente não existiam.

Dizer que perdemos os sentimentos mais nobres do ser humano deixando à mostra o que tem de pior e mais cruel da nossa natureza, é simplesmente dizer que algum dia tivemos este sentimento, porém um país que chega a ser um dos locais mais desiguais do mundo e isto não nos assombrar como nação mostra claramente que nunca o tivemos.

Somos um país que homens comuns e homens que se dizem religiosos vociferam mensagens de ódio contra seus irmãos, os humanos. Todos dizem que querem vingança, entretanto poucos veem nas suas palavras as causas do mal contra qual pedem vingança.

Mais um morto, um morto que foi assassinado por milhões de facas que penetraram na sua alma, e como milhares de outros simplesmente não conseguiu resistir aos seus ferimentos.

Redação

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