O ponto-chave na ordem do dia da reunião do Clube Bilderberg foi a crise do petróleo de 1973, concretamente o aumento previsto de 400% no preço da OPEP no futuro próximo. Como explica o economista William Engdahl, “a conversação não girava ao redor de como nós, alguns dos representantes mais poderosos dos países industrializados do mundo, convencermos as nações árabes da OPEP de que não subam os preços do petróleo de um modo tão drástico, mas ao invés disso se falou em o que fazermos com todos os petrodólares que chegarão inevitavelmente aos bancos de Londres e Nova Iorque procedentes dos recursos derivados do petróleo das nações árabes da OPEP”.O aumento de 400% no preço do petróleo salvou o dólar, valorizando em cerca de 40% em relação ao marco e ao iene. O que salvou o dólar e Wall Street, contudo, não salvou a economia dos EUA e dos países europeus, e abriu caminho para a chamada crise da dívida externa latino-americana. Da abundância de dólares da década de 1970, emprestado a juros baixos, para dar maior liquidez à economia norte-americana (já sem compromisso com investimento na economia física, mas na economia de cassino), aumentaram-se os juros de maneira estratosférica e unilateral. Convivemos com isso desde então, agravado pelas medidas de dolarização da economia brasileira sob o jugo do Plano Real. Com a desregulação do comércio internacional e o capital especulativo com uma liquidez tão artificial quanto inaudita, começou o processo da criação da criação do marcado de alto risco, nos anos 1980, e dos derivativos, nos anos 1990. Para a proliferação destes, o fim da lei de separação bancária Glass-Steagall, durante o governo Bill Clinton, foi fundamental, pois aboliu as últimas regulações restantes criadas na era Roosevelt (em em especial, a separação entre bancos de crédito e bancos de investimento) para contornar a crise de 1929. Sem ter em conta o papel desempenhado por esse sistema regulatório na economia doméstica americana, não se compreende em escala mais ampla a crise de 2008 e seus desdobramentos atuais, ou seja, a escravidão do mercado internacional aos juros negativos e a política de impressão de dinheiro, isto é, a chamada “flexibilização quantitativa”. Sem esta, a economia internacional declara oficialmente sua falência; com esta, não há meio de se desenvolver a economia física dos países do setor transatlântico. * Sobre o papel do “segundo” Império Britânico nessa história, ler
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